sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Liturgia do dia 08/02/2018


Liturgia do dia 08/02/2018


Leituras
1Rs 11,4-13
Sl 105(106),3-4.35-36.37.40 (R/. 4)
Mc 7,24-30

5ª semana do Tempo Comum - Ano B

Quinta-Feira

Primeira Leitura: 1Rs 11,4-13

Quando Salomão envelheceu, suas mulheres desviaram o seu coração para outros deuses, e seu coração não foi mais totalmente fiel a Javé, seu Deus, como o coração de seu pai Davi. 5 Salomão seguiu Astarte, deusa dos sidônios, e Melcom, a Abominação dos amonitas. 6 E Salomão fez o que é mau aos olhos de Javé e não seguiu plenamente Javé, como fez Davi, seu pai. 7 É nesse tempo que Salomão construiu sobre a montanha diante de Jerusalém um lugar de culto para Camos, a Abominação de Moab, e para Melcom, Abominação dos filhos de Amon. Assim fez a todas as suas mulheres estrangeiras, que queimavam perfumes e sacrificavam aos seus deuses. 9 Javé irritou-se contra Salomão, que afastou seu coração de Javé, Deus de Israel, que lhe aparecera duas vezes; 10 e sobre isso lhe preceituara a não seguir outros deuses; mas Salomão não observou o que Javé lhe ordenou. 11 Javé lhe disse: “Porque esta foi tua conduta para comigo e não observaste a minha Aliança e as minhas leis que te prescrevi, arrebatarei o reino de ti para dá-lo a teu servo. 12 Contudo, não o farei durante tua vida, em consideração a teu pai Davi; da mão de teu filho o tirarei. 13 Nem tirarei todo o reino; deixarei uma tribo a teu filho por causa de Davi, meu servo, e de Jerusalém, que escolhi”.
Salmo: Sl 105(106),3-4.35-36.37.40 (R/. 4)

R. Vem a nós, ó Senhor, que amas teu povo, e que eu veja a alegria dos eleitos!

3 Feliz quem obedece aos seus preceitos, quem pratica a justiça o tempo todo! 4 Vem a nós, ó Senhor, que amas teu povo, e que eu veja a alegria dos eleitos!

35 Mas ao contrário a eles misturaram-se, e aprenderam então os seus costumes. 36 Puseram-se a servir deuses alheios, terrível armadilha em que caíam;

37 Imolavam a eles os seus filhos, sacrificavam filhas aos demônios.

40 Contra os seus inflamou-se a sua ira, ao ver sua aliança violada.
Evangelho: Mc 7,24-30

Naquele tempo 24 Jesus saiu e foi para a região de Tiro. Entrou numa casa e não queria que ninguém soubesse, mas não pôde ficar ignorado. 25 Pois logo certa mulher, cuja filha estava possessa de um espírito impuro, ouviu falar dele e foi prostrar-se a seus pés. 26 Esta mulher era pagã, de origem siro-fenícia, e pedia que expulsasse o demônio de sua filha. 27 Jesus respondeu: “Deixa que os filhos se alimentem primeiro; porque não é justo tirar o pão das crianças e dar aos cachorrinhos”. 28 Mas ela respondeu assim: “É verdade, Senhor. Mas também os cachorrinhos, que ficam debaixo da mesa, comem as migalhas das crianças”. 29 Jesus então lhe disse: “Por causa desta resposta, vai para casa: O demônio já saiu da tua filha”. 30 Ela foi para casa e encontrou a menina deitada na cama: o demônio, de fato, já tinha saído.
Leituras: Diretório da Liturgia e da Organização da Igreja no Brasil 2018 - Ano B - São Marcos, Brasília, Edições CNBB, 2017.
Citações bíblicas: Bíblia Mensagem de Deus, São Paulo, Edições Loyola e Editora Santuário, 2016.
Boa Nova para cada dia
... não está certo tirar o pão dos filhos e jogá-lo aos cachorrinhos. (Mc 7,27b). 
Esta passagem do Evangelho nos surpreende.
Jesus parece um tanto indelicado diante do pedido que lhe faz aquela pagã da Sírio-Fenícia.
Para entender a atitude de Jesus precisamos perguntar:
Por que Jesus “saiu e foi para a região de Tiro e Sidônia”? (Mc 7,24).
Por que Jesus chama os pagãos de “cachorrinhos”? (Mc 7,27).
À primeira pergunta se responde apenas com uma suposição: por algum motivo Jesus precisou sair da Galileia. Poderia ser para se distanciar de seus inimigos. Não sabemos ao certo. Porém podemos imaginar que Jesus não queria deixar os judeus daquela terra pagã sem a pregação do Reino de Deus. Ele, de fato, preferiu pregar ali o Reino de Deus aos judeus.
À segunda pergunta se responde com o que conhecemos sobre o termo “cão” usado pelos judeus naquele tempo: era para chamar, assim, todas as pessoas que não fossem descendentes de Abraão, isto é, os não pertencentes ao Povo de Deus.
No Antigo Testamento os cães eram animais impuros. Ninguém entre os judeus criava cães nem para caça nem para guarda. A eles eram dadas as carnes dos animais impuros.
Também Jesus uma vez disse que não se devia jogar aos cães coisas santas, nem a porcos pérolas (Mt 7,6). Ele somente seguia a cultura judaica.
No episódio que lemos no Evangelho de hoje, Jesus não trata pejorativamente os pagãos com a dureza de quem detestasse os cães. Ele usa a expressão “cachorrinhos”, que leva a pensar nesses animais de maneira delicada e não depreciativa.
A mulher que lhe viera fazer o pedido para exorcizar sua filha não se sente ofendida pelas palavras de Jesus, mas se sente ainda encorajada a dizer: “também os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem as migalhas que as crianças deixam cair” (Mc 7,28b).
Por fim Jesus aceitou o que a mulher lhe pedia. Ele viu como ela agia com humildade, não com repulsa ao tratamento que Jesus dera ao povo da terra dela, como “cachorrinhos”. Jesus lhe diz: “Por causa do que acabas de dizer, podes voltar para casa. O demônio já saiu de sua filha”.
Vemos aqui duas atitudes de Jesus: uma em relação a uma pagã, à qual Jesus não fora pregar o Reino de Deus, mas à qual dá o sinal de que o Reino de Deus já está inaugurado, porque o exorcismo que faz já é prova de que o demônio perde seu reino e o Reino de Deus entra no mundo.
A segunda atitude de Jesus, que nos provoca admiração é seu poder, à distância, sobre os demônios. O exorcismo feito por Ele foi eficaz, mesmo sem que Ele estivesse presente ao lado da menina curada.   

Estamos, portanto, diante de uma narrativa em São Marcos sobre o Reino de Deus. Diante dos judeus Jesus pregava abertamente o Reino de Deus. Diante dos pagãos pregava o Reino de Deus com reservas, orientado para os judeus em terras distantes. 
Consideremos nossa situação diante de Jesus: como Ele nos trata?
Somos mais do que os judeus de seu tempo, porque somos hoje o Novo Povo de Deus.
Porém precisamos nos perguntar: nós nos comportamos dignamente como parte do Novo Povo de Deus, ou nos comportamos como pagãos que o antigo Povo de Deus menosprezava como a cães?
Esta pergunta é dura.
No entanto há católicos que se comportam de maneira mais indigna do que cães perante Deus. Pensemos nisto.Rezemos pelos que, mesmo sendo parte da Igreja, vivem em graves pecados e risco de condenação eterna.
Autor: Pe. Valdir Marques, SJ, Doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.

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