terça-feira, 24 de abril de 2018

Liturgia do dia 01/04/2018


Liturgia do dia 01/04/2018


Leituras
At 10,34a.37-43
Sl 117(118),1-2.16ab-17.22-23 (R/. 24)
Cl 3,1-4
Jo 20,1-9
Leituras Facultativas:
2ª Leitura: 1Cor 5,6b-8
Lc 24,13-35

DOMINGO DA PÁSCOA NA RESSURREIÇÃO DO SENHOR

Domingo

Primeira Leitura: At 10,34a.37-43

Naqueles dias: 34a Pedro disse:37 Vós mesmos já sabeis o que aconteceu em toda a Judeia, desde a Galileia, depois do batismo anunciado por João. 38 Sabeis como Deus ungiu com o Espírito Santo e com o poder dos milagres a Jesus de Nazaré, que andou por todo lugar, fazendo o bem e curando todos os que o Diabo tinha escravizado; é que Deus estava com ele. 39 Nós mesmos somos testemunhas de tudo quanto fez na terra dos judeus, principalmente em Jerusalém. Eles o mataram, pregando-o numa cruz. 40 Mas ao terceiro dia Deus o ressuscitou e fez com que se manifestasse, 41 não a todo o povo, mas somente a testemunhas já antes escolhidas por ele, isto é, a nós que com Jesus comemos e bebemos depois que ele ressuscitou dos mortos. 42 Foi ele que nos mandou pregar “ao povo e dar testemunho de que ele foi constituído por Deus como juiz dos vivos e dos mortos. 43 Todos os profetas dão este testemunho a seu respeito: quem acreditar nele receberá pelo seu nome o perdão de seus pecados”.
Salmo: Sl 117(118),1-2.16ab-17.22-23 (R/. 24)
R. Eis que o Senhor fez para nós um dia, nele nos alegremos e exultemos!
1 Dai graças ao Senhor porque ele é bom: “O seu amor se estende pelos séculos!”. 2 A casa de Israel agora o diga: “O seu amor se estende pelos séculos!”.

16 a destra do Senhor me levantou, a destra do Senhor fez maravilhas.” 17 Não, eu não vou morrer, mas viverei, para cantar as obras do Senhor.

22 “Pedra que os construtores rejeitaram, ei-la que se tornou pedra angular. 23 Tudo isso foi obra do Senhor e foi aos nossos olhos maravilhas.
Segunda Leitura: Cl 3,1-4

Irmãos: 1 Portanto, se ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. 2 Afeiçoai vos às coisas do alto e não às da terra. 3 Porque estais mortos para essas coisas e vossa vida está escondida com Cristo em Deus. 4 Quando Cristo, vossa vida, aparecer, então aparecereis também com ele, revestidos de glória.
Evangelho: Jo 20,1-9

1 No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi bem cedo ao sepulcro, quando ainda estava escuro, e viu que a pedra que o fechava tinha sido tirada. 2 Correu, então, à procura de Simão Pedro e do outro discípulo, aquele a quem o Senhor amava, e lhes falou: “Retiraram do sepulcro o Senhor e não sabemos onde o puseram!”. 3 Pedro saiu com o outro discípulo, e eles se dirigiram para o sepulcro. 4 Os dois corriam juntos. Mas o outro discípulo, correndo mais depressa que Pedro, chegou antes ao sepulcro. 5 Inclinando-se, observou os panos afrouxados; mas não entrou. 6 Simão Pedro chegou depois dele, entrou no sepulcro e viu os panos de linho afrouxados. 7 Mas o sudário que tinha sido ajustado à cabeça de Jesus não estava afrouxado com os panos, mas enrolado exatamente no seu lugar. 8 O outro discípulo que havia chegado primeiro também entrou, viu e acreditou. 9 Pois, de fato, ainda não tinham compreendido que, segundo a Escritura, ele devia ressuscitar dos mortos.
Leituras Facultativas:

