quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Liturgia do dia 03/09/2017

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Leituras
Jr 20,7-9
Sl 62,2.3-4.5-6.8-9 (R. 2b)
Rm 12, 1-2
Mt 16,21-27

22ª Semana do Tempo Comum - Ano A

Domingo

Primeira Leitura:  Jr 20,7-9

7 Seduziste-me, e deixei-me seduzir, agarraste-me e me submeteste! Sou objeto constante de zombaria, todos caçoam de mim! 8 Quando falo, devo clamar gritando à violência e à devastação. Pois a palavra de Javé é opróbrio e vergonha para mim todo o dia. Se eu dizia: “Não me lembrarei dele, não mais falarei em seu Nome”, havia fogo ardente em meu coração, comprimido dentro dos meus ossos; esforçava-me por suportá-lo, mas não conseguia.
Salmo: Sl 62,2.3-4.5-6.8-9 (R. 2b)
R. De ti tem sede minh’alma, desejava-te o meu corpo. Qual a terra ressequida, solo ávido de água.
2 Ó Senhor, és o meu Deus desde a aurora eu te buscava. De ti tem sede minh’alma, desejava-te o meu corpo. Qual a terra ressequida, solo ávido de água.

3 Venho agora ao santuário, vejo teu poder e glória. 4Teu amor é mais que a vida, os meus lábios te celebrem!

5 Quero pois te bendizer pelos meus dias afora. Ergo ao céu as minhas mãos, e o teu nome pronuncio. 6 Minha boca se deleita com o sabor dos sacrifícios. Também meus lábios exultem, celebrando o teu louvor!

8 Tuas asas me abrigaram, rejubilo à sua sombra. 9Abraçou-te a minha alma, tua destra sustentou-me.
Segunda Leitura: Rm 12, 1-2

Meus irmãos, eu vos peço pela misericórdia de Deus que ofereçais os vossos corpos como uma oferta viva, santa e agradável a Deus. Que este seja o vosso culto espiritual. 2 Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do espírito, para chegardes a conhecer qual seja a vontade de Deus, a saber, o que é bom, agradável e perfeito.
Evangelho: Mt 16,21-27

