terça-feira, 1 de agosto de 2017

Liturgia do dia 30/07/2017

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Leituras
1Rs 3, 5.7-12
Sl 118,57.72.76-77.127-128.129-130 (R.97a)
Rm 8,28-30
Mt 13,44-52 ou mais breve 13,44-46

17ª Semana do Tempo Comum - Ano A

Domingo

Primeira Leitura: 1Rs 3, 5.7-12

Naqueles dias: 5 Em Gabaon, apareceu-lhe Javé em sonhos, à noite, dizendo-lhe: “Pede o que queres que eu te dê”. Disse Salomão: 7 Agora Javé, meu Deus, tu puseste o teu servo no lugar de meu pai Davi, e eu sou criança, pequena, não sei dirigir meus atos.8 Ora, teu servo está no meio do povo que escolheste, um povo tão numeroso que não pode ser contado nem recenseado, em razão de seu grande número. 9 Dá, pois, ao teu servo um coração cheio de juízo para governar o teu povo e discernir entre o bem e o mal; pois quem poderá governar teu povo, que é tão importante?”. 10 Agradou ao Senhor que Salomão tivesse pedido tal coisa. 11 E Deus lhe disse: “Por me teres pedido isto, e não vida longa, nem riquezas, nem a vida dos teus inimigos, mas pediste para ti o discernimento para render justiça, 12 eis que farei o que me pediste; dou-te coração sábio e perspicaz, como antes de ti não houve, nem depois de ti haverá.
Salmo: Sl 118,57.72.76-77.127-128.129-130 (R.97a)
R. Como eu amo, Senhor, a tua lei.
57 Senhor, eu declarei que o meu quinhão consiste em praticar tuas palavras.

72 Mais do que mil moedas de ouro e prata, vale, Senhor, a lei da tua boca!

76 Que a tua graça venha consolar-me, pois fizeste a teu servo esta promessa. 77 Sê bondoso comigo, e viverei, pois tenho em tua lei minhas delícias.

127 Amo os teus mandamentos mais que tudo, pois são mais preciosos do que o ouro. 128 Sigo por isso teus preceitos todos, e abomino o caminho da mentira.

129 Maravilhosos são os teus preceitos, observa-os por isso a minha alma. 130 Tua palavra é luz ao revelar-se, até os pequeninos a compreendem.
Segunda Leitura: Rm 8,28-30

Irmãos: 28 Sabemos que todas as coisas concorrem para o bem dos que amam a Deus, dos que são chamados de acordo com a sua vontade. 29 Os que ele conheceu previamente, também os predestinou a reproduzirem a imagem de seu Filho, para que este seja o primogênito entre os muitos irmãos.30 E aqueles que ele predestinou também os chamou, e aos que chamou também os justificou e aos que justificou, também os glorificou.
Evangelho: Mt 13,44-52 ou mais breve 13,44-46

Naquele tempo, disse Jesus à multidão: 44 O reino dos céus é como um tesouro escondido num campo. Um homem o encontra. Então, esconde-o novamente e, cheio de alegria, vai vender tudo o que tem e compra esse campo. 45 O reino dos céus é ainda como um comerciante que anda à procura de formosas pérolas. 46 Quando encontra uma de grande valor, vai, vende tudo o que possui e a compra. 47 O reino dos céus é também como uma rede lançada ao lago, que recolhe toda espécie de peixes. 48 Quando está cheia, os pescadores a arrastam para a praia, sentam-se e recolhem os bons nos cestos, atirando fora os que não prestam. 49 Assim acontecerá no fim do mundo: virão os anjos e separarão os maus do meio aos justos 50 para lançá-los à fornalha acesa, onde só haverá choro e ranger de dentes. 51 Compreendestes tudo isto?”. Responderam-lhe: “Sim”. 52 Disse-lhes então: “Assim, pois, todo mestre da lei, instruído nas coisas do reino dos céus, é semelhante ao proprietário que tira do seu depósito coisas novas e velhas”.
Evangelho mais breve: Mt 13,44-46

