terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Liturgia do dia 28/10/2018


Liturgia do dia 28/10/2018


Leituras
Jr 31,7-9
Sl 125(126),1-2ab.2cd-3.4-5.6 (R/. 3)
Hb 5,1-6
Mc 10,46-52

30º Domingo do Tempo Comum

Domingo

Primeira Leitura: Jr 31,7-9

7 Pois assim fala Javé: Exultai alegres por Jacó, aclamai a primeira das nações! Proclamai! Louvai! Exclamai! “Javé salvou seu povo, o resto de Israel!” 8 Eis que os reconduzo do país do Norte, e os reúno dos confins do orbe, entre eles, os cegos e coxos, grávidas e parturientes, todos juntos: é uma grande multidão que aqui retorna! 9 Partiram com lágrimas, reconduzo-os consolados; levo-os aos cursos das águas, por estradas planas, onde não tropeçam, pois sou um pai para Israel, e Efraim é meu primogênito.
Salmo: Sl 125(126),1-2ab.2cd-3.4-5.6 (R/. 3)
R. Maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria!
1 Quando o Senhor a Sião reconduzia os cativos, estar sonhando pensávamos. 2ab Tínhamos risos na boca e em nossos lábios, canções.

2cd Entre as nações exclamavam: “Deus fez por eles prodígios!”. 3 Sim, por nós fez maravilhas, e de alegria exultávamos!

4 Muda, Senhor, nossa sorte, como as torrentes do Sul: 5 Os que semeiam chorando colham a messe entre cânticos!

6 Saindo embora a chorar quem leva sua semente, possa voltar, entre hinos, trazendo os feixes colhidos!
Segunda Leitura: Hb 5,1-6

1 Todo sumo sacerdote, com efeito, é tomado dentre os homens e designado para servir a Deus em favor deles. Ele oferece dons e sacrifícios pelos pecados. 2 E pode sentir comiseração pelos ignorantes e desviados, porque ele próprio está exposto a muitas fraquezas. 3 Por isso, deve oferecer sacrifícios tanto pelos próprios pecados, como pelos do povo. 4 Ninguém pode arrogar a si mesmo uma tal honra, mas a pessoa que é chamada por Deus, como Aarão. 5 Assim também Cristo não arrogou a si mesmo a honra do sumo sacerdócio, mas a recebeu daquele que lhe declarou: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei. 6 Como diz ainda em outro lugar: Tu és sacerdote para sempre, segundo a maneira de Melquisedec.
Evangelho: Mc 10,46-52

