sábado, 24 de novembro de 2018

Liturgia do dia 25/11/2018


Liturgia do dia 25/11/2018


Leituras
Dn 7,13-14
Sl 92(93),1ab.1c-2.5 (R/. 1a)
Ap 1,5-8
Jo 18,33b-37

Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo

Domingo

Primeira Leitura: Dn 7,13-14

Leitura da Profecia de Daniel
13 Eu contemplava, nas visões noturnas. Eis: com as nuvens do céu veio algo como um Filho do Homem. Ele chegou até o Ancião ao qual foi apresentado. 14 Foi-lhe dado império, honra e realeza e todos os povos, nações e línguas o serviram. Seu império é um império eterno que jamais passará e o seu reino não será destruído.
Salmo: Sl 92(93),1ab.1c-2.5 (R/. 1a)
R. O Senhor se vestiu de majestade, revestiu-se, cingiu-se de poder!
1ab O Senhor se vestiu de majestade, revestiu-se, cingiu-se de poder; sim, o Senhor reina!
1c Firmaste o mundo, e o mundo não se abala; 2 teu trono é firme desde a eternidade, existes desde sempre.

5 Teus testemunhos são dignos de fé, a santidade brilha em tua casa pelos tempos afora.
Segunda Leitura: Ap 1,5-8

Leitura do Livro do Apocalipse de São João

A vós graça e paz 5 da parte de Jesus Cristo, a testemunha fiel, o Primogênito dentre os mortos, o Príncipe dos reis da terra. A ele, que nos ama e nos lavou de nossos pecados no seu sangue, 6 e que fez de nós um reino de sacerdotes para seu Deus e Pai, a ele glória e poder por todo o tempo. Amém. 7 Olhai! Ele vem entre as nuvens! Todo olho o verá, e também aqueles que o transpassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão por sua causa. Sim. Amém! 8 Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que vem, o Todo-Poderoso.
Evangelho: Jo 18,33b-37

