terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Liturgia do dia 18/02/2018


Liturgia do dia 18/02/2018


Leituras
Gn 9,8-15
Sl 24(25),4bc-5ab.6-7bc.8-9 (R/. cf. 10)
1Pd 3,18-22
Mc 1,12-15 (Tentação de Jesus)

1º DOMINGO DA QUARESMA

Domingo

Primeira Leitura: Gn 9,8-15

8 Assim falou Deus a Noé e a seus filhos: 9 “Quanto a mim, eis que estabeleço minha aliança convosco e com vossa descendência depois de vós 10 e com todos os seres vivos que estão convosco: com as aves, com os animais domésticos, todos os animais selvagens que estão convosco, todos os que saíram da arca, todos os animais da terra. 11 Faço minha aliança convosco: nunca mais ser vivo algum será destruído pelas águas do dilúvio; nunca mais haverá dilúvio para devastar a terra”. 12 Disse ainda Deus: “Eis o sinal da aliança que faço entre mim e vós, e todos os seres vivos que estão convosco, para as gerações futuras: 13 coloco meu arco na nuvem, e ele será o sinal da aliança entre mim e a terra. 14 Quando eu acumular as nuvens sobre a terra, nelas aparecerá meu arco; 15 recordar-me-ei então da aliança existente entre mim e vós e os seres vivos — toda carne —, e nunca mais as águas produzirão dilúvio para destruir toda carne.
Salmo: Sl 24(25),4bc-5ab.6-7bc.8-9 (R/. cf. 10)

R. Verdade e amor, são os caminhos do Senhor.

4 Revela-me, Senhor, os teus caminhos; faze-me conhecer tuas veredas! 5 Pela tua verdade me orientes, pois és o Deus da minha salvação.

6 Recorda-te de mim no teu amor! Não te esqueças, Senhor, do teu amor, nem da tua bondade: são eternos.7 Não lembres minhas faltas quando moço; nem, em tua bondade, os meus pecados.

8 O senhor é bondade e retidão, ele ensina o caminho aos pecadores. 9 Guia pela justiça os pequeninos, ensina ao povo humilde a sua estrada.
Segunda Leitura: 1Pd 3,18-22

Caríssimos: 18 O próprio Cristo morreu uma vez pelos pecados, o Justo pelos injustos, para vos reconciliar com Deus. Morreu segundo a carne, mas foi vivificado segundo o Espírito.19 Caminhando também nesse mesmo Espírito — mediante os espíritos que foram preservados —, 20 pregou aos que outrora tinham sido incrédulos, enquanto Deus esperava com paciência nos dias de Noé, ao se construir a arca, na qual poucos, isto é, oito pessoas, se salvaram pela água. 21 Esta água era imagem do batismo de agora, que salva também a vós: sua função não é eliminar a imundície corporal, mas implorar de Deus uma boa consciência, mediante a ressurreição de Jesus Cristo, 22 o qual; depois de ter subido ao céu, está à direita de Deus, onde anjos, principados e potestades lhe obedecem.
Evangelho: Mc 1,12-15 (Tentação de Jesus)