2ª Leitura: 1Cor 5,6b-8

Irmãos, 6b Não sabeis que um pouco de fermento faz fermentar toda a massa? 7 Purificai-vos do fermento velho para serdes uma nova massa, como pães ázimos que sois, porque Cristo, nossa Páscoa, foi imolado. 8 Vamos, portanto, celebrar a festa, não com fermento velho, nem com fermento de maldade e perversidade, mas com os ázimos da pureza e da verdade.
Lc 24,13-35
No primeiro dia da semana 13 dois deles viajavam para um povoado chamado Emaús a sessenta estádios de Jerusalém: 14 falavam sobre o que tinha acontecido. 15 Enquanto conversavam e discutiam, Jesus em pessoa aproximou-se deles, começando a acompanhá-los; 16 mas os olhos deles estavam como que vendados, de sorte que não conseguiam reconhecê-lo. 17 Então lhes perguntou: “Que assunto estais discutindo enquanto caminhais?”. Eles pararam tristes. 18 Um deles, chamado Cleófas, respondeu: “Por acaso és o único visitante em Jerusalém a ignorar o que se passou nesses dias?”. 19 Ele perguntou: “Que foi?”. E eles continuaram: “O que aconteceu com Jesus de Nazaré, que era um profeta poderoso em obras e palavras, diante de Deus e de todo povo. 20 Como os sacerdotes-chefes e os nossos dirigentes o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. 21 Esperávamos que fosse ele quem libertaria Israel; mas, além disto, este é o terceiro dia desde que isso tudo aconteceu! 22 É verdade que algumas mulheres, das que estavam conosco, nos espantaram. 23 Elas foram de madrugada ao sepulcro e não acharam o corpo. Voltaram dizendo que tinham aparecido anjos, assegurando que está vivo! 24 Muitos de nossos amigos foram ao sepulcro e acharam as coisas como as mulheres disseram; mas não o viram”. 25 Ele então lhes disse: “Ó homens sem inteligência, como é lento o vosso coração para crer no que os profetas anunciaram! 26 Não era preciso que Cristo sofresse essas coisas para entrar na glória?”. 27 E partindo de Moisés, começou a percorrer todos os profetas, explicando em todas as Escrituras, o que dizia respeito a ele mesmo. 28 Quando se aproximaram do povoado aonde se dirigiam, Jesus fez como quem ia para mais longe. 29 Mas eles o forçaram a parar, dizendo: “Fica conosco, porque se faz tarde e o dia vai declinando”. Então, entrou no povoado para ficar com eles. 30 À mesa, ele tomou o pão e, recitando a fórmula da bênção, o partiu e distribuiu entre eles. 31 Então é que os seus olhos se abriram e eles o reconheceram… mas ele desapareceu da sua vista. 32 Disseram um ao outro: “Não é verdade que o nosso coração ardia, quando nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?”. 33 Voltaram, naquela mesma hora, para Jerusalém. Acharam ali reunidos os Onze e seus companheiros, 34 que lhes asseguraram: “É verdade! O Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!”. 35 Eles também contaram o que lhes tinha acontecido pelo caminho e como o reconheceram no partir o pão.

Leituras: Diretório da Liturgia e da Organização da Igreja no Brasil 2018 - Ano B - 
São Marcos, Brasília, Edições CNBB, 2017.
Citações bíblicas: Bíblia Mensagem de Deus, São Paulo, Edições Loyola e Editora 
Santuário, 2016.
Boa Nova para cada dia
... ELE VIU E ACREDITOU (Jo 20,8c)
Quando os Evangelhos apresentam as narrativas das aparições de Jesus ressuscitado querem nos levar à fé profunda em Sua Ressurreição.
 O motivo disto é muito claro: esta é a afirmação maior de nossa fé. Se não crermos que Jesus ressuscitou, nossa fé não tem fundamento.
É assim que o Evangelho de hoje afirma que João Evangelista viu o túmulo vazio e acreditou na Ressurreição de Jesus, mesmo sem tê-Lo visto ressuscitado. Foi uma profunda fé em Jesus ressuscitado, experiência que naquele mesmo momento Pedro não teve.
Esta fé de João Evangelista na Ressurreição de Jesus é a que devemos ter sempre.

