quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Liturgia do dia 02/11/2018


Liturgia do dia 02/11/2018


Leituras
Jó 19,1.23-27a
Sl 22(23),1-2.3.4.5.6
1Jo 3,14-16
Jo 19,17-18.25-

Todos os Fiéis Defuntos

Sexta-Feira

Primeira Leitura: Jó 19,1.23-27a

1 Respondeu Jó: 23 Oxalá sejam escritas as minhas palavras e gravadas no bronze,24 e sobre o chumbo, com estilete de ferro, e eternamente inscritas na rocha! 25 E eu sei que o meu Redentor vive: e que, último, ele se levantará sobre o pó; 26 e atrás de minha pele eu estarei de pé, e, de minha carne, eu verei Eloá. 27a Eu mesmo verei, eu mesmo, meus olhos olharão, e não um outro.
Salmo: Sl 22(23),1-2.3.4.5.6
R. O Senhor é o meu pastor: não me falta coisa alguma!
1 O Senhor é o meu pastor: não me falta coisa alguma! 2 Em campinas verdejantes me coloca a repousar.

3 Me conduz às águas frescas e alma nova ele me dá! Faz que eu siga o bom caminho pela honra do seu nome.

4 Se atravesso o vale escuro, nada temo: estás comigo! Teu bordão e teu cajado, ao meu lado, me dão força.

5 Pões a mesa à minha frente, bem defronte do inimigo; de óleo unges-me a cabeça, e o meu cálice transborda.

6 Só felicidade e graça toda a vida hão de seguir-me; minha casa é a do Senhor pelo resto dos meus dias!
Segunda Leitura: 1Jo 3,14-16

Irmãos: 14 Nós sabemos que passamos da morte para a vida porque amamos nossos irmãos. Quem não ama permanece na morte. 15 Quem odeia seu irmão é um assassino e sabeis que nenhum assassino tem a vida eterna permanente dentro de si. 16 Eis como reconhecemos o amor: ele entregou sua vida por nós. Assim nós também devemos dar a vida por nossos irmãos.
Evangelho: Jo 19,17-18.25-39
17 Jesus, carregando a cruz, saiu da cidade, rumo ao lugar chamado Crânio (em hebraico Golgothá). 18 Ali o crucificaram juntamente com dois outros: um de cada lado e Jesus no meio.25 Perto da cruz de Jesus, estavam sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas e Maria Madalena. 26 E Jesus, vendo sua mãe e perto dela o discípulo a quem amava, disse à sua mãe: “Mulher, eis aí teu filho!”. 27 Em seguida, disse ao discípulo: “Eis aí tua mãe!”. E desde aquela hora o discípulo a recebeu aos seus cuidados.28 Depois, sabendo que estava tudo consumado, Jesus, cumprindo a Escritura, disse: Tenho sede. 29 Havia por ali um vaso cheio de vinagre. Prendendo uma esponja embebida em vinagre na haste de um hissopo, a levaram à boca de Jesus. 30 Depois de ter tomado o vinagre, Jesus exclamou: “Tudo está consumado!”. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.31 Entretanto, como era o dia da Preparação, os judeus, com medo de que os corpos ficassem nas cruzes durante o sábado — este dia de sábado devia ser muito importante —, pediram a Pilatos licença para lhes quebrar as pernas e retirar os corpos de lá. 32 Os soldados então, foram, quebraram as pernas do primeiro e, depois, do outro que tinha sido crucificado com ele. 33 Quando chegaram, porém, a Jesus, viram que já estava morto e não lhe quebraram as pernas; 34 mas um soldado lhe abriu o lado com a lança e, no mesmo instante, saiu sangue e água. 35 Aquele que viu dá testemunho e seu testemunho é verdadeiro. E ele sabe que diz a verdade, para que vós também acrediteis. 36 Porque tudo isto aconteceu para que se cumprisse a Escritura: Nenhum osso lhe será quebrado. E a Escritura diz também: 37 Contemplarão aquele que trespassaram.38 Depois disto, José de Arimateia, que era discípulo de Jesus, mas em segredo, por medo dos judeus, pediu autorização a Pilatos para retirar o corpo de Jesus. Pilatos concedeu. Então foi e retirou o corpo dele. 39 Foi também Nicodemos, aquele que em certa ocasião tinha ido encontrar-se com ele à noite. Levava uma grande quantidade de mirra com aloés.
Leituras: Diretório da Liturgia e da Organização da Igreja no Brasil 2018 - Ano B - São Marcos, Brasília, Edições CNBB, 2017.
Citações bíblicas: Bíblia Mensagem de Deus, São Paulo, Edições Loyola e Editora Santuário, 2016.
Boa Nova para cada dia

... VEREI A DEUS.

EU MESMO O VEREI, MEUS OLHOS O CONTEMPLARÃO, ... (Jó 19,23-24a)
A liturgia da Palavra desta comemoração dos Fiéis Defuntos nos leva a entender um dos mistérios de nossa existência terrena, nossa morte, para nos conduzir à compreensão do mistério de nossa Ressurreição para a Vida Eterna.

Nada é mais certo do que a morte, e nada é tão incerto como a hora de nossa morte. No entanto, diante desta constatação, não nos deixamos abater nem imaginar um futuro incerto depois de morrer.
Jesus, o Filho de Deus encarnado, morreu como todos nós.
Cristo, o Filho de Deus ressuscitado, é a imagem do que será a nossa Vida Eterna.
É olhando para Jesus Cristo que encontramos o sentido e segurança em nossa consideração sobre a morte e a Ressurreição.
Com esta segurança não tememos morrer no momento desejado por Deus.

Assim como Jesus Cristo entregou ao Pai seu espírito, nós Lhe entregaremos o nosso igualmente, como a maior oferta possível de nossa existência terminada nesta terra.

