domingo, 26 de março de 2017

Liturgia do dia 25/03/2017

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Liturgia do dia 25/03/2017


Leituras
Is 7,10-14;8,10
Sl 39(40),7-8a.8b-9.10.11 (R: 8a.9a)
Hb 10,4-10
Lc 1,26-38

3ª Semana da Quaresma

Sábado

Primeira Leitura: Is 7,10-14;8,10
10 De novo Javé falou a Acás: 11 “Pede para ti a Javé, teu Deus, um sinal, quer na profundeza do Xeol, quer no alto do céu”. 12 Acás respondeu: “Não pedirei nem tentarei a Javé”. 13 Então, disse: “Ouvi, pois, Casa de Davi: não vos basta molestar os homens, senão que também ousais molestar a meu Deus? 14 Por isso o próprio Javé vos dará um sinal: Eis que a jovem mulher está grávida e dará à luz um filho, ao qual ela chamará de Emanuel. 8,10 porque Deus está conosco”.
Salmo: Sl 39(40),7-8a.8b-9.10.11 (R: 8a.9a)

R. Eis que venho fazer, com prazer, a vossa vontade, Senhor!
7 Não quiseste oblação nem sacrifício, mas abriste, Senhor, os meus ouvidos. Não aceitaste vítima e holocausto, 8a e por isso é que eu disse: “Eis-me aqui!
8b No Livro está escrito a meu respeito que é preciso cumprir tua vontade. 9 Sim, ó meu Deus, é este o meu prazer; trago no coração a tua lei”.

10 Dei à grande assembleia a boa nova, não fechei os meus lábios, tu o sabes.

11 Não escondi em mim tua justiça, tua fidelidade e teu auxílio. Não ocultei à grande multidão a tua lealdade e a tua graça.
Segunda Leitura: Hb 10,4-10

Irmãos: 4 Porque o sangue dos touros e dos bodes não pode tirar os pecados. 5 Por isso, no momento em que ia entrar no mundo, Cristo diz: Não quiseste nem sacrifício nem oferta, mas tu me formaste um corpo. 6 Não te agradaram nem os holocaustos nem os sacrifícios pelos pecados. 7 Então eu disse: eis-me aqui, ó Deus, para fazer a tua vontade. Pois essas palavras escritas no começo do livro se referem a mim. 8 Ele começa dizendo: Não quiseste nem sacrifício nem oferta; não te agradam os holocaustos e sacrifícios pelos pecados, e entretanto esses sacrifícios são oferecidos segundo a Lei. 9 E então acrescenta: Eis-me aqui para fazer a tua vontade. Assim dizendo, ab-roga o primeiro regime e estabelece o segundo. 10 E é justamente em virtude de tal ato de vontade que fomos santificados, por meio da oferta que Jesus Cristo fez de seu corpo, uma vez para sempre
Evangelho: Lc 1,26-38
Naquele tempo: 26 No sexto mês, o anjo Gabriel foi mandado por Deus a uma cidade da Galileia,chamada Nazaré, 27 a uma virgem prometida em casamento a um homem chamado José, da casa de Davi. A virgem se chamava Maria. 28 O anjo entrou onde ela estava e lhe disse: “Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo”. 29 Ela se perturbou com estas palavras e perguntava de si para si o significado desta saudação. 30 Mas o anjo continuou: “Não tenhas medo, Maria! achaste graça diante de Deus. 31 Conceberás e darás à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus. 32 Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo. O Senhor lhe dará o trono de Davi, seu pai. 33 Ele reinará eternamente sobre a casa de Jacó e seu reino não terá fim”. 34 Então, Maria perguntou ao anjo: “Como se fará isso? Pois sou virgem”. 35 O anjo respondeu: “O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo te envolverá em sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer será santo e será chamado Filho de Deus. 36 Vê: também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice. E ela, que era chamada estéril, já está no sexto mês; 37 porque a Deus nada é impossível”. 38 Maria disse então: “Eis aqui a serva do Senhor. Seja-me feito segundo a tua palavra”. E o anjo a deixou.
Leituras: Diretório da Liturgia e da Organização da Igreja no Brasil 2017 - Ano A - São Mateus, Brasília, Edições CNBB, 2016.
Citações bíblicas: Bíblia Mensagem de Deus, São Paulo, Edições Loyola e Editora Santuário, 2016.
Boa Nova para cada dia
Primeira Leitura: Is 7,10-14; 8,10.
... uma virgem conceberá
e dará à luz um filho
e lhe porá o nome de Emanuel,
porque Deus está conosco. (Is 7,14b; 8,10).
Esta leitura do profeta Isaías nos leva a um passado do Povo de Deus em que a angústia atormentava toda a nação.
O Reino de Judá, onde vivia o profeta Isaías, corria o risco de desaparecer.
Em Judá reinavam os descendentes de Davi. Se este Reino fosse aniquilado e os descendentes não existissem mais, o Messias prometido pelos profetas não viria. Deus não queria que desaparecesse a dinastia de Davi no Reino de Judá. Por isso promete que Acaz terá um filho de uma de suas esposas, e que este filho se chamará Emanuel.
O motivo deste perigo era a ameaça do império assírio que queria dominar o reino de Israel, o reino de Damasco e o reino de Judá.
Os reis de Israel e de Damasco queriam que o rei de Judá, Acaz, se aliasse a eles contra os assírios. Mas Acaz preferiu se submeter aos assírios. Então os reis da Samaria e de Damasco entraram em guerra contra Acaz. O reino de Judá se encontrava numa situação angustiante. Se Acaz fosse morto desapareceria a dinastia de Davi. E sem um rei, o reino de Judá corria o risco de deixar de existir.
Nesta situação o profeta Isaías é mandado por Deus para dizer que o reino de Judá será salvo, enquanto que os reinos de Israel e Damasco serão destruídos pelos assírios.
E Isaías faz isto dizendo que Deus mesmo quer dar a Acaz um sinal de que o reino de Judá não será destruído. É neste momento que Acaz recusa o sinal de Deus, mas Isaías o traz assim mesmo: a prova de que Judá será salvo será o nascimento de um menino, filho de uma das esposas do rei: ele se chamará “Emanuel” (Is 7,14b).
De fato o reino de Judá é salvo, e com ele a dinastia de onde sairá o Messias, Jesus. E antes que a criança Emanuel chegasse à idade adulta (Is 7,16; 8,4) os reinos de Israel e Damasco foram destruídos. Mas naquele menino a descendência de Davi foi salva como Deus quis para dela fazer nascer Jesus.
É por isso que o Evangelho de hoje anuncia a Maria o nascimento de seu Filho, a quem Deus dará o  trono de Davi. (Lc 1,32).
“Emanuel”, “Deus conosco” significa a presença de Deus na pessoa de Jesus, porque Ele é o Filho Encarnado de Deus que veio habitar no meio dos homens.
Tanto a Segunda Leitura como o Evangelho de hoje entenderão que este Emanuel é Jesus.
Pensemos na atenção amorosa de Deus por seu Povo, ao prepará-lo, por meio dos profetas e dos salmos, para a Encarnação de Seu Filho para a sua salvação.
Salmo Responsorial: Sl 39(40),7-11.

