segunda-feira, 4 de junho de 2018

Liturgia do dia 27/05/2018


Liturgia do dia 27/05/2018


Leituras
Dt 4,32-34.39-40
Sl 32(33),4-5.6.9.18-19.20.22 (R/.12b)
Rm 8,14-17
Mt 28,16-20

Solenidade da Santíssima Trindade

Domingo

Primeira Leitura: Dt 4,32-34.39-40

Moisés falou ao povo dizendo: 32 Interroga, pois, as idades antigas, que te precederam, desde o dia em que Deus criou o homem sobre a terra: houve, acaso, de uma a outra extremidade do céu, algo de tão grande, ou se ouviu jamais coisa semelhante? 33 Existe, porventura, um povo que tenha ouvido a voz de Deus, falando do meio do fogo, como tu ouviste, e tenha ficado com vida? 34 Existe acaso um deus que tenha vindo buscar para si uma nação do meio de outra, por meio de provações de sinais, de prodígios e de combates, com mão forte e braço estendido, e por meio de grandes terrores, coisas que, para vós, sob os teus olhos, Javé, vosso Deus, realizou no Egito?39 Sabe-o, pois, hoje, e medita-o no teu coração: Javé é Deus, lá no alto do céu, tão bem como aqui, embaixo, sobre a terra, e não há outro. 40 Guarda a sua lei e os seus mandamentos que eu te ordenei, hoje, para teres, tu e os teus filhos, felicidade e longa vida sobre a terra que Javé, teu Deus, te dá para sempre”.



Salmo: Sl 32(33),4-5.6.9.18-19.20.22 (R/.12b)

R.Feliz o povo que o Senhor escolheu por sua herança.

4 Pois é reta a palavra do Senhor,e tudo o que ele fez é verdadeiro. 5 Ele ama a justiça e a retidão, da graça do Senhor enche-se a terra.

6 Pela sua palavra fez os céus; com o sopro de seus lábios, as estrelas. 9 Porque ele disse: “Faça-se!”, e foi feito; ele ordenou, e as coisas existiram.

18 Porém olha o Senhor pelos que o temem, aqueles que confiam em seu amor, 19 para livrar da morte as suas almas e fazê-los viver quando houver fome!

20 Nossas almas esperam no Senhor: é ele o nosso auxílio e o nosso escudo. 21 Nele se alegra o nosso coração, pois no seu santo nome confiamos. 22 Venha a nós, ó Senhor, a tua graça: colocamos em ti nossa esperança!



Segunda Leitura: Rm 8,14-17

Irmãos:14 Todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. 15 Não recebestes o espírito de escravidão para recairdes no medo, mas recebestes o espírito de filhos que nos faz clamar: Abbá! Papai! 16 E o próprio Espírito se une ao nosso espírito para atestar que somos filhos de Deus. 17 Se somos filhos, somos também herdeiros; herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo. Porque, se tomamos parte nos seus sofrimentos, também tomaremos parte na sua glória.



Evangelho: Mt 28,16-20

Naquele tempo:16 os onze discípulos, dirigiram-se para a Galileia, até o monte que Jesus lhes havia indicado. 17 Logo que o viram, prostraram-se por terra. Mas alguns duvidaram. 18 Jesus então se aproximou e lhes disse: “Todo o poder me foi dado no céu e na terra. 19 Ide, então, fazei de todos os povos discípulos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, 20 ensinando-os a guardarem tudo o que vos mandei. Eis que vou ficar convosco todos os dias, até o fim dos tempos”.



Leituras: Diretório da Liturgia e da Organização da Igreja no Brasil 2018 - Ano B - São Marcos, Brasília, Edições CNBB, 2017.

Citações bíblicas: Bíblia Mensagem de Deus. São Paulo, Edições Loyola, 2016.


Boa Nova para cada dia


PAI, FILHO E ESPÍRITO SANTO,
TRINDADE SANTA, COMUNIDADE DE AMOR,
QUER-NOS UNIDOS A ELA.



O mistério da Santíssima Trindade é tão profundo que homem algum conseguirá entendê-lo plenamente.

Isto não quer dizer que o mais importante deste mistério nos esteja oculto.

Somente não o entendemos de maneira completa.

o mais importante é que Deus, em Três Pessoas unidas pelo Amor divino, não se contenta em reter dentro de Si este amor. Próprio do amor é expandir-se para fora de si. Por isso Deus nos incluiu em Seu Amor trinitário. Isto aconteceu porque o Filho de Deus feito homem fez dos homens filhos de Deus.

Procuremos entender estas coisas por meio da Liturgia da Palavra desta solenidade da Santíssima Trindade.

Da Primeira Leitura ouvimos como se deu a revelação do Deus único para Seu Povo Eleito. Depois que Deus chamara Abraão para formar seu Povo Eleito, depois que o salvara da fome levando-o ao Egito, revelou Seu Nome a Moisés, que, por sua vez, o fez conhecido a todos os filhos de Abraão. Era a revelação da Primeira Pessoa da Santíssima Trindade, com seu nome divino: "Eu sou Aquele que sou" (Ex 3,14).

