Liturgia do dia 01/04/2018
Leituras
At 10,34a.37-43
Sl 117(118),1-2.16ab-17.22-23 (R/. 24)
Cl 3,1-4
Jo 20,1-9
Leituras Facultativas:
2ª Leitura: 1Cor 5,6b-8
Lc 24,13-35
At 10,34a.37-43
Sl 117(118),1-2.16ab-17.22-23 (R/. 24)
Cl 3,1-4
Jo 20,1-9
Leituras Facultativas:
2ª Leitura: 1Cor 5,6b-8
Lc 24,13-35
DOMINGO DA PÁSCOA NA RESSURREIÇÃO DO SENHOR
Domingo
Primeira Leitura: At 10,34a.37-43
Naqueles dias: 34a Pedro disse:37 Vós mesmos já sabeis o que aconteceu em toda a Judeia, desde a Galileia, depois do batismo anunciado por João. 38 Sabeis como Deus ungiu com o Espírito Santo e com o poder dos milagres a Jesus de Nazaré, que andou por todo lugar, fazendo o bem e curando todos os que o Diabo tinha escravizado; é que Deus estava com ele. 39 Nós mesmos somos testemunhas de tudo quanto fez na terra dos judeus, principalmente em Jerusalém. Eles o mataram, pregando-o numa cruz. 40 Mas ao terceiro dia Deus o ressuscitou e fez com que se manifestasse, 41 não a todo o povo, mas somente a testemunhas já antes escolhidas por ele, isto é, a nós que com Jesus comemos e bebemos depois que ele ressuscitou dos mortos. 42 Foi ele que nos mandou pregar “ao povo e dar testemunho de que ele foi constituído por Deus como juiz dos vivos e dos mortos. 43 Todos os profetas dão este testemunho a seu respeito: quem acreditar nele receberá pelo seu nome o perdão de seus pecados”.
Salmo: Sl 117(118),1-2.16ab-17.22-23 (R/. 24)
R. Eis que o Senhor fez para nós um dia, nele nos alegremos e exultemos!
1 Dai graças ao Senhor porque ele é bom: “O seu amor se estende pelos séculos!”. 2 A casa de Israel agora o diga: “O seu amor se estende pelos séculos!”.
16 a destra do Senhor me levantou, a destra do Senhor fez maravilhas.” 17 Não, eu não vou morrer, mas viverei, para cantar as obras do Senhor.
22 “Pedra que os construtores rejeitaram, ei-la que se tornou pedra angular. 23 Tudo isso foi obra do Senhor e foi aos nossos olhos maravilhas.
Segunda Leitura: Cl 3,1-4
Irmãos: 1 Portanto, se ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. 2 Afeiçoai vos às coisas do alto e não às da terra. 3 Porque estais mortos para essas coisas e vossa vida está escondida com Cristo em Deus. 4 Quando Cristo, vossa vida, aparecer, então aparecereis também com ele, revestidos de glória.
Evangelho: Jo 20,1-9
1 No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi bem cedo ao sepulcro, quando ainda estava escuro, e viu que a pedra que o fechava tinha sido tirada. 2 Correu, então, à procura de Simão Pedro e do outro discípulo, aquele a quem o Senhor amava, e lhes falou: “Retiraram do sepulcro o Senhor e não sabemos onde o puseram!”. 3 Pedro saiu com o outro discípulo, e eles se dirigiram para o sepulcro. 4 Os dois corriam juntos. Mas o outro discípulo, correndo mais depressa que Pedro, chegou antes ao sepulcro. 5 Inclinando-se, observou os panos afrouxados; mas não entrou. 6 Simão Pedro chegou depois dele, entrou no sepulcro e viu os panos de linho afrouxados. 7 Mas o sudário que tinha sido ajustado à cabeça de Jesus não estava afrouxado com os panos, mas enrolado exatamente no seu lugar. 8 O outro discípulo que havia chegado primeiro também entrou, viu e acreditou. 9 Pois, de fato, ainda não tinham compreendido que, segundo a Escritura, ele devia ressuscitar dos mortos.
