S. Bartolomeu, Apóstolo
S. Bartolomeu é um dos Doze escolhidos por Jesus (cf. Mt 1, 11ss.; Lc 6, 12) para andarem com Ele, serem dotados dos seus poderes e enviados em missão. Identificado com Natanael, amigo de Filipe (cf. Jo 1, 43-51; 22, 2), era natural de Caná. Pouco sabemos sobre Bartolomeu e sobre a sua missão. De acordo com Jo 1, 43ss., era um homem simples e reto, aberto à esperança de Israel. Diversas tradições colocam-no em diferentes regiões do mundo, o que pode indicar um raio de ação muito vasto. Segundo uma dessas tradições, foi esfolado vivo na Pérsia, coroando a sua laboriosa vida missionária com a glória do martírio.
Lectio
Primeira leitura: Apocalipse 21, 9b-14
O Anjo falou-me dizendo: Vou mostrar-te a noiva, a esposa do Cordeiro.» 10E transportou-me, em espírito, a uma grande e alta montanha e mostrou-me a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, de junto de Deus. 11Tinha o resplendor da glória de Deus: brilhava como pedra preciosa, como pedra de jaspe cristalino; 12tinha uma grande e alta muralha com doze portas; nas portas havia doze anjos e em cada uma estava gravado o nome de uma das doze tribos de Israel: 13ao oriente havia três portas, ao norte três portas, ao sul três portas e ao ocidente três portas. 14A muralha da cidade tinha doze alicerces, nos quais estavam gravados doze nomes, os nomes dos doze Apóstolos do Cordeiro.
A Igreja, no Apocalipse, é a cidade santa, que recolhe as doze tribos de Israel, isto é, o novo Israel de Deus. Os seus muros apoiam-se sobre doze colunas, que são os doze apóstolos. No nosso texto, a Igreja é também chamada “noiva”, “a noiva, a esposa do Cordeiro” (v. 9), para evidenciar o vínculo de amor com que Deus Se ligou à humanidade, e Cristo se uniu à Igreja. Cada um dos apóstolos participa e testemunha este amor no seu ministério e, finalmente, no martírio. Por isso, os Doze são também chamados “Apóstolos do Cordeiro” (v. 14). De fato, não só exercem o ministério que Jesus hes confiou, mas também, e principalmente, participam no seu mistério pascal, bebendo com Ele o cálice (cf. Mt 20, 22).
Evangelho: João 1, 45-51
Naquele tempo, Filipe encontrou Natanael e disse-lhe: «Encontrámos aquele sobre quem escreveram Moisés, na Lei, e os Profetas: Jesus, filho de José de Nazaré.» 46Então disse-lhe Natanael: «De Nazaré pode vir alguma coisa boa?» Filipe respondeu-lhe: «Vem e verás!»47Jesus viu Natanael, que vinha ao seu encontro, e disse dele: «Aí vem um verdadeiro israelita, em quem não há fingimento.» 48Disse-lhe Natanael: «Donde me conheces?» Respondeu-lhe Jesus: «Antes de Filipe te chamar, Eu vi-te quando estavas debaixo da figueira!» 49Respondeu Natanael: «Rabi, Tu és o Filho de Deus! Tu és o Rei de Israel!»50Retorquiu-lhe Jesus: «Tu crês por Eu te ter dito: ‘Vi-te debaixo da figueira’? Hás-de ver coisas maiores do que estas!» 51E acrescentou: «Em verdade, em verdade vos digo: vereis o Céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo por meio do Filho do Homem.»
Jesus dirige a Natanael um elogio que o deixa surpreendido: “Aí vem um verdadeiro israelita, em quem não há fingimento.” (v. 47). Com efeito, as palavras de Jesus incluíam a verificação que nos deixa entrever um pouco mais o espírito de Natanael: o seu amor pela verdade. O apóstolo era um homem que procurava a verdade. A sua inteligência abre-se ao mistério que se revela. É o que também se verificará quando da primeira aparição de Jesus ressuscitado. Da procura passa à fé. Por isso, este apóstolo é um ícone do verdadeiro crente que, iluminado pela Palavra, agudiza a sua capacidade visiva interior e que, pela fé, reconhece em Jesus o Salvador esperado.
Meditatio
Jesus conhece o coração do homem. Por isso, pode chamar, com autoridade, aqueles que quer mais perto de si. O Senhor chama para pôr os homens em relação com o céu, para revelar o seu ser, que está em completa relação com o Pai e connosco, ponto de convergência do movimento de Deus rumo aos homens e do anseio dos homens por Deus: Filho do homem e Filho de Deus. Na verdade, quem se aproxima de Jesus vê o céu aberto e os anjos de Deus subir e descer sobre o Filho do homem.
