sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Liturgia do dia 10/12/2017

Liturgia do dia 10/12/2017


Leituras
Is 40,1-5.9-11
Sl 84,9ab-10.11-12.13-14 (R.8)
2Pd 3,8-14
Mc 1,1-8

2ª Semana do Advento

Domingo

Primeira Leitura: Is 40,1-5.9-11

1 “Consolai, consolai meu povo!”, diz vosso Deus. 2 “Falai ao coração de Jerusalém e gritai-lhe: terminou vosso serviço! Foi expiado vosso pecado! Recebeste da mão de Javé dupla punição pelos vossos crimes!” 3 Grita uma voz: “Preparai no deserto um caminho para Javé. Endireitai na estepe uma estrada para nosso Deus. 4Nivele-se todo vale, rebaixe-se toda montanha e colina; que os acidentes se tornem planícies, e as escarpas, planuras do vale, 5 e então, a glória de Javé se revelará e toda carne há de vê-la ao mesmo tempo, pois a boca de Javé falou”. 9 Sobe a uma alta montanha, alvissareira anunciadora de Sião! Eleva fortemente a tua voz, alvissareira anunciadora de Jerusalém! Eleva a voz sem temer, e dize às cidades de Judá: “Eis vosso Deus!”. 10Eis o Senhor Javé que vem com poder e domina com sua potência, eis seu salário com ele, e diante dele sua retribuição. 11 Como um pastor ele apascenta seu rebanho, com seu braço ele o reúne; ele leva os cordeirinhos no colo e conduz as ovelhas-mães.
Salmo: Sl 84,9ab-10.11-12.13-14 (R.8)

R. Demonstra-nos, Senhor, o teu amor; dá-nos depressa a tua salvação!

Escuto o que nos diz o Senhor Deus: é sem dúvida a paz que ele promete. A paz para o seu povo e seus amigos, corações que se voltam para ele. 10 Perto está, seu auxílio dos que o temem, e a glória habitará em nossa terra.

11 O Amor e a Verdade hão de encontrar-se, pois a Justiça e Paz se oscularão. 12 Da terra brotará fidelidade, a justiça do céu se inclinará.

13 O Senhor nos dará a sua bênção, e nossa terra então dará seu fruto. 14 Eis que a justiça irá à frente dele, virá no seu encalço a salvação.
Segunda Leitura: 2Pd 3,8-14

