quarta-feira, 18 de abril de 2018

Liturgia do dia 31/03/2018


Liturgia do dia 31/03/2018


Leituras
1. Gn 1,1-2,2
Sl 103(104),1-2a.5-6.10.12.13-14.24.35c (R/ cf. 30) ou
Sl 32(33),4-5.6-7.12-13.20.22 (R/. 5b)
2. Gn 22,1-18 ou mais breve: 22,1-2.9a.10-13.15-18
Sl 15(16),5 e 8. 9-10.11 (R/ 1)
3. Ex 14,15-15,1
Cânt.: Ex 15,1-2.3-4.5-6.17-18 (R/. 1a)
4. Is 54,5-14
Sl 29(30),2.4. 5-6.11.12a.13b (R/ 2a)
5. Is 55,1-11
Cânt.: Is 12,2-3.4bcd.5-6 (R/ 3)
6. Br 3,9-15.32-4,4
Sl 18(19),8.9.10.11 (R/ Jo 6, 68c)
7. Ez 36,16-17a.18-28
Sl 41(42),3.5bcd; Sl 42(43),3.4 (R/ Sl 41[42],2)
ou quando há batismos: Is 12,2-3.4bcd.5-6 (R/ 3) ou Sl 50(51),12-13.14-15.18-19 (R/ 12a)
Epístola: Rm 6,3-11
Sl 117(118),1-2.16ab-17.22-23 (R/ Aleluia, aleluia, aleluia)
Evangelho: Mc 16,1-7