Naquele tempo12 o Espírito levou Jesus ao deserto. 13 Ele ficou quarenta dias ali, sendo tentado por Satanás. Ele estava no meio de animais selvagens, e os anjos o serviam.14 Depois que João foi encarcerado, Jesus se dirigiu a Galileia. E proclamava o Evangelho de Deus, 15dizendo: “Completou- se o tempo. Chegou o Reino de Deus. Convertei-vos e crede no Evangelho”.
Leituras: Diretório da Liturgia e da Organização da Igreja no Brasil 2018 - Ano B - São Marcos, Brasília, Edições CNBB, 2017.
Citações bíblicas: Bíblia Mensagem de Deus, São Paulo, Edições Loyola e Editora Santuário, 2016.
Boa Nova para cada dia
POR SUA ALIANÇA COM A HUMANIDADE DEUS, COM TERNURA E COMPAIXÃO, FAZ-NOS VENCER O PECADO E VIVER PARA UMA VIDA NOVA.
A Liturgia da Palavra deste Primeiro Domingo da Quaresma nos propõe oração e meditação sobre a vontade de Deus de salvar todas as suas criaturasa humanidade e todos os demais seres criados.
Isto é o que entendemos lendo a Primeira Leitura: depois de exterminar a maior parte da humanidade pecadora, Deus salvou uma família, imagem da humanidade renovada pelo poder divino salvador. Da Arca de Noé saíram os sobreviventes que Deus escolhera pela sua retidão e vida justa. A estes Deus prometeu uma Aliança:
“Eis que vou estabelecer Minha Aliança convosco e com vossa descendência, ... ”. (Gn 9,9).
E, mais adiante, Deus afirma os termos desta Aliança:
“Estabeleço convosco Minha Aliança: nunca mais nenhuma criatura será exterminada pelas águas do dilúvio, e não haverá mais dilúvio para devastar a terra” (Gn 9,11)
É pela decisão de Deus que Sua Aliança com a humanidade é eterna.
Portanto, também nós hoje, sabemos que Deus não deseja a extinção da humanidade, mas sua Salvação.
No caso de Noé e seus parentes a Salvação veio pela arca.
Todos os que nela entraram foram salvos das águas. Isto foi escrito para nossa instrução, como nos dirá São Pedro na Segunda Leitura de hoje.
São Pedro diz que Jesus depois de sua morte recebeu uma vida nova ‘no Espírito’: [Cristo] sofreu a morte na sua existência humana, mas recebeu nova vida pelo Espírito (1Pd 3,18ef).
Em seguida São Pedro afirma que com sua vida ‘no Espírito’, Cristo desceu à mansão dos mortos para levar para o céu todos os que esperavam a Salvação desde o tempo de Noé, os que foram salvos das águas por terem entrado na arca.
E, diz São Pedro, a arca era imagem do Batismo (1Pd 3,21a) que Jesus Cristo instituiu como sacramento de nossa Salvação.
Esta Salvação nos é dada por Cristo que tem uma vida recebida de Deus no Espírito. É esta vida ‘no Espírito’ que Jesus nos dá no Batismo. Assim é que para nós a Aliança de Deus com Noé se cumpre.
No início de sua vida pública na terra, Jesus foi impelido pelo Espírito Santo para o deserto para ser tentado. É o que nos diz o Evangelho de hoje.
Ele experimentou a tentação do inimigo como nós a experimentamos continuamente.
O Espírito levou Jesus para o deserto.
E Ele ficou no deserto quarenta dias e aí foi tentado por Satanás (Mc 1,12-13).
Porém cheio do poder do Espírito Santo, venceu Satanás em todas as formas de tentações, representadas pelas três enumeradas nos Evangelhos.
Como Jesus somos tentados para perder a Vida Eterna que Ele nos trouxe. Mas com o poder do Espírito Santo podemos vencer todas as tentações do inimigo.
Se perdemos a Vida Eterna, somos como as pessoas condenadas à morte no dilúvio.

Ora, isto Deus não deseja. Pelo contrário, quer nossa Salvação. E sabemos isto, porque no Salmo Responsorial de hoje está dito que a Aliança de Deus dura para sempre, e para nós também, hoje. O Salmo Responsorial de fato diz:
Recordai, Senhor meu Deus, vossa ternura e a vossa compaixão, que são eternas. [Sl 24(25),6].
Tendo presente o desejo divino de nossa Salvação eterna, percorremos na fé o Tempo Quaresmal lembrando o mistério de nossa Salvação.
Desde os tempos de Noé Deus não quer a extinção da humanidade.
Para os que faleceram antes de Cristo e depois de sua Ressurreição, Deus providenciou os meios de Salvação. Para os que creem no poder salvador de Deus, Ele providenciou o Batismo para o perdão e cancelamento de todos os pecados.
Neste Primeiro Domingo da Quaresma refletimos precisamente o que o Batismo significa para nós. O Batismo é muito mais do que imaginamos.
São Pedro diz que o Batismo não é somente um banho para tirar a sujeira do corpo físico. É a mudança de nossa consciência para vivermos neste mundo conforme Deus deseja, cumprindo sua vontade, recebendo de Jesus Cristo o perdão dos pecados e assim entrarmos com Ele na Vida Eterna.