Leituras Facultativas:
2ª Leitura: 1Cor 5,6b-8
Irmãos, 6b Não sabeis que um pouco de fermento faz fermentar toda a massa? 7 Purificai-vos do fermento velho para serdes uma nova massa, como pães ázimos que sois, porque Cristo, nossa Páscoa, foi imolado. 8 Vamos, portanto, celebrar a festa, não com fermento velho, nem com fermento de maldade e perversidade, mas com os ázimos da pureza e da verdade.
Lc 24,13-35
No primeiro dia da semana 13 dois deles viajavam para um povoado chamado Emaús a sessenta estádios de Jerusalém: 14 falavam sobre o que tinha acontecido. 15 Enquanto conversavam e discutiam, Jesus em pessoa aproximou-se deles, começando a acompanhá-los; 16 mas os olhos deles estavam como que vendados, de sorte que não conseguiam reconhecê-lo. 17 Então lhes perguntou: “Que assunto estais discutindo enquanto caminhais?”. Eles pararam tristes. 18 Um deles, chamado Cleófas, respondeu: “Por acaso és o único visitante em Jerusalém a ignorar o que se passou nesses dias?”. 19 Ele perguntou: “Que foi?”. E eles continuaram: “O que aconteceu com Jesus de Nazaré, que era um profeta poderoso em obras e palavras, diante de Deus e de todo povo. 20 Como os sacerdotes-chefes e os nossos dirigentes o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. 21 Esperávamos que fosse ele quem libertaria Israel; mas, além disto, este é o terceiro dia desde que isso tudo aconteceu! 22 É verdade que algumas mulheres, das que estavam conosco, nos espantaram. 23 Elas foram de madrugada ao sepulcro e não acharam o corpo. Voltaram dizendo que tinham aparecido anjos, assegurando que está vivo! 24 Muitos de nossos amigos foram ao sepulcro e acharam as coisas como as mulheres disseram; mas não o viram”. 25 Ele então lhes disse: “Ó homens sem inteligência, como é lento o vosso coração para crer no que os profetas anunciaram! 26 Não era preciso que Cristo sofresse essas coisas para entrar na glória?”. 27 E partindo de Moisés, começou a percorrer todos os profetas, explicando em todas as Escrituras, o que dizia respeito a ele mesmo. 28 Quando se aproximaram do povoado aonde se dirigiam, Jesus fez como quem ia para mais longe. 29 Mas eles o forçaram a parar, dizendo: “Fica conosco, porque se faz tarde e o dia vai declinando”. Então, entrou no povoado para ficar com eles. 30 À mesa, ele tomou o pão e, recitando a fórmula da bênção, o partiu e distribuiu entre eles. 31 Então é que os seus olhos se abriram e eles o reconheceram… mas ele desapareceu da sua vista. 32 Disseram um ao outro: “Não é verdade que o nosso coração ardia, quando nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?”. 33 Voltaram, naquela mesma hora, para Jerusalém. Acharam ali reunidos os Onze e seus companheiros, 34 que lhes asseguraram: “É verdade! O Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!”. 35 Eles também contaram o que lhes tinha acontecido pelo caminho e como o reconheceram no partir o pão.
Leituras: Diretório da Liturgia e da Organização da Igreja no Brasil 2018 - Ano B - São Marcos, Brasília, Edições CNBB, 2017.
Citações bíblicas: Bíblia Mensagem de Deus, São Paulo, Edições Loyola e Editora Santuário, 2016.
Boa Nova para cada dia
... ELE VIU E ACREDITOU (Jo 20,8c)
Quando os Evangelhos apresentam as narrativas das aparições de Jesus ressuscitado querem nos levar à fé profunda em Sua Ressurreição.
O motivo disto é muito claro: esta é a afirmação maior de nossa fé. Se não crermos que Jesus ressuscitou, nossa fé não tem fundamento.
É assim que o Evangelho de hoje afirma que João Evangelista viu o túmulo vazio e acreditou na Ressurreição de Jesus, mesmo sem tê-Lo visto ressuscitado. Foi uma profunda fé em Jesus ressuscitado, experiência que naquele mesmo momento Pedro não teve.
Esta fé de João Evangelista na Ressurreição de Jesus é a que devemos ter sempre.
A Primeira Leitura deste Domingo de Páscoa é o texto de At 10,34.37-43.
