domingo, 11 de junho de 2017

Liturgia do dia 11/06/2017

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Leituras
Ex 34,4b-6.8-9
Dn 3, 52.53.54-55.56 (R.52b)
2Cor 13,11-13
Jo 3,16-18

SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE

Domingo

Primeira Leitura:  Ex 34,4b-6.8-9
4b Na manhã seguinte Moisés levantou-se de madrugada e subiu o monte, como Javé lhe ordenara, levando nas mãos as duas tábuas de pedra. 5 Javé desceu numa nuvem, e permaneceu ali, junto com ele, proclamando o Nome de Javé. 6 Ao passar Javé diante dele, proclamou: “Javé, Javé! Deus compassivo e clemente, lento na cólera e rico em misericórdia e verdade. 8 Moisés inclinou-se imediatamente para a terra e se prostrou, 9 dizendo: “Se encontrei graça aos teus olhos, ó meu Senhor, que se digne o meu Senhor de caminhar conosco, embora seja este um povo de cabeça dura. Perdoa, porém, a nossa culpa e o nosso pecado e aceita-nos como tua herança!”.
Salmo: Dn 3, 52.53.54-55.56 (R.52b)
R. A vós louvor, honra e glória eternamente!
52 “Bendito és, Senhor, Deus de nossos pais, louvado e exaltado para sempre! Bendito é teu Nome, santo e glorioso, louvado e exaltado para sempre!

53 Bendito és no templo santo da glória, exaltado e glorificado para sempre!

54 Bendito és sobre o trono da realeza, louvado e exaltado para sempre! 55 Bendito, tu que 
sondas os abismos e sentas sobre os querubins, louvado e exaltado para sempre!