Naquele tempo 21 Jesus começou a revelar a seus discípulos que era necessário ir a Jerusalém, padecer muito da parte das autoridades judias, dos sacerdotes-chefes e dos mestres da lei, ser condenado à morte, mas, ao terceiro dia, ressuscitar. 22 Pedro, chamando-o à parte, começou a admoestá-lo, dizendo: “Deus te livre disso, Senhor! Isso não te poderá acontecer de modo algum!”. 23 Mas ele voltou-se para Pedro e disse: “Sai da minha frente, Satanás! Estás pondo obstáculo no meu caminho, porque os teus pensamentos não são os de Deus, mas dos homens!”. 24 Então Jesus disse aos seus discípulos: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga me; 25 pois, quem quiser salvar sua vida vai perdê-la; mas quem perder a vida por amor de mim vai encontrá-la de novo. 26 Que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, se com isso perder a sua vida? Ou que poderá dar o homem, que tenha o valor da sua vida? 27 Porque o Filho do homem está para vir com os seus anjos na glória de seu Pai e há de retribuir a cada um conforme o seu procedimento.
Leituras: Diretório da Liturgia e da Organização da Igreja no Brasil 2017 - Ano A - São Mateus, Brasília, Edições CNBB, 2016.
Citações bíblicas: Bíblia Mensagem de Deus, São Paulo, Edições Loyola e Editora Santuário, 2016.
Boa Nova para cada dia
Pedro tomou Jesus à parte e começou a repreendê-lo, dizendo: “Deus não permita tal coisa, Senhor!”
(Mt 16,22ab).
Jesus acabara de predizer sua Paixão aos discípulos. Mas somente São Pedro reagiu.
Ele nesta frase, a seu parecer bem intencionada, foi um escândalo para Jesus. E a resposta de Jesus foi forte e assustadora: “Vai para longe, Satanás! ... não pensas as coisas de Deus, mas sim as coisas dos homens!”(Mt 16,23bde).
Vemos aqui como um conselho de São Paulo valia também para São Pedro.
São Paulo dissera: Não vos conformeis com o mundo, mas transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e de julgar ... (Rm 12,2ab).
E ainda: “ ... para que possais distinguir o que é da vontade de Deus, isto é, o que é bom, o que Lhe agrade e o que é perfeito” (Rm 8,2b).
São Pedro repreendido por Jesus ainda não tinha mudado sua mente e coração. Ainda estava “conformado com a mentalidade deste mundo”. Ele não podia aceitar que o Messias de Israel, Jesus, um dia fosse morto pelos judeus. O Messias teria uma vitória fulminante sobre todos os seus inimigos e se sentaria no trono de Davi.
Infelizmente não foi somente São Pedro que pensou deste modo.
Os filhos de Zebedeu pediram para serem postos ao lado do trono de Jesus quando Ele inaugurasse o Reino de Deus na terra.
Se os discípulos chegaram a este ponto, mesmo que depois tenham-se corrigido, não estranhemos se por nossa cabeça passem ideias contra a vontade de Deus.
No entanto, se erramos, aprendamos da lição recebida por São Pedro de Jesus no Evangelho de hoje. A mentalidade dos que estão longe de Deus pode nos contaminar. Podemos ter medo de tomar a cruz com Jesus, imaginando que ela comporta somente sofrimento. Mas Jesus não disse que somente morreria nas mãos dos judeus. Ele afirmou também que ressuscitaria!
Sigamos Jesus em todas as exigências que Ele nos puser, para um dia sermos glorificados com Ele. Se com Ele morrermos, com Ele seremos glorificados por Deus: ... se fomos unidos com Ele na semelhança da Sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da Sua Ressurreição ... (Rm 6,5).
Autor: Pe. Valdir Marques, SJ, Doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.
Descobrindo a Bíblia
A oferenda da vida
A última parte da Carta aos Romanos (caps. 12–15) é dedicada a assuntos de ordem prática. E, como se fosse uma declaração de princípios, lemos na abertura dessa parte um belíssimo texto sobre a oferenda de nossa vida a Deus: “Pela misericórdia de Deus, eu vos exorto, irmãos, a vos oferecerdes em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus: Este é o vosso culto espiritual” (Rm 12,1). A idéia não se encontra exclusivamente na Carta aos Romanos. Quando o centurião romano Cornélio recebe a visão que o conduzirá ao encontro com Pedro Apóstolo e, finalmente, ao batismo, Deus lhe declara que sua generosidade está presente diante dele como se fosse uma “oferenda memorial” — o tipo de oferenda que os judeus ofereciam para que Deus se lembrasse deles (At 10,31). No Antigo Testamento, Deus já declarou preferir a oferenda de um coração puro aos sacrifícios de animais (Sl 51[50],18.19; ver também Sr 35,1-10; Dn,3,38-40). 1Pd 2,5 nos exorta a fazer de nossa vida um sacerdócio santo — o “sacerdócio dos fiéis” — a fim de oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus. E a Carta aos Hebreus, depois de ter explicado que a vida e morte por amor de Jesus substitui todo o ritual dos sacrifícios sangrentos de expiação do Antigo Testamento, exorta os fiéis a oferecerem, por Cristo, “um sacrifício de louvor a Deus que é o fruto dos lábios que confessam o seu nome” (Hb 13,15): a vida cristã confessa.
Tal sacrifício é “espiritual” porque provém do Espírito de Deus que inspira nossa vida. Mas não espiritual no sentido de “aéreo”... Pelo contrário, ele tem um conteúdo material: nossas ações e comportamentos. No caso do centurião Cornélio, o que Deus aceitou como se fosse um sacrifício memorial eram as suas boas ações, as suas esmolas etc.
É por isso que Paulo, em Rm 12,1, inicia a exposição sobre a vida cristã com a frase acima citada. Os assuntos que ele aborda a seguir são:
•  a humildade e a caridade na comunidade, condições necessárias para formarmos um só corpo, o corpo de Cristo (12,3-13);
•  o amor para com todos, inclusive para com os inimigos, vencendo o mal pelo bem (12,14-21);
•  o respeito pela autoridade civil, condição necessária para poder viver honestamente neste mundo (13,1-7);
•  o amor ao próximo como síntese da lei (13,8-10);
•  a vida cristã honesta, em plena luz (13,11-13);
•  a questão específica dos fracos e dos fortes na fé, ou seja, dos que ainda estão amarrados aos antigos ritos judaicos e/ou pagãos e dos que têm suficiente liberdade interior (“fé esclarecida”, 14,22) para relativar tudo isso, conquanto não escandalizem os “fracos” (14,1–15,6). 15,7-13 termina essas considerações com uma bela meditação sobre a alegria e a paz pela ação do Espírito Santo.
Rm 15,14-29 explica os planos de viagem de Paulo: visitar Roma e, se possível, a Espanha. 15,30-33 forma a conclusão da carta, sendo o cap. 16 um bilhete com saudações.
Concluindo nossas considerações sobre a Carta aos Romanos, descobrimos nela a alma do apóstolo, que fala com toda a clareza a uma comunidade que ele ainda não visitou, mas à qual ele dedica sua atenção como se tivesse sido ele mesmo o fundador. Talvez por isso esta carta tenha superado a perspectiva de uma única comunidade e se tornado, por assim dizer, a mais esplêndida e universal explicação do “evangelho de Paulo”, isto é, do anúncio subjacente a todos os seus escritos.
Artigo extraído do livro Descobrir a Bíblia a partir da Liturgia, Pe. Johan Konings, Loyola, 1997

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