terça-feira, 20 de junho de 2017

A Santa que revelou ao mundo o Sagrado Coração de Jesus: conheça a história de Santa Margarida Maria Alacoque

                         

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                   O Sagrado Coração de Jesus e Santa Margarida Maria Alacoque

Certa vez, São Francisco de Assis encontrou um religioso que lhe perguntou:
– Por que essa multidão, que acorre em direção a vós? Por que todo esse respeito e veneração?
Ao que São Francisco respondeu:
– Deus percorreu todo o mundo com seu olhar à procura da mais miserável criatura, pela qual pudesse Ele manifestar o seu poder. Seu olhar santíssimo, debruçando-se sobre a Terra, não encontrou nada de mais vil, de tão baixo, pequeno e ignóbil quanto eu. Daí a sua escolha!
Não entramos no mérito dessa afirmação de São Francisco de Assis. Aqui nos importa apenas ressaltar que esse episódio contém uma grande lição.
Deus tanto pode agir através de um instrumento humano altamente qualificado – é o caso, por exemplo, de Santo Inácio de Loyola, nobre, inteligente, vontade de ferro, fina sensibilidade – como pode, pelo contrário, escolher um instrumento humanamente inepto, para dessa forma deixar bem patente que a eficácia da ação decorre unicamente d’Ele, que está no Céu.
Se considerarmos a vida de Santa Margarida Maria Alacoque (1647/1690), escolhida pela Providência para a missão de confidente do Sagrado Coração de Jesus – a cuja devoção a Santa Igreja dedica o mês de junho –, constatamos precisamente a aplicação deste último princípio.
O próprio Nosso Senhor, numa de suas aparições, diz por que a escolheu: Eu te escolhi como um abismo de indignidade e de ignorância para o cumprimento desse grande desígnio, a fim de que tudo seja feito por Mim”.
Alma Privilegiada pela Graça
Santa Margarida, entretanto, contava com duas coisas: seu amor a Deus e seu devotamento. Ela pode não saber nada, mas ela ama e obedece ao chamado divino, e nisto está sua glória, que resplandecerá até a consumação dos séculos.
Nasceu Margarida Maria em Verosvres (França), em 1647. Apenas adquirido o uso da razão, fez voto de castidade perpétua.
Contrariamente ao que sucede aos homens e mulheres comuns, desde cedo fez ela com que os seus interesses gravitassem não em torno de si mesma, mas da Pessoa divina de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Santa Margarida foi uma dessas almas privilegiadas, atraída insistente e eficazmente pela graça divina para fazer de Deus, de Nossa Senhora e da Igreja o centro de suas cogitações e de suas vias.
E nessas disposições viveu os quarenta e três anos de sua vida.
Desde criança, brincando com outras de sua idade, sentia-se impelida, por um movimento interior, a isolar-se e a elevar sua mente a Deus. E a santa se voltou precisamente para a Santíssima Virgem, colocando-A no centro de sua piedade, para assim chegar mais facilmente a Nosso Senhor.
A Mãe de Deus também a repreendia, quando era o caso. Assim, sendo ela ainda pequena, contra o seu costume, deixou um dia de rezar o terço com os joelhos em terra para fazê-lo sentada.
Nossa Senhora lhe apareceu então com o olhar severo, e lhe disse: “Estranho muito, minha filha, que me sirvas com tanto desleixo”…
Já mocinha, para comprazer a seus parentes, deixou-se algumas vezes enfeitar para comparecer a reuniões sociais, o que, dada a sua vocação, não estava bem.
Narra Santa Margarida que certa noite, quando tirava aquelas malditas librés de Satanás, instrumentos da malícia dele, apareceu-me o meu soberano Senhor, como na Flagelação, completamente desfigurado, fazendo-me terríveis queixas:
Que minhas vaidades O tinham reduzido àquele estado, e que eu perdia um tempo tão precioso, de que Ele me havia de pedir rigorosa conta à hora da morte; que eu O atraiçoava e perseguia, depois de Ele me ter dado tantas provas de amor, e apesar do seu desejo de que eu me tornasse semelhante a Ele.
Desde a adolescência foi ela favorecida por extraordinárias visões de Nosso Senhor com a Cruz aos ombros a caminho do Calvário.
Tais aparições passaram a ser constantes – o que é raro na vida dos santos – quando ela, aos vinte e quatro anos, ingressou no Mosteiro da Visitação (Congregação fundada por São Francisco de Sales e Santa Joana de Chantal) em Paray-IeMonial (França).
Tantas e tais eram as aparições, não só de Nosso Senhor, como ainda da Santíssima Trindade, de Nossa Senhora e de seu próprio Anjo da Guarda, que ela chegou a exclamar: 
Suspendei, meu Deus, esta torrente de graças que me abisma, ou então dilatai minha capacidade para recebê-las.
Essas visões constantes duraram dois anos, de 1671 a 1673. Andava Santa Margarida Maria Alacoque tão absorta em Deus, que suas orações mais pareciam êxtases. Freqüentemente passava doze horas ininterruptas rezando na capela do Mosteiro, em completa imobilidade.