Primeira Leitura deste Domingo de Páscoa é o texto de At 10,34.37-43.
Iniciemos nossa meditação com At 10,39b-40a:
“Eles O mataram, pregando-O num Cruz.
Mas Deus O ressuscitou no terceiro dia ...” 
(At 10,39b-40a),
Esta Liturgia da Palavra abre-se com esta declaração totalmente nova para os judeus e pagãos que a ouviam:“Deus O ressuscitou no terceiro dia ...”.
Se para nós esta frase é por demais conhecida a ponto de não provocar surpresa alguma, para os ouvintes de São Pedro naquele discurso era estonteante: Deus realizara, naqueles dias, uma coisa que na história humana jamais tinha acontecido: a Ressurreição de um homem com Vida Divina.
Mais estonteante ainda era a afirmação de que este Ressuscitado não era um homem qualquer: sua Ressurreição provou que Ele era o Filho de Deus Encarnado:
Ele vivera no mundo dos homens anunciando o Reino de Deus a começar pela Galileia depois do Batismo pregado por João 
(At 10,37);
era Jesus de Nazaré, que Deus ungiu com o Espírito Santo e com poder (At 10,38);
Ele andou por toda parte fazendo o bem e curando a todos os que estavam dominados pelo demônio (At 10,38b).
Como Filho de Deus não podia ficar sob o domínio da morte e da corrupção de Seu Corpo (At 10,40).
Como Filho de Deus não podia ficar esquecido depois de ressuscitado: testemunhas escolhidas por Deus O viram vivo, com Ele comeram e beberam, comprovando a verdade de Sua Ressurreição (At 10,41).
Como Filho de Deus Ressuscitado recebeu do Pai o poder de julgar os vivos e os mortos (At 10,42).
Como Filho de Deus Ressuscitado fora preanunciado por todos os Profetas de Israel (At 10,43a).
Como Filho de Deus Ressuscitado tem o poder de perdoar os pecados de todos os que Nele crerem (At 10,43b).
Todas estas afirmações de São Pedro são de uma grandeza incalculável sobre o significado da Ressurreição de Jesus.
Elas devem ser guardadas em nossa memória
para que aos poucos as compreendamos melhor com nossa meditação movida pelo amor a Jesus Cristo. Isto porque desta maneira mostramos que Nele cremos, e assim temos o perdão de nossos pecados e merecemos a Vida Eterna que agora Ele tem.
Quando rezamos o Credo afirmamos acreditar na Ressurreição de Jesus.
Mas no Novo Testamento não encontramos um pequeno Credo exclusivo sobre a Ressurreição de Jesus a não ser esta passagem de At 10,34.37-43.
Portanto levemos, para toda esta semana que começa, estas afirmações de São Pedro. Vamos saboreá-las lentamente, fazendo delas o centro de nossa oração em União com Deus.
Salmo Responsorial canta o dia da Ressurreição de Jesus como um Dia especial na história da humanidade:
“Este é o Dia que o Senhor fez para nós: alegremo-nos e nele exultemos” 
[Sl 117(118), refrão].
Jesus cantou este salmo ao longo de sua vida. Sabendo que um dia morreria mas que ressuscitaria, alimentava-se com este versículo 17:
Não morrerei, mas ao contrário, viverei,
Para cantar as grandes obras do Senhor!
Jesus canta a alegria de Sua Ressurreição: não somente Ele como Filho do Homem ressuscitado e manifestado como Filho de Deus; Ele canta em nós, que somos membros de Seu Corpo. Todos nós podemos repetir, como Jesus, este versículo 17, porque o poder de Deus realizará em nós a Ressurreição que realizou em Seu Filho. Façamos, portanto, nossa oração com este versículo, memorizando-o neste dia da Ressurreição do Senhor, para cantá-lo nesta Oitava da Páscoa inteira:
Não morrerei, mas ao contrário, viverei,                      
Para cantar as grandes obras do Senhor!
Segunda Leitura nos dá uma profunda teologia sobre o Cristo Ressuscitado e sobre nosso destino na Vida Eterna, teologia elaborada por São Paulo em Cl 3,1-4.
Ouçamos São Paulo:
Se ressuscitastes com Cristo,
esforçai-vos por alcançar as coisas do alto,
onde está Cristo sentado à direita de Deus;
aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres. 
(Cl 3,1-2).
O que São Paulo quer nos dizer com estas palavras?