Os Doze estão com Jesus porque devem ver o Pai agir e permanecer no Filho do homem, numa união que se manifestará plenamente na paixão de Jesus, quando for erguido na cruz e novamente introduzido na glória do Pai. Então se realizará p sonho de Jacob.
Todos somos chamados a esta profunda revelação. Na Eucaristia revivemos o mistério da morte e da glorificação de Jesus, sacerdote e vítima da nova aliança entre o Pai e os homens. E, com Ele, queremos ser também sacerdotes e vítimas fazendo a oblação de nós mesmos, para glória e alegria de Deus e para salvação da humanidade. O Senhor revela-se a nós como aos Apóstolos, os doze alicerces, sobre os quais se apoia a muralha da cidade, “a noiva, a esposa do Cordeiro” (v. 9).
Oratio
Senhor, reacende a nossa fé na contemplação dos mistérios que nos revelas, na festa do apóstolo Bartolomeu. Nós te agradecemos por nos teres reunido na Igreja. Nós te agradecemos por todos aqueles e aquelas que, de coração sincero, continuam a difundir no mundo inteiro, apoiados pelo teu Espírito Santo, a fé e o amor dos Apóstolos. Ámen.
Contemplatio
Deus compraz-se naqueles que caminham diante dele na simplicidade do seu coração (Prov. 11). Deus detesta os corações duplos e hipócritas. Aqueles que usam a dissimulação e a astúcia provocam a sua cólera (Job 36). O Espírito Santo retira-se daqueles que são duplos e dissimulados (Sab 1, 5). Natanael ganhou o coração de Nosso Senhor pela simplicidade e retidão do seu coração (Jo 1, 47). Deus não desprezará nunca a simplicidade, diz Job. Não rejeitará aqueles que se aproximam dele com simplicidade (Job 8,10). O Espírito Santo assegura-nos que os cumulará com os seus dons e as suas bênçãos (Prov. 28,10). O simples é bem sucedido nos seus desígnios e Deus abençoa-O. Segue os caminhos de Deus; pode caminhar com confiança (Prov. 10,9 e 29). Deus frustrará os que são dúplices e dará as suas graças aos humildes (Prov. 3,34). Os simples são acarinhados, estimados por Jesus, como aquelas crianças do Evangelho que Jesus atraía apesar dos seus apóstolos. «É imitando esta inocência e esta candura de crianças, dizia Jesus, que vos haveis de tornar agradáveis ao meu coração» (Mt 18). Como é que havemos de hesitar em amar e em praticar a simplicidade?(Leão Dehon, OSP 3, p. 48s.).
Actio
Repete muitas vezes e vive hoje a palavra:
“Rabi, Tu és o Filho de Deus! Tu és o Rei de Israel!” (Jo 1, 49).
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S. Bartolomeu, Apóstolo (24 Agosto)
Lectio
Primeira leitura: Apocalipse 21, 9b-14
O Anjo falou-me dizendo: Vou mostrar-te a noiva, a esposa do Cordeiro.» 10E transportou-me, em espírito, a uma grande e alta montanha e mostrou-me a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, de junto de Deus. 11Tinha o resplendor da glória de Deus: brilhava como pedra preciosa, como pedra de jaspe cristalino; 12tinha uma grande e alta muralha com doze portas; nas portas havia doze anjos e em cada uma estava gravado o nome de uma das doze tribos de Israel: 13ao oriente havia três portas, ao norte três portas, ao sul três portas e ao ocidente três portas. 14A muralha da cidade tinha doze alicerces, nos quais estavam gravados doze nomes, os nomes dos doze Apóstolos do Cordeiro.
A Igreja, no Apocalipse, é a cidade santa, que recolhe as doze tribos de Israel, isto é, o novo Israel de Deus. Os seus muros apoiam-se sobre doze colunas, que são os doze apóstolos. No nosso texto, a Igreja é também chamada “noiva”, “a noiva, a esposa do Cordeiro” (v. 9), para evidenciar o vínculo de amor com que Deus Se ligou à humanidade, e Cristo se uniu à Igreja. Cada um dos apóstolos participa e testemunha este amor no seu ministério e, finalmente, no martírio. Por isso, os Doze são também chamados “Apóstolos do Cordeiro” (v. 14). De fato, não só exercem o ministério que Jesus hes confiou, mas também, e principalmente, participam no seu mistério pascal, bebendo com Ele o cálice (cf. Mt 20, 22).