Sacrifício e oblação não quisestes...
não pedistes ofertas nem vítimas, holocaustos por nossos pecados.
E então eu vos disse: “Eis que venho!”. [Sl 39(40),1].
O Salmo de hoje traz afirmações que somente podem ser entendidas pela Encarnação do Filho de Deus. Isto é, somente com o nascimento do Filho de Deus, Jesus, estas palavras se fazem entender. O Povo de Israel as lia em seu mistério, sem as entender imediatamente, na esperança de um futuro adiante no tempo.
Para um judeu que refletisse sobre estas palavras, estas pareciam ameaçadoras: se Deus não quisesse mais de Seu Povo sacrifícios e oblações, ofertas e vítimas, holocaustos pelos pecados, o que sobraria do culto que Israel Lhe prestava? Deus estava para terminar com os rituais judaicos?
E se estava para terminar os ritos da Antiga Aliança, o que Deus poria em seu lugar?
Mesmo que um judeu piedoso chegasse a esta conclusão, sua fé e esperança em Deus o levariam a imaginar algo muito superior aos rituais da Antiga Aliança: alguém viria para substituir os sacrifícios, as oblações, as ofertas e vítimas e os holocaustos pelos pecados. E aqui estava uma questão fundamental: por meio de quem, aquele personagem misterioso que diz “Eis que venho!”, Deus perdoaria os pecados de Seu Povo?
O Salmo deixou Israel na expectativa de um futuro ainda pouco iluminado. Mas o Povo podia esperar: o personagem que viria substituir os ritos expiatórios da Aliança de Deus somente poderia ser o grande bem de Israel. Enquanto não se verificasse o que disse o Salmo, seria apenas uma profecia.
Somente com a vinda do Filho de Deus ao mundo é que foi possível entender este Salmo.
Esta compreensão a comunidade cristã conservou por meio da Epístola aos Hebreus, que é a Segunda Leitura de hoje. Vamos ouvi-la e entendê-la.
Segunda Leitura: Hb 10,4-10.
Não foram do teu agrado holocaustos nem sacrifícios pelo pecado.
Por isso eu disse: “Eis que venho”. (Hb 10,6-7a).
É aqui que os judeus fiéis encontraram a explicação para o desaparecimento dos rituais antigos de Israel. Com a vinda de Jesus Cristo, que inaugurou a Nova Aliança de Seu sangue (1Cor 11,25) foi dado o perdão a todos, aos judeus e aos pagãos.
A Epístola aos Hebreus foi escrita para uma comunidade cristã que conhecia muito bem os rituais da Antiga Aliança para a expiação dos pecados. Eram cristãos de origem judaica ou convertidos ao judaísmo antes de sua conversão ao cristianismo.
Com a morte de Jesus na cruz e com sua inauguração da Nova Aliança não era mais necessário esperar perdão dos pecados através de imolação de animais no templo de Jerusalém.
Isto nos diz muito sobre a Encarnação do Filho de Deus.
Jesus, cujo nome significa “Salvador”, veio precisamente para os pecadores, cujos pecados redimiu pelo derramamento de seu sangue sobre a cruz. Ele disse que veio para salvar os pecadores (Mt 9,12), os espiritualmente doentes.
Por meio desta Segunda Leitura fica claro que Deus quis que o tempo de vigor da Antiga Aliança terminasse, e que fosse continuada pela Segunda e Nova Aliança: o plano de Deus era salvar toda a humanidade por meio da Encarnação de Seu Filho. E foi isto que os primeiros cristãos constataram, como o constatamos nós hoje.
O mistério da Encarnação do Filho de Deus, portanto, tem este motivo: levar de volta a Deus todas as suas criaturas que se perderam no pecado. E para isto Jesus explicará sua missão salvadora por meio de várias parábolas, como a da ovelha desgarrada, a da moeda perdida, e especialmente a do filho pródigo no capítulo 15 de São Lucas.
Evangelho: Lc 1,26-38.