Até então, entretanto, Nosso Senhor não lhe havia revelado os segredos de seu Sagrado Coração. Tal manifestação só teve início a 27 de dezembro de 1673, na festa de São João, quando a santa rezava diante do Santíssimo Sacramento.
Comunhão Reparadora
Seis meses depois, Nosso Senhor apareceu-lhe em todo o esplendor de sua glória, com as cinco chagas brilhando como sóis e o Sagrado Coração à semelhança de uma fornalha ardentíssima.
Pediu nessa ocasião a comunhão reparadora das primeiras sextas-feiras de cada mês, e que todas as semanas, das onze às doze horas da noite de quinta-feira, ela estivesse prostrada com a face na terra, em expiação pelos pecados dos homens e para consolar o seu Coração do abandono universal a Que O haviam relegado os homens.
Eis aí o caráter principal da nova devoção e o ponto em que essencialmente ela difere de todas as que a precederam: Nosso Senhor pede um DESAGRAVO ao seu Sagrado Coração, dolorosamente ultrajado pelas “ingratidões, irreverências, sacrilégios, tibiezas e desdéns que manifestam em relação a Mim”.
A terceira e última dessas maravilhosas comunicações celestes realizou-se a 16 de junho de 1675. Nosso Senhor pediu-lhe então que fosse estabelecida na Igreja uma festa particular em honra de seu Coração, havendo nesse dia, no mundo inteiro, comunhões em reparação e desagravo das ofensas de que Ele tem sido objeto.
Após o que, a santa começou a sofrer sua própria paixão. A saúde faltou-lhe por completo, e às dores físicas somaram-se as morais: dúvidas, dificuldades, contradições.
As perseguições também não lhe foram poupadas, nem mesmo da parte de freiras e sacerdotes que não acreditavam em sua missão sobrenatural.
Efeitos do jansenismo
Santa Margarida viveu na época em que o jansenismo* mais devastações fez na França, tornando as almas tacanhas e estreitas, suspeitando de toda manifestação sobrenatural.
Por isso, as superioras do Mosteiro de Paray-le-Monial, ao receber as confidências daquela noviça tão desprovida de talentos – cujo contínuo recolhimento e absorção nas coisas celestes eram tomados por timidez excessiva –, ficaram sobressaltadas.
Julgaram-na alvo de alucinações, seguidora de uma via estranha, sujeita a embustes do demônio e ilusões. Assim sendo, não queriam admiti-la à profissão religiosa, pois julgavam ser outra a via da Ordem da Visitação.
Alarmada, Margarida Maria recorreu a Nosso Senhor: “Diga à tua superiora que não tem nada que temer em te receber, porque Eu respondo por ti; e que, se Me tem por bom pagador, Eu te servirei de fiança”. 
A superiora quis, como sinal de que era Ele realmente Quem a animava, que Nosso Senhor concedesse à noviça a graça de se tomar útil à Religião…
“Eu te farei mais útil à Religião do que ela pensa – respondeu o Redentor –, mas há de ser de uma maneira que até agora só Eu sei. De hoje em diante acomodarei as minhas graças ao espírito de tua Regra, à vontade de tuas superioras, e à tua fraqueza.
Deixa que façam de ti o que quiserem. Eu saberei empregar o melhor modo de levar a bom termo os meus desígnios”.
Contra si mesma, Santa Margarida viu tudo se levantar. E ninguém se juntou a ela. Entretanto, ela triunfou, triunfa e sobretudo triunfará.
Sem genialidade nem grandes dotes naturais, sem aliados, conquistou Santa Margarida Maria Alacoque a glória da qual ela fugia, e que também parecia fugir dela. Quis Deus que ambas Santa Margarida e a glória – se encontrassem, no tempo e na eternidade!
 Notas:
* Jansenismo: Heresia do holandês Cornélio Jansênio, Bispo de Ypres (1636), especialmente clara em sua obra Augustinus. No ano de 1620 Jansênio chegou à conclusão de que só ele, até então, compreendera o verdadeiro pensamento de Santo Agostinho (daí o nome Augustinus dado à sua obra) sobre a graça e a predestinação.
Em suas elucubrações ele negava a liberdade humana, partindo do princípio de que a graça divina é concedida a certos homens desde o nascimento, e recusada a outros.
As cinco proposições-chave dessa nova heresia foram submetidas a Roma – após sérios estudos feitos na França, na Universidade da Sorbonne – e condenadas na bula papal Cum occasione, de Inocêncio X, datada de 31 de janeiro de 1653. Posteriormente, os papas Alexandre VII (em 1656) e Clemente XI (em 1705) voltaram a condená-las.
Obras consultadas:
1Vie et Revelations de Sainte Marguerite-Marie Alacoque écrites par elle-même, Imprimerie St-Paul, Barle-Duc, França, 1947.
2. Ernest Hello, Physionomies des Saints, Perrin et Cie., Libraires.Éditeurs, Paris, 1900.
3. A entronização do Sagrado Coração de Jesus nos lares pela consagração solene das famílias a este divino Coração –– Manual publicado pela Congregação dos Sagrados Corações (Picpus), Braine-le-Comte, Bélgica, 1926.
4. Dom Guéranger, L’Année Liturgique, Pe. Croiset, SJ, Ano Cristão. 
Fonte: Revista Catolicismo

Fonte: http://www.aascj.org.br/home/2014/10/a-santa-que-revelou-ao-mundo-o-sagrado-coracao-de-jesus-conheca-a-historia-de-santa-margarida-maria-alacoque/

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