Naquele tempo:33 Pilatos entrou novamente na sua residência, mandou chamar Jesus e lhe disse: “És tu o rei dos judeus?”. 34 Jesus perguntou por sua vez: “Dizes isto por conta própria ou outros te disseram isso de mim?”. 35 Pilatos respondeu: “Por acaso sou eu judeu? Teu povo e os sacerdotes chefes te puseram nas minhas mãos. Que fizeste?”. 36 Jesus respondeu: “Meu reino não é deste mundo. Se meu reino fosse deste mundo, meus guardas teriam combatido para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas meu reino não é daqui”. 37 Pilatos perguntou: “Então tu és rei?”. Jesus respondeu: “Tu o dizes, eu sou rei! Para isto nasci. Para isto vim ao mundo: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta minha voz”.
Leituras: Diretório da Liturgia e da Organização da Igreja no Brasil 2018 - Ano B - São Marcos, Brasília, Edições CNBB, 2017.
Citações bíblicas: Bíblia Mensagem de Deus, São Paulo, Edições Loyola e Editora Santuário, 2016.
Boa Nova para cada dia
“... EU SOU REI. EU NASCI E VIM AO MUNDO PARA ISTO... 
(Jo 18,37)
A Igreja sempre soube que Jesus, o Filho de Deus, é Rei.
O Evangelho de São Lucas, lido nas comunidades cristãs desde o ano 80, traz as palavras do Anjo Gabriel à Virgem Maria: “... o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará na casa de Jacó para sempre, e seu reinado não terá fim” (Lc 1,32-33).
O senhorio de Jesus sobre a casa de Israel, sobre o Povo Eleito, é claro aqui.
No entanto a Igreja ultrapassou os limites do judaísmo e viu no Messias de Israel o Salvador de toda a humanidade. Precisamente porque Deus Lhe deu Poder e Majestade, Jesus Cristo domina todas as forças que submetem a humanidade ao pecado. O último inimigo que vencerá será a morte (1Cor 15,26), uma vez que nos livrou do pecado, cujo preço, precisamente, é a morte (Rm 6,23).
Porém uma festa como a de Cristo Rei, como a celebramos atualmente, somente foi instituída pelo Papa Pio XI em 1925. Era um momento em que o mundo corria o risco de se esquecer de Deus, pela onda sempre crescente de laicismo. O Papa tinha em mente um novo relacionamento com o mundo, o da fé e o mundo dos que não tinham fé, com Jesus Cristo, com o cristianismo, mostrando que a realeza de Jesus Cristo, determinada por Deus Pai, importava a todos e se sobrepunha a todos os poderes terrestres e celestes.
É na Liturgia da Palavra de hoje que encontramos o sentido desta solenidade em nossos dias, diferentes dos do início do século XX, dos tempos do Papa Pio XI.
É o Evangelho que nos mostra Jesus afirmando claramente sua realeza. E Ele o fez num momento decisivo de sua vida, o momento em que estava para ser condenado à morte por Pilatos. Esta afirmação deve ser lida por nós como que sendo um ponto chave do testamento de Jesus antes de Sua Morte salvadora:
“... Eu sou rei.
Eu nasci e vim ao mundo para isto...” 
(Jo 18,37).
Esta afirmação de Jesus, no momento em que Ele a fez, isto é, pouco antes de nos salvar com Sua Morte,deve ser entendida precisamente como afirmação salvadora. O reino de Jesus somente tem um sentido: aplicar o Poder que o Pai Lhe deu para salvar o mundo. É aqui que vemos Jesus como vencedor pleno e incomparável. Ninguém como Ele pôde salvar a humanidade com tal Poder sobre o Pecado e a morte.
É do Salmo Responsorial que nos vem mais compreensão sobre a realeza de Jesus Cristo.
Deus é rei e se vestiu de majestade; revestiu-se de poder e esplendor 
[Sl 92(93),1].
A realeza de Jesus não tem origem em sua condição humana. 
Como simples homem, igual a nós, não teria poder de rei se não fosse, ao mesmo tempo, Filho de Deus. Ora, é de Deus Pai que Jesus recebe sua realeza. O Povo Eleito cantou, séculos antes de Jesus, o Sl 92(93), e o próprio Jesus o conhecia desde sua infância. O Sl 92(93) era cantado nas festas em que Israel comemorava a superioridade de seu Deus acima dos deuses pagãosque não eram vivos nem verdadeiros, e, por isso, incapazes de criar e manter em vida a criação. O Deus de Israel era o Deus doador da vida, o Criador. Ele criara todos os seres da terra e do céu, para que existissem para sempre. Não comparece a ideia de morte ou fim desta existência no primeiro relato da criação em Gn 1,1-2,4. Portanto a realeza divina cantada por Israel era a sustentadora, somente pelo poder de Deus, de toda a vida criada e de toda a existência dos seres não vivos também.
Dentro desta compreensão do Deus Rei de Israel, porque Vivo e doador da Vida, é que entendemos a realeza de Jesus, o Filho de Deus. É que Ele ressuscitado nos dá a Vida sem fim, eterna. Seu Poder é o de dar a Vida sem fim, o contrário do pecado, que leva à submissão à morte para sempre.
Da Primeira Leitura lemos uma passagem do Livro de Daniel, que para os judeus, mesmo os de hoje, permanece misteriosa. Porém para a Igreja, desde seu início profetiza a vida de Jesus Cristo sobre as nuvens do céu, para o Juízo Final.
... entre as nuvens do céu vinha um como Filho do Homem, ... 
(Dn 7,13).
Foram-lhe dados Poder, Glória e Realeza ...
seu Poder é um Poder eterno ...
e seu Reino, um reino que não se dissolverá
 (Dn 7,14).
O ‘Filho do Homem’ foi o título aplicado pelo próprio Jesus a Si mesmo. Jesus queria ser entendido como aquele que veio servir a humanidade dando-lhe a Salvação. Ele não se manifestava em sua plena divindade, da qual ‘esvaziou-se’, como diz o Hino Cristológico de Filipenses 2,7.
Desta Primeira Leitura é importante observar dois pontos relativos a Jesus:
- este Filho do Homem recebe de Deus Poder, Glória e Realeza
- seu Poder é eterno e seu reino não terá fim.
Para que tudo isto é dado por Deus Pai ao Filho do Homem?
A resposta é simples, se entendermos corretamente a finalidade deste Poder: é um poder definitivo sobre a morte, que, desaparecida, não será impedimento para a Salvação Eterna. De fato, que sentido teria a Salvação se não fosse eterna?

Da Segunda Leitura ouvimos estas palavras pronunciadas por Jesus no seu Reino celeste:

“Eu sou o Alfa e o Ômega ...

aquele que é, que era e que vem, o todo poderoso”
(Ap 1,8).
“Alfa e Ômega” é uma dupla de palavras empregada quando se quer dizer uma totalidade, tal como a do alfabeto: entre Alfa e Ômega, do alfabeto grego, estão incluídas todas as outras letras, de modo que nenhuma fica excluída. Em outros termos: esta dupla de palavras quer dizer que em Jesus Cristo está a totalidade da Divindade e da Humanidade, numa única pessoa. É a única Pessoa da Santíssima Trindade que também tem natureza humana. E isto por um motivo próprio: ser semelhante aos homens para salvá-los todos. Dando sua vida humana pelo perdão dos pecados, redimiu a humanidade e lhe deu a Salvação eterna desejada por Deus Pai.
É importante notar que esta expressão ‘Alfa e Ômega’ fica impressa no Círio Pascal, que representa a Salvação dada à humanidade, sob o aspecto de luz, pois a humanidade jazia nas trevas do pecado. Como luz, o Círio que resplandece nas trevas é a imagem da vida divina dada aos homens.
Resumindo o conteúdo desta Liturgia da Palavra, podemos concluir que o Poder de Jesus Cristo Rei é a expressão amorosa de Deus Pai para a Salvação do mundo.
Meditemos sobre isto neste dia.
E deixemos que o Amor que procede do Poder sem fim de Jesus domine nossos corações.
Autor:
 Pe. Valdir Marques, SJ, Doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.

Nenhum comentário:

Postar um comentário