46 Jesus e os discípulos chegaram a Jerico. Quando ele já saía de lá com os seus discípulos, e acompanhados de uma numerosa multidão, o cego Bartimeu, filho de Timeu, estava sentado à beira do caminho pedindo esmola. 47 Tendo sabido que se tratava de Jesus de Nazaré, ele começou a gritar: “Filho de Davi, Jesus, tem piedade de mim!”. 48 Muitos o repreendiam para que se calasse, mas ele gritava mais alto ainda: “Filho de Davi, tem piedade de mim!”. 49 Jesus parou e disse: “Chamai-o!”. Foram chamar o cego e lhe disseram: “Coragem! Levanta-te! Ele te chama!”. 50 Então ele jogou fora o manto, deu um pulo e foi apresentar-se a Jesus. 51 Jesus lhe perguntou: “Que queres que eu te faça?”. O cego respondeu: “Rabbuní, que eu veja de novo!”. 52 Jesus, por fim, lhe disse: “Vai, tua fé te salvou”. Imediatamente ele recuperou a vista e o seguia pelo caminho.
Leituras: Diretório da Liturgia e da Organização da Igreja no Brasil 2018 - Ano B - São Marcos, Brasília, Edições CNBB, 2017.
Citações bíblicas: Bíblia Mensagem de Deus, São Paulo, Edições Loyola e Editora Santuário, 2016.
Boa Nova para cada dia
“TU ÉS SACERDOTE PARA SEMPRE, SEGUNDO A ORDEM DE MELQUISEDEQUE” 
(Hb 5,6).
A Liturgia da Palavra deste domingo leva nossa mente a nos concentrar na figura de Jesus Cristo Sumo Sacerdote da Nova Aliança.
É neste sentido, portanto, que a reflexão cristã por muito tempo reuniu os textos da Sagrada Escritura para este trigésimo domingo do Tempo Comum, Ano B. e, será desta maneira, que nosso pensamento se concentrará na pessoa de Jesus, Sumo e Eterno Sacerdote.
Notemos que os Evangelhos não se referem a Jesus como Sacerdote.
Porém, um texto da maior importância para a Igreja, o que nos faz entender o Sacerdócio de Jesus Cristo, é o da chamada Epístola aos Hebreus. Somente este texto afirma o Sacerdócio de Jesus. E esta é a Segunda Leitura:
E aqui lemos:
“Tu és sacerdote para sempre,
segundo a ordem de Melquisedeque” (Hb 5,6).
O que isto quer dizer?
Isto quer dizer muito sobre Jesus:
o sacerdócio de Jesus não provinha de sua tribo, que era a de Judá, da qual nunca saíram sacerdotes. Os sacerdotes em Israel eram da tribo de Levi.
antes do sacerdócio da tribo de Levi, a Sagrada Escritura conhecia outro sacerdócio, o reconhecido por Abraão, o sacerdócio de Melquisedeque. Este rei conhecia o Deus de Abraão. E por isso, Abraão o aceitou pagando-lhe o dízimo de tudo o que tinha.
Melquisedeque é um sacerdote que se apresenta a Abraão, mas não diz qual era sua genealogia: não fala se seu pai já era sacerdote ou não, nem se sua família era sacerdotal. Por este motivo, porque não apresenta uma ascendência terrena, pela tradição judaica foi considerado o representante de um sacerdócio eterno,reconhecido por Abraão.
- é neste sentido, de sacerdócio eterno que a ‘ordem de Melquisedeque’ corresponde ao sacerdócio de Jesus Cristo, tal como entendido pelo escrito de Hebreus, lido hoje. Como Melquisedeque Jesus tem um sacerdócio eterno, que alegrou Abraão, como Jesus mesmo afirma em Jo 8,56: “Vosso pai Abraão exultou por ver o meu dia; ele o viu e alegrou-se”. É verdade que nem aqui o Evangelho de São João está se referindo ao sacerdócio de Jesus conforme o texto de Hebreus. Mas para a Igreja Jo 8,56 se refere a Jesus enquanto sacerdote também.
Reconhecendo em Jesus o sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque, o texto de Hebreus nos faz entender Jesus com responsabilidades de sacerdote desta maneira:
- a vítima para o sacrifício oferecido a Deus foi o próprio corpo de Jesus (Hb 7,27).
- Jesus se oferece como vítima porque na cruz derrama seu sangue (Hb 9,15-22).
- o sacrifício de Jesus aconteceu uma só vez e apagou todo pecado (Hb 9,24-28).
- por isso o sacrifício levítico, do tempo de Jesus, foi abolido (Hb 10,9).
- o sacrifício de Jesus produz o perdão (Hb 9,15), a purificação (Hb 10,18).
- o sacrifício de Jesus produz a santificação (Hb 10,10.12).
- o sacrifício de Jesus inaugura o novo culto na Igreja (Hb 9,14; 13,15ss).
É por tudo isto que para nós Jesus é o Sumo Sacerdote da Nova Aliança, como Ele mesmo disse na Última Ceia:
“Este cálice é a Nova Aliança no meu sangue, que é derramado por vós” (Lc 22,20).
Todas estas informações nos levam a entender o Evangelho de hoje: Jesus purifica um homem, que, como se acreditava naquele tempo, era cego por causa de seus pecados. É o que nos narra oEvangelho de hoje:
Jesus lhe perguntou:
“O que queres que eu te faça?”
O cego respondeu: “Senhor, que eu veja” (Mc 10,51).
O Evangelho não menciona nem pecado nem culpa pelos quais aquele homem seria punido por Deus com a cegueira. Mas esta era a mentalidade daquele tempo. Portanto Jesus ao curá-lo, purificou-o também com o perdão dos pecados diante das pessoas que viram esta cena. Isto é, Jesus exerceu uma função que em Israel era própria dos sacerdotes judeus.
Ora, na Liturgia da Palavra de hoje, a Igreja nos faz ver em Jesus realizada uma profecia dada em Jr 31,8, que é a Primeira Leitura:
“... Eu os trarei do país do norte
e os reunirei desde as extremidades da terra;
entre eles há cegos ... ”.
Jeremias se refere à volta do Povo Eleito do cativeiro da Babilônia. Como este retorno é obra de Deus Pai, é um momento em que o Povo entende como seu Deus é bom e realiza maravilhas para salvá-lo.
A Igreja, por outro lado, sempre viu na Lei e nos Profetas referências ao Cristo, Filho de Deus. É por isso que entendemos deste modo esta Primeira Leitura como uma profecia a se realizar em Jesus Cristo.
Salmo Responsorial se refere à libertação do Povo Eleito do cativeiro da Babilônia, como um acontecimento feliz. É com estas palavras que se exprime:
Quando o Senhor reconduziu nossos cativos parecíamos sonhar.
Encheu-se de sorriso nossa boca e nossos lábios de canções [Sl 125(126)1-2].
Na verdade esta era uma figura dos fatos futuros realizados em Jesus Cristo. Ele veio remir os cativos, como diz Isaías 61,1:
“O Senhor me ungiu ... e me enviou para ...pregar a redenção dos cativos ...”.
Os ‘cativos’ neste caso são os que se encontram presos ao pecado e que pagam suas penas, como se entendia sobre os doentes, os cegos e outros, no tempo de Jesus.
É densa a mensagem deste trigésimo domingo do Tempo Comum.
Releiamos suas leituras e tiremos todo o proveito possível, para nos saciar com a maravilha de Cristo Sacerdote, num sacerdócio eterno em nosso favor. Foi porque Ele nos amou que se entregou por nós. Esta foi a alegria de São Paulo, quando escreveu Gl 2,20:
Esta vida presente, eu a vivo na fé, crendo no Filho de Deus,
Que me amou e por mim se entregou.
Pensemos nestas coisas, e com profundo reconhecimento, agradeçamos a Jesus, nosso Sacerdote Eterno.
Autor: Pe. Valdir Marques, SJ, Doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.

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