sexta-feira, 7 de julho de 2017

Liturgia do dia 02/07/2017

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Leituras
2Rs 4,8-11.14-16a
Sl 88,2-3.16-17,18-19 (R.2a)
Rm 6,3-4.8-11
Mt 10,37-42

13ª Semana do Tempo Comum - Ano A

Domingo

Primeira Leitura: 2Rs 4,8-11.14-16a

8 Um dia, Eliseu passou por Sunem; havia lá uma rica senhora que o convidou para comer. Depois, sempre que passava por ali, ia até lá para comer. 9 Disse ela a seu marido: “Sei que este homem que passa sempre por aqui é um santo homem de Deus. 10 Façamos-lhe, pois, um pequeno aposento no terraço, onde poremos uma cama, uma mesa, uma cadeira e um candeeiro, para que ali se acomode quando vier”. 11 Passando um dia por lá, Eliseu retirou-se para o aposento superior, e se deitou. 14 Eliseu disse: “Que poderia eu fazer por ela?” Respondeu-lhe Giezi: “Ela não tem filho, e já está velho o seu marido!” 15 Disse Eliseu: “Vai chamá-la”. Ele a chamou e ela assomou à porta. 16a Ele disse: “Daqui a um ano, nesta mesma época, terás um filho nos braços”. 

Salmo: Sl 88,2-3.16-17,18-19 (R.2a)

R. Ao Senhor, eu cantarei, eternamente, o vosso amor.

2 Senhor, cantarei sempre a tua graça, direi às gerações quanto és fiel; 3 a tua graça é firme como a terra; tua fidelidade, como o céu.

16 Como é feliz o povo que se alegra, ao caminhar à luz da tua face, 17 que celebra o teu nome o dia todo, que tua justiça exaltará!

18 És tu que és o esplendor da sua força, o teu favor exalta a nossa fronte. 19 Na verdade o Senhor é o nosso escudo, o Santo de Israel é o nosso Rei!

Segunda Leitura: Rm 6,3-4.8-11

Irmãos: 3 Ou por acaso ignorais que todos os que fomos batizados em Jesus Cristo, fomos batizados para participar de sua morte? 4 Nós fomos sepultados como ele pelo batismo, para que, como Cristo foi ressuscitado pelo poder glorioso do Pai, assim também nós vivamos uma vida nova. 8 Se estamos mortos com Cristo, temos fé que também viveremos como ele. 9 Porque nós sabemos que Cristo, uma vez ressuscitado dentre mortos, não morre mais. A morte já não exerce seu domínio sobre ele. 10 A sua morte foi morte para o pecado, uma vez por todas, mas sua vida agora é uma vida para Deus. 11 Assim também vós deveis considerar que estais mortos para o pecado e vivos para Deus, em Cristo Jesus.

Evangelho: Mt 10,37-42

Naquele tempo, disse Jesus a seus apóstolos:37 Quem ama pai ou mãe mais do que a mim não é digno de mim. Quem ama filho ou filha mais do que a mim não é digno de mim. 38 Quem não toma sua cruz e não me segue não é digno de mim. 39 Quem quiser conservar a sua vida a perderá; e quem, por amor de mim, perder a vida a reencontrará. 40 Quem vos recebe, é a mim que recebe. E quem me recebe também recebe aquele que me enviou. 41 Quem recebe um profeta porque é profeta receberá a recompensa de profeta. E quem recebe um justo porque é justo receberá a recompensa de justo. 42 E todo aquele que der de beber a um destes pequenos, ainda que seja um copo de água fresca, por ser meu discípulo, eu vos declaro esta verdade: ele não ficará sem recompensa”.

Leituras: Diretório da Liturgia e da Organização da Igreja no Brasil 2017 - Ano A - São Mateus, Brasília, Edições CNBB, 2016.

Citações bíblicas: Bíblia Mensagem de Deus, São Paulo, Edições Loyola e Editora Santuário, 2016.

Boa Nova para cada dia

ACOLHER JESUS, SEU EVANGELHO E SEUS MENSAGEIROS 

É RECEBER A RECOMPENSA PREPARADA POR DEUS PAI 

Primeira Leitura: 2Rs 4,8-11.14-16a 

V. 15b Eliseu mandou então que a chamasse. Ele chamou-a e ela pôs-se à porta. 

V. 16a Eliseu disse-lhe: 'Daqui a um ano, neste tempo, estarás com um filho nos braços'. 

(2Rs 4,15b-16).

O profeta Eliseu fora muito bem acolhido por uma senhora muito rica, mas já idosa e sem filhos. Um dia, quando o profeta tomava uma refeição naquela casa, perguntou a seu servo Giesi, o que poderia fazer para recompensar aquela mulher. Seu servo disse que ela não tinha filhos. 

