Leituras
Cl 1,21-23
Sl 53,3-4. 6.8 (R. 6a)
Lc 6,1-5
Cl 1,21-23
Sl 53,3-4. 6.8 (R. 6a)
Lc 6,1-5
22ª Semana do Tempo Comum - Ano A
Sábado
Primeira Leitura: Cl 1,21-23
Irmãos: 21 E a vós também, que antes estáveis afastados e até éreis de ânimo contrários a Deus na prática das obras más, 22 ele reconciliou, agora, pela morte no seu corpo perecível, tornando-vos santos, irrepreensíveis e imaculados diante do Pai. 23 Mas isto, se perseverardes firmes e solidamente fundados na fé, inabaláveis na esperança prometida pelo Evangelho que ouvistes e que foi pregado a toda a criatura que existe sob o céu e do qual eu, Paulo, me tornei ministro.
Salmo: Sl 53,3-4. 6.8 (R. 6a)
R. Mas quanto a mim, ó Deus, és meu auxílio.
3 Ó Deus, pelo teu nome, vem salvar-me; que o teu poder defenda a minha causa! 4 Presta atenção, ó Deus, à minha prece, chegue a minha palavra aos teus ouvidos!
6 Mas quanto a mim, ó Deus, és meu auxílio; sustentas, ó Senhor, a minha vida.
8 Far-te-ei, de coração, um sacrifício: cantarei o teu nome, que é tão bom!
Evangelho: Lc 6,1-5
1 Num sábado, Jesus passava pelas lavouras de trigo, e os discípulos arrancavam espigas e as comiam, depois de debulhá-las na mão. 2 Então, alguns dos fariseus comentaram: “Por que fazeis o que não é permitido em dia de sábado?”. 3 Jesus respondeu: “Será que nunca lestes o que fez Davi, quando ele e seus companheiros tiveram fome: 4 entrou na casa de Deus, apanhou os pães da oferta, comeu e deu aos seus companheiros, embora só aos sacerdotes fosse permitido comê-los?”. 5 E continuou: “O Filho do homem é senhor do sábado”.
Leituras: Diretório da Liturgia e da Organização da Igreja no Brasil 2017 - Ano A - São Mateus, Brasília, Edições CNBB, 2016.
Citações bíblicas: Bíblia Mensagem de Deus, São Paulo, Edições Loyola e Editora Santuário, 2016.
Boa Nova para cada dia
“O Filho do Homem é também senhor do sábado”. (Lc 6,5b).
A Liturgia da Palavra, a partir do Evangelho de São Lucas, vai nos mostrando aos poucos quem é Jesus. Ele se mostrara com poder sobre os demônios ao exorcizar o homem na sinagoga da Cafarnaum; naquela ocasião fora o demônio quem revelara que Jesus era o ‘Santo de Deus’. E no dia em que Jesus curou a sogra de Simão Pedro, expulsou muitos demônios que mostraram o que era Ele: ‘O Filho de Deus’.
Todas estas revelações sobre a pessoa de Jesus foram feitas a todas as pessoas que presenciaram suas curas e milagres, incluindo discípulos e dirigentes religiosos do Povo de Israel.
No Evangelho de hoje Jesus vai mostrar um aspecto novo aos fariseus: eles não sabiam ainda quanto poder Deus dera a Ele. E quando os fariseus criticam os discípulos de Jesus por comerem espigas de trigo no dia de sábado, Ele lhes dirá que compete a Ele liberar ou não as pessoas do cumprimento dos preceitos sobre o sábado. Por isso Jesus lhes disse: “O Filho do Homem é também senhor do sábado”. (Lc 6,5b).
E em ‘Filho do Homem’ está uma nova revelação sobre a pessoa de Jesus.
O que Ele quis dizer com este título, que Ele, pessoalmente prefere, e que não é dito pelos demônios que expulsa?
Jesus quer dar a entender que é um homem como os outros. Em Teologia esta expressão diz a Encarnação do Filho de Deus na natureza humana, nascido de mulher (Gl 4,4-7). Nesta condição ele sofre tudo o que qualquer pessoa sofre: ele não tem onde um travesseiro para dormir, isto é, sem casa, sem cama para descansar, corre pelo mundo cumprindo sua Missão recebida de Deus sem pedir conforto (Mt 11,19).
Mas Jesus também usa ‘Filho do Homem’ para dizer os poderes sobrenaturais que o Pai lhe deu: perdoa os pecados (Mc 9,6) e está acima da Lei de Moisés, porque é senhor do sábado (Lc 6,5).
