segunda-feira, 4 de junho de 2018

Liturgia do dia 03/06/2018

Liturgia do dia 03/06/2018


Leituras
Dt 5,12-15
Sl 80(81),3-4.56ab.6c-8a.10-11b (R/. 2a)
2Cor 4,6-11
Mc 2,23-3,6

9º Domingo do Tempo Comum

Domingo

Primeira Leitura: Dt 5,12-15

Assim fala o Senhor: 12 Guarda o dia de sábado, para o santificares, como te ordenou Javé, teu Deus. 13 Durante seis dias, trabalharás e farás toda a tua obra. 14 Mas o sétimo dia é o sábado de Javé, teu Deus: não farás nenhum trabalho, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem teu servo, nem tua serva, nem teu boi, nem teu asno, nem outro teu animal qualquer, nem o estrangeiro que está dentro das tuas Portas, para que teu servo e tua serva repousem, como tu. 15 Lembrar-te-ás que foste escravo no país do Egito, do qual Javé, teu Deus, te tirou com mão forte e braço estendido: eis por que Javé, teu Deus, te ordenou guardares o dia de sábado.

Salmo: Sl 80(81),3-4.56ab.6c-8a.10-11b (R/. 2a)

R.Exultai no Senhor, a nossa força!

3 As harpas dedilhai, tocai os címbalos; juntai o som das harpas ao da cítara. 4 Anunciai na tuba a lua nova, a lua cheia, nossa grande festa.

5 Pois este é um costume em Israel e do Deus de Jacó um mandamento, 6 dado a José, quando saiu do Egito.

Eis que ouço uma voz que não conheço: 7 “Eu retirei o fardo dos teus ombros, eu libertei do cesto as tuas mãos. 8 Clamaste na aflição, e eu te salvei:

10 Não haja em tua casa um deus estranho, nem adores um deus de outra nação! 11 Sou eu que sou teu Deus e teu Senhor, o que te fez sair da terra egípcia; se abrires tua boca, eu te sacio.

Segunda Leitura: 2Cor 4,6-11

Irmãos:

6 Pois o Deus, que disse: “Das trevas brilhe a luz”, é quem fez brilhar sua luz em nossos corações, para manifestar a luz do conhecimento da glória de Deus, que se reflete na face de Cristo. 7 No entanto, levamos este tesouro em vasos de barro, para compreendermos que este poder imenso pertence a Deus, e não a nós. 8 De fato, somos oprimidos em tudo, mas não esmagados. Ficamos em dúvida, mas não desesperados. 9 Somos perseguidos, mas não alcançados, derrubados mas não destruídos. 10 Sempre trazemos no corpo os sofrimentos da morte de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nosso corpo. 11 Enquanto vivermos, seremos entregues continuamente à morte por causa de Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo mortal.

Evangelho: Mc 2,23-3,6 

23 Num sábado Jesus caminhava entre as lavouras, e os seus discípulos, enquanto andavam, iam colhendo espigas. 24 Então, os fariseus lhe diziam: “Reparas bem o que estão fazendo em dia de sábado? Não é permitido”. 25 Ele lhes respondeu: “Nunca lestes o que fez Davi, quando ele e seus companheiros se viram em necessidade por causa da fome? 26 Como entrou na casa de Deus, no tempo do Sumo Sacerdote Abiatar, e comeu os pães da oferta, que só os sacerdotes podiam comer, e até os deu aos companheiros?”. 27 E lhes disse ainda mais: “O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado. 28 Por isso o Filho do homem é senhor também do sábado”.6,1 Jesus entrou de novo numa sinagoga e ali estava um homem que tinha uma das mãos atrofiada. 2 E eles ficaram vigiando para ver se ia curá-lo num dia de sábado, a fim de acusá-lo. 3 Ele disse ao homem que tinha a mão atrofiada: “Levanta-te e vem para o meio!”. 4 E ele lhes perguntou: “O que é permitido fazer, num dia de sábado: o bem ou o mal, salvar um ser vivo ou deixá-lo morrer?”. Eles, porém, ficaram calados. 5 Percorrendo com um olhar cheio de cólera as pessoas presentes, e profundamente entristecido pela dureza de seus corações, disse ao homem: “Estende a mão!”. Ele estendeu a mão e ela ficou boa. 6 Então os fariseus, saindo dali, imediatamente se reuniram com os herodianos contra Jesus com o fim de lhe tirar a vida. Afluência de povo e curas

Leituras: Diretório da Liturgia e da Organização da Igreja no Brasil 2018 - Ano B - São Marcos, Brasília, Edições CNBB, 2017.
Citações bíblicas: Bíblia Mensagem de Deus, São Paulo, Edições Loyola e Editora Santuário, 2016.