8 Há, contudo, uma coisa, meus amigos, que não deveis perder de vista: diante de Deus, um só dia é como mil anos; e mil anos são como um dia só. 9 O Senhor não atrasa o cumprimento da sua promessa, como alguns pensam. Mas usa de paciência para convosco, não querendo que ninguém pereça; pelo contrário, quer que todos cheguem a mudar de vida. 10 Entretanto, o dia do Senhor virá como um ladrão. Nesse dia os céus desaparecerão com um terrível estrondo, os elementos abrasados pelo calor fundir-se-ão e a terra, com tudo quanto ela contém, será destruída.11 Visto como tudo vai ser destruído, compreendeis bem qual deve ser o vosso comportamento, a saber, santo e piedoso, 12 esperando e apressando a vinda do Dia de Deus, o dia em que os céus inflamados vão se dissolver e os elementos abrasados vão se fundir. 13 Contudo, nós esperamos novos céus e nova terra, segundo a sua promessa, onde a justiça terá moradia estável. 14 Eis por que, meus amigos, esperando esse dia, envidai todos os vossos esforços por viverdes sem mancha e irrepreensíveis, para vos encontrardes em paz.
Evangelho: Mc 1,1-8Começo do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus: 2Assim está escrito no livro do profeta Isaías: Eis que envio o meu mensageiro na tua frente, o qual vai preparar o teu caminho. Voz de alguém que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas passagens. 4 Assim é que João Batista apareceu no deserto, pregando um batismo de conversão para a remissão dos pecados. Todos os habitantes da região da Judeia e de Jerusalém acorriam a ele, e eram batizados no rio Jordão, confessando os próprios pecados. 6 João usava uma roupa feita com pelos de camelo e um cinturão de couro. Ele se alimentava de gafanhotos e mel silvestre. 7 O que ele proclamava era isto: “Depois de mim, virá aquele que é mais forte do que eu. E eu nem sou digno de me abaixar para desamarrar as suas sandálias. 8 Eu vos tinha batizado com água; ele, porém, vos batizará com o Espírito Santo”.Leituras: Diretório da Liturgia e da Organização da Igreja no Brasil 2017 - Ano A - São Mateus, Brasília, Edições CNBB, 2016.Citações bíblicas: Bíblia Mensagem de Deus, São Paulo, Edições Loyola e Editora Santuário, 2016.Boa Nova para cada diaQUERO OUVIR O QUE O SENHOR IRÁ FALAR: É A PAZ QUE ELE VAI ANUNCIAR,A PAZ PARA O SEU POVO E SEUS AMIGOS,PARA OS QUE VOLTAM AO SENHOR SEU CORAÇÃO.[SL 84(85),9AB].Primeira Leitura: Is 40,1-5.9-11.Falai ao coração de Jerusalém e dizei em alta voz que sua escravidão acabou e a expiação de suas culpas foi cumprida...  (Is 40,2abc).Não podemos admitir qualquer ideia de desconfortoou até mesmo tristeza quando pensamos que o Tempo do Natal significa um convite à conversão.Esta mentalidade tem afastado grande número de pessoas para uma confissão bem feita e fonte de alegria pela recuperação do amor de Deus magoado por nossos pecados.O Natal é a festa, a alegria pela vinda do Reino de Deus na pessoa do Menino Jesus. Portanto nenhuma tristeza é admissível neste tempo, a não ser que nosso coração chegue impuro para este grande dia.Consideremos o que nos diz esta Primeira Leitura:O profeta Isaías está transmitindo ao Povo Eleito as palavras de Deus num momento em que está acontecendo a volta da Babilônia para Jerusalém. É um tempo novo na vida do Povo Eleito. Naqueles diasnascerá uma nova época para a história do Povo de Deus. Eles devem olhar para o futuro como um tempo novo, sem os sofrimentos do passado. Ora, aqueles sofrimentos e a escravidão passada na Babilônia foi a punição dos pecados das gerações anteriores.
Neste período novo de sua história, o Povo Eleito não queria mais viver no pecado, especialmente de idolatria, que seus antepassados tinham cometido.O Povo por si não tinha forças para isto. Mas Deus tinha.Por isso o profeta Isaías lhe transmite estas palavras de Deus:Falai ao coração de Jerusaléme dizei em alta voz que sua escravidão acaboue a expiação de suas culpas foi cumprida...  (Isaías 40,2abc).Notemos: o profeta deve falar ao coração do povo de Jerusalém. A Deus é o coração puro que interessa.Ora, os sofrimentos padecidos na escravidão da Babilônia foram suficientes, no pensamento de Deus, para que o perdão fosse dado a todos.Quando o profeta diz que que a escravidão acabou, não se refere apenas à escravidão material. Refere-se à escravidão que a idolatria impunha aos antepassados judeus que terminaram seus dias mortos na Babilônia. A idolatria cometida antes da destruição de Jerusalém e do Templo fora o grande pecado contra o Primeiro Mandamento. Sabemos que o Povo transformou o Templo de Jerusalém num local de idolatria de outros deuses. Este foi o grande pecado que motivou a punição divina.Quando o Povo Eleito ficou livre da escravidão e voltou para Jerusalém, não quis mais repetir o pecado dos antepassados. Eles queriam uma vida pura, conforme os Mandamentos de Deus. Assim a Lei