Naquele tempo, disse Jesus à multidão:44 O reino dos céus é como um tesouro escondido num campo. Um homem o encontra. Então, esconde-o novamente e, cheio de alegria, vai vender tudo o que tem e compra esse campo. 45 O reino dos céus é ainda como um comerciante que anda à procura de formosas pérolas. 46 Quando encontra uma de grande valor, vai, vende tudo o que possui e a compra.
Leituras: Diretório da Liturgia e da Organização da Igreja no Brasil 2017 - Ano A - São Mateus, Brasília, Edições CNBB, 2016.
Citações bíblicas: Bíblia Mensagem de Deus, São Paulo, Edições Loyola e Editora Santuário, 2016.
Boa Nova para cada dia
Primeira Leitura:
1Rs 3,5.7-12.
“Dá a teu servo um coração compreensivo, capaz de governar o teu povo e de discernir entre o bem e o mal. Do contrário, quem poderá governar este Povo tão numeroso?”.
(1Rs 3,9).
De um modo ou de outro a Liturgia da Palavra deste domingo nos leva a meditar sobre o Reino de Deus sob diferentes aspectos.
Nesta Primeira Leitura ouvimos como o rei Salomão não pede a Deus tesouros terrenos, mas a sabedoria e discernimento para governar o Povo Eleito da melhor maneira, conforme a vontade de Deus, isto é, sob a orientação divina que Deus dá aos homens que estão em Seu Reino.
Deus, portanto, atende a Salomão, dizendo-lhe:
V. 11. “Já que pedistes esses dons (coração compreensivo, discernimento para governar conforme a vontade de Deus)”, e não pediste para ti longos anos de vida, nem riquezas, nem a morte de teus inimigos, mas sim sabedoria para praticar a justiça,
V. 12. vou satisfazer o  teu pedido; dou-te um coração sábio e inteligente como nunca houve antes de ti e nem haverá depois de ti” (1Rs 3,11b-12).
Salomão entendera que Deus governava o Seu Povo não por meio de poder humano nem de riquezas, e sim por meio da sabedoria e discernimento que Ele inspira aos seus ungidos. Salomão fora ungido rei de Israel, e sobre ele estava a ação do Espírito de Deus. Seu pedido de sabedoria foi inspirado pelo Espírito Santo. Assim agradou a Deus.
Deus, portanto, não deu a Salomão, antes de tudo, grandes riquezas e poder terreno. Isto lhe veio como consequência da sabedoria que Deus lhe dera antes.
Esta passagem do Primeiro Livro dos Reis quer nos mostrar que quem reina e governa o mundo, o Povo Eleito e toda a humanidade, é Deus por meio de seus escolhidos. E Salomão é um destes eleitos de Deus. Portanto inicia seu reinado como a Deus agrada.
O Reino de Deus neste mundo supõe pessoas em pleno acordo com a vontade de Deus. É por isso que rezamos pelas autoridades na Igreja e pelas autoridades civis de toda a terra. Se todos governam como Deus quer, não há guerras pelo poder, pelas riquezas do planeta; não há miséria como consequência da pobreza quando as riquezas do mundo se concentram nas mãos de poucos países privilegiados; não há injustiça, mas repeito mútuo entre os países. Seria o que os anjos disseram aos pastores no dia em que Jesus nasceu: paz na terra aos homens que Deus ama (Lc 2,14).
Se a humanidade toda tivesse governos sábios como os inspirados por Deus, o mundo seria completamente diferente. No entanto em todos os lugares há injustiças, ganância pelo poder, corrupção, destruição do planeta e muitos outros males.
Mas Deus aguarda o momento final da história para fazer justiça plena.
O Reino de Deus mostrará o que é no plano divino no dia em que cada homem comparecer diante de Seu tribunal. Ninguém conseguirá livrar-se deste julgamento.
Pensemos nisto neste momento: cada um de nós dará conta a Deus de tudo o que Dele recebeu para viver em justiça nesta terra.
Para viver em justiça nesta terra precisamos conhecer os mandamentos de Deus inspirados pelo seu amor, fonte de sua sabedoria. Sobre isto nos darão instruções o Salmo Responsorial e a Segunda Leitura.
Salmo Responsorial: Sl 118(119),57.72.76-77.127-130.
Por isso amo os mandamentos que nos destes, mais que o ouro, muito mais que o ouro fino!
[Sl 118(119),127].
Notemos que o salmista pede algo muito semelhante ao que Salomão pediu a Deus. Ele pedira sabedoria para praticar a justiça (1Rs 3,11). O salmista manifesta seu amor aos mandamentos de Deus, mais que ao ouro fino.
O salmista fez este pedido porque desde o início deste salmo afirmara que desejou como sua herança – assim como Salomão desejou como orientação de seu reino – a observância das palavras do Senhor, isto é, dos mandamentos de Deus [Sl 118(119),57].