Evangelho: João 1, 45-51
Naquele tempo, Filipe encontrou Natanael e disse-lhe: «Encontrámos aquele sobre quem escreveram Moisés, na Lei, e os Profetas: Jesus, filho de José de Nazaré.» 46Então disse-lhe Natanael: «De Nazaré pode vir alguma coisa boa?» Filipe respondeu-lhe: «Vem e verás!»47Jesus viu Natanael, que vinha ao seu encontro, e disse dele: «Aí vem um verdadeiro israelita, em quem não há fingimento.» 48Disse-lhe Natanael: «Donde me conheces?» Respondeu-lhe Jesus: «Antes de Filipe te chamar, Eu vi-te quando estavas debaixo da figueira!» 49Respondeu Natanael: «Rabi, Tu és o Filho de Deus! Tu és o Rei de Israel!»50Retorquiu-lhe Jesus: «Tu crês por Eu te ter dito: ‘Vi-te debaixo da figueira’? Hás-de ver coisas maiores do que estas!» 51E acrescentou: «Em verdade, em verdade vos digo: vereis o Céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo por meio do Filho do Homem.»
Jesus dirige a Natanael um elogio que o deixa surpreendido: “Aí vem um verdadeiro israelita, em quem não há fingimento.” (v. 47). Com efeito, as palavras de Jesus incluíam a verificação que nos deixa entrever um pouco mais o espírito de Natanael: o seu amor pela verdade. O apóstolo era um homem que procurava a verdade. A sua inteligência abre-se ao mistério que se revela. É o que também se verificará quando da primeira aparição de Jesus ressuscitado. Da procura passa à fé. Por isso, este apóstolo é um ícone do verdadeiro crente que, iluminado pela Palavra, agudiza a sua capacidade visiva interior e que, pela fé, reconhece em Jesus o Salvador esperado.
Meditatio
Jesus conhece o coração do homem. Por isso, pode chamar, com autoridade, aqueles que quer mais perto de si. O Senhor chama para pôr os homens em relação com o céu, para revelar o seu ser, que está em completa relação com o Pai e connosco, ponto de convergência do movimento de Deus rumo aos homens e do anseio dos homens por Deus: Filho do homem e Filho de Deus. Na verdade, quem se aproxima de Jesus vê o céu aberto e os anjos de Deus subir e descer sobre o Filho do homem.
Os Doze estão com Jesus porque devem ver o Pai agir e permanecer no Filho do homem, numa união que se manifestará plenamente na paixão de Jesus, quando for erguido na cruz e novamente introduzido na glória do Pai. Então se realizará p sonho de Jacob.
Todos somos chamados a esta profunda revelação. Na Eucaristia revivemos o mistério da morte e da glorificação de Jesus, sacerdote e vítima da nova aliança entre o Pai e os homens. E, com Ele, queremos ser também sacerdotes e vítimas fazendo a oblação de nós mesmos, para glória e alegria de Deus e para salvação da humanidade. O Senhor revela-se a nós como aos Apóstolos, os doze alicerces, sobre os quais se apoia a muralha da cidade, “a noiva, a esposa do Cordeiro” (v. 9).
Oratio
Senhor, reacende a nossa fé na contemplação dos mistérios que nos revelas, na festa do apóstolo Bartolomeu. Nós te agradecemos por nos teres reunido na Igreja. Nós te agradecemos por todos aqueles e aquelas que, de coração sincero, continuam a difundir no mundo inteiro, apoiados pelo teu Espírito Santo, a fé e o amor dos Apóstolos. Ámen.
Contemplatio
Deus compraz-se naqueles que caminham diante dele na simplicidade do seu coração (Prov. 11). Deus detesta os corações duplos e hipócritas. Aqueles que usam a dissimulação e a astúcia provocam a sua cólera (Job 36). O Espírito Santo retira-se daqueles que são duplos e dissimulados (Sab 1, 5). Natanael ganhou o coração de Nosso Senhor pela simplicidade e retidão do seu coração (Jo 1, 47). Deus não desprezará nunca a simplicidade, diz Job. Não rejeitará aqueles que se aproximam dele com simplicidade (Job 8,10). O Espírito Santo assegura-nos que os cumulará com os seus dons e as suas bênçãos (Prov. 28,10). O simples é bem sucedido nos seus desígnios e Deus abençoa-O. Segue os caminhos de Deus; pode caminhar com confiança (Prov. 10,9 e 29). Deus frustrará os que são dúplices e dará as suas graças aos humildes (Prov. 3,34). Os simples são acarinhados, estimados por Jesus, como aquelas crianças do Evangelho que Jesus atraía apesar dos seus apóstolos. «É imitando esta inocência e esta candura de crianças, dizia Jesus, que vos haveis de tornar agradáveis ao meu coração» (Mt 18). Como é que havemos de hesitar em amar e em praticar a simplicidade?(Leão Dehon, OSP 3, p. 48s.).
