terça-feira, 8 de agosto de 2017

Liturgia do dia 06/08/2017

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Leituras
Dn 7,9-10.13-14
Sl 96(97),1-2.5-6.9 (R. 1a.9a)
2Pd 1,16-19
Mt 17,1-9

18º Domingo do TC. Transfiguração do Senhor, festa

Domingo

Primeira Leitura: Dn 7,9-10.13-14

Enquanto eu contemplava, foram colocados tronos e um Ancião se assentou. Sua veste: branca como neve; os cabelos da cabeça: puros como lã. Seu trono: flamas de fogo com rodas de fogo ardente. 10 Corria um rio de fogo, saindo de diante dele. Milhares e milhares o serviam, miríade de miríades diante dele. O tribunal tomou assento e os livros foram abertos. 13 Eu contemplava, nas visões noturnas. Eis: com as nuvens do céu veio algo como um Filho do Homem. Ele chegou até o Ancião ao qual foi apresentado. 14 Foi-lhe dado império, honra e realeza e todos os povos, nações e línguas o serviram. Seu império é um império eterno que jamais passará e o seu reino não será destruído.
Salmo: Sl 96(97),1-2.5-6.9 (R. 1a.9a)
R. Eis que reina o Senhor, pois superas de longe a terra inteira.
1 Eis que reina o Senhor, exulte a terra; a multidão das ilhas rejubile! 2 São dossel do seu trono treva e nuvem, o Direito e a Justiça, suas bases.

5 Derretem-se as montanhas como cera, ante o Rei e Senhor de toda a terra. 6 Anunciam os céus sua justiça, veem todos os povos sua glória.

9 Pois superas de longe a terra inteira, tu excedes de muito os deuses todos.
Segunda Leitura: 2Pd 1,16-19

Caríssimos:16 Com efeito, não é por termos ido à cata de fábulas artificiosamente inventadas que vos demos a conhecer o poder e a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo: fomos testemunhas oculares de sua grandeza. 17Na verdade, ele recebeu da parte de Deus Pai honra e glória, quando do seio da majestosa glória de Deus lhe foi dirigida esta voz: “Este é meu filho bem-amado, em quem pus toda minha satisfação”. 18 E essa voz nós a ouvimos baixar do céu, quando estávamos com ele no monte santo. 19 Assim é que temos a maior confirmação da palavra dos profetas. Fazeis bem em fixar nela vossos olhares, pois é igual a uma lâmpada que brilha em lugar escuro, até clarear o dia e levantar- se a estrela da manhã em vossos corações.
Evangelho: Mt 17,1-9

1 Seis dias depois, Jesus tomou consigo a Pedro, Tiago e seu irmão João, e os levou a um lugar à parte, sobre um alto monte. 2 Transfigurou-se diante deles:seu rosto brilhava como o sol e sua roupa tornou-se branca como a luz. 3 Então lhes apareceram Moisés e Elias, conversando com ele. 4 Pedro interveio, dizendo a Jesus: “Senhor, como é bom estarmos aqui! Se queres, farei aqui três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. 5 Ainda falava, quando uma nuvem luminosa os envolveu, enquanto dela saía uma voz que dizia: “Este é meu Filho bem-amado, no qual encontro toda a minha satisfação. Ouvi-o”. 6 A esta voz, os discípulos caíram com o rosto por terra e ficaram tomados de grande medo. 7 Mas Jesus chegou perto, tocou neles e disse: “Levantai-vos e não temais”. 8 Então, eles ergueram os olhos, mas não viram ninguém a não ser somente Jesus. 9Descendo do monte, Jesus lhes ordenou: “Não revelareis a ninguém o que acabais de ver, até que o Filho do homem ressuscite dos mortos”.