Quando alguém entende em profundidade a importância do cumprimento da vontade de Deus, faz sobre ela longas considerações. É isto que o Salmo Responsorial de hoje mostra. Todo ele é uma meditação profunda sobre o amor pela Lei de Deus, a vontade divina pela qual Ele governa a vida dos homens e todo o universo.
Neste sentido é importante não somente cantar este Salmo Responsorial nesta missa, como refletir sobre ele em casa, prolongando assim o efeito espiritual que em nós Deus provoca quando nos reunimos para rezar juntos na liturgia da Eucaristia.
Terminemos meditando sobre o último versículo do Salmo Responsorial, que está em pleno acordo com o ensino de Jesus sobre a sabedoria que Deus revela aos “pequeninos”:
Vossa palavra, ao revelar-se, me ilumina,
ela dá Sabedoria aos pequeninos. [Sl 118(119),130].
Segunda Leitura: Rm 8,28-30.
Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados para a Salvação, de acordo com o projeto de Deus.
(Rm 8,28).
Tantas vezes ouvimos esta frase consoladora que São Paulo deixou em sua Epístola aos Romanos. E quantas pessoas foram confortadas com por ela!
Trata-se de uma constatação da real ação de Deus em nossa vida.
As pessoas que estão em paz com Deus sabem que Ele dispõe para o bem delas tudo o que lhes acontece na vida. Estas são as pessoas felizes porque entendem que o cumprimento da vontade de Deus é um verdadeiro tesouro, e que, além disto, nada mais precisam.
Tais pessoas são como Salomão que pediu viver conforme a vontade de Deus e governar assim o Povo eleito.
Tais pessoas são como as que entendem e rezam o Salmo Responsorial de hoje confirmando suas convicções espirituais que as mantêm em União com Deus.
O que vemos nisto tudo?
Vemos o Reino de Deus em ação na concretude da existência humana.
Conhecemos a vontade de Deus pela instrução que recebemos participando da vida cristã na Igreja.
Em oração pedimos a Deus a Sabedoria que foi dada a Salomão.
Em Igreja aprendemos de Deus, e de pessoas santas, como orientar toda nossa vida e existência do modo que a Ele agrada.
E como prêmio disto tudo constatamos em nosso coração o amor a Deus, a paz e serenidade que este amor nos garante com a segurança que só Deus dá.
São Paulo continua dizendo, neste texto aos Romanos, que Deus destinou os que o amam a serem conformes à imagem de Seu Filho.
O Filho de Deus, contemplado em sua divindade e humanidade, é o exemplo perfeito do cumprimento da vontade de Deus Pai. O Pai enviou ao mundo Seu Filho para que se encarnasse. E quis que Seu Filho instruísse a humanidade no caminho para viver conforme a vontade de Deus. E foi assim que Jesus ensinou com sabedoria, aos pequeninos, a sublime ciência do cumprimento amoroso da vontade de Deus.
Ele, Jesus, nos introduziu no Reino de Deus, onde somente o bem acontece do momento que as pessoas somente fazem o que a Deus agrada. Ora, se fazem somente o que a Deus agrada, são semelhantes a Jesus. Cumpre-se o que São Paulo diz: todos serão semelhantes ao Filho de Deus, de modo que Ele, o Filho, seja a perfeita imagem do Pai entre todos os seus irmãos, isto é, todos os que estão no Reino de Deus.
Entendamos isto e nos alegremos.
Cada vez que fazemos a vontade de Deus estamos vivendo o Seu Reino.
Cada vez que fazemos a vontade de Deus somos semelhantes a Jesus Cristo, perfeita imagem de Deus.
Cada vez que fazemos a vontade de Deus pomos em prática a sabedoria que Ele nos dá sob a ação de seu Espírito Santo.
Viver assim, portanto, é motivo para a plena alegria nesta terra. Nenhuma outra alegria se compara a esta.
Evangelho: Mt 13,44-52.
... todo mestre da Lei que se torna discípulo do Reino dos Céus, é como um pai de família que tira de seu tesouro coisas novas e velhas.
(Mt 13,52b-d).
No Evangelho Jesus nos narra a parábola do tesouro escondido, da pérola preciosa, da rede de pesca que pega todo tipo de peixes. Como eram fáceis de entender, todos disseram a Jesus que as tinham compreendido bem (Mt 13,51a).
Para concluir este diálogo com seus discípulos, Jesus disse:
... todo mestre da Lei que se torna discípulo do Reino dos Céus, é como um pai de família que tira de seu tesouro coisas novas e velhas.
(Mt 13,52b-d).
Ora, o desfecho deste diálogo de Jesus com seus discípulos nos leva novamente para a escolha de Salomão, tal como ouvimos na Primeira Leitura.
Salomão acumulara sabedoria sempre mais, em seu governo do Povo Eleito, à medida que governava conforme Deus o inspirava. Ele vivia segundo a vontade de Deus, no Reino de Deus.