Sejamos, assim, advertidos da importância do Batismo, do desejo que Deus tem de nos salvar, da Salvação que Ele nos deu pela Morte de Seu Filho, e de Sua promessa de nos levar para Ele, na Vida Eterna.
Autor: Pe. Valdir Marques, SJ, Doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.
Descobrindo a Bíblia
“Convertei-vos” No primeiro domingo da Quaresma, a liturgia proclama as primeiras palavras que o evangelho de Marcos colhe da boca de Jesus: “O tempo estabelecido completou-se e o Reino de Deus chegou! Convertei-vos e crede nesta boa notícia!” (Mc 1,15). Isso, depois que Jesus passou quarenta dias nas regiões desertas de Judá, enfrentando a fome e os animais selvagens. Com sucesso, aliás, pois “estava no meio das feras, mas os anjos o serviam” (1,13).
É o início do evangelho, da boa notícia proclamada por Jesus. Estranhamente, a boa nova não começa por “alegrai-vos” ou algo semelhante, mas por “convertei-vos”. (As traduções “arrependei-vos” ou “fazei penitência”, influenciadas pela tradução latina da Bíblia, não são satisfatórias. Um ladrão se arrepende quando é pego, mas não se converte; e fazer penitência é uma atividade bem determinada que Jesus não pede aqui.).

O que as palavras de Jesus evocam é a grande realidade da volta que era expressa pela terminologia hebraica do voltar e traduzido para o grego pelo conceito de metanóia, que significa “virada” ou mudança mental. Mudança de atitude (que se revela na prática). O termo evoca uma tradição riquíssima: a volta, ou êxodo, da escravidão do Egito, a volta — sobretudo — do exílio babilônico, a volta do homem para Deus e de Deus para o homem, segundo o dizer dos profetas. A metanóia faz parte de um diálogo: Deus quer estar junto de sua gente (isso signifca: o Reino de Deus chegou) e por causa desta iniciativa de Deus, que se volta para nós, nós devemos voltar para Deus. Encher-nos de atenção para com ele, de boa disposição para compreender o que ele quer de nós. Voltar para Deus que se volta para nós, isso é a conversão.

Cabe agora um olhar panorâmico sobre o início do evangelho de Marcos. Descreve, primeiro, a atividade de João, “o batizador”, cumprindo as palavras bíblicas que falavam do precursor do Messias e da voz solicitando o “conserto das estradas” para a chegada do Messias (Mc 1,2-3). Depois, descreve o surgimento de Jesus, que se une ao grande movimento de conversão que é o batismo de João (1,5-8); a efusão do Espírito de Deus sobre Jesus (1,9-11); a experiência mística de Jesus no deserto, ao modelo de Moisés e Elias, vivendo, por assim dizer, na proximidade imediata de Deus (a convivência paradisíaca com as feras, a presença dos anjos a seu serviço; 1,12-13).

Depois deste prelúdio, sem demora, ressoa a boa notícia anunciando que “o Reino de Deus chegou”: Jesus já o experimentou, e ele se identifica com sua mensagem a ponto de podermos dizer que Jesus é o Reino de Deus que se anuncia. Para saber como é o Reino de Deus, basta olhar como Jesus é, o que ele diz, o que ele faz. Por isso, Marcos não nos apresenta uma doutrina teórica sobre o Reino de Deus, mas, simplesmente, descreve Jesus.

E a nossa conversão não é outra coisa senão voltar nosso olhar para aquilo — ou aquele — que Marcos nos faz ver. Fixar a nossa mente nele. Se para isso ajuda comer um pouco menos, deixar o álcool ou outros vícios, tanto melhor. Mas o essencial é a virada de nosso coração, a nova paixão do nosso coração, vidrado em Jesus, em seu modo de ser e de agir, a ponto de ficarmos contaminados por ele.

Artigo extraído do livro Descobrir a Bíblia a partir da Liturgia, Pe. Johan Konings, Loyola, 1997.

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