Jesus usa este título quando quer se referir a si mesmo como Messias, evitando o termo ‘Messias’ porque tinha conotação política. Como Messias Ele semeia a palavra de Deus entre os homens (Mt 13,37); ele forma discípulos que para segui-Lo devem sofrer (Lc 6,22); é o ‘Filho do Homem’ quem busca o pecador para salvar o que estava perdido (Lc 19,10); é o ‘Filho do Homem’ que pode suportar ofensas dos homens, quando estes não têm perdão se ofenderem o Espírito Santo (Mt 12,32).
Jesus usa o ‘Filho do Homem’ quando fala de sua paixão e morte (Mt 12,40). Mas os Evangelhos evitam falar de Jesus como ‘Filho de Deus’ quando se referem a sua paixão e morte. É assim que o ‘Filho do Homem’ veio para servir e dar a vida por todos (Mt 20,28).
Como ‘Filho do Homem’ Jesus exercerá o poder de juiz universal, porque recebeu do Pai este poder a ser exercido no fim dos tempos (Mt 10,23): ele virá sobre as nuvens cheio de poder e glória.
Todas estas informações nos levam a considerar como para Deus a humanidade de Jesus era de suma importância. E quando entramos nesta questão, estamos considerando o grande mistério da Encarnação do Filho de Deus na natureza humana. A grandeza da Encarnação do Filho de Deus está precisamente no poder que o Pai Lhe deu de fazer dos homens também filhos de Deus e chama-lo de ‘Pai’. É o que São Paulo com grande sabedoria nos diz em Gl 4,4-6, que convém reler agora:
... quando se completou o tempo previsto,
Deus enviou seu Filho,
nascido de uma mulher, [isto é, de natureza humana]
nascido sujeito à Lei, [isto é, do povo judeu]
a fim de resgatar os que estavam sujeitos à Lei,
e para que recebêssemos a filiação adotiva [da parte de Deus].
E, porque sois filhos [adotivos de Deus],
Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho,
que clama: Abá – Pai.
Concluamos nossa reflexão considerando com encanto o que o título ‘Filho do Homem’ dado a Jesus diz a nosso respeito: porque Ele e o ‘Filho do Homem’, Seu Pai nos fez ‘filhos de Deus’.
Deste modo, mais uma vez, vemos como entre nós e Jesus não há separação mas íntima comunhão para nos levar a Deus.
Autor: Pe. Valdir Marques, SJ, Doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.
Irmãos: 21 E a vós também, que antes estáveis afastados e até éreis de ânimo contrários a Deus na prática das obras más, 22 ele reconciliou, agora, pela morte no seu corpo perecível, tornando-vos santos, irrepreensíveis e imaculados diante do Pai. 23 Mas isto, se perseverardes firmes e solidamente fundados na fé, inabaláveis na esperança prometida pelo Evangelho que ouvistes e que foi pregado a toda a criatura que existe sob o céu e do qual eu, Paulo, me tornei ministro.
Salmo: Sl 53,3-4. 6.8 (R. 6a)
R. Mas quanto a mim, ó Deus, és meu auxílio.
3 Ó Deus, pelo teu nome, vem salvar-me; que o teu poder defenda a minha causa! 4 Presta atenção, ó Deus, à minha prece, chegue a minha palavra aos teus ouvidos!
6 Mas quanto a mim, ó Deus, és meu auxílio; sustentas, ó Senhor, a minha vida.
8 Far-te-ei, de coração, um sacrifício: cantarei o teu nome, que é tão bom!
Evangelho: Lc 6,1-5
1 Num sábado, Jesus passava pelas lavouras de trigo, e os discípulos arrancavam espigas e as comiam, depois de debulhá-las na mão. 2 Então, alguns dos fariseus comentaram: “Por que fazeis o que não é permitido em dia de sábado?”. 3 Jesus respondeu: “Será que nunca lestes o que fez Davi, quando ele e seus companheiros tiveram fome: 4 entrou na casa de Deus, apanhou os pães da oferta, comeu e deu aos seus companheiros, embora só aos sacerdotes fosse permitido comê-los?”. 5 E continuou: “O Filho do homem é senhor do sábado”.
Leituras: Diretório da Liturgia e da Organização da Igreja no Brasil 2017 - Ano A - São Mateus, Brasília, Edições CNBB, 2016.
Citações bíblicas: Bíblia Mensagem de Deus, São Paulo, Edições Loyola e Editora Santuário, 2016.
Boa Nova para cada dia
“O Filho do Homem é também senhor do sábado”. (Lc 6,5b).