Actio
Repete muitas vezes e vive hoje a palavra:
“Rabi, Tu és o Filho de Deus! Tu és o Rei de Israel!” (Jo 1, 49).
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S. Bartolomeu, Apóstolo (24 Agosto)
Tempo Comum – Anos Ímpares – XX Semana – Quinta-feira
Tempo Comum – Anos Ímpares – XX Semana – Quinta-feira
Lectio
Primeira leitura: Juízes 11, 29-39a
Naqueles dias, 29o espírito do Senhor desceu sobre Jefté; Jefté atravessou Guilead e Manassés; depois, Mispá de Guilead; de Mispá de Guilead atravessou a fronteira dos amonitas. 30Jefté fez um voto ao Senhor, dizendo: «Se realmente entregas nas minhas mãos os amonitas, 31pertencerá ao Senhor quem quer que saia das portas da minha casa para me vitoriar pelo meu regresso a salvo da terra dos amonitas; eu oferecê-lo-ei em holocausto.» 32Então, Jefté marchou contra os amonitas e travou combate contra eles; o Senhor entregou-os nas suas mãos. 33Derrotou-os desde Aroer até às proximidades de Minit, tomando-lhes vinte cidades, e até Abel-Queramim; foi uma derrota muito grande; deste modo, os amonitas foram humilhados pelos filhos de Israel. 34Quando Jefté regressou a sua casa em Mispá, eis que sua filha saiu para o vitoriar, dançando e tocando tamborim; ela era filha única; não tinha mais filhos nem filhas. 35Ao vê-la, rasgou as suas vestes e disse: «Ai, minha filha! Tu fazes-me lançar no desespero! Tu és a minha desgraça! Eu falei demais na presença do Senhor; agora não posso tornar atrás.» 36Ela disse-lhe: «Meu pai, tu falaste demais na presença do Senhor; faz comigo segundo o que saiu da tua boca, pois o Senhor deu-te a vingança contra os teus inimigos, os amonitas.» 37Depois, disse a seu pai: «Concede-me o seguinte: deixa-me sozinha durante dois meses para que eu vá vaguear pelas montanhas, chorando a minha virgindade, eu e as minhas companheiras.» 38Ele disse: «Vai.» E deixou-a partir durante dois meses; ela foi com as suas companheiras e chorou sobre as montanhas a sua virgindade. 39Ao fim de dois meses, voltou para junto de seu pai; este cumpriu nela o voto que havia feito.
A página que hoje escutamos é das mais enigmáticas da Bíblia e pode mesmo causar-nos mal-estar e arrepios.
O povo mergulhara, mais uma vez no pecado: «Os filhos de Israel continuaram a fazer o mal diante do Senhor: adoraram os ídolos…e abandonaram o Senhor, negando-se a servi-lo. Inflamou-se, então, a ira do Senhor contra Israel, entregando-os nas mãos dos filisteus e nas mãos dos amonitas. Estes oprimiram e vexaram, naquele ano, os filhos de Israel; durante dezoito anos, esmagaram os filhos de Israel …» (cf. Jz 10, 6-8). O povo clamou ao Senhor, reconhecendo o seu pecado (cf. 10, 15s.). Deus escolheu, como Juiz-libertador, Jefté, filho de uma prostitua, chefe de um grupo de aventureiros… Mas «o espírito do Senhor desceu sobre Jefté» (11, 29) que venceu e humilhou os Amonitas (cf. v. 33).
O voto, feito ao Senhor por Jefté, e que o leva a sacrificar a filha, desconcerta-nos. A Lei proibia sacrifícios humanos. Mas a contaminação com costumes dos pagãos, com quem Israel convivia, levaram Jefté a este acto horrível. Ainda havia muito caminho a fazer, até que o povo de Deus se libertasse de formas de religiosidade perigosas e equívocas, que não respeitavam a pessoa humana nem a relação com o Deus da aliança do Sinai.
Evangelho: Mateus, 22, 1-14
Naquele tempo, Jesus dirigiu-se de novo aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo e, falando em parábolas, disse-lhes: 2«O Reino do Céu é comparável a um rei que preparou um banquete nupcial para o seu filho. 3Mandou os servos chamar os convidados para as bodas, mas eles não quiseram comparecer. 4De novo mandou outros servos, ordenando-lhes: ‘Dizei aos convidados: O meu banquete está pronto; abateram-se os meus bois e as minhas reses gordas; tudo está preparado. Vinde às bodas.’ 5Mas eles, sem se importarem, foram um para o seu campo, outro para o seu negócio. 6Os restantes, apoderando-se dos servos, maltrataram-nos e mataram-nos. 7O rei ficou irado e enviou as suas tropas, que exterminaram aqueles assassinos e incendiaram a sua cidade. 8Disse, depois, aos servos: ‘O banquete das núpcias está pronto, mas os convidados não eram dignos. 9Ide, pois, às saídas dos caminhos e convidai para as bodas todos quantos encontrardes.’ 10Os servos, saindo pelos caminhos, reuniram todos aqueles que encontraram, maus e bons, e a sala do banquete encheu-se de convidados. 11Quando o rei entrou para ver os convidados, viu um homem que não trazia o traje nupcial. 12E disse-lhe: ‘Amigo, como entraste aqui sem o traje nupcial?’ Mas ele emudeceu. 13O rei disse, então, aos servos: ‘Amarrai-lhe os pés e as mãos e lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes.’ 14Porque muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos.»