Boa Nova para cada dia

SOMOS O POVO LIVRE DE DEUS.
E NESTA LIBERDADE DEDICAMOS NOSSO DOMINGO UNICAMENTE PARA DEUS


Primeira Leitura nos apresenta um dos sentidos teológicos do sábado a ser guardado pelo Povo Eleito, sentido que os fariseus passaram a desconsiderar no tempo de Jesus.
Dt 5,15 diz:

Lembra-te de que foste escravo no Egito

e que de lá o Senhor teu Deus te fez sair com mão forte e braço estendido.

É por isso que o Senhor teu Deus te mandou guardar o sábado.

O livro do Deuteronômio, de onde vem este versículo, nos mostra que o motivo para a observância do sábado foi a nova condição do Povo Eleito assim que foi libertado da escravidão do Egito.
É claro que há outros motivos teológicos na Lei de Moisés para guardar o sábado. Mas é este capítulo 5 do livro do Deuteronômio que nos faz entender como o sábado está relacionado com a liberdade do Povo Eleito assim que saiu do Egito. Precisamente Dt 5,15 nos diz: É por isso que o Senhor teu Deus te mandou guardar o sábado. 

A observância do sábado tem a ver, em primeiro lugar, com o relacionamento do Povo Eleito com o Deus dos Patriarcas que o libertou para que pudesse prestar-Lhe culto desimpedido do trabalho escravo mesmo no dia consagrado ao culto. O sábado é para o culto de Deus.

Sob este ponto de vista o sábado é aquele momento da semana em que a libertação da escravidão é comemorada. 
Não é somente um dia em que todo trabalho é proibido ritualmente e por prescrições e preceitos que os rabinos, os doutores da Lei, os fariseus e saduceus introduziram com o passar dos séculos até chegar ao tempo de Jesus.

Vendo deste modo a função religiosa do sábado como comemoração da libertação da escravidão, e não proibição do trabalho honesto, é que entendemos a visão de Jesus sobre o sábado. Jesus não aceita que o sábado seja mera proibição de qualquer atividade no sábado, porque dirá que há trabalhos que mesmo no sábado até os fariseus e sacerdotes devem cumprir. E fazendo isto, eles não pecam.

É deste modo que entenderemos melhor o ensino sobre o sábado pelo Evangelho de hoje.

Salmo Responsorial nos afirma a mesma função teológica do sábado, a partir da libertação do Povo Eleito da escravidão no Egito. Em seu início o Salmo convida o povo a cantar na liturgia da lua nova e da lua cheia, e isto, certamente, nos dias de sábado. Sob este ponto de vista a finalidade cultural e litúrgica do sábado na adoração de Deus está afirmada como em Dt 5,15. De fato, a libertação da escravidão no Egito é lembrada também neste Salmo, quando diz:

V. 7."Aliviei as tuas costas de seu fardo, cestos pesados eu tirei de tuas mãos.

V. 8a Na angústia a mim clamaste, e te salvei. 

Ora, isto não era simples evocação de um momento libertador feito por Deus no Egito, mas tornara-se uma Lei dada ao Patriarca Jacó (como diz o Salmo no v. 5), e, de modo mais claro, aos descendentes de Jacó que na figura de José saem livres do Egito. Isto está no Sl 80(81), 5-6:

V. 5 Porque isto é costume em Jacó, um preceito do Deus de Israel;

V. 6 uma lei que foi dada a José, quando o povo saiu do Egito. 

Vemos aqui como a Lei do culto centralizado no sábado tem a ver com a liberdade que Deus deseja para seu povo. Somente livre de impedimentos que o trabalho escravo punha ao culto é que a adoração do Deus dos Patriarcas pode se realizar.

Isto nos mostra uma compreensão do sábado que o próprio Jesus tinha, voltando às origens do Povo Eleito, origens em que o sábado tinha um sentido teológico desimpedido pelo acúmulo de preceitos inventados ao longo dos séculos anteriores.

Segunda Leitura é uma passagem de São Paulo sobrea revelação da glória de Deus na pessoa de Jesus. É Jesus o centro de atenção neste trecho, sem referência direta ao sábado. Nestas palavras São Paulo quer mostrar que pelo sentido que Jesus dá a sua vida de apóstolo vem do que Jesus Cristo significa para ele. Para São Paulo Jesus Cristo foi a luz que libertou o Povo Eleito de uma visão estreita da Lei de Moisés, visão que os judeus defendiam.