Iniciemos nossa meditação com At 10,39b-40a:
“Eles O mataram, pregando-O num Cruz.
Mas Deus O ressuscitou no terceiro dia ...” (At 10,39b-40a),
Esta Liturgia da Palavra abre-se com esta declaração totalmente nova para os judeus e pagãos que a ouviam:“Deus O ressuscitou no terceiro dia ...”.
Se para nós esta frase é por demais conhecida a ponto de não provocar surpresa alguma, para os ouvintes de São Pedro naquele discurso era estonteante: Deus realizara, naqueles dias, uma coisa que na história humana jamais tinha acontecido: a Ressurreição de um homem com Vida Divina.
Mais estonteante ainda era a afirmação de que este Ressuscitado não era um homem qualquer: sua Ressurreição provou que Ele era o Filho de Deus Encarnado:
Ele vivera no mundo dos homens anunciando o Reino de Deus a começar pela Galileia depois do Batismo pregado por João (At 10,37);
era Jesus de Nazaré, que Deus ungiu com o Espírito Santo e com poder (At 10,38);
- Ele andou por toda parte fazendo o bem e curando a todos os que estavam dominados pelo demônio (At 10,38b).
Como Filho de Deus não podia ficar sob o domínio da morte e da corrupção de Seu Corpo (At 10,40).
Como Filho de Deus não podia ficar esquecido depois de ressuscitado: testemunhas escolhidas por Deus O viram vivo, com Ele comeram e beberam, comprovando a verdade de Sua Ressurreição (At 10,41).
Como Filho de Deus Ressuscitado recebeu do Pai o poder de julgar os vivos e os mortos (At 10,42).
Como Filho de Deus Ressuscitado fora preanunciado por todos os Profetas de Israel (At 10,43a).
Como Filho de Deus Ressuscitado tem o poder de perdoar os pecados de todos os que Nele crerem (At 10,43b).
Todas estas afirmações de São Pedro são de uma grandeza incalculável sobre o significado da Ressurreição de Jesus.
Elas devem ser guardadas em nossa memóriapara que aos poucos as compreendamos melhor com nossa meditação movida pelo amor a Jesus Cristo. Isto porque desta maneira mostramos que Nele cremos, e assim temos o perdão de nossos pecados e merecemos a Vida Eterna que agora Ele tem.
Quando rezamos o Credo afirmamos acreditar na Ressurreição de Jesus.
Mas no Novo Testamento não encontramos um pequeno Credo exclusivo sobre a Ressurreição de Jesus a não ser esta passagem de At 10,34.37-43.
Portanto levemos, para toda esta semana que começa, estas afirmações de São Pedro. Vamos saboreá-las lentamente, fazendo delas o centro de nossa oração em União com Deus.
O Salmo Responsorial canta o dia da Ressurreição de Jesus como um Dia especial na história da humanidade:
“Este é o Dia que o Senhor fez para nós: alegremo-nos e nele exultemos” [Sl 117(118), refrão].
Jesus cantou este salmo ao longo de sua vida. Sabendo que um dia morreria mas que ressuscitaria, alimentava-se com este versículo 17:
Não morrerei, mas ao contrário, viverei,
Para cantar as grandes obras do Senhor!
Jesus canta a alegria de Sua Ressurreição: não somente Ele como Filho do Homem ressuscitado e manifestado como Filho de Deus; Ele canta em nós, que somos membros de Seu Corpo. Todos nós podemos repetir, como Jesus, este versículo 17, porque o poder de Deus realizará em nós a Ressurreição que realizou em Seu Filho. Façamos, portanto, nossa oração com este versículo, memorizando-o neste dia da Ressurreição do Senhor, para cantá-lo nesta Oitava da Páscoa inteira:
Não morrerei, mas ao contrário, viverei,
Para cantar as grandes obras do Senhor!
A Segunda Leitura nos dá uma profunda teologia sobre o Cristo Ressuscitado e sobre nosso destino na Vida Eterna, teologia elaborada por São Paulo em Cl 3,1-4.
Ouçamos São Paulo:
Se ressuscitastes com Cristo,
esforçai-vos por alcançar as coisas do alto,
onde está Cristo sentado à direita de Deus;
aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres. (Cl 3,1-2).