Leituras: Diretório da Liturgia e da Organização da Igreja no Brasil 2017 - Ano A - São Mateus, Brasília,
Edições CNBB, 2016.
Citações bíblicas: 
Bíblia Mensagem de Deus, São Paulo, Edições Loyola e Editora Santuário, 2016.
Boa Nova para cada dia
A TRANSFIGURAÇÃO DE JESUS NOS REVELA SUA DIVINDADE E 
PRENUNCIA NOSSA GLÓRIA NA RESSURREIÇÃO.
Primeira Leitura: 
Dn 7,9-10.13-14.
... entre as nuvens do céu vinha um como Filho de Homem ... (Dn 7,13,bc).
As visões do profeta Daniel descritas em seu livro são misteriosas. Os especialistas se empenham em interpretá-la da melhor maneira.
A passagem que hoje lemos do livro de Daniel foi interpretada pela Igreja, por séculos, como referentes ao Messias, Jesus Cristo. Mas a Igreja não agiu assim somente por sua iniciativa, porque Jesus mesmo se refere a Dn 7,13 como profecia sobre Si mesmo. Ele, Jesus, é o Filho do Homem mencionado aqui.
Se notarmos bem, os personagens principais são o Ancião e um Filho de Homem (Dn 7,9.13). O Ancião é Deus Pai e o Filho de Homem é o Messias Jesus.
Mais importante é a decisão do ancião em dar ao Filho do Homem: poder eterno que não lhe será tirado, glória e realeza, sobre todos os povos, nações e línguas; seu reino não se dissolverá como os demais reinos terrenos (Dn 7,14).
Ora, tudo isto a Igreja, desde seu início, viu realizado em Jesus. São Pedro, é o primeiro a constatar tudo isto em sua Segunda Carta, a que lemos hoje.
Portanto esta Primeira Leitura de hoje nos remete ao passado de Israel em que as profecias prometiam um Messias. E este Messias a Igreja o encontrou em Jesus Cristo, cuja transfiguração é propriamente a confirmação destas profecias.

Salmo Responsorial: 
Sl 96(97),1-2.5-6.9 (R. 1a.9a).
... treva e nuvem o rodeiam no seu trono... [Salmo 96(97),2a].
Esta cena celeste descrita pelo Salmo de hoje nos leva a considerar a morada do Deus Altíssimo de Israel, Deus que Jesus revela como sendo Seu Pai.
Por que trevas e nuvem?
O Salmo é uma lembrança muito cara ao Povo Eleito: quando Deus se revelou a Moisés e a todo o seu povo no Monte Sinai, revelou-se com sinais que o povo percebia como sendo manifestação divina: o alto do Sinai se cobriu de nuvens escuras, relâmpagos e luzes tão especiais que o povo entendeu como sendo sinais claros da presença divina (Ex 20,18) (ver ainda Ex 13,21s; 14,19b-24; Dt 4,11; Sl 104,31-32).
Foi assim que, por séculos, Israel entendeu a manifestação divina através de trevas e nuvem.
Ora, o Evangelho de hoje nos fala de uma nuvem que envolveu os três discípulos de Jesus no Monte Tabor durante Sua Transfiguração.
Voltamos aqui á compreensão que a Igreja deu ao Salmo 96(97)2a: é expressão da manifestação do Poder de Deus Pai que se repete na Transfiguração de Jesus.
Desta maneira entendemos como tanto a Primeira Leitura como o Salmo Responsorial
São lidos na Liturgia da Palavra desta solenidade precisamente para nos trazerem as informações do Antigo Testamento sobre Jesus que se manifesta no Monte Tabor aos três discípulos: esta manifestação deixa claro que Deus Pai, a quem pertence todo Poder e Esplendor em Seu Reino celeste, revela em Jesus Seu Filho, ao qual confia o Poder que somente o Pai tem. Jesus, portanto, é o Messias detentor deste Poder por decisão de Deus Pai.

Segunda Leitura: 
2Pd 1,16-19.
... “Este é meu Filho bem-amado, no qual ponho o meu bem-querer” (2Pd 1,7c).
Aqui encontramos o primeiro testemunho deixado por escrito no Novo Testamento sobre a Transfiguração de Jesus. E São Pedro afirma que para ele, para São João e São Tiago, Deus revelou como Jesus era Seu Filho.
São Pedro e os outros dois discípulos retiveram de memória esta revelação.
Ora, juntamente a esta revelação Jesus profetizara sua Ressurreição, profecia que mandou manter oculta até que acontecesse no futuro.
Mas, podemos ficar certos, São Pedro e os outros dois discípulos tinham capacidade para entender o que significavam as palavras de Deus Pai, ... “Este é meu Filho bem-amado, no qual ponho o meu bem-querer” (2Pd 1,7c). São Pedro podia associar as profecias de Daniel e dos Salmos à figura deste Filho Bem-Amado de Deus, Jesus Cristo. Disto São Pedro podia dar testemunho nesta Segunda Leitura, pois foi testemunha ocular da Transfiguração de Jesus.
Desta maneira chegamos ao ponto em que a Liturgia da Palavra de hoje nos faz entender o que a Transfiguração de Jesus significa. Ouçamos e meditemos o Evangelho de hoje.