Na tradição bíblica, o banquete de núpcias é a mais alta expressão de festa. Jesus compara o reino de Deus exactamente a um banquete de núpcias. Mais ainda, compara-o ao banquete que um rei preparou para o casamento do seu filho. Era de esperar uma enorme e bem sucedida festa. Mas, surgem imprevistos. Os convidados recusam participar. Na perspectiva teológica de Mateus, esta parábola refere-se a Israel, desde os seus princípios até à vinda do Messias. Foi sempre um povo rebelde, e acabou por recusar o Messias, com os seus dons. Mas Deus, que tem «tudo pronto», abre o banquete a outros convidados. Os novos comensais formam o novo Israel, a Igreja, santa, mas sempre carecida de conversão, e que, por isso, precisa sempre de estar atenta para conservar a veste nupcial.
Esta parábola ensina-nos que o convite para a festa do banquete é uma graça, um dom que envolve e compromete seriamente toda a nossa vida, que a faz nova. Podemos acolhê-lo ou recusá-lo. Quem o recusa, encontra sempre desculpas e justificações, que não são mais do que auto-enganos. Quem entra na sala nupcial também não deve pensar que tem a salvação garantida. Ainda que a entrada seja gratuita e oferecida a todos, exige dos participantes a veste nupcial e as disposições correspondentes, especialmente «revestir-se de Cristo» (Rm 13, 14; Gl 3, 27).
Meditatio
A primeira leitura apresenta-nos um exemplo da pedagogia divina para corrigir práticas religiosas defeituosas. Jefté, que combatia os Amonitas, desejava uma vitória clamorosa, que afastasse de vez o perigo que eles constituíam para Israel. Por isso, faz um voto ao Senhor: se Deus lhe conceder a vitória sobre os inimigos, sacrificará a primeira pessoa que encontrar, ao voltar da batalha. Este voto reflecte a mentalidade do Jefté e dos seus contemporâneos: para agradecer a Deus grandes graças, é preciso oferecer-Lhe coisas muito difíceis e custosas. O profeta Miqueias manifesta este modo de ver, quando escreve: «Com que me apresentarei ao Senhor, e me prostrarei diante do Deus excelso? Irei à sua presença com holocaustos, com novilhos de um ano? Porventura o Senhor receberá com agrado milhares de carneiros ou miríades de torrentes de azeite?» (Mq 6, 6s.). São presentes de gente grande: torrentes de azeite, milhares de carneiros… Parece-lhe que, desse modo, poderá manifestar a sua gratidão para com Deus.
Mas havia outra possibilidade, ainda mais difícil: «Hei-de sacrificar-lhe o meu primogénito pelo meu crime, o fruto das minhas entranhas pelo meu próprio
pecado?» (Mq 6, 7). Oferecer o primogénito era uma ideia considerada positiva. Abraão mostrara-se disposto a fazer esse sacrifício. Deus não lho permitira, mas Abraão foi louvado por estar disposto a fazê-lo.
Jefté tinha, pois, uma disponibilidade semelhante à de Abraão: «Se realmente entregas nas minhas mãos os amonitas, pertencerá ao Senhor quem quer que saia das portas da minha casa para me vitoriar pelo meu regresso a salvo da terra dos amonitas; eu oferecê-lo-ei em holocausto» (v. 30s.). Tratava-se, evidentemente, de um erro da consciência religiosa, porque não agrada a Deus o sacrifico de uma pessoa humana. Deus quer a vida, não a morte. É o homem vivo que dá glória a Deus, dirá S. Ireneu de Lião.