O que São Paulo quer nos dizer com estas palavras?
Ele tem a plena convicção de que já, nesta vida terrena, participamos, mesmo que parcialmente, da Ressurreição de Jesus Cristo. Por qual motivo São Paulo diz uma coisa tão arrojada teologicamente? É porque ele sabia que o nosso Batismo nos incorporou a Cristo, e Cristo entendido como Cabeça de um Corpo do qual todos somos membros. Por isso o que Deus realizou em seu Filho enquanto divino, realiza em nós enquanto humanos. Deus nos dará a Vida Eterna que deu a Jesus ao ressuscitá-Lo. Do mesmo modo Deus nos dará a Vida Eterna e Celeste que deu a Jesus ao ressuscitá-Lo.
Esta afirmação é de tal modo importante, que se não a entendermos pouco adiantará dizermos no Credo que cremos na ressurreição dos mortos. Diremos, mas não entenderemos. É necessário, portanto, saber qual é o nosso destino determinado por Deus uma vez que Ele ressuscitou Jesus. Em outras palavras: a Ressurreição de Jesus não diz respeito somente a Ele, mas envolve toda a humanidade criada por Deus e por Ele amada. Lembremos o anúncio dos anjos aos pastores: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados”(Lc 2,14). Desde a Encarnação de Jesus Deus quis que a humanidade se sentisse amada por Ele, mesmo que a amasse desde o dia da sua Criação no paraíso.
Jesus Ressuscitado está no céu à direita do Pai. Ele é o Filho Celeste de Deus.
Nós, que no Batismo já participamos – embora não plenamente – da Ressurreição de Jesus, estamos vivendo uma inicial existência celeste como o Filho Celeste de Deus.
Entendamos bem: isto não e uma simples afirmação devocional.
Tudo isto é verdade teológica, mesmo que difícil para nossa compreensão.
Deus não se incomoda se no momento atual não entendemos o que Ele, em todo seu amor por nós, já realiza em nossa existência terrena. Também as crianças pequenas não entendem tudo o que os pais sabem sobre ela e seu futuro. Diante disto, a nós importa abandonarmo-nos ao amor de Deus e deixar que Ele realize tudo o que em seus planos divinos determinou para nós. Esta é uma maneira de participar da alegria da Ressurreição de Jesus.
Pensemos bem nestas coisas. Que elas alimentem nossa vida espiritual na Oitava da Páscoa.
O Evangelho de hoje não descreve uma aparição de Jesus Ressuscitado.
Descreve o que aconteceu antes de todas as suas aparições.
Descreve a surpresa de Maria Madalena, que, de madrugada, tendo ido ao sepulcro de Jesus, ao ver que a pedra que o fechava estava fora do lugar. Ela não entrou no túmulo, mas correu para dar a notícia ao primeiro dos discípulos, Simão Pedro, e a João.
Quando os dois chegaram ao sepulcro vazio, João acreditou imediatamente que Jesus não estava ali porque tinha ressuscitado: ... ele viu e acreditou (Jo 20,8c).
Mas Simão Pedro não sabia o que pensar, porque eles não tinham compreendido a Escritura, segundo a qual Ele [Jesus] devia ressuscitar dos mortos (Jo 20,9).
Hoje perguntamos: como Simão Pedro não tinha ainda entendido o que as Escrituras diziam sobre a Ressurreição de Jesus? E perguntamos ainda mais: Jesus não tinha preanunciado sua Ressurreição aos discípulos mais de uma vez?
A resposta para nós é clara porque sabemos hoje o que a Ressurreição significa. Hoje herdamos a reflexão que a Igreja por séculos desenvolveu sobre o mistério da Ressurreição de Jesus. Portanto para nós é claro o que a Ressurreição significa. Mas para quem se confrontava pela primeira vez com a Ressurreição única como a de Jesus, diferente daquela de Lázaro, um problema imenso ficava por resolver.
Porém, mesmo sem entender claramente o que a Ressurreição significou, os discípulos terão prova dela nas aparições de Jesus Ressuscitado que virão em seguida.
