terça-feira, 18 de julho de 2017

Liturgia do dia 23/07/2017

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Leituras
Sb 12,13.16-19
Sl 85,5-6.9-10.15-16a (R. 5a)
Rm 8,26-27
Mt 13,24-43 ou mais breve 13,24-30

16ª Semana do Tempo Comum - Ano A

Domingo

Primeira Leitura: Sb 12,13.16-19

13 Pois não há Deus fora de ti que cuide de tudo, para que devesses mostrar que teus julgamentos não são injustos.16 Teu poder é princípio de justiça, e, por seres senhor de todos, tratas todos com indulgência.17 Só mostras tua força quando não cremos em teu poder soberano e punes a temeridade dos que o conhecem. 18Embora poderoso, julgas com clemência, e com grande consideração nos governas; tens à mão, quando queres, o teu poder.19 Procedendo assim, ensinaste a teu povo que o justo deve ser humano e deste aos teus filhos a doce esperança de que após o pecado dás lugar à contrição.

Salmo: Sl 85,5-6.9-10.15-16a (R. 5a)
R. Senhor, és bom e pronto a perdoar.
5 Senhor, és bom e pronto a perdoar, cheio de amor por todos que te invocam. 6 Ouve com atenção a minha prece; escuta a minha voz, que te suplica.

9 Virão todos os povos que criaste adorar-te, Senhor, cantar teu nome. 10 Pois tu és grande e fazes maravilhas, só tu és Deus, Senhor, e não há outro!

15 Tu, Senhor, és um. Deus bom e clemente; generoso, fiel, lento em irar-se. 16a Volta-te para mim e sê propício; ao teu servo concede a tua força.
Segunda Leitura: Rm 8,26-27

Irmãos: 26 Por isso o Espírito vem em auxílio de nossa fraqueza, porque ainda não sabemos como devemos rezar. Mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. 27 Aquele que conhece profundamente os corações sabe qual é o desejo do Espírito, porque ele intercede pelos santos de acordo com a vontade de Deus.
Evangelho: Mt 13,24-43