Para corrigir uma ideia tão errada, Deus permitiu que a primeira pessoa a vir ao encontro de Jefté fosse a sua própria filha, que ainda por cima era única: «Não tinha mais filhos nem filhas», diz-nos o texto sagrado (v. 34). Ao fazer o seu voto, Jefté não previra uma tal possibilidade. Por isso, logo que a viu, exclamou: «Ai, minha filha! Tu fazes-me lançar no desespero! Tu és a minha desgraça! Eu falei demais na presença do Senhor; agora não posso tornar atrás» (v. 35). Na verdade, fora ele a arruinar a filha. E, mais uma vez, a sua consciência religiosa errada, não lhe permitia ver que podia ser dispensado de cumprir um tal voto. Quando se promete a Deus algo de errado, não só podemos, mas devemos deixar de cumprir a promessa. Os crentes do Antigo Testamento pensavam que, uma vez prometida uma coisa ao Senhor, não havia outro remédio senão cumpri-la. A história de Jefté visava corrigir uma tal consciência errada. Infelizmente, parece que esta consciência errada ainda subsiste em muitos cristãos, que, por vezes, fazem promessas que Deus não pode aceitar, mas que teimam em fazê-las.
Oratio
Senhor, pelo teu profeta Miqueias, ensinaste-me que o que é bom aos teus olhos, o que me pedes, é que pratique a justiça, ame a piedade, e caminhe humildemente na tua presença. À primeira vista, não são coisas que causem grande impressão, ou que revelem muita generosidade. São coisas simples, obrigatórias: praticar a justiça, amar a piedade, e caminhar humildemente na tua presença. Mas é esse o caminho seguro, o sacrifício que Te agrada. Afasta-me, pois, de buscar coisas extraordinárias, que podem lançar-me em caminhos de perdição. Que, dia a dia, com dedicação e constância, eu procure viver na justiça, na piedade, na humildade. Amen.
Contemplatio
Felizes aqueles que, como S. (João) Berchmanns, encontraram durante a sua vida na oração a Maria, na cruz do seu Deus, do seu mestre e esposo, no cumprimento das suas santas regras e de todos os seus deveres, a sua alegria, as suas delícias, o seu apoio, o seu todo. Felizes os que na pureza do corpo, da alma e do coração, na humildade e na desconfiança de si mesmos, no amor puro, sobrenatural, se esquecem a si mesmos e não procurando senão a glória de Deus e a salvação das almas, serviram o seu Deus, seguiram Jesus, o seu Senhor e Mestre, na via da cruz, dos sofrimentos e do sacrifício! Semelhante morte é preciosa aos olhos de Deus. Escutam então da parte de Deus este convite: «Vinde, bom e fiel servidor, porque fostes fiel nas pequenas coisas, estabelecer-vos-ei sobre maiores; entrai na alegria do vosso Senhor». (Pe. Dehon, OSP 4, p. 154s.)
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a Palavra:
«Felizes os convidados para as núpcias do Cordeiro» (Ap 19, 9)
Primeira leitura: Juízes 11, 29-39a
Naqueles dias, 29o espírito do Senhor desceu sobre Jefté; Jefté atravessou Guilead e Manassés; depois, Mispá de Guilead; de Mispá de Guilead atravessou a fronteira dos amonitas. 30Jefté fez um voto ao Senhor, dizendo: «Se realmente entregas nas minhas mãos os amonitas, 31pertencerá ao Senhor quem quer que saia das portas da minha casa para me vitoriar pelo meu regresso a salvo da terra dos amonitas; eu oferecê-lo-ei em holocausto.» 32Então, Jefté marchou contra os amonitas e travou combate contra eles; o Senhor entregou-os nas suas mãos. 33Derrotou-os desde Aroer até às proximidades de Minit, tomando-lhes vinte cidades, e até Abel-Queramim; foi uma derrota muito grande; deste modo, os amonitas foram humilhados pelos filhos de Israel. 34Quando Jefté regressou a sua casa em Mispá, eis que sua filha saiu para o vitoriar, dançando e tocando tamborim; ela era filha única; não tinha mais filhos nem filhas. 35Ao vê-la, rasgou as suas vestes e disse: «Ai, minha filha! Tu fazes-me lançar no desespero! Tu és a minha desgraça! Eu falei demais na presença do Senhor; agora não posso tornar atrás.» 36Ela disse-lhe: «Meu pai, tu falaste demais na presença do Senhor; faz comigo segundo o que saiu da tua boca, pois o Senhor deu-te a vingança contra os teus inimigos, os amonitas.» 37Depois, disse a seu pai: «Concede-me o seguinte: deixa-me sozinha durante dois meses para que eu vá vaguear pelas montanhas, chorando a minha virgindade, eu e as minhas companheiras.» 38Ele disse: «Vai.» E deixou-a partir durante dois meses; ela foi com as suas companheiras e chorou sobre as montanhas a sua virgindade. 39Ao fim de dois meses, voltou para junto de seu pai; este cumpriu nela o voto que havia feito.
A página que hoje escutamos é das mais enigmáticas da Bíblia e pode mesmo causar-nos mal-estar e arrepios.