O profeta, então, com o poder que Deus lhe tinha dado, a recompensou prometendo: 'Daqui a um ano, neste tempo, estarás com um filho nos braços'. 

Ora, esta era uma recompensa que somente um profeta poderia dar a quem o ajudasse em sua missão recebida por Deus.

Assim dirá Jesus no Evangelho de hoje: Quem recebe um profeta, por ser profeta,

receberá a recompensa de profeta. (Mt 10, 41) 

A Primeira Leitura, portanto, nos leva a entender a mensagem da Liturgia da Palavra deste domingo: quem colabora com a ação salvadora que Deus realiza através de seus enviados, de seus profetas, de Jesus seus apóstolos, recebe a recompensa que para eles Deus preparou. 

Ora, esta recompensa ainda não é tudo, porque além do prêmio recebido nesta terra, virá o prêmio celeste, o da vida Eterna. 

Salmo Responsorial: Sl 88,2-3.16-17,18-19 (R.2a) 

Ó Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor, de geração em geração eu cantarei vossa verdade! (Sl 88,2). 

Imaginemos a alegria daquela senhora idosa e sem filhos ao ouvir o que Eliseu lhe disse. O que ela mais desejara na vida ia acontecer: dali a um ano teria um filho nos braços. 

E os cristãos que acolheram Jesus e seus apóstolos, que alegria não teriam ao saber que iniciariam uma vida completamente nova como efeito do Batismo, já neste mundo, para depois serem acolhidos por Deus na Vida Eterna! 

O sentimento de alegria de todos os recompensados por Deus por terem ouvido o Evangelho, recebido o Batismo e merecido a Vida Eterna é o que o Salmo Responsorial de hoje expressa. Seja este versículo também nossa oração de profunda gratidão e felicidade: 

Ó Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor, de geração em geração eu cantarei vossa verdade! (Sl 88,2). 

Segunda Leitura: Rm 6,3-4.8-11 

Assim, vós também considerai-vos mortos para o pecado e vivos para Deus, em Jesus Cristo. (Rm 6,11) 

São Paulo exorta os romanos a viverem uma vida nova, completamente diferente daquela que levavam antes, em todos os tipos de pecado. Aquela vida fora sepultada depois do Batismo. 

Que vida nova era esta que os romanos agora experimentavam? 

Era a vida na santidade, completamente diferente da vida no paganismo. Eles tinham recebido o Espírito Santo, que em seus corações orientava tudo o que fariam dali em diante. E, deste modo, seus conhecidos notariam esta diferença, perguntariam por qual motivo eles tinham-se transformado em pessoas maravilhosas, e desejariam também o Batismo. 

Os romanos tinham acolhido o Evangelho de Jesus, e, desta maneira, com aquela vida nova já eram recompensados por Deus tal como Jesus prometera no Evangelho que lemos hoje. 

Isto nos leva a perguntar: o que significa ser “vivos em Jesus Cristo?”. 

Meditemos, e encontraremos resposta nas inspirações que o Espírito Santo vai nos dar. 

Evangelho: Mt 10,37-42 

“Quem recebe um profeta, por ser profeta, receberá a recompensa de profeta”. (Mt 10,41) 

Estas palavras de Jesus nos remetem à Primeira Leitura, em que vimos o profeta Eliseu recompensar, com o poder de Deus, aquela senhora idosa e sem filhos. Ela acolhera o profeta e recebera recompensa que Deus somente concede por meio de profetas. Jesus conhecia bem este fato da vida de Eliseu, e por isso poderia provocar em seus ouvintes esta lembrança com seus detalhes edificantes. 

O mais importante neste Evangelho é o fato de Jesus também prometer recompensa, mesmo já nesta terra, a todos os que O acolherem como profeta, como enviado de Deus Pai, para anunciar o Evangelho. Jesus chega ao ponto de mostrar a grande importância disto dizendo: 

Quem der, ainda que seja apenas um copo de água fresca, a um desses pequeninos, 

por ser meu discípulo, em verdade vos digo: 

não perderá a sua recompensa. (Mt 10,42). 

Depois que Jesus fez estas promessas, o que aconteceu? 

Aconteceu o que Ele tinha prometido. Somente não sabemos quais foram as recompensas dadas aos ouvintes do Evangelho e protetores dos apóstolos porque o São Mateus, nesta passagem, não descreve o sucedeu em seguida a este discurso de Jesus. Mas isto não quer dizer que não consigamos imaginar. Sabemos quanto bem receberam as pessoas mais chegadas a Jesus e a seus apóstolos. 