Jesus 24 Contou-lhes outra parábola: “O reino dos céus é como um homem que semeou boa semente em seu campo. 25 Mas, enquanto todos dormiam, veio seu inimigo, semeou joio bem no meio do trigo, e foi-se embora. 26 Quando o trigo brotou e frutificou, apareceu também o joio. 27 Então os servidores procuraram o patrão para dizer-lhe: ‘Senhor, não foi boa a semente que semeaste em teu campo? Donde veio, então, o joio que se acha nele?’. 28 ‘Um inimigo foi quem feisso’, respondeu lhes. E os servidores lhe perguntaram: ‘Queres então que vamos arrancá-lo?’. 29 A isto ele respondeu: Não, porque pode acontecer que, arrancando o joio, arranqueis também o trigo. 30 Deixai os dois crescerem juntos até a colheita, e no tempo da colheita direi aos colhedores: colhei primeiro o joio e amarrai-o em feixes para queimar, recolhei depois o trigo em meu celeiro’”. 31 Contou-lhes mais outra parábola: “O reino dos céus é como um grão de mostarda, que um homem pega e semeia no seu campo. 32 É a menor de todas as sementes, mas quando cresce vem a ser a maior das hortaliças, tornando-se até uma árvore em cujos ramos as aves do céu vão pousar”.33 Disse-lhes ainda outra parábola: “O reino dos céus é como o fermento, que uma mulher toma e mistura com uma boa quantidade de farinha, até que toda a massa fique fermentada”. 34 Tudo isto Jesus falou às multidões por meio de parábolas, e ele nada lhes dizia sem fazer uso delas, 35 para que se cumprisse o que havia sido dito pelo profeta: Abrirei minha boca em parábolas, revelarei coisas escondidas desde a criação do mundo. 36 Tendo deixado a multidão, Jesus foi para casa. Os discípulos chegaram perto dele e pediram: “Explica-nos a parábola do joio no campo”. 37 Ele explicou: “O semeador da boa semente é o Filho do homem. 38 O campo é o mundo. A boa semente, os súditos do reino. O joio, os seguidores do Maligno. 39 O inimigo que o semeou, o Diabo. A colheita, o fim do mundo. Os colhedores, os anjos. 40Como se recolhe o joio para ser queimado no fogo, assim acontecerá no fim do mundo: 41 O Filho do homem enviará os seus anjos, que tirarão do seu reino todos os que causam escândalos e promovem a iniquidade, 42 e os lançarão à fornalha acesa, onde haverá choro e ranger de dentes. 43 Então os justos brilharão como o sol no reino de seu Pai. Quem tiver ouvidos, que escute bem!
Evangelho mais breve:13,24-30
Jesus 24 Contou-lhes outra parábola: “O reino dos céus é como um homem que semeou boa semente em seu campo. 25 Mas, enquanto todos dormiam, veio seu inimigo, semeou joio bem no meio do trigo, e foi-se embora. 26 Quando o trigo brotou e frutificou, apareceu também o joio. 27 Então os servidores procuraram o patrão para dizer-lhe: ‘Senhor, não foi boa a semente que semeaste em teu campo? Donde veio, então, o joio que se acha nele?’. 28 ‘Um inimigo foi quem fez isso’, respondeu lhes. E os servidores lhe perguntaram: ‘Queres então que vamos arrancá-lo?’.29 A isto ele respondeu: Não, porque pode acontecer que, arrancando o joio, arranqueis também o trigo. 30 Deixai os dois crescerem juntos até a colheita, e no tempo da colheita direi aos colhedores: colhei primeiro o joio e amarrai-o em feixes para queimar, recolhei depois o trigo em meu celeiro’”.
Leituras: Diretório da Liturgia e da Organização da Igreja no Brasil 2017 - Ano A - São Mateus, Brasília,
Edições CNBB, 2016.
Citações bíblicas: Bíblia Mensagem de Deus, São Paulo, Edições Loyola e Editora Santuário, 2016.
Boa Nova para cada dia
Primeira Leitura: Sb 12,13.16-19.
... a teus filhos deste a confortadora esperança de que concedes o perdão aos pecadores (Sb 12,19c).
Toda a Liturgia da Palavra deste domingo nos revela o grande plano salvador de Deus ao longo dos séculos e até o fim do mundo, depois do Juízo Final.
Nesta Primeira Leitura o autor do Livro da Sabedoria faz longas considerações sobre a bondade e justiça de Deus.
Deus, diz o autor, não quer a condenação dos pecadores. Pelo contrário, usa de todo o Seu poder para que Sua Justiça vença em benefício do pecador arrependido.
Como Deus pode agir assim?
É que somente Ele tem a visão plena do conjunto da humanidade, composta de justos e pecadores. Ele dá tempo aos pecadores para que se convertam. Do alto do céu Deus vê toda a humanidade e por ela sente misericórdia: “... o teu domínio sobre todos Te faz com todos indulgente” (Sb 12,16b).
Porém nisto Deus não se mostra fraco. Ele tem poder para efetivar sua justiça: “... dominando Tua própria força, julgas com clemência ... pois quando quiseres está a Teu alcance o uso do Teu poder” (Sb 12,18ac).
Pensemos bem: como o autor do Livro da Sabedoria tem tanta certeza da indulgência de Deus para com os pecadores, da paciência e domínio do Poder divino junto de Sua justiça?
A resposta vem no tom com que o autor deste livro nos fala: é todo demonstração da experiência do afeto de Deus que este autor teve em sua vida.