A Liturgia deste Tempo Pascal reserva para nós a descrição das diferentes aparições de Jesus, para que, de cada uma delas, entendamos um aspecto do mistério da Ressurreição de Jesus e da nossa. Aguardemos, portanto, com espírito preparado, toda a Liturgia da Oitava da Páscoa. (Jo 20,8c)
Reascendamos em nós a fé no Cristo ressuscitado, tal como a teve João Evangelista: ... ELE VIU EACREDITOU.
Autor: Pe. Valdir Marques, SJ, Doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.
Naqueles dias: 34a Pedro disse:37 Vós mesmos já sabeis o que aconteceu em toda a Judeia, desde a Galileia, depois do batismo anunciado por João. 38 Sabeis como Deus ungiu com o Espírito Santo e com o poder dos milagres a Jesus de Nazaré, que andou por todo lugar, fazendo o bem e curando todos os que o Diabo tinha escravizado; é que Deus estava com ele. 39 Nós mesmos somos testemunhas de tudo quanto fez na terra dos judeus, principalmente em Jerusalém. Eles o mataram, pregando-o numa cruz. 40 Mas ao terceiro dia Deus o ressuscitou e fez com que se manifestasse, 41 não a todo o povo, mas somente a testemunhas já antes escolhidas por ele, isto é, a nós que com Jesus comemos e bebemos depois que ele ressuscitou dos mortos. 42 Foi ele que nos mandou pregar “ao povo e dar testemunho de que ele foi constituído por Deus como juiz dos vivos e dos mortos. 43 Todos os profetas dão este testemunho a seu respeito: quem acreditar nele receberá pelo seu nome o perdão de seus pecados”.
Salmo: Sl 117(118),1-2.16ab-17.22-23 (R/. 24)
R. Eis que o Senhor fez para nós um dia, nele nos alegremos e exultemos!
1 Dai graças ao Senhor porque ele é bom: “O seu amor se estende pelos séculos!”. 2 A casa de Israel agora o diga: “O seu amor se estende pelos séculos!”.
16 a destra do Senhor me levantou, a destra do Senhor fez maravilhas.” 17 Não, eu não vou morrer, mas viverei, para cantar as obras do Senhor.
22 “Pedra que os construtores rejeitaram, ei-la que se tornou pedra angular. 23 Tudo isso foi obra do Senhor e foi aos nossos olhos maravilhas.
Segunda Leitura: Cl 3,1-4
Irmãos: 1 Portanto, se ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. 2 Afeiçoai vos às coisas do alto e não às da terra. 3 Porque estais mortos para essas coisas e vossa vida está escondida com Cristo em Deus. 4 Quando Cristo, vossa vida, aparecer, então aparecereis também com ele, revestidos de glória.
Evangelho: Jo 20,1-9
1 No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi bem cedo ao sepulcro, quando ainda estava escuro, e viu que a pedra que o fechava tinha sido tirada. 2 Correu, então, à procura de Simão Pedro e do outro discípulo, aquele a quem o Senhor amava, e lhes falou: “Retiraram do sepulcro o Senhor e não sabemos onde o puseram!”. 3 Pedro saiu com o outro discípulo, e eles se dirigiram para o sepulcro. 4 Os dois corriam juntos. Mas o outro discípulo, correndo mais depressa que Pedro, chegou antes ao sepulcro. 5 Inclinando-se, observou os panos afrouxados; mas não entrou. 6 Simão Pedro chegou depois dele, entrou no sepulcro e viu os panos de linho afrouxados. 7 Mas o sudário que tinha sido ajustado à cabeça de Jesus não estava afrouxado com os panos, mas enrolado exatamente no seu lugar. 8 O outro discípulo que havia chegado primeiro também entrou, viu e acreditou. 9 Pois, de fato, ainda não tinham compreendido que, segundo a Escritura, ele devia ressuscitar dos mortos.
Leituras Facultativas:
2ª Leitura: 1Cor 5,6b-8
Irmãos, 6b Não sabeis que um pouco de fermento faz fermentar toda a massa? 7 Purificai-vos do fermento velho para serdes uma nova massa, como pães ázimos que sois, porque Cristo, nossa Páscoa, foi imolado. 8 Vamos, portanto, celebrar a festa, não com fermento velho, nem com fermento de maldade e perversidade, mas com os ázimos da pureza e da verdade.