56 Bendito és no firmamento do céu, louvado e exaltado para sempre!
Segunda Leitura: 2Cor 13,11-13
11 De resto, irmãos, vivei na alegria! Procurai a perfeição. Aconselhai-vos uns aos outros. Ponde-vos em concórdia. Vivei na paz. Então o Deus do amor e da paz estará convosco. 12 Saudai-vos uns aos outros com o ósculo santo. Todos os santos vos cumprimentam. 13 A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco.
Evangelho: Jo 3,16-18
16 Pois Deus amou tanto o mundo, que deu Seu Filho Único, para que todo o que crer nele não morra, mas tenha a vida eterna. 17 Porque Deus não mandou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele. 18 Quem nele crê não é julgado, quem não crê já está julgado, porque não acreditou no Nome do Filho Único de Deus.
Leituras: Diretório da Liturgia e da Organização da Igreja no Brasil 2017 - Ano A - São Mateus, 
Brasília, Edições CNBB, 2016.
Citações bíblicas: Bíblia Mensagem de Deus, São Paulo, Edições Loyola e Editora Santuário,
2016.
Boa Nova para cada dia
“Senhor, Senhor! Deus misericordioso e clemente, paciente, rico em bondade e fiel”. (Ex 34,6b).
O mistério da Santíssima Trindade nos foi revelado.
No entanto permanece sempre um mistério.
Porém, se nos foi revelado, quer dizer que ao menos uma parcela do que significa pode ser entendida por nós.
Como Santo Agostinho concluiu, somente na Vida Eterna poderemos entendê-lo.
Como toda a Santíssima Trindade nos ama, criou-nos para a Vida Eterna, pois nela conheceremos a mesma Trindade, viveremos em contínua união amorosa com ela, e nela teremos a plena realização de nosso ser e existência humana assim divinizada.
Conhecemos a Santíssima Trindade pela revelação que dela temos na História da Salvação. Esta história nos vem na Sagrada Escritura a partir do relacionamento do Povo Eleito com o Deus de Abraão.
O Povo Eleito, no tempo do patriarca Jacó, foi para o Egito. Feito escravo pelo faraó foi salvo pelo Deus dos Patriarcas que apareceu a Moisés. Moisés foi feito o guia daquele Povo, e para ele recebeu a Lei que selava o relacionamento mais importante de Deus com Seu Povo: a Antiga Aliança.
No deserto o Povo não se mostrou digno da Aliança e da Lei, porque idolatrou o bezerro de ouro. Porém Moisés intercedeu pelo Povo e Deus novamente lhe deu a Lei escrita em taboas de pedra.
Neste momento Moisés se encontra com Deus no Monte Sinai, e exclama:
“Senhor, Senhor!
Deus misericordioso
e clemente,
paciente, rico em bondade
e fiel”. (Ex 34,6b).
Apenas neste versículo de Ex 34 estão cinco atributos divinos: misericórdia, clemência, paciência, bondade e fidelidade.
Moisés não disse isto para elogiar e agradar a Deus.
Ele tinha meditado profundamente sobre estes atributos divinos a partir de tudo o que Deus tinha já feito por Seu Povo desde sua libertação do Egito.
Moisés sabia que Deus era muito mais do que estes cinco atributos dizem, porque a perfeição divina é infinita e seus atributos são infinitos.
Assim, em pequena parte, Ex 34,6b nos dá algum conhecimento do Deus dos Patriarcas, num tempo em que aos homens o Filho e o Espírito Santo não tinham sido ainda revelados tal como os entendemos hoje.
Pensemos, a partir de Ex 34,6c, no Deus Pai, que primeiro se revelou aos Patriarcas, aos profetas, a Moisés e a Seu Povo Eleito. Aprendemos assim muito sobre Deus Pai, especialmente seu Amor, que é a soma de todos estes cinco atributos dados neste versículo de Êxodo.
Salmo Responsorial: Dn 3,52-56.
A Vós louvor, honra e glória eternamente! (Refrão).
O Salmo nos traz à mente o atributo ‘eternidade’ da Santíssima Trindade.
O autor deste Salmo, incluído no livro do Profeta Daniel e não no Saltério, tinha pleno conhecimento da eternidade de Deus. Em seu tempo todas as divindades, mesmo as pagãs, tinham que ser eternas. Isto não quer dizer que a Santíssima Trindade simplesmente se acomoda ao pensamento dos homens sobre a divindade. A Santíssima Trindade é ‘verdadeiramente’ eterna porque além dela nenhuma divindade existe.
Ora, nesta eternidade a Santíssima Trindade é amor e felicidade.
Quando os homens entendem que a Santíssima Trindade é amor e felicidade, espontaneamente têm o desejo destes atributos divinos.
Como a Santíssima Trindade é misericórdia, clemência, paciência, bondade e fidelidade, cria a humanidade para que volte a Ela e viva em seu amor eternamente.
Neste amor imenso, incomensurável, a criatura humana deve dizer à Santíssima Trindade: A Vós louvor, honra e glória eternamente! (Refrão do Salmo de Dn 3).
O autor deste Salmo chegou ao conhecimento deste Deus através da história salvadora de Seu Povo. Aqui vemos novamente como Deus foi revelando sua existência e atributos divinos através de uma História de Salvação, a Salvação do Povo Eleito, que inclui todos nós hoje também.
Segunda Leitura: 2Cor 13,11-13.
A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós. (2Cor 13,13).
Foi por meio de Jesus Cristo que a humanidade recebeu a revelação da Santíssima Trindade. Jesus, o Filho de Deus, revelou-se encarnado feito homem.
E em Cristo o Espírito Santo se revelou no Batismo de Jesus e em outros momentos de sua existência terrena. No dia da Ressurreição de Jesus o Espírito Santo foi dado aos apóstolos pelo mesmo Jesus no cenáculo em Jerusalém. E no dia de Pentecostes foi derramado sobre os apóstolos, dando-lhes seus dons e frutos.
Quando São Paulo escreveu 2Cor 13,13, mostrou que tinha a compreensão embrionária do mistério da Santíssima Trindade. O mesmo entendeu São Mateus, porque em Mt 28,20 menciona a Santíssima Trindade.
Embora a Igreja primitiva não tenha aprofundado o sentido deste grande mistério, os primeiros concílios puseram as bases para uma compreensão maior da Santíssima Trindade. Como já foi dito acima, Santo Agostinho deu tudo de sua inteligência para entender o mistério da Santíssima Trindade, e concluiu que é tão profundo que em nossa mente não cabe. Somente na Vida Eterna o entenderemos como Deus quer que O entendamos, isto é, mais que tudo, com nosso coração-amor a Deus.