Vamos percorrer esta Liturgia da Palavra numa ordem que colabore com nossa reflexão e compreensão do grande mistério da morte e Ressurreição.
Comecemos com Segunda Leitura: 1Jo 3,14-16
V. 14a: Nós sabemos que passamos da morte para a vida, ...
São João Evangelista nos diz duas coisas nesta frase: sabemos que nossa morte é certa, mas também sabemos que a Vida Eterna nos espera.
Como ele chegou a formular este pensamento?
Para obter esta resposta, precisamos ler um pouco mais de 1Jo 3:
V. 14 Sabemos que passamos da morte para a vida,
porque amamos os irmãos. Quem não ama permanece na morte.
V. 15 Todo aquele que odeia o seu irmão é um homicida.
E sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele.
V. 16 Nisto sabemos o que é o amor: Jesus deu a vida por nós.
Portanto, também nós devemos dar a vida pelos irmãos.
Esta reflexão parece complexa.
Mas pensemos bem: São João Evangelista põe, como condição para passar à Vida, o Mandamento Novo de Jesus: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 15,12).
Sem o amor ao próximo a Vida Eterna não é possível.
Isto quer dizer que todos os pecados contra os Mandamentos de Deus, do 4º ao 10º,  conduzem à morte eterna e impedem a Vida Eterna.
Portanto se estes pecados não existirem entraremos na Vida Eterna.
Mas ainda São João Evangelista não entende o amor ao próximo como resultado apenas do empenho humano. O amor ao próximo tem um modelo: o modo como Jesus nos amou.
Isto muda tudo. Pois até os pagãos podem amar seus próximos, mas sem o mesmo efeito que a imitação ao amor de Jesus proporciona a quem tem Fé Nele.

Em outras palavras: sem Jesus como exemplo não conseguimos amar o próximo de modo a conseguir a Vida Eterna. Entendemos assim que a Vida Eterna nos vem por nossa identificação com Jesus Cristo.
Como assim?

Jesus, em sua Morte apagou nossos pecados porque Ele mesmo é a expressão plena do Amor de Deus por nós. 
Só por amor a nós é que Deus nos dá a Vida Eterna, isto é, porque Jesus nos amou como a seus irmãos, seus próximos. Se amamos o próximo como Jesus nos ensinou, ...nós sabemos que passamos da morte para a vida.
Passemos ao Salmo Responsorial:
V. 4a. Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei...
O que representa este “vale tenebroso”?
Representa a morte. Só é tenebrosa quando não depositamos nossa fé em Jesus Cristo. Com a firmeza que a morte redentora de Jesus nos dá, porque teremos medo da morte?
Em outras palavras, no momento de nossa morte Jesus Cristo estará conosco.
No momento de nossa morte, a Mãe de Jesus estará conosco. E isto por um motivo seguro: foi a Ela que pedimos milhares de vezes: Rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte”.
Morrendo com Jesus e Maria temeremos algum mal mesmo passando pelo vale tenebroso?
Jesus passou pelo vale tenebroso sem temor de perder sua união com Deus Pai. É o que vemos no Evangelho:
V. 30a: Ele tomou o vinagre e disse: Tudo está consumado.
V. 30b: E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.
À nossa contemplação Jesus nos deixou a imagem do momento de Sua Morte com esta serenidade nascida de seu abandono amoroso ao Pai.
Por que? Ele não estava sozinho. Ele sabia que entregando seu espírito ao Pai tudo se resolvia bem. Ele voltava ao Pai depois de ter morrido, pois o Pai o ressuscitou.
E à espera da Ressurreição, Jesus já se sentia feliz pelo que Lhe aconteceria dali a três dias de Sua Morte.
O Evangelho não nos conta, mas a meditação da Igreja ao longo dos séculos colocou na boca de Jesus a expressão de sua alegria pela sua Ressurreição: na Vigília Pascal cantamos a abertura da liturgia com esta frase dita por Jesus: Pai, ressuscitei. Agora estou novamente contigo!” (Intróito da Missa da Páscoa da Ressurreição),
Ressuscitado, Jesus voltou ao Pai.
Voltou em sua Natureza Divina, mas agora também com sua Natureza Humana.
Como Ele não quer Sua Natureza Divina só para Si, quer que dela participemos por pura bondade da Graça de Deus Pai. É São Pedro que nos diz em 2Pd 1,3-4:
V. 3b: ... mediante o conhecimento Daquele que nos chamou por sua glória e força poderosa.
V. 4: Por elas foram-nos concedidos os bens prometidos, os maiores e mais valiosos, a fim de que vos tornásseis participantes da Natureza Divina, ...
E o que vai acontecer quando estivermos na Vida Eterna,participando Natureza Divina?
É aqui que passamos à Primeira Leitura:
V. 26 ... e depois que tiverem destruído esta minha pele, na minha carne, verei a Deus.
V. 27a: Eu mesmo O verei, meus olhos O contemplarão, ... (Jó 19,26-27a).
Este trecho do Livro de Jó fecha nossa reflexão sobre nossa morte e Ressurreição.

O próprio Jó não sabia que ia ressuscitar, mas nós sabemos, porque Jesus nos prometeu.

Em Jo 6,39 nos diz:
V. 39: E esta é a vontade Daquele que me enviou:
que eu não perca nenhum daqueles que Ele me deu,
mas o ressuscite no último dia.
Ressuscitados, veremos a Deus tal como Ele é.

E nesta visão experimentaremos o amor com que Deus nos amou a nós, seus ‘próximos’, por meio da Morte e Ressurreição de Jesus Cristo.

A Vida Eterna será a felicidade sem fim num amor jamais consumado de Deus por nós e nosso por Ele.
Autor: Pe. Valdir Marques, SJ, Doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.

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