O povo mergulhara, mais uma vez no pecado: «Os filhos de Israel continuaram a fazer o mal diante do Senhor: adoraram os ídolos…e abandonaram o Senhor, negando-se a servi-lo. Inflamou-se, então, a ira do Senhor contra Israel, entregando-os nas mãos dos filisteus e nas mãos dos amonitas. Estes oprimiram e vexaram, naquele ano, os filhos de Israel; durante dezoito anos, esmagaram os filhos de Israel …» (cf. Jz 10, 6-8). O povo clamou ao Senhor, reconhecendo o seu pecado (cf. 10, 15s.). Deus escolheu, como Juiz-libertador, Jefté, filho de uma prostitua, chefe de um grupo de aventureiros… Mas «o espírito do Senhor desceu sobre Jefté» (11, 29) que venceu e humilhou os Amonitas (cf. v. 33).
O voto, feito ao Senhor por Jefté, e que o leva a sacrificar a filha, desconcerta-nos. A Lei proibia sacrifícios humanos. Mas a contaminação com costumes dos pagãos, com quem Israel convivia, levaram Jefté a este acto horrível. Ainda havia muito caminho a fazer, até que o povo de Deus se libertasse de formas de religiosidade perigosas e equívocas, que não respeitavam a pessoa humana nem a relação com o Deus da aliança do Sinai.
Evangelho: Mateus, 22, 1-14
Naquele tempo, Jesus dirigiu-se de novo aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo e, falando em parábolas, disse-lhes: 2«O Reino do Céu é comparável a um rei que preparou um banquete nupcial para o seu filho. 3Mandou os servos chamar os convidados para as bodas, mas eles não quiseram comparecer. 4De novo mandou outros servos, ordenando-lhes: ‘Dizei aos convidados: O meu banquete está pronto; abateram-se os meus bois e as minhas reses gordas; tudo está preparado. Vinde às bodas.’ 5Mas eles, sem se importarem, foram um para o seu campo, outro para o seu negócio. 6Os restantes, apoderando-se dos servos, maltrataram-nos e mataram-nos. 7O rei ficou irado e enviou as suas tropas, que exterminaram aqueles assassinos e incendiaram a sua cidade. 8Disse, depois, aos servos: ‘O banquete das núpcias está pronto, mas os convidados não eram dignos. 9Ide, pois, às saídas dos caminhos e convidai para as bodas todos quantos encontrardes.’ 10Os servos, saindo pelos caminhos, reuniram todos aqueles que encontraram, maus e bons, e a sala do banquete encheu-se de convidados. 11Quando o rei entrou para ver os convidados, viu um homem que não trazia o traje nupcial. 12E disse-lhe: ‘Amigo, como entraste aqui sem o traje nupcial?’ Mas ele emudeceu. 13O rei disse, então, aos servos: ‘Amarrai-lhe os pés e as mãos e lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes.’ 14Porque muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos.»
Na tradição bíblica, o banquete de núpcias é a mais alta expressão de festa. Jesus compara o reino de Deus exactamente a um banquete de núpcias. Mais ainda, compara-o ao banquete que um rei preparou para o casamento do seu filho. Era de esperar uma enorme e bem sucedida festa. Mas, surgem imprevistos. Os convidados recusam participar. Na perspectiva teológica de Mateus, esta parábola refere-se a Israel, desde os seus princípios até à vinda do Messias. Foi sempre um povo rebelde, e acabou por recusar o Messias, com os seus dons. Mas Deus, que tem «tudo pronto», abre o banquete a outros convidados. Os novos comensais formam o novo Israel, a Igreja, santa, mas sempre carecida de conversão, e que, por isso, precisa sempre de estar atenta para conservar a veste nupcial.
Esta parábola ensina-nos que o convite para a festa do banquete é uma graça, um dom que envolve e compromete seriamente toda a nossa vida, que a faz nova. Podemos acolhê-lo ou recusá-lo. Quem o recusa, encontra sempre desculpas e justificações, que não são mais do que auto-enganos. Quem entra na sala nupcial também não deve pensar que tem a salvação garantida. Ainda que a entrada seja gratuita e oferecida a todos, exige dos participantes a veste nupcial e as disposições correspondentes, especialmente «revestir-se de Cristo» (Rm 13, 14; Gl 3, 27).