de Deusdada através de Moisés no Monte Sinai passou a ser o verdadeiro centro da religião dos judeus mais que antes.Esta Primeira Leitura tem muito a nos dizer.Todos nós temos experiência de períodos de escravidão ao pecado.Mas todos os anos Deus nos dá tempo para a conversão.E o Tempo do Natal é um deles.Portanto, façamos, como o Povo Eleito de volta a Jerusalém, nossa volta a Deus com uma confissão consciente e sincera: digamos a Ele que jamais voltaremos a nossas idolatrias do passado.Assim estaremos com nosso coração purificado no dia do Natal.E Deus nos olhará com amor, porque entre Ele e nós a inimizade passada desapareceu. Jesus, em sua manjedoura, olhará nosso coração e nos sorrirá, abrindo-nos seus braços para que permanecemos com Ele.Salmo Responsorial: Sl 84(85),9-14.Quero ouvir o que o Senhor irá falar: é a paz que Ele vai anunciar, a paz para o seu Povo e seus amigos, para os que voltam ao Senhor seu coração. [Sl 84(85),9ab].Não sabemos qual seria esta ocasião em que Deus ia falar a seu Povo Eleito, conforme está dito neste Salmo. Pode ser numa cerimônia pascal, tanto nas liturgias de cada família como no Templo de Jerusalém.O que importa é que o Salmo menciona o anúncio da Paz de Deus num determinado momento da história do Povo Eleito. De fato, o Salmo fala de paz para o Povo de Deus e para seus amigos.Mas há uma condição para que esta paz de chegue a Seu Povo. É Paz para os que voltam ao Senhor com o coração, isto é, com o amor que Deus manda ter por Ele no Primeiro Mandamento.Foi precisamente isto que a Primeira Leitura nos lembrou, quando Isaías disse:Falai ao coração de Jerusaléme dizei em alta voz que sua escravidão acaboue a expiação de suas culpas foi cumprida...  (Isaías 40,2abc).Somente existe paz entre Deus e os homens quando não existe pecado e suas consequências. O pecado, de fato, é a ruptura com Deus. Como seria possível paz com Deus ao mesmo tempo em que Ele é desprezado por quem comete o pecado?Tenhamos medo que isto nos aconteça. Não é isto, absolutamente, o que Deus deseja para cada um de nós.Pelo contrário, pensemos no que o Salmo Responsorial nos diz hoje, e fortaleçamos assim nosso desejo de conseguir e permanecer na paz com Deus pela reconciliação que Ele nos concede neste Tempo de Natal.No dia em que nos confessarmos antes do Natal, pensemos assim:Chegou o momento de deixar para trás tudo o que em minha vida foi contrário ao amor de Deus por mim.Agora começa uma etapa nova em minha vida:é a etapa em que Deus me fala somente de paz.E nisto terei minha alegria até o dia em que Ele me vier buscarpara viver com Ele por toda a eternidade.
Segunda Leitura:
 2Pd 3,8-14.... [O Senhor] não deseja que ninguém se perca. Ao contrário, quer que todos venham a converter-se(2Pd 3,9ef).Nesta Segunda Leitura quem nos fala é São Pedro.Sua mensagem é a da paciência de Deus para com os pecadores.Deus nos dá muito tempo para conversão. Mas isto não quer dizer que tenhamos direito a desrespeitar Sua paciência e misericórdia.São Pedro nos lembra também que haverá um dia, sem aviso prévio, cuja data e hora desconhecemos, em que Deus, por fim, pedirá contas de tudo o que tivermos feito de bom ou de mal.Como Deus não deseja a perdição de ninguém, faz tudo para que retornemos a Ele.Somente um impedimento nos faz imaginar este retorno uma coisa difícil: é supor que estamos sozinhos neste empenho. Pelo contrário, Deus nos anima e nos dá força para que voltemos a Ele com nosso coração arrependido: todas as impurezas que nele Deus encontrar vai tirá-las com a água purificadora de Seu amor por nós.
E, saibamos, nenhuma felicidade no mundo é maior do que a que sentimos pelo amor que Deus demonstra por nós. É assim que Deus quer nosso coração, isto é, nosso amor por Ele. Deste modo ficam juntos o afeto de Deus e o nosso.Pensemos bem nisto quando nos confessarmos para este Natal: nada nos separará do amor de Deus do amor de Jesus Cristo. Deus procurou nosso coração, nós o entregamos purificado a Ele.Evangelho: Mc 1,1-8.... João Batista apareceu no deserto, pregando um batismo de conversão para o perdão dos pecados. Toda a região da Judeia e todos os moradores de Jerusalém iam ao seu encontro. Confessavam seus pecados e João os batizava no rio Jordão. (Mc 1,4-5).Pensemos positivamente sobre a purificação que Deus nos concede neste tempo litúrgico. Não só a dona de casa como todos os que nela moram ficam felizes quando se realiza uma boa faxina, até mesmo uma reforma que deixa tudo bem ordenado, bonito, brilhante, com cheiro de limpeza. Todos nós gostamos de limpeza, ordem, beleza.E Deus? Não tem direito de ver nosso coração limpo e com o bom perfume de Sua Graça?