SÁBADO SANTO

Sábado

Boa Nova para cada dia
As sete Leituras que compreendem a Vigília Pascal em sua primeira parte, não podem ser comentadas aqui devido a sua extensão.
Primeira Leitura desta Eucaristia traz a teologia de São Paulo sobre a Morte e Ressurreição de Jesus.
Mas notemos, desde o início desta Leitura, que a São Paulo interessa imediatamente nosso relacionamento com Jesus Cristo em sua Morte e Ressurreição. Isto porque não faz sentido ser batizado e não se entender como parte do Corpo de Cristo: deste Corpo nós somos membros e Jesus é a Cabeça. Não é possível separar uma parte da outra.
Portanto a Morte e Ressurreição não se referem somente a Jesus, mas também a nós.
Como entender isto, se continuamos vivos e ainda não ressuscitados?
Para São Paulo isto não é problema. Para São Paulo nossa incorporação ao Corpo de Cristo é resultado direto de nosso Batismo. Como assim?
Se o Batismo nos livra dos pecados e das penas merecidas por eles, diante de Deus estamos purificados e santificados como Jesus Cristo, o Filho de Deus, era puro e santo. Ele era o ‘Santo de Deus’, como disse o demônio expulso do homem possesso de Cafarnaum (Mc 1,24); ora, o demônio sabe quais são os pecados dos homens e quem está livre deles.
São Paulo entende que nosso relacionamento purificado com Jesus Cristo se manifesta num modo novo de viver. Este ‘modo novo de viver’, concretamente no tempo de São Paulo e nesta sua carta aos romanos, significava uma vida longe dos pecados, vícios e idolatrias do paganismo. Significava viver uma vida segundo o Espírito Santo, em estado de Graça, na intimidade com Deus.
Se nós hoje, comparados aos romanos do tempo de São Paulo, não estamos na idolatria, não podemos dizer que vivemos sem pecados depois de nosso Batismo. Ora, pecar depois do Batismo jamais devia acontecer. Porém como acontece, temos a reconciliação com Deus no sacramento da penitência. Nosso Batismo permanece sempre válido mesmo que nossos pecados sejam graves. Deus jamais nos repele,mesmo tendo pecado, porque para Ele somos seus filhos para sempre. Assim como Jesus Cristo não morre mais e vive sempre ressuscitado, nós vivemos sempre como filhos de Deus.
E, como Jesus que é o Filho de Deus, nosso destino é estar onde Ele está agora, isto é, à direita de Deus Pai. A propósito disto, meditemos sobre estas palavras desta carta aos romanos:
... Aquele que morreu, morreu para o pecado uma vez por todas;
aquele que vive [participando da Ressurreição de Jesus já nesta vida], é para Deus que vive.
Assim, vós também, considerai-vos mortos para o pecado e vivos para Deus, em Jesus Cristo (Rm 6,1-11).
Nunca mais nos esqueçamos:
Morremos para o pecado
e vivemos para Deus, em Jesus Cristo.
É isto que a Liturgia da Palavra nos quer inculcar nesta Vigília Pascal.
Do Salmo Responsorial um versículo está mais diretamente relacionado com a Primeira Leitura:
Não morrerei, mas, ao contrário, viverei 
para cantar as grandes obras do Senhor! [Sl 117(118),17].
Qual é o sentido da existência cristã? Qual é o sentido desta ‘vida nova’ da qual São Paulo nos falou na Primeira Leitura?
O sentido da vida cristã, dos batizados, dos reconciliados com Deus, é a felicidade da vida em União com Deus. É pregustar na terra a alegria que teremos no céu, ao lado de Jesus, na Vida Eterna. Nada mais neste mundo pode ser nossa alegria. Tudo passa neste mundo, que um dia também desaparecerá. Somente nos restará a Vida Eterna. Vivamos em função dela, sem nos distanciarmos de Deus momento algum. Faremos nossa a intenção do salmista: Não morrerei, mas, ao contrário, viverei para cantar as grandes obras do Senhor! [Sl 117(118),17].
Evangelho de hoje precisa ser ouvido com o sabor de novidade que teve o anúncio do anjo às mulheres que foram ao sepulcro de Jesus:
“Vós procurais Jesus de Nazaré, que foi crucificado?Ele ressuscitou. 
Não está aqui”. (Mc 16,6cde).
Num primeiro momento a alegria aflora no coração de Maria Madalena, de Maria mãe de Tiago e de Salomé (Mc 16,1). Foi quando o anjo lhes disse: “Ele ressuscitou”. A Ressurreição de Jesus foi uma maravilha não imediatamente esperada por elas, pois nem os discípulos entendiam o que Jesus queria dizer com Sua Ressurreição (Mc 9,10).
Mas o que as preocupou logo de início foi o que o anjo lhes disse: “Não está aqui”.
Onde estaria Jesus depois de ter ressuscitado?
Não era possível saber. Em seu corpo ressuscitado, Jesus se manifesta de maneira muito diferente daquela enquanto vivia somente neste mundo. Ele aparecerá a seus discípulos depois, em seu Corpo glorificado, na Galileia, conforme tinha prometido antes de morrer (Mc 16,7).
As mulheres foram dizer aos discípulos o que o anjo lhes revelara. Sem terem visto Jesus, elas acreditaram em Sua Ressurreição. Mas os discípulos somente crerão na Ressurreição de Jesus depois de vê-Lo ressuscitado. Nisto não agiram bem, pois Jesus esperava que o testemunho das três mulheres sobre Sua Ressurreição fosse suficiente. Ele os censurará mais tarde, como O ouvimos repreendendo os discípulos de Emaús (Lc 24,25-27).
Nós não vemos Jesus ressuscitado em sua vida divina como a de Deus invisível.
Não significa que não cremos em Sua Ressurreição.
Cremos, na fé, mais que São Tomé. Jesus Cristo não nos precisa aparecer. Sua presença espiritual está em toda a Sua Igreja, e o Espírito Santo nos faz crer em Jesus pelo dom da Fé que no Batismo recebemos. Com a virtude da Esperança, também recebida no Batismo, aguardamos nossa ida ao encontro de Jesus quando Ele nos ressuscitar.
Meditemos, portanto, nesta Vigília Pascal, na Ressurreição de Jesus e na nossa.
O tempo passa, nossa vida se extingue na terra.
No céu Jesus nos aguarda, 
para ocuparmos as moradas que para nós o Pai preparou (Jo 14,2).

Autor: Pe. Valdir Marques, SJ, Doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.

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