Meditatio
A primeira leitura apresenta-nos um exemplo da pedagogia divina para corrigir práticas religiosas defeituosas. Jefté, que combatia os Amonitas, desejava uma vitória clamorosa, que afastasse de vez o perigo que eles constituíam para Israel. Por isso, faz um voto ao Senhor: se Deus lhe conceder a vitória sobre os inimigos, sacrificará a primeira pessoa que encontrar, ao voltar da batalha. Este voto reflecte a mentalidade do Jefté e dos seus contemporâneos: para agradecer a Deus grandes graças, é preciso oferecer-Lhe coisas muito difíceis e custosas. O profeta Miqueias manifesta este modo de ver, quando escreve: «Com que me apresentarei ao Senhor, e me prostrarei diante do Deus excelso? Irei à sua presença com holocaustos, com novilhos de um ano? Porventura o Senhor receberá com agrado milhares de carneiros ou miríades de torrentes de azeite?» (Mq 6, 6s.). São presentes de gente grande: torrentes de azeite, milhares de carneiros… Parece-lhe que, desse modo, poderá manifestar a sua gratidão para com Deus.
Mas havia outra possibilidade, ainda mais difícil: «Hei-de sacrificar-lhe o meu primogénito pelo meu crime, o fruto das minhas entranhas pelo meu próprio
pecado?» (Mq 6, 7). Oferecer o primogénito era uma ideia considerada positiva. Abraão mostrara-se disposto a fazer esse sacrifício. Deus não lho permitira, mas Abraão foi louvado por estar disposto a fazê-lo.
Jefté tinha, pois, uma disponibilidade semelhante à de Abraão: «Se realmente entregas nas minhas mãos os amonitas, pertencerá ao Senhor quem quer que saia das portas da minha casa para me vitoriar pelo meu regresso a salvo da terra dos amonitas; eu oferecê-lo-ei em holocausto» (v. 30s.). Tratava-se, evidentemente, de um erro da consciência religiosa, porque não agrada a Deus o sacrifico de uma pessoa humana. Deus quer a vida, não a morte. É o homem vivo que dá glória a Deus, dirá S. Ireneu de Lião.
Para corrigir uma ideia tão errada, Deus permitiu que a primeira pessoa a vir ao encontro de Jefté fosse a sua própria filha, que ainda por cima era única: «Não tinha mais filhos nem filhas», diz-nos o texto sagrado (v. 34). Ao fazer o seu voto, Jefté não previra uma tal possibilidade. Por isso, logo que a viu, exclamou: «Ai, minha filha! Tu fazes-me lançar no desespero! Tu és a minha desgraça! Eu falei demais na presença do Senhor; agora não posso tornar atrás» (v. 35). Na verdade, fora ele a arruinar a filha. E, mais uma vez, a sua consciência religiosa errada, não lhe permitia ver que podia ser dispensado de cumprir um tal voto. Quando se promete a Deus algo de errado, não só podemos, mas devemos deixar de cumprir a promessa. Os crentes do Antigo Testamento pensavam que, uma vez prometida uma coisa ao Senhor, não havia outro remédio senão cumpri-la. A história de Jefté visava corrigir uma tal consciência errada. Infelizmente, parece que esta consciência errada ainda subsiste em muitos cristãos, que, por vezes, fazem promessas que Deus não pode aceitar, mas que teimam em fazê-las.
Oratio
Senhor, pelo teu profeta Miqueias, ensinaste-me que o que é bom aos teus olhos, o que me pedes, é que pratique a justiça, ame a piedade, e caminhe humildemente na tua presença. À primeira vista, não são coisas que causem grande impressão, ou que revelem muita generosidade. São coisas simples, obrigatórias: praticar a justiça, amar a piedade, e caminhar humildemente na tua presença. Mas é esse o caminho seguro, o sacrifício que Te agrada. Afasta-me, pois, de buscar coisas extraordinárias, que podem lançar-me em caminhos de perdição. Que, dia a dia, com dedicação e constância, eu procure viver na justiça, na piedade, na humildade. Amen.
Contemplatio
Felizes aqueles que, como S. (João) Berchmanns, encontraram durante a sua vida na oração a Maria, na cruz do seu Deus, do seu mestre e esposo, no cumprimento das suas santas regras e de todos os seus deveres, a sua alegria, as suas delícias, o seu apoio, o seu todo. Felizes os que na pureza do corpo, da alma e do coração, na humildade e na desconfiança de si mesmos, no amor puro, sobrenatural, se esquecem a si mesmos e não procurando senão a glória de Deus e a salvação das almas, serviram o seu Deus, seguiram Jesus, o seu Senhor e Mestre, na via da cruz, dos sofrimentos e do sacrifício! Semelhante morte é preciosa aos olhos de Deus. Escutam então da parte de Deus este convite: «Vinde, bom e fiel servidor, porque fostes fiel nas pequenas coisas, estabelecer-vos-ei sobre maiores; entrai na alegria do vosso Senhor». (Pe. Dehon, OSP 4, p. 154s.)
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a Palavra:
«Felizes os convidados para as núpcias do Cordeiro» (Ap 19, 9)
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