Lc 24,13-35
No primeiro dia da semana 13 dois deles viajavam para um povoado chamado Emaús a sessenta estádios de Jerusalém: 14 falavam sobre o que tinha acontecido. 15 Enquanto conversavam e discutiam, Jesus em pessoa aproximou-se deles, começando a acompanhá-los; 16 mas os olhos deles estavam como que vendados, de sorte que não conseguiam reconhecê-lo. 17 Então lhes perguntou: “Que assunto estais discutindo enquanto caminhais?”. Eles pararam tristes. 18 Um deles, chamado Cleófas, respondeu: “Por acaso és o único visitante em Jerusalém a ignorar o que se passou nesses dias?”. 19 Ele perguntou: “Que foi?”. E eles continuaram: “O que aconteceu com Jesus de Nazaré, que era um profeta poderoso em obras e palavras, diante de Deus e de todo povo. 20 Como os sacerdotes-chefes e os nossos dirigentes o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. 21 Esperávamos que fosse ele quem libertaria Israel; mas, além disto, este é o terceiro dia desde que isso tudo aconteceu! 22 É verdade que algumas mulheres, das que estavam conosco, nos espantaram. 23 Elas foram de madrugada ao sepulcro e não acharam o corpo. Voltaram dizendo que tinham aparecido anjos, assegurando que está vivo! 24 Muitos de nossos amigos foram ao sepulcro e acharam as coisas como as mulheres disseram; mas não o viram”. 25 Ele então lhes disse: “Ó homens sem inteligência, como é lento o vosso coração para crer no que os profetas anunciaram! 26 Não era preciso que Cristo sofresse essas coisas para entrar na glória?”. 27 E partindo de Moisés, começou a percorrer todos os profetas, explicando em todas as Escrituras, o que dizia respeito a ele mesmo. 28 Quando se aproximaram do povoado aonde se dirigiam, Jesus fez como quem ia para mais longe. 29 Mas eles o forçaram a parar, dizendo: “Fica conosco, porque se faz tarde e o dia vai declinando”. Então, entrou no povoado para ficar com eles. 30 À mesa, ele tomou o pão e, recitando a fórmula da bênção, o partiu e distribuiu entre eles. 31 Então é que os seus olhos se abriram e eles o reconheceram… mas ele desapareceu da sua vista. 32 Disseram um ao outro: “Não é verdade que o nosso coração ardia, quando nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?”. 33 Voltaram, naquela mesma hora, para Jerusalém. Acharam ali reunidos os Onze e seus companheiros, 34 que lhes asseguraram: “É verdade! O Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!”. 35 Eles também contaram o que lhes tinha acontecido pelo caminho e como o reconheceram no partir o pão.
Leituras: Diretório da Liturgia e da Organização da Igreja no Brasil 2018 - Ano B - São Marcos, Brasília, Edições CNBB, 2017.
Citações bíblicas: Bíblia Mensagem de Deus, São Paulo, Edições Loyola e Editora Santuário, 2016.
Boa Nova para cada dia
... ELE VIU E ACREDITOU (Jo 20,8c)
Quando os Evangelhos apresentam as narrativas das aparições de Jesus ressuscitado querem nos levar à fé profunda em Sua Ressurreição.
O motivo disto é muito claro: esta é a afirmação maior de nossa fé. Se não crermos que Jesus ressuscitou, nossa fé não tem fundamento.
É assim que o Evangelho de hoje afirma que João Evangelista viu o túmulo vazio e acreditou na Ressurreição de Jesus, mesmo sem tê-Lo visto ressuscitado. Foi uma profunda fé em Jesus ressuscitado, experiência que naquele mesmo momento Pedro não teve.
Esta fé de João Evangelista na Ressurreição de Jesus é a que devemos ter sempre.
A Primeira Leitura deste Domingo de Páscoa é o texto de At 10,34.37-43.
Iniciemos nossa meditação com At 10,39b-40a:
“Eles O mataram, pregando-O num Cruz.
Mas Deus O ressuscitou no terceiro dia ...” (At 10,39b-40a),
Esta Liturgia da Palavra abre-se com esta declaração totalmente nova para os judeus e pagãos que a ouviam:“Deus O ressuscitou no terceiro dia ...”.