O Espírito virá sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra.
Por isso o menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus. (Lc 1,35).
A Anunciação a Maria é o grande tema do Evangelho de hoje.
Mt 1,21, outro Evangelho que narra a Anunciação, diz que o nome de Jesus significa salvação de todo o Povo de seus pecados.
O Evangelho de São Lucas que lemos hoje, não menciona a salvação dos pecados pelo Filho encarnado de Deus. São Lucas acentua o Reino eterno deste filho de Davi (Lc 1,33).
O que São Lucas quer nos dizer sobre este Reino eterno do Filho de Deus?
Se entendemos que o Reino de Deus em sua plenitude depois do Juízo Final será o Reino de todos os que foram salvos de seus pecados, este Reino é o Reino dos santos de Deus. Não haverá mais resto algum de pecado algum. O pecado não existirá mais, pois o Reino de Deus é o Reino onde somente a obediência a Deus existe, onde sua Vontade se cumpre no céu eternamente.
Foi isto que Jesus veio nos trazer como descendente de Davi para um Reino eterno.
Mas como o Reino de Deus é o Reino de Jesus?
É porque Deus mesmo lhe deu este Reino (Lc 1,32), inaugurado no tempo pelo rei Davi. Por isso é importante que o Evangelho diga que Jesus é o filho de Davi.
Do ponto de vista apenas humano, Jesus é Filho de Deus enquanto Rei porque filho de Davi, nascido de mulher (Gl 4,4-7).
Do ponto de vista divino Jesus é Filho de Deus porque gerado por decisão divina no seio da Virgem Maria: fez-se Homem aquele que antes de nascer homem era Filho de Deus desde toda a eternidade.
Conservemos em nossa memória estas lembranças deixadas pela Liturgia da Palavra:
- Deus se serve da história de Israel para nos ensinar por qual motivo nasce o descendente de Davi, prefigurado no Emanuel, filho do rei davídico Acaz. É o que a Primeira Leitura nos mostrou.
- Deus prepara seu Povo para um futuro em que não haverá mais rituais expiatórios no templo de Jerusalém, isto é, o fim do vigor da Antiga Aliança. Foi o que nos mostrou o Salmo Responsorial.
- Deus iluminou a Igreja primitiva para que entendesse como Seu Filho introduz na Vida Eterna todos os homens salvos pelo sangue de Jesus e não pelos antigos sacrifícios. É o que a Segunda Leitura ensina.
- Deus quis que Seu Filho, gerado desde toda a eternidade, entrasse no tempo dos homens encarnando-se no seio da Virgem Maria, para levar ao Reino Eterno todos os salvos pelo sangue de Jesus Cristo. Foi o que o Evangelho nos disse.
Neste tempo de Quaresma refletimos mais intensamente estes mistérios de nossa salvação.
Pensemos o quanto significamos para Deus e para Jesus, a ponto de prepararem, desde toda a eternidade, nossa entrada no Reino de Deus. Com Deus viveremos em Seu Reino, com Jesus Cristo nosso salvador, para sempre. Sejamos, portanto, dignos de merecê-lo vivendo, já neste mundo, a vontade de Deus.
Autor: Pe. Valdir Marques, SJ, Doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.

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