Em outras palavras: Deus é paciente, misericordioso e indulgente com os pecadores porque os ama em primeiro lugar. Se não os amasse, somente sua ira se abateria sobre os pecadores, condenando-os à morte eterna.
Pensemos em nossa situação diante de um Deus todo paciência, afeto e misericórdia.
Se nos sentimos pecadores, é para nós que a Liturgia da Palavra de hoje foi composta. Demos graças a Deus!
Salmo Responsorial: Sl 85(86),5-16.
Ó senhor, vós sois bom e clemente, sois perdão para quem vos invoca. [Sl 85(86),5].
O Salmo Responsorial, com a Primeira Leitura, canta a bondade de Deus para com o pecador. O tom do Salmo é todo de confiança na clemência divina. Porém o salmista, que se vê na figura de um pecador, não está triste por ter sido pecador. Está alegre por ter sido considerado por Deus digno de Seu amor e ser perdoado. E se sente efetivamente perdoado.
O perdão dado por Deus significa o início de um novo estágio na vida espiritual do pecador. A ele foi dada a esperança de viver o resto de sua vida sem a condenação divina à morte eterna. A Ele torna-se possível a Vida Eterna, e dali para a frente é nesta direção que ele caminha.
Agora o pecador perdoado não deve se fixar no pensamento do pecado possível. Pelo contrário, viverá na esperança livrar-se dos mesmos pecados que o escravizavam antes.
Os pecados eram como que correntes pesadíssimasque o impediam de caminhar ao encontro de Deus.
O perdão foi a destruição destas correntes. Elas não existem mais. Deus as eliminou. Caminhar para Ele agora não tem impedimento algum! Portanto aguardar a glória da Vida Eterna não é uma miragem. É um fato.
Rezemos, agradecidos a Deus, pelas tantas vezes que nos perdoou, dizendo com o Salmo:
“Vós sois clemente e fiel, sois amor, paciência e perdão!” [Sl 85(86),15].
Segunda  Leitura: Rm 8,26-27.
... é o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos inefáveis. (Rm 8,26c).
Nesta Segunda Leitura fica claro como por si mesmo pessoa alguma consegue ver-se perdoada por Deus, uma vez que não tem em si a força para elevar-se a Ele se Ele mesmo não lhe vem em socorro.
São Paulo nos diz claramente isto em Rm 8,26b:
... pois nós não sabemos o que pedir, nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede por nós ...(Rm 8,26bc).
Estas compreensões nos são dadas para que consideremos a medida do amor de Deus por nós. Alguém disse que a medida para amar a Deus é amá-Lo sem medida.
Mas perguntemos: com que medida Deus nos ama?
A resposta pode ser a mesma: Deus nos ama sem medida.
Como?
Ele nos mostra que nos ama vindo em nossa ajuda, quando nem mesmo conseguimos nos elevar até a Ele. Claramente São Paulo nos disse isto hoje.
Não fiquemos desapontados se por nossa parte pouco podemos fazer para que Deus nos eleve à condição de pecadores perdoados. Muito pelo contrário, deixemo-nos abandonar nas mãos Dele com toda confiança e entrega. Há um salmo que nos ajuda neste ponto, porque diz:
Fiz calar e sossegar a minha alma;
ela está em grande paz dentro de mim,
como a criança bem tranquila, amamentada,
no regaço acolhedor de sua mãe [Sl 130(131),2].
Completemos com estes salmos nossa meditação durante esta missa, levando para o resto de nossa vida a lição aprendida deles hoje.
Evangelho: Mt 13,24-30.
“Então os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai”. (Mt 13,43a).
O Evangelho de hoje contém a parábola do trigo e do joio. Não somente esta, mas também a parábola do fermento na massa para fazer o pão.
Conhecemos todas estas parábolas. Conhecemos também a explicação que Jesus fez aos discípulos da parábola do trigo e do joio.
Como na Primeira Leitura, a sabedoria e bondade de Deus para com os pecadores aparecem nestas parábolas. Deus não quer que sejam arrancados antes do tempo nem o trigo nem o joio. Do alto do céu Ele contempla toda a humanidade e conhece o estado espiritual de cada pessoa. Ele é paciente e dá a todos tempo para que se convertam.
Porém, diz Jesus, o tempo que Deus dá para a conversão tem um limite.
Um dia chegará o Juízo final.
Aí Deus vai separar o trigo do joio.
O joio representa os pecadores que não quiseram ser perdoados pela infinita misericórdia de Deus. Portanto não serão condenados por Deus, mas por si mesmos.
O trigo representa os pecadores arrependidos e perdoados.
Estes conheceram a bondade divina que os convidou para o arrependimento e para receber o perdão. Foram efetivamente perdoados. Para Deus os pecados deles não existem mais. Eles estão na felicidade da União com Deus.
Como Jesus descreve este estado maravilhoso dos pecadores perdoados? Ouçamos o que Jesus di neste Evangelho:
... os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai”. (Mt 13,43a).
O que é brilhar como o sol?