Evangelho: 
Mt 17,1-9
“Este é Meu Filho amado, no Qual Eu pus todo o meu agrado. Escutai-O!” (Mt 17,5c).
Todo o texto deste Evangelho atrai intensamente nossa atenção porque descreve com viveza um fato único na vida de Jesus.
Muitos detalhes são simbólicos, e de uma simbologia teológica profunda.
A aparência de Jesus Cristo transfigurado é imagem de sua glória divina futura, após Sua Ressurreição. Aqui o esplendor de seu rosto e de suas vestes revela sua divindade de uma maneira tão especial que nenhuma das descrições de suas aparições depois de Ressuscitado contém.
De fato, aqui os três discípulos não estão diante de uma aparição, como as da Ressurreição. Eles estão diante de uma transformação da imagem de Jesusequivalente às descritas em raros casos no Antigo Testamento, como o brilho na face de Moisés quando desceu do Sinai com as Tábuas da Lei (Ex 34,29-30).
O aparecimento de Moisés e Elias é confirmação de que Jesus é o Messias esperado por Israel, com poder de ensinar no lugar de Moisés e de julgar o Povo de Deus no fim do mundo.
De fato Moisés previra que um profeta como ele surgiria, ao qual todo o Povo Eleito devia respeitar (Dt 18,15). Este profeta era Jesus.
Elias devia preceder a vinda do Messias: ‘Eis que vos enviarei Elias, o profeta, antes que chegue o Dia de Iahweh, grande e terrível’ (Ml 3,23). Jesus disse que Elias tinha vindo da figura de João Batista mas não fora respeitado; pelo contrário, fora morto (Mt 17,12). Ora, Jesus, como João Batista, ia anunciar o fim dos tempos e o Juízo Final no Dia de Javé (At 17,31).
Três tendas Pedro queria levantar naquele local, para que permanecessem ali Jesus, Moisés e Elias. O Evangelho mostra que isto não foi possível. Porém a menção a tendas nos lembra o Povo celebrava na Festa das Tendas a proclamação e instalação do Deus de Israel como Rei universal (Zc 14,16). Ora, Deus se manifestará aos discípulos com o poder, como o de um rei, dando, de dentro da nuvem, uma ordem.
Uma nuvem luminosa os encobriu. A nuvem no antigo Testamento representa a presença de Deus no meio de Seu Povo, como durante o Êxodo. Mas na Transfiguração de Jesus a nuvem traz a presença de Deus para anunciar um tempo novo para Israel: Deus não manda obedecer, agora, a Moisés, e sim a Seu Filho, Jesus.
A voz de Deus é ouvida pelos três discípulos. É o momento culminante deste Evangelho. O mais importante da Transfiguração de Jesus é a proclamação divina de que Ele é o Filho de Deus, e que a Ele os discípulos devem ouvir. Fica claro, porém, que não somente os três discípulos de Jesus deviam ouvi-Lo, mas todos os outros dos doze escolhidos e no futuro todos os batizados, novos discípulos de Jesus.
Chegamos aqui à compreensão mais importante deste Evangelho.
Nós somos os novos discípulos de Jesus e o ouvimos, nós Lhe obedecemos: Ele é o Filho de Deus.
O desejo de Deus é que ouvindo a Seu Filho, um dia sejamos transfigurados como Ele, depois de nossa ressurreição.
São Paulo diz que os sofrimentos do tempo presente não são comparados com a glória que vai se revelar em nós ressuscitados: Rm 8,18. Em nossa morte nosso corpo se desmanchará sob a terra, mas ressuscitará em glória e esplendor dos ressuscitados: 1Cor 15,42.
Diz ainda São Paulo em 2Co 3,18: E todos nós, com o rosto desvendado [porque batizados e unidos a Jesus Cristo], contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na Sua própria imagem ...
A Transfiguração de Jesus, portanto, não diz respeito somente a Ele e aos três discípulos. Diz respeito a nós, tanto no presente em que contemplamos a face gloriosa de Jesus, como no futuro, quando seremos transformados segundo sua imagem, como imagens perfeitas de Deus, tal como é o Filho.