O “mestre da Lei que se torna discípulo do Reino dos Céus” vai aprendendo com o tempo tudo o que é correto, o certo, o perfeito para conduzir sua vida e a dos que instrui, porque faz tudo conforme a vontade de Deus, conforme Deus o instrui.
Não é assim um pai de família experimentado na vida, que pelos ensinos de Deus aprendeu a educar seus filhos, a conduzir toda a vida de sua família? Dos fatos passados aprendeu a discernir o que é certo e evitar o errado, inspirado pela sabedoria que Deus dá aos que o temem, isto é, dos que o reverenciam com amor filial, não com medo. Isto é verdade, pois na Sagrada escritura está escrito: “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria ... ” (Pr 9,10).
Aprendemos de Jesus o cumprimento da vontade de Deus não como um peso, mas como um saber orientador de tudo o que temos que fazer nesta vida.
Vivemos deste modo segundo a vontade de Deus. Não por medo Dele, mas por amor a Ele. É assim que entendemos como o Primeiro Mandamento é o mais importante de todos: amando a Deus cumpriremos todos os demais mandamentos, e colheremos seu resultado, que é a felicidade nesta vida e garantia da felicidade para sempre na Vida Eterna.
Ao longo de nossa vida reunimos nosso tesouro de sabedoria como o pai de família da parábola.
Autor: Pe. Valdir Marques, SJ, Doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.
Descobrindo a Bíblia
O escriba cristão
Nos domingos deste tempo do ano, os evangelhos são tomados do cap. 13 de Mateus, o sermão de Jesus em parábolas. Este capítulo é paralelo a Mc 4, que comentamos em outra oportunidade. Mas merecem destaque, na versão mateana do sermão, as últimas palavras, que não aparecem no texto do Marcos: “Todo escriba instruído acerca do Reino de Deus pode ser comparado a um dono de casa que tira de seus guardados coisas novas e antigas” (Mt 13,52).
Houve quem chamasse esta citação “a assinatura do evangelista Mateus”. Por quê?
O evangelho de Mateus distingue-se do de Marcos, que lhe serviu de modelo, por diversas peculiaridades. Mateus se apresenta como mais sistemático que Marcos, o qual é mais narrativo. Mateus é mais completo e traz, sobretudo, mais palavras de Jesus. Este cuidado revela em Mateus a característica de um “escriba”, como sugere o texto acima citado: um conhecedor da tradição, oral e escrita, do judaísmo e da pregação de Jesus, das “coisas novas (Jesus) e antigas (a tradição judaica)”.
Será Mateus um “conservador”? Conservador conforme o sentido original da palavra, talvez, sim; mas reacionário, não! Ele não quer voltar atrás. Pelo contrário, ele quer expor tudo aquilo que ele conserva da tradição judaica à luz nova oferecida por Jesus Cristo.
Um exemplo disso constitui Mt 5,17-48, onde Jesus reinterpreta a Lei de Moisés conforme uma justiça que supera a dos escribas e dos fariseus. Chega até a contradizer a “letra” da Lei! Quanto ao cap. 13, o capítulo das parábolas, podemos pensar que Mateus vê aí uma “leitura cristã” da tradição judaica sobre o Reino de Deus e a sabedoria da vida. Mateus insiste nisso, porque ele se dirige a uma comunidade de judeu-cristãos que estava exposta à propaganda dos “judeu-judeus” para reintegrarem a sinagoga dos rabinos judaicos. Mateus quer mostrar que aquilo que a sinagoga dos fariseus tinha, eles também têm, com escribas e tudo — e, além disso, possuem a luz de Cristo, que dá à tradição antiga um sentido novo e a aplica numa prática nova.
Mateus nos dá uma lição. Sempre observamos em nossa sociedade os dois extremos: os que não querem mudar nada e os que querem reinventar o mundo, como se não houvesse nada antes. Jesus, conforme Mateus, sem tirar nada de sua radicalidade, nos ensina a reinterpretar a riqueza daquilo que temos à luz nova de sua palavra e de sua vida. Isso é até uma questão de respeito para com Deus. Pois, será que Deus conduziu o povo de Israel sem lhe oferecer nada que fosse digno do Reino trazido por Jesus? Pelo contrário, Deus educou o povo durante quase dois mil anos para que reconhecesse, com a vinda de Jesus, a plenificação daquilo que almejava. Por isso, também, Mateus não se cansa de repetir, até à monotonia, o refrão do cumprimento das Escrituras (1,22; 2,15.17.23; etc.). Também para Deus “nada se perde, tudo se transforma”. Tudo o que foi válido no Antigo Testamento é transformado em “Reino de Deus” em Jesus Cristo, e o que não foi válido é invertido em desafio para que este Reino se estabeleça mais firme e universalmente.
Artigo extraído do livro Descobrir a Bíblia a partir da Liturgia, Pe. Johan Konings, Loyola, 1997.

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