Pensemos nas vezes em que Jesus disse que Ele era a Luz do mundo (Jo 8,12; 9,5). Mas entendamos esta Luz também como manifestação da Vida. Jesus também disse que era a Vida: Jo 14,6: “... Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”. Portanto ser Luz e ser Vida se encontram no mesmo Jesus, o Filho de Deus. Assim se manifestou Jesus enquanto vivia entre os homens, antes de Sua Ressurreição.
E depois de Ressuscitado, no fim dos tempos, como Ele se manifestará como Vida? Ele vai se manifestar como Vida, mas como Vida Eterna. Ele mesmo é a Vida Eterna, pois tudo depende Dele em sua existência. Em Jo 1,3 lemos: ... todas as coisas foram feitas por intermédio Dele e sem Ele nada do que foi feito se fez.
Esta Vida se manifesta no esplendor da Glória que Jesus tem como Ressuscitado. E como prometeu esta mesma Vida Eterna aos que o acolheram, estes serão resplandecentes como Ele. E isto é o que Jesus quis dizer: “... os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai”. (Mt 13,43a).
Este é o nosso destino. Perdoados de nossos pecados pela misericórdia de Deus, aguardamos em Jesus Cristo a Vida Eterna, na qual brilharemos como o sol, e, mais do que ele, como o próprio Jesus, Luz e Vida Eterna.
Autor: Pe. Valdir Marques, SJ, Doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.
Descobrindo a Bíblia
O livro da Sabedoria
Para ilustrar o evangelho do 16º domingo do tempo comum (Mt 13,24-43, parábola do joio que cresce junto com o trigo), a liturgia apresenta como primeira leitura um trecho do livro da Sabedoria, explicando a paciência de Deus: Deus é tão grande que não lhe custa ter paciência e perdoar (Sb 12,13.16-19).
Este livro chama-se “Sabedoria de Salomão”, porque os caps. 7–9 são postos na boca desse rei que era considerado pelos antigos judeus como o rei sábio por excelência (cf. 1 Reis 3,9-12; Sb 8).
O livro tem importância especial para nós, cristãos, porque entre os livros do Antigo Testamento é aquele que mais se aproxima, no tempo, dos escritos do Novo Testamento. É quase contemporâneo de Jesus. Foi composto pelos judeus da diáspora, na Alexandria do Egito, capital cultural do mundo mediterrâneo, no primeiro século antes de Cristo. Como os judeus da diáspora falavam grego, o livro encontra-se escrito nesta língua e partilha de seu estilo. Por essa razão, não foi incluído no cânone dos livros bíblicos judaicos, pois os rabinos só admitiam os livros escritos em hebraico/aramaico. Portanto, esse livro falta na Bíblia hebraica e na Bíblia das Igrejas protestantes, que neste particular seguem o costume judaico.
O livro pode ser dividido em três grandes seções. A primeira seção (caps. 1–5) comenta o destino humano segundo o plano de Deus, ressaltando a imortalidade que é a recompensa final dos justos. A segunda seção (6–10) é um elogio à Sabedoria, que culmina na prece de Salomão por possuí-la (cap. 9). No cap. 10, a Sabedoria é apresentada como mestra da história. A terceira seção (11-–19) é uma meditação sobre o êxodo do Egito, ou melhor, uma grande alegoria. Mostrando que em tudo Deus deu vantagem aos israelitas sobre os egípcios, o autor polemiza contra os cultos idolátricos no tempo do helenismo e do Império Romano.
O livro usa uma linguagem que muitas vezes lembra a filosofia e a literatura grega, para entrar em diálogo com a cultura dominante do primeiro século antes de Cristo. Em conformidade com a filosofia grega, não fala expressamente na ressurreição dos mortos (como Dn 12,1-12, etc.), mas prefere a terminologia da “imortalidade da alma”. Descreve a sabedoria conforme o modo grego como um “espírito puro”, imaterial (7,22-24). Olhando de perto, porém, descobre-se facilmente que o pensamento fundamental é o mesmo do resto da Bíblia. Um fenômeno semelhante constataremos nos escritos do Novo Testamento: um pensamento bíblico-semítico em roupagem grega (Paulo, Lucas, Tiago e, até certo ponto, João).

Entre as pérolas deste livro, destacam-se as descrições do justo perseguido, que logra a imortalidade, enquanto os ímpios perecem (1,16–2,24); da mulher estéril, cuja virtude tem mais valor que a fecundidade (uma novidade no universo judaico! — 3,13-15); da Sabedoria como emanação de Deus, “estendendo-se com força de uma extremidade do mundo à outra e governando com bondade o universo” (8,1); e a prece de Salomão para obter a Sabedoria (9,1-12). E, também, o texto apresentado pela liturgia deste domingo (12,16-19; cf. 11,15-20), que vê a moderação de Deus no trato dos egípcios como um deixar espaço para o arrependimento, de acordo com seu poder e magnanimidade — pois gente mesquinha não perdoa! Um paralelo longínquo deste pensamento é o magnífico texto de Os 11,9, a respeito do perdão conferido a Israel.
Artigo extraído do livro Descobrir a Bíblia a partir da Liturgia, Pe. Johan Konings, Loyola, 1997.

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