Se para nós esta frase é por demais conhecida a ponto de não provocar surpresa alguma, para os ouvintes de São Pedro naquele discurso era estonteante: Deus realizara, naqueles dias, uma coisa que na história humana jamais tinha acontecido: a Ressurreição de um homem com Vida Divina.
Mais estonteante ainda era a afirmação de que este Ressuscitado não era um homem qualquer: sua Ressurreição provou que Ele era o Filho de Deus Encarnado:
Ele vivera no mundo dos homens anunciando o Reino de Deus a começar pela Galileia depois do Batismo pregado por João (At 10,37);
era Jesus de Nazaré, que Deus ungiu com o Espírito Santo e com poder (At 10,38);
- Ele andou por toda parte fazendo o bem e curando a todos os que estavam dominados pelo demônio (At 10,38b).
Como Filho de Deus não podia ficar sob o domínio da morte e da corrupção de Seu Corpo (At 10,40).
Como Filho de Deus não podia ficar esquecido depois de ressuscitado: testemunhas escolhidas por Deus O viram vivo, com Ele comeram e beberam, comprovando a verdade de Sua Ressurreição (At 10,41).
Como Filho de Deus Ressuscitado recebeu do Pai o poder de julgar os vivos e os mortos (At 10,42).
Como Filho de Deus Ressuscitado fora preanunciado por todos os Profetas de Israel (At 10,43a).
Como Filho de Deus Ressuscitado tem o poder de perdoar os pecados de todos os que Nele crerem (At 10,43b).
Todas estas afirmações de São Pedro são de uma grandeza incalculável sobre o significado da Ressurreição de Jesus.
Elas devem ser guardadas em nossa memóriapara que aos poucos as compreendamos melhor com nossa meditação movida pelo amor a Jesus Cristo. Isto porque desta maneira mostramos que Nele cremos, e assim temos o perdão de nossos pecados e merecemos a Vida Eterna que agora Ele tem.
Quando rezamos o Credo afirmamos acreditar na Ressurreição de Jesus.
Mas no Novo Testamento não encontramos um pequeno Credo exclusivo sobre a Ressurreição de Jesus a não ser esta passagem de At 10,34.37-43.
Portanto levemos, para toda esta semana que começa, estas afirmações de São Pedro. Vamos saboreá-las lentamente, fazendo delas o centro de nossa oração em União com Deus.
O Salmo Responsorial canta o dia da Ressurreição de Jesus como um Dia especial na história da humanidade:
“Este é o Dia que o Senhor fez para nós: alegremo-nos e nele exultemos” [Sl 117(118), refrão].
Jesus cantou este salmo ao longo de sua vida. Sabendo que um dia morreria mas que ressuscitaria, alimentava-se com este versículo 17:
Não morrerei, mas ao contrário, viverei,
Para cantar as grandes obras do Senhor!
Jesus canta a alegria de Sua Ressurreição: não somente Ele como Filho do Homem ressuscitado e manifestado como Filho de Deus; Ele canta em nós, que somos membros de Seu Corpo. Todos nós podemos repetir, como Jesus, este versículo 17, porque o poder de Deus realizará em nós a Ressurreição que realizou em Seu Filho. Façamos, portanto, nossa oração com este versículo, memorizando-o neste dia da Ressurreição do Senhor, para cantá-lo nesta Oitava da Páscoa inteira:
Não morrerei, mas ao contrário, viverei,
Para cantar as grandes obras do Senhor!
A Segunda Leitura nos dá uma profunda teologia sobre o Cristo Ressuscitado e sobre nosso destino na Vida Eterna, teologia elaborada por São Paulo em Cl 3,1-4.
Ouçamos São Paulo:
Se ressuscitastes com Cristo,
esforçai-vos por alcançar as coisas do alto,
onde está Cristo sentado à direita de Deus;
aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres. (Cl 3,1-2).
O que São Paulo quer nos dizer com estas palavras?