Ora, esta revelação da Primeira Pessoa da Santíssima Trindade não se limitou a fazer conhecido Deus Pai. Para fora de Si deixou Seu Amor expandir-se e envolver nele todo o seu Povo Eleito.

Assim está escrito em Dt 4,34a.g:

... terá jamais algum deus vindo escolher para si um povo entre as nações

... como tudo o que por ti o Senhor vosso Deus fez no Egito ...?


Esta passagem do Deuteronômio não só nos revela o Senhor Deus de Israel, como também revela sua ação para fora de Si, precisamente na escolha de um povo, só para Si mesmo, entre as nações da terra.

Ora, esta escolha divina por Israel sempre esteve marcada pelos sinais do amor por seu Povo Eleito. É deste modo que conhecemos, pela história de Israel, a revelação da Primeira Pessoa da Santíssima Trindade e a realidade em que consiste a própria divindade: Amor.

O que Israel entendeu, conheceu e saboreou experimentalmente ao longo de sua história, o Novo Povo de Deus, os cristãos em Igreja, o expressou nas palavras de São João Evangelista: Deus é amor (1Jo 4,2.16).

Desta Primeira Leitura, portanto, sabemos quem é Deus Pai, a partir da história de Israel, confirmado pela experiência da Igreja, como documentou São João Evangelista em 1Jo 4,2.16: "Deus é Amor". Deus não apenas nos revela Sua Divindade, mas de Si Mesmo expande sobre todos nós o Seu Ser, que é Amor.

No Evangelho vemos a ordem de Jesus aos discípulos:

" ... ide, fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo..." (Mt 28,19).

Se pelo Antigo Testamento soubemos quem é Deus Pai e como se revela em Amor pela escolha de um Povo Eleito, através do Evangelho sabemos que Jesus instituiu o Sacramento do Batismo pelo qual as Três Pessoas da Santíssima Trindade fazem participantes do Amor divino todo homem que se tornou discípulos de Cristo pela pregação dos apóstolos.

Esta participação no Amor trinitário não é mera afirmação teológica. É a mudança para a condição de filhos adotivos de Deus.

Assim, nesta nova condição, não somos ignorados pela Santíssima Trindade. Isto acontece por vontade de Deus. É assim que a Santíssima Trindade nos envolve sempre com Seu Amor divino. 

Na Segunda Leitura ouçamos São Paulo sobre nossa filiação adotiva por Deus em Rm 8,14:

Todos aqueles que se deixam conduzir pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.

São Paulo não se limita a esta passagem de Romanos. Ele nos dá mais informações sobre nossa filiação adotiva divina em outros trechos de suas cartas:

Rm 8,16: O próprio Espírito testifica que somos filhos de Deus.

Gl 3,26: ... todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus.

Gl 4,6: porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai!

Fl 2,15: para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus imaculados no meio de uma geração pervertida e corrupta,
na qual resplandeceis como luzeiros no mundo, ... .


Mas tenhamos nossa mente fixa na afirmação paulina mais importante:
... todos aqueles que se deixam conduzir pelo Espírito de Deus
são filhos de Deus
 (Rm 8,14).

O que está dito aqui, além de nossa filiação adotiva divina?

Está revelada a ação do Espírito Santo sobre nós. E o Espírito Santo é a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade.

E como age? Guiando-nos para o Amor de Deus.


Assim ao Amor paterno de Deus respondemos com nosso amor filial impelidos pelo Espírito Santo. Ora, isto nos diz que estamos elevados para junto da própria Santíssima Trindade. Não por nossas forças ou nossa vontade, mas pela decisão, vontade e poder da Santíssima Trindade. Nossa vocação cristã, portanto, é a mais elevada que Deus pode dar aos seres humanos. 

Este privilégio de sermos cristãos é tão grande! E como nos lembramos tão pouco dele!

Salmo Responsorial nos exorta a permanecermos no Amor da Santíssima Trindade, com estas palavras:

O Senhor pousa o olhar sobre os que O temem e que Nele confiam esperando em Seu Amor [Sl 32(33),18].

Isto quer dizer que não nos basta saber quais são as Três Pessoas da Santíssima Trindade e como se desdobram por Amor para com toda a humanidade salva pelo Filho de Deus. Quer dizer que deste Amor divino esperamos Sua constante manifestação para conosco.

Esperança, virtude teologal recebida no Batismo, nos foi dada precisamente para esperarmos sempre o afeto de Deus e o recebermos definitivamente no fim de nossa existência neste mundo.

Ressuscitados estaremos no seio da própria Santíssima Trindade, Amor infinito e eterno.

É isto o que a Santíssima Trindade significa para os que têm Fé, Esperança e Amor.

Retomemos o início de nossa meditação sobre a liturgia da palavra de hoje:

PAI, FILHO E ESPÍRITO SANTO,
TRINDADE SANTA, COMUNIDADE DE AMOR,
QUER-UNIDOS A ELA. Por toda a eternidade.



Autor: Pe. Valdir Marques, SJ, Doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.

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