Tal visão estreita era exclusivista: os judeus do tempo de São Paulo não queriam que os outros povos, não-judeus, tivessem participação no culto do Deus Verdadeiro de Israel. Os outros povos, diziam os judeus, não merecem tal luz. A Lei de Moisés impede aos não-judeus a liberdade de pedir a Salvação que Deus mesmo deu a seu Povo Eleito.

Ora, foi contra isto que São Paulo lutou a vida toda: ele levou a revelação de Deus, Jesus Cristo, a todos os povos, como Luz das nações. Por isso os judeus o maltrataram durante toda sua vida. É destes maltratos que São Paulo fala nesta Segunda Leitura. Todos estes maltratos foram resultado da má interpretação da Lei de Moisés quanto à vontade de Deus para a Salvação de todos os povos além do Povo Eleito. De fato, São Paulo diz aqui:

V. 6 Deus que disse:

"Do meio das trevas brilhe a Luz",

é o mesmo que fez brilhar a Sua Luz em nossos corações,

para tornar claro o conhecimento da Sua Glória na face de Cristo. 

A Glória na face de Cristo é o próprio Deus em sua divindade, digno de ser adorado por tudo o que Deus significa, inclusive para a Salvação de todos os povos, que, conhecendo-O por meio de Jesus O adorarão em toda a terra.

É vendo Jesus com esta Luz, que São Paulo diz ter brilhado em seu coração, que entendemos o mesmo Jesus que no Evangelho nos dá o sentido correto do sábado.

Evangelho nos mostra uma conversa dos fariseus com Jesus.

V .24 Então os fariseus disseram a Jesus:

"Olha! Por que eles fazem em dia de sábado o que não é permitido?"

"Eles" eram os discípulos de Jesus 
que comiam espigas colhidas à beira do caminho. E isto, em dia de sábado. Segundo os preceitos dos fariseus naquele tempo, colher espigas em dia de sábado era proibido. Não lhes interessava o motivo, mesmo que fosse justo. E o motivo justo dos discípulos de Jesus era o de matar a fome depois de uma longa caminhada.

Se voltamos ao livro do Deuteronômio lido na primeira leitura, entendemos que era outro o sentido do sábado no tempo da libertação do Povo Eleito da escravidão no Egito. Os israelitas foram libertados da escravidão para poderem prestar culto a Deus no sábado em liberdade, não obrigados a trabalhos forçados. Ora, no Evangelho de hoje os discípulos de Jesus não estão fazendo um trabalho escravo forçado. Estão matando a fome!Seria pecado deixar de comer no dia de sábado? Mas os preceitos defendidos pelos fariseus eram rígidos e fanaticamente levados a sério por eles. Na opinião deleso sábado não era para o benefício das pessoas, e sim para um ritualismo hipócrita. 
Jesus, então, com paciência e sabedoria, fez estas afirmações que deixaram mudos os fariseus ali presentes:

V 27: E acrescentou: "O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado. 
Como entender que o sábado foi feito para o homem?

Ora, era para o homem, isto é, o Povo Eleito todo, prestasse culto a Deus nesse dia desimpedido de trabalhos forçados da escravidão. Este culto de adoração a Deus se fazia na liturgia do Templo de Jerusalém naquele tempo. Mas no futuro, nem o Templo nem o sábado seriam mais necessários para adorar a Deus. Jesus, de fato, um dia dissera à samaritana:

Jo 5,21: ... "Mulher, acredita-me:

vem a hora em que nem nesta montanha [no monte santo dos samaritanos],

nem em Jerusalém adorareis o Pai".

Jesus profetizava o fim do culto de Israel no Templo de Jerusalém. 

Aquele sábado mal entendido pelos judeus do tempo de Jesus, desaparecia. Viria o novo sábado da Salvação do qual Jesus Ressuscitado é o Senhor. Realiza-se agora o que Jesus disse no Evangelho de hoje:

Mc 2,28: Portanto, o Filho do Homem é senhor também do sábado".

Como assim? Jesus manteve a observação do sábado? 

Não. Ele nos deixou um dia muito mais importante do que o sábado dos judeus. Ele nos deixou a comemoração de sua Ressurreição. Como ele ressuscitou no primeiro dia da semana judaica, depois do sábado, este dia, o domingo, passou a ser o dia central do culto cristão.

Jesus Ressuscitado é o Senhor do Domingo cristão. 
Não trabalhamos no domingo para prestar o culto devido a Deus por meio de Jesus Cristo com o Espírito Santo. Estamos livres de trabalhos forçados da escravidão do Egito; estamos livres dos preceitos dos fariseus. Somos o Povo livre de Deus e nesta liberdade dedicamos nosso domingo unicamente a Deus. 
Autor: Pe. Valdir Marques, SJ, Doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.

Nenhum comentário:

Postar um comentário