Ele tem a plena convicção de que já, nesta vida terrena, participamos, mesmo que parcialmente, da Ressurreição de Jesus Cristo. Por qual motivo São Paulo diz uma coisa tão arrojada teologicamente? É porque ele sabia que o nosso Batismo nos incorporou a Cristo, e Cristo entendido como Cabeça de um Corpo do qual todos somos membros. Por isso o que Deus realizou em seu Filho enquanto divino, realiza em nós enquanto humanos. Deus nos dará a Vida Eterna que deu a Jesus ao ressuscitá-Lo. Do mesmo modo Deus nos dará a Vida Eterna e Celeste que deu a Jesus ao ressuscitá-Lo.
Esta afirmação é de tal modo importante, que se não a entendermos pouco adiantará dizermos no Credo que cremos na ressurreição dos mortos. Diremos, mas não entenderemos. É necessário, portanto, saber qual é o nosso destino determinado por Deus uma vez que Ele ressuscitou Jesus. Em outras palavras: a Ressurreição de Jesus não diz respeito somente a Ele, mas envolve toda a humanidade criada por Deus e por Ele amada. Lembremos o anúncio dos anjos aos pastores: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados”(Lc 2,14). Desde a Encarnação de Jesus Deus quis que a humanidade se sentisse amada por Ele, mesmo que a amasse desde o dia da sua Criação no paraíso.
Jesus Ressuscitado está no céu à direita do Pai. Ele é o Filho Celeste de Deus.
Nós, que no Batismo já participamos – embora não plenamente – da Ressurreição de Jesus, estamos vivendo uma inicial existência celeste como o Filho Celeste de Deus.
Entendamos bem: isto não e uma simples afirmação devocional.
Tudo isto é verdade teológica, mesmo que difícil para nossa compreensão.
Deus não se incomoda se no momento atual não entendemos o que Ele, em todo seu amor por nós, já realiza em nossa existência terrena. Também as crianças pequenas não entendem tudo o que os pais sabem sobre ela e seu futuro. Diante disto, a nós importa abandonarmo-nos ao amor de Deus e deixar que Ele realize tudo o que em seus planos divinos determinou para nós. Esta é uma maneira de participar da alegria da Ressurreição de Jesus.
Pensemos bem nestas coisas. Que elas alimentem nossa vida espiritual na Oitava da Páscoa.
Evangelho de hoje não descreve uma aparição de Jesus Ressuscitado.
Descreve o que aconteceu antes de todas as suas aparições.
Descreve a surpresa de Maria Madalena, que, de madrugada, tendo ido ao sepulcro de Jesus, ao ver que a pedra que o fechava estava fora do lugar. Ela não entrou no túmulo, mas correu para dar a notícia ao primeiro dos discípulos, Simão Pedro, e a João.
Quando os dois chegaram ao sepulcro vazio, João acreditou imediatamente que Jesus não estava ali porque tinha ressuscitado:  ... ele viu e acreditou (Jo 20,8c).
Mas Simão Pedro não sabia o que pensar, porque eles não tinham compreendido a Escritura, segundo a qual Ele [Jesus] devia ressuscitar dos mortos (Jo 20,9).
Hoje perguntamos: como Simão Pedro não tinha ainda entendido o que as Escrituras diziam sobre a Ressurreição de Jesus? E perguntamos ainda mais: Jesus não tinha preanunciado sua Ressurreição aos discípulos mais de uma vez?
A resposta para nós é clara porque sabemos hoje o que a Ressurreição significa. Hoje herdamos a reflexão que a Igreja por séculos desenvolveu sobre o mistério da Ressurreição de Jesus. Portanto para nós é claro o que a Ressurreição significa. Mas para quem se confrontava pela primeira vez com a Ressurreição única como a de Jesus, diferente daquela de Lázaro, um problema imenso ficava por resolver.
Porém, mesmo sem entender claramente o que a Ressurreição significou, os discípulos terão prova dela nas aparições de Jesus Ressuscitado que virão em seguida.
A Liturgia deste Tempo Pascal reserva para nós a descrição das diferentes aparições de Jesus, para que, de cada uma delas, entendamos um aspecto do mistério da Ressurreição de Jesus e da nossa. Aguardemos, portanto, com espírito preparado, toda a Liturgia da Oitava da Páscoa. (Jo 20,8c)

Reascendamos em nós a fé no Cristo ressuscitado, tal como a teve João Evangelista: ... ELE VIU EACREDITOU.


Autor: Pe. Valdir Marques, SJ, Doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia 
Universidade Gregoriana de Roma.

Nenhum comentário:

Postar um comentário