Autor: Pe. Valdir Marques, SJ, Doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.
Descobrindo a Bíblia
O hino de Paulo ao amor de Deus (Rm 8)
A liturgia do 18º domingo comum dirige nossa atenção para o hino que encerra a primeira parte (caps. 1–8) da Carta aos Romanos (Rm 8,31-39).
No início (v. 31), Paulo exclama: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?”, fundando sua confiança no fato de Deus não ter poupado seu próprio Filho por nós (v. 32). Em seguida, mais duas perguntas retóricas provocam mais duas razões de confiança: Deus nos torna justos, e Jesus Cristo ressuscitado intercede por nós (vv. 33-34).
O ponto culminante do hino é o v. 35: “Quem nos separará do amor de Cristo?” Paulo cita, então, as vicissitudes terrestres e mesmo as forças cósmicas (vv. 35b-39a) como incapazes de “nos separar do amor de Deus manifestado em Jesus Cristo nosso Senhor” (v. 39b, ampliando a expressão “o amor de Cristo” do v. 35).
Com este hino, jorrando espontaneamente de seu coração, Paulo encerra a primeira parte de sua carta. Nesta parte (caps. 1–8), ele explicou que somos justificados por Deus de graça, sem ter de lhe retribuir algum pagamento - por exemplo, as práticas da Lei de Moisés (como achavam os rabinos farisaicos) ou esforços ascéticos (como acham certos cristãos “moralistas”). O incrível amor de Deus torna supérfluo tal pagamento. Somos salvos de graça. Paulo o sabe por experiência própria. O problema não é como alcançar a salvação: ela já nos alcançou em Jesus Cristo. O problema é como viver, uma vez que fomos salvos!
É neste sentido que Paulo descreve, no cap. 8, a luta que se dá, na vida da gente, entre a “carne” e o “Espírito”, entre a ditadura de nossas limitações humanas e o desafio da graça gratuitamente dada por Deus, para vivermos dum modo novo, como filhos de Deus. A “carne” não significa, na Bíblia, a sexualidade e menos ainda as transgressões ou perversões sexuais. “Carne” é a realidade humana inteira, individual e coletiva, psicológica e sociológica, vista sob o ângulo de sua precariedade e limitação. Existe uma verdadeira “ditadura da carne” quando não se consegue projetar a vida além dessa limitação, quando não se consegue orientar os impulsos para alguma superação, quando não há o que nos puxe para fora de nossa visão imediatista e egoísta.
Ora, o que nos puxa fora da limitação de nossa carne, de nosso egocentrismo e egoísmo e, neste sentido, nos liberta radicalmente, é exatamente o amor de Deus que se manifestou no Cristo Jesus. E este amor se torna em nós uma força que recebe o nome de “Espírito”, palavra que originalmente significa sopro, alento, fôlego. O amor de Deus, manifestado por Cristo que deu sua vida por nós, torna-se o fôlego que nos leva a viver, não mais confinados nos nossos impulsos naturais, mas atraídos por aquilo que é maior do que nós, aquilo que nos supera e nos leva aos nossos irmãos, “julgando-os mais importantes que nós mesmos” (cf. Fl 2,3).
É uma outra filosofia de vida que a dos fariseus que Paulo abandonou. Em vez de viver no medo, fazendo de tudo para “pagar” nossa dívida a Deus e assim merecer o céu, vamos viver na certeza de que o Pai, que nos deu seu Filho, nos dá também seu amor para sempre (que é o “céu”). Por isso, não podemos mais nos satisfazer com a mesquinhez de nosso egoísmo, mas somos impulsionados a sempre superá-lo e a expandir o amor que nós recebemos, até que alcance, na maior amplidão e profundidade possível, os nossos irmãos e irmãs.
Artigo extraído do livro Descobrir a Bíblia a partir da Liturgia, Pe. Johan Konings, Loyola, 1997.

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