Ele tem a plena convicção de que já, nesta vida terrena, participamos, mesmo que parcialmente, da Ressurreição de Jesus Cristo. Por qual motivo São Paulo diz uma coisa tão arrojada teologicamente? É porque ele sabia que o nosso Batismo nos incorporou a Cristo, e Cristo entendido como Cabeça de um Corpo do qual todos somos membros. Por isso o que Deus realizou em seu Filho enquanto divino, realiza em nós enquanto humanos. Deus nos dará a Vida Eterna que deu a Jesus ao ressuscitá-Lo. Do mesmo modo Deus nos dará a Vida Eterna e Celeste que deu a Jesus ao ressuscitá-Lo.
Esta afirmação é de tal modo importante, que se não a entendermos pouco adiantará dizermos no Credo que cremos na ressurreição dos mortos. Diremos, mas não entenderemos. É necessário, portanto, saber qual é o nosso destino determinado por Deus uma vez que Ele ressuscitou Jesus. Em outras palavras: a Ressurreição de Jesus não diz respeito somente a Ele, mas envolve toda a humanidade criada por Deus e por Ele amada. Lembremos o anúncio dos anjos aos pastores: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados”(Lc 2,14). Desde a Encarnação de Jesus Deus quis que a humanidade se sentisse amada por Ele, mesmo que a amasse desde o dia da sua Criação no paraíso.
Jesus Ressuscitado está no céu à direita do Pai. Ele é o Filho Celeste de Deus.
Nós, que no Batismo já participamos – embora não plenamente – da Ressurreição de Jesus, estamos vivendo uma inicial existência celeste como o Filho Celeste de Deus.
Entendamos bem: isto não e uma simples afirmação devocional.
Tudo isto é verdade teológica, mesmo que difícil para nossa compreensão.
Deus não se incomoda se no momento atual não entendemos o que Ele, em todo seu amor por nós, já realiza em nossa existência terrena. Também as crianças pequenas não entendem tudo o que os pais sabem sobre ela e seu futuro. Diante disto, a nós importa abandonarmo-nos ao amor de Deus e deixar que Ele realize tudo o que em seus planos divinos determinou para nós. Esta é uma maneira de participar da alegria da Ressurreição de Jesus.
Pensemos bem nestas coisas. Que elas alimentem nossa vida espiritual na Oitava da Páscoa.
O Evangelho de hoje não descreve uma aparição de Jesus Ressuscitado.
Descreve o que aconteceu antes de todas as suas aparições.
Descreve a surpresa de Maria Madalena, que, de madrugada, tendo ido ao sepulcro de Jesus, ao ver que a pedra que o fechava estava fora do lugar. Ela não entrou no túmulo, mas correu para dar a notícia ao primeiro dos discípulos, Simão Pedro, e a João.
Quando os dois chegaram ao sepulcro vazio, João acreditou imediatamente que Jesus não estava ali porque tinha ressuscitado: ... ele viu e acreditou (Jo 20,8c).
Mas Simão Pedro não sabia o que pensar, porque eles não tinham compreendido a Escritura, segundo a qual Ele [Jesus] devia ressuscitar dos mortos (Jo 20,9).
Hoje perguntamos: como Simão Pedro não tinha ainda entendido o que as Escrituras diziam sobre a Ressurreição de Jesus? E perguntamos ainda mais: Jesus não tinha preanunciado sua Ressurreição aos discípulos mais de uma vez?
A resposta para nós é clara porque sabemos hoje o que a Ressurreição significa. Hoje herdamos a reflexão que a Igreja por séculos desenvolveu sobre o mistério da Ressurreição de Jesus. Portanto para nós é claro o que a Ressurreição significa. Mas para quem se confrontava pela primeira vez com a Ressurreição única como a de Jesus, diferente daquela de Lázaro, um problema imenso ficava por resolver.
Porém, mesmo sem entender claramente o que a Ressurreição significou, os discípulos terão prova dela nas aparições de Jesus Ressuscitado que virão em seguida.
A Liturgia deste Tempo Pascal reserva para nós a descrição das diferentes aparições de Jesus, para que, de cada uma delas, entendamos um aspecto do mistério da Ressurreição de Jesus e da nossa. Aguardemos, portanto, com espírito preparado, toda a Liturgia da Oitava da Páscoa. (Jo 20,8c)
Reascendamos em nós a fé no Cristo ressuscitado, tal como a teve João Evangelista: ... ELE VIU EACREDITOU.
Autor: Pe. Valdir Marques, SJ, Doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.
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