A Liturgia da Palavra, a partir do Evangelho de São Lucas, vai nos mostrando aos poucos quem é Jesus. Ele se mostrara com poder sobre os demônios ao exorcizar o homem na sinagoga da Cafarnaum; naquela ocasião fora o demônio quem revelara que Jesus era o ‘Santo de Deus’. E no dia em que Jesus curou a sogra de Simão Pedro, expulsou muitos demônios que mostraram o que era Ele: ‘O Filho de Deus’.
Todas estas revelações sobre a pessoa de Jesus foram feitas a todas as pessoas que presenciaram suas curas e milagres, incluindo discípulos e dirigentes religiosos do Povo de Israel.
No Evangelho de hoje Jesus vai mostrar um aspecto novo aos fariseus: eles não sabiam ainda quanto poder Deus dera a Ele. E quando os fariseus criticam os discípulos de Jesus por comerem espigas de trigo no dia de sábado, Ele lhes dirá que compete a Ele liberar ou não as pessoas do cumprimento dos preceitos sobre o sábado. Por isso Jesus lhes disse: “O Filho do Homem é também senhor do sábado”. (Lc 6,5b).
E em ‘Filho do Homem’ está uma nova revelação sobre a pessoa de Jesus.
O que Ele quis dizer com este título, que Ele, pessoalmente prefere, e que não é dito pelos demônios que expulsa?
Jesus quer dar a entender que é um homem como os outros. Em Teologia esta expressão diz a Encarnação do Filho de Deus na natureza humana, nascido de mulher (Gl 4,4-7). Nesta condição ele sofre tudo o que qualquer pessoa sofre: ele não tem onde um travesseiro para dormir, isto é, sem casa, sem cama para descansar, corre pelo mundo cumprindo sua Missão recebida de Deus sem pedir conforto (Mt 11,19).
Mas Jesus também usa ‘Filho do Homem’ para dizer os poderes sobrenaturais que o Pai lhe deu: perdoa os pecados (Mc 9,6) e está acima da Lei de Moisés, porque é senhor do sábado (Lc 6,5).
Jesus usa este título quando quer se referir a si mesmo como Messias, evitando o termo ‘Messias’ porque tinha conotação política. Como Messias Ele semeia a palavra de Deus entre os homens (Mt 13,37); ele forma discípulos que para segui-Lo devem sofrer (Lc 6,22); é o ‘Filho do Homem’ quem busca o pecador para salvar o que estava perdido (Lc 19,10); é o ‘Filho do Homem’ que pode suportar ofensas dos homens, quando estes não têm perdão se ofenderem o Espírito Santo (Mt 12,32).
Jesus usa o ‘Filho do Homem’ quando fala de sua paixão e morte (Mt 12,40). Mas os Evangelhos evitam falar de Jesus como ‘Filho de Deus’ quando se referem a sua paixão e morte. É assim que o ‘Filho do Homem’ veio para servir e dar a vida por todos (Mt 20,28).
Como ‘Filho do Homem’ Jesus exercerá o poder de juiz universal, porque recebeu do Pai este poder a ser exercido no fim dos tempos (Mt 10,23): ele virá sobre as nuvens cheio de poder e glória.
Todas estas informações nos levam a considerar como para Deus a humanidade de Jesus era de suma importância. E quando entramos nesta questão, estamos considerando o grande mistério da Encarnação do Filho de Deus na natureza humana. A grandeza da Encarnação do Filho de Deus está precisamente no poder que o Pai Lhe deu de fazer dos homens também filhos de Deus e chama-lo de ‘Pai’. É o que São Paulo com grande sabedoria nos diz em Gl 4,4-6, que convém reler agora:
... quando se completou o tempo previsto,
Deus enviou seu Filho,
nascido de uma mulher, [isto é, de natureza humana]
nascido sujeito à Lei, [isto é, do povo judeu]
a fim de resgatar os que estavam sujeitos à Lei,
e para que recebêssemos a filiação adotiva [da parte de Deus].
E, porque sois filhos [adotivos de Deus],
Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho,
que clama: Abá – Pai.
Concluamos nossa reflexão considerando com encanto o que o título ‘Filho do Homem’ dado a Jesus diz a nosso respeito: porque Ele e o ‘Filho do Homem’, Seu Pai nos fez ‘filhos de Deus’.
Deste modo, mais uma vez, vemos como entre nós e Jesus não há separação mas íntima comunhão para nos levar a Deus.
Autor: Pe. Valdir Marques, SJ, Doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.
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