Evangelho: Jo 3,16-18.
Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito,
para que não morra todo o que Nele crer, mas tenha a Vida Eterna. (Jo 3,16).
A eternidade da Santíssima Trindade não é um atributo ciosamente reservado para Si mesma. É desejo do Pai, do Filho e do Espírito Santo que a eternidade seja dada ao gênero humano, exclusivamente por decisão amorosa divina. Eternidade na verdade é amor eterno, é Deus, é o Filho, é o Espírito Santo.
É isto que o Evangelho de hoje nos diz.
A Encarnação do Filho único de Deus aconteceu para a Salvação de todas as pessoas da terra.
E a Salvação consiste em participar do amor eterno de Deus. É isto que é a Vida Eterna.
Uma vez salvos por Jesus Cristo, nos é dada a participação na Sua Ressurreição. Como Ele não morre mais, não morreremos jamais. Se Deus nos mandou amá-Lo sobre todas as coisas, Ele mesmo torna este mandamento realizável plenamente apenas dando-nos a Vida Eterna.
Não separemos, portanto, a Santíssima Trindade de nós mesmos. Nossa existência não tem sentido enquanto não retornarmos à Santíssima Trindade que nos amou, criou, salvou e nos concedeu Seu Amor-Vida Eterna.
Autor: Pe. Valdir Marques, SJ, Doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.
Descobrindo a Bíblia
Jesus, dom do amor de Deus
O evangelho da festa da SSma. Trindade (Jo 3,16-18) apresenta o envio de Jesus a nós como manifestação do amor de Deus: “Tanto amou Deus o mundo, que deu seu Filho Único”. Certas traduções escrevem: “entregou” seu Filho. Errado. O texto original diz que Deus o “deu”. Não foi entregue a pedido de ninguém. Jesus é um presente que Deus dá livremente. O que provocou este dom foi o amor de Deus para com a humanidade.
No v. 17 está que Deus “enviou” o seu Filho. Não imaginemos esse “envio ao mundo” como uma viagem espacial do céu para a terra (Jesus astronauta). Significa concretamente que o homem de Nazaré, num determinado momento, saiu da sua família para dirigir sua mensagem à sociedade da Palestina dos anos 30 (que se prolonga na nossa, do ano 2000). Facilmente consideramos o mundo como perigoso ou mau, por causa dos nossos complexos e porque em certos textos “mundo” tem um sentido negativo. Ora, para João, o “mundo” só se torna mau ao rejeitar o dom que Deus lhe apresenta. Antes de tal rejeição, vale que Deus ama o mundo. Suscitar Jesus de Nazaré para se dirigir à sociedade humana é, portanto, um presente do amor de Deus por nós.
Este dom de Deus é seu “Filho Único” (vv. 16 e 18). Com duas maiúsculas, pois os dois vocábulos têm um sentido especial. Não devemos ler esta expressão em pauta biológica, como se Deus só tivesse gerado um único filho humano. Jo 1,13 e a Primeira Carta de João 3,1 falam claramente em muitos filhos de Deus: os que crêem em Jesus. Mas Jesus é “único na sua condição”. Só em Jesus apresenta-se a nós a opção definitiva: comunhão com Deus ou rejeição, vida ou morte. A Carta ensina: “Nisto se manifestou o amor de Deus entre nós: ele enviou seu Filho Único ao mundo para que tenhamos vida por ele. Nisto consiste o amor: não fomos nós que concebemos amor a Deus, mais foi ele quem nos amou (primeiro) e enviou seu Filho como expiação de nossos pecados” (1Jo 4,9-10). O leitor se lembra de Abrãao oferecendo seu “filho único” Isaac para o sacrifício (Gn 22). Mas “filho único” não significa que fosse seu único filho (Abraão tinha outro filho, com sua escrava). Significa “incomparavelmente querido”, pois era o filho de sua mulher legítima, Sara, e herdeiro prometido por Deus. Assim, Jesus é incomparável, portador de uma promessa única. E Deus o deu ao mundo, não para fazer dele um sacrifício sangrento (foram os humanos que fizeram isso), mas para reconciliar os pecados pela comunhão com Deus que ele veio estabelecer.
Aceita esse dom quem “crê em Jesus” (Jo 3,16). O evangelho de João é escrito para esclarecer uma situação bem concreta: a opção entre continuar fiel a Jesus ou virar-lhe as costas (Jo 6,66-67). João não está pensando nos budistas da Índia, nos africanos animistas ou nos agnósticos pós-modernos. Na situação concreta em que João se situa, aceitar o dom de Deus é continuar a crer em Jesus. Permanecer nele. Visto que fomos educados na fé em Jesus, podemos tomar esta mensagem para nós. Será que nós continuamos aceitando este dom, dando plena adesão a Jesus de Nazaré, com tudo o que ele disse e fez? Se nossa resposta for “sim”, não nos perderemos, mas teremos “vida eterna” (Jo 3,16).
Ora, muitos pensam que a vida eterna é a vida de além-túmulo. Para João, não. “Quem escuta a minha palavra e acredita n’Aquele que me enviou tem (já) vida eterna, passou da morte para a vida” (Jo 5,24). “Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá, e todo aquele que nos dias de sua vida crê em mim não morrerá jamais” (Jo 11,25-26). A vida que supera os limites da morte entendida como conseqüência do pecado (Gn 3,3) começa quando o pecado é vencido pela fé em Jesus, hoje mesmo. Se alguém adere a Jesus e assim vive em comunhão com Deus, que mudança fundamental poderia acontecer em sua vida por causa da morte física? Ele já está do outro lado do pecado e da morte!
João continua: Deus não enviou Jesus para condenar o mundo (= a humanidade), mas para que o mundo seja salvo por ele (v. 17). “Quem continua acreditando nele não é julgado nem condenado, mas quem não (mais) acredita já está julgado, porque não deu fé ao nome (= a pessoa) do Filho Único de Deus” (v. 18) — pelo menos, por enquanto.
Artigo extraído do livro Descobrir a Bíblia a partir da Liturgia, Pe. Johan Konings, Loyola, 1997.

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