Sabemos, também, quanta recompensa Jesus já concede, nesta vida, a todos os que O acolhem, a seus enviados ao nosso mundo, aos que colaboram com Sua obra de Salvação. 

Sejamos nós estas pessoas acolhedoras de Jesus, de seu Evangelho e de seus Apóstolos. 

Como Jesus promete e cumpre, em nossas vidas, já neste mundo, veremos nossas recompensas. Mais ainda, entenderemos que isto é quase nada em comparação com o prêmio maior que Deus nos prepara: a Vida Eterna. 

Autor: Pe. Valdir Marques, SJ, Doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.

Descobrindo a Bíblia

O “ciclo de Eliseu” 

Para entender bem o pensamento de alguém, convém saber o que ele tem na cabeça, mesmo que não o diga... Para bem entender Jesus e os evangelistas, importa saber quais imagens e personagens eles e seus ouvintes tinham presentes na memória quando eles faziam ou diziam alguma coisa. 

Ora, um dos personagens mais populares entre os antigos judeus era o profeta Eliseu. Sem dúvida, o profeta Elias, que apresentaremos daqui em breve, falava muito à imaginação. Quando, porém, se tratava de contar façanhas dos antigos profetas, o primeiro nome que vinha à memória era o de Eliseu, discípulo e sucessor de Elias: ele tinha o dobro do espírito profético (popularmente entendido como força milagrosa) de Elias (2Rs 2,9).

Eliseu é mencionado pela primeira vez em 1Rs 19,15-18, quando o profeta Elias designa seu sucessor na luta contra os falsos deuses: Elias deve ungir Hazael como rei da Síria, Jeú como rei de Israel, e Eliseu como profeta em seu lugar; e quem escapar do furor dos dois reis será morto por Eliseu! De fato, Eliseu teve grande influência política. 

Em 1Rs 1,19-21, encontra-se narrada a vocação de Eliseu por Elias. Em 2Rs 2 lemos a assunção de Elias ao céu, diante dos olhos de seu discíplo Eliseu, que recebe o manto de Elias — manto de pele de animais, típico dos profetas — e o dobro do poder milagroso de seu mestre. Em 2Rs 2,19-22, Eliseu saneia milagrosamente a água da fonte de Jericó. Menos edificante é a história das duas ursas que matam os meninos que caçoaram da careca de Eliseu (2Rs 2,23-24). Em 2Rs 3, Eliseu enche os poços de água em plena estiagem e, no capítulo seguinte o encontramos enchendo de óleo as bilhas vazias de uma mulher em apuros financeiros — seus filhos iam ser vendidos como escravos. Segue a ressurreição do filho de uma mulher de Suném. A mulher e seu marido exprimem sua gratidão construindo um quarto para o profeta se hospedar quando ele está viajando. (Este episódio é lido na liturgia do 13º domingo comum do ano A, para ilustrar o evangelho que fala da hospitalidade oferecida aos enviados de Jesus.) No mesmo cap. 4, temos ainda o milagre da sopa envenenada e a alimentação de cem soldados com vinte pequenos pães de oferenda. 1Rs 5 narra a emocionante história da cura do general sírio Naamã, o leproso, e 6,1-7, a história do ferro que flutua. 

As histórias de Eliseu se encontram incrustadas no relato da guerra da Síria e Israel. Não só na história de Naamã (cap. 5), mas também depois, Eliseu aparece como um profeta de Javé-Deus no meio dos não-israelitas (sua proteção aos soldados sírios em 6,22-23). Por outro lado, anuncia a milagrosa interrupção do cerco que os sírios empreenderam contra Samaria (6,26–7,20). A mulher shunamita é ressarcida pelos danos sofridos da parte dos reis (2Rs 8,1-6), e Eliseu chega a estabelecer um novo rei na Síria: o temido Hazael (8,7-15). No cap. 9, ele proclama Jeú rei de Israel. Depois do relato do extermínio das famílias reais de Israel e Judá por Jeú, é narrada a morte de Eliseu, em 2Rs 13,14-22, em meio a gestos proféticos e milagres, mesmo depois de morto. 

O conjunto dessas histórias espalhadas entre 1Rs 19,15 e 2 Rs 13,22 chama-se, na literatura, o “ciclo de Eliseu”. Não é o que há de mais edificante do ponto de vista cristão. Eliseu era um fanático religioso. Afinal, pertence ao Antigo Testamento, que ainda não é a plena revelação de Deus em Jesus! Mas essas histórias são um espelho da mentalidade do judaísmo popular, no meio do qual se movimentavam Jesus e os primeiros cristãos. 

Artigo extraído do livro Descobrir a Bíblia a partir da Liturgia, Pe. Johan Konings, Loyola, 1997.

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