quarta-feira, 18 de abril de 2018

Liturgia do dia 30/03/2018


Liturgia do dia 30/03/2018


Leituras
Is 52,13-53,12
Sl 30(31),2.6.12-13.15-16.17.25 (Lc 23, 46)
Hb 4,14-16; 5,7-9
Jo 18,1-19,42

PAIXÃO DO SENHOR

Sexta-Feira

Primeira Leitura: Is 52,13-53,12

13 Eis que meu servo prosperará, crescerá, se elevará e será muito exaltado! 14 Como pasmaram muitos à sua vista pelo seu aspecto tão desfigurado— não tinha mais aparência humana —, 15 também pasmarão muitas nações! Diante dele os reis se calarão, pois o que não lhes tinha sido contado eles verão, o que eles não tinham ouvido compreenderão. 53,1 Quem crerá no que ouvimos? A quem foi revelado o braço de Javé? 2 Ele cresceu ante nós como rebento, como raiz em terra ressequida. Não tem beleza nem formosura — nós o contemplamos —, sem agradável aparência. 3 Desprezado e repudiado pelos homens, homem de dores, experimentado na doença como alguém diante do qual se esconde seu rosto, desprezado e desconsiderado. 4 Contudo, ele suportava nossas doenças e carregava nossas dores. Nós o reputamos como marcado, como ferido por Deus e humilhado. 5 Mas ele era traspassado pelos nossos pecados, ferido por causa dos nossos crimes. O castigo caiu sobre ele para nossa salvação, nós fomos curados pelas suas chagas. 6 Andávamos desgarrados como ovelhas, cada um seguindo seu caminho: Javé fez recair sobre ele a iniquidade de nós todos. 7 Maltratado, ele se submeteu e não abriu a boca. Como um cordeiro levado ao matadouro, como uma ovelha calada ante o tosquiador, ele não abriu sua boca. 8 Foi arrebatado por sentença violenta: dentre seus contemporâneos, quem se importou que tivesse sido eliminado da terra dos viventes e ferido de morte por nossos pecados? 9 Deram-lhe sepultura entre os ímpios e seu túmulo entre os ricos, embora não tivesse cometido violência alguma, nem houvesse falsidade na sua boca. 10 Javé quis consumi-lo com sofrimentos. Se ele oferece a vida em expiação, verá uma descendência, prolongará seus dias, e a vontade de Javé se cumprirá por ele. 11 Por tudo que sofreu, verá a luz e ficará saciado por seu conhecimento. Por suas dores, meu servo justo justificará muitos, tomando sobre si as iniquidades deles. 12 Por isso lhe atribuirei parte entre os grandes, com os poderosos participará dos despojos, porque entregou sua vida à morte, e com os culpados foi contado quando ele mesmo tomou sobre si os pecados de muitos e intercedeu pelos pecadores.
Salmo: Sl 30(31),2.6.12-13.15-16.17.25 (Lc 23, 46)
R. Ó Pai, em tuas mãos eu entrego o meu espírito.
2 Recorro a ti, Senhor, não me confundas: vem, na tua justiça, libertar-me!

6 Nas tuas mãos deponho o meu espírito, porque és um Deus fiel e me redimes.

12 Sou agora motejo do inimigo, sentem nojo de mim os meus vizinhos. Sou para os meus amigos um escândalo, fogem de mim aqueles que me encontram. 13 Os corações me esquecem: sou um morto; como um vaso partido me tornei.

15 Confio em ti, Senhor, apesar disso, e declaro: Senhor, és o meu Deus! 16 Em tuas mãos se encontra o meu destino; liberta-me das mãos que me perseguem!

17 Brilhe sobre o teu servo a tua face, possa a tua bondade me salvar!

25 Ao alto os corações, tende coragem, ó todos que ao Senhor vos confiastes!
Segunda Leitura: Hb 4,14-16; 5,7-9

Irmãos: 14 Tendo, pois, um grande sumo sacerdote, que atravessou os céus, Jesus, o Filho de Deus, conservemos firmemente a profissão de fé que proclamamos. 15 Não temos um sumo sacerdote incapaz de se compadecer de nossas fraquezas. Pelo contrário, ele foi tentado em tudo como nós o somos, mas não cometeu pecado. 16 Aproximemo-nos, pois, com confiança do trono de Deus, onde está a graça, para alcançar a misericórdia e encontrar a graça para a ajuda no momento oportuno.5,7 Ele é que, nos dias da sua vida na terra, dirigiu petições e súplicas, com veementes clamores e lágrimas, a Deus que o podia libertar da morte. E foi ouvido por causa da sua piedade. 8 Embora fosse Filho, aprendeu a obediência por meio dos sofrimentos que padeceu. 9 E, tendo-se tornado perfeito, fez-se causa de salvação eterna para todos quantos lhe obedecem.
Evangelho: Jo 18,1-19,42

1 Depois de ter falado assim, Jesus foi com seus discípulos para o outro lado da torrente de Cedron. Havia ali um jardim onde Jesus entrou com seus discípulos. 2 Judas, o traidor, conhecia bem o lugar, porque Jesus e seus