É desta maneira que devemos considerar a chance que temos de nos purificar neste Tempo de Natal.Uma boa confissão para limpar ‘a casa’ de nosso interior, de nosso coração, é necessária para que nos apresentemos lavados e purificados diante do Menino Jesus que contemplamos em sua manjedoura. É um tempo novo, tempo de casa nova, coração renovado, amor de Deus ampliado até atingir os céus.Pensemos assim, ouvindo este Evangelho: São João Batista entusiasmou as pessoas com o convite à purificação dos corações para a chegada do Reino de Deus. Notemos que o Evangelho diz que grande número de pessoas da Judeia e de toda a cidade de Jerusalém ia ao encontro dele. E ele os batizava com água, depois que eles confessavam seus pecados. Os que faziam esta experiência saiam cheios de alegria das águas do rio, unidos a Deus pelo poder do Espírito Santo. Eles voltavam a suas cidades convidando outros a se purificarem também para a vinda do Reino de Deus.Notemos bem como a alegria da conversão tinha um motivo: o Reino de Deus chegava com tudo o que significava; quem estivesse em pecado seria punido por Deus e os que estivessem purificados estariam na maior felicidade no Reino de Deus.Portanto a conversão e o batismo que recebiam eram por Deus, por seu amor.Nós também, a confissão que fizermos neste Tempo de Natal, será por amor a Deus. Queremos chegar a Ele com nosso íntimo limpo, purificado de todo mal, como uma casa lavada, ordenada, perfumada.Nestas disposições estamos prontos para acolher a paz que Deus nos deseja neste Natal:Quero ouvir o que o Senhor irá falar:é a paz que Ele vai anunciar, a paz para o seu Povo e seus amigos,para os que voltam ao Senhor seu coração. [Sl 84(85),9ab].Que seja assim com todos nós. Com Deus iremos ao Jesus que nasce cheios de alegria. E esta alegria espiritual dará o tom deste Natal neste e nos próximos anos.Autor: Pe. Valdir Marques, SJ, Doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.Descobrindo a BíbliaNo segundo domingo do Advento, a liturgia nos apresenta a figura de João Batista, precursor do Messias. Os que acreditaram em Jesus como Messias compararam João Batista a Elias, que se esperava voltasse ao mundo antes do “grande e terrível Dia do Senhor”. Tal expectativa se encontra no livro de Malaquias, último da coleção dos profetas: Ml 3,23-24 — o último parágrafo do Antigo Testamento— anuncia que Deus enviará Elias, antes de realizar sua intervenção na história, o juízo.Por que Elias? Por duas razões: por aquilo que Elias fez e por causa do modo como ele desapareceu do mundo. Comecemos pelo último. Elias, como também Henoc, é considerado pela Escritura como tendo sumido do mundo de maneira misteriosa, “arrebatado” por um carro de fogo (figura do “Deus dos Exércitos”, 2Rs 2,11; para o arrebatamento de Henoc, cf. Gn 5,24). Esta maneira de sumir do mundo deu ensejo à crença de uma volta de Elias (e de Henoc) no fim dos tempos.Mas a idéia de que Elias voltaria se relaciona também com aquilo que Elias andou fazendo. Conforme Ml 3,24, ele deverá “fazer voltar o coração (= lembrar!) dos pais para os filhos e o coração dos filhos para os pais”. Sr 48,1-11 acrescenta: “restabelecer as tribos de Jacó”(48,10). Vê-se em Elias voltando ao mundo um pregador da conversão final. A razão principal para tanto é, provavelmente, a valentia com que ele enfrentou o rei Acab e sua mulher Jezebel e seus asseclas, os servidores de Báal (sobretudo 1Rs 18-19 e 21).No evangelho de Marcos, João Batista aparece realmente como um novo Elias. Como este, João vive no deserto (Mc 1,4; cf. 1Rs 19,4), usando o manto de profeta, feito de pêlos (Mc 1,6, cf. 2Rs 1,8). Assim como Elias foi perseguido por um rei instigado por sua mulher (1Rs 19,1-2), também João foi vítima de Herodíades, mulher ilegítima de Herodes Antipas (Mc 6,17-29). Aliás, na linha da “volta de Elias”, o próprio Herodes acreditava que, em Jesus, o próprio João tivesse voltado à vida (Mc 6,16).Depois da Transfiguração, em que apareceram Moisés e Elias, os discípulos interrogaram Jesus a respeito da volta de Elias, antes da vinda do Messias. Jesus, que não levava essas crenças ao pé da letra, respondeu que isso já acontecera: “Elias já veio e fizeram com ele o que queriam” (Mc 9,9-13). Mateus diz explicitamente: “Ele lhes falava de João Batista” (Mt 17,13). Também o evangelista Lucas atribui a João tal semelhança com Elias (Lc 1,17).Por causa da idéia da volta de Elias, a profecia de Malaquias ganhou muito eco entre os contemporâneos de Jesus. Mas, imaginação apocalíptica à parte, qual é a mensagem principal desse escrito? Deve ter atuado algumas décadas depois do exílio babilônico, no tempo de marasmo ético e religioso que se segue à reconstrução do Templo (515) e antes da reforma de Esdras (440). Critica os sacrifícios sem ética, o culto sem temor de Deus. É uma advertência que o mensageiro de Deus dirige ao povo: o nome do profeta, mal’aki, significa “meu mensageiro”.Artigo extraído do livro Descobrir a Bíblia a partir da Liturgia, Pe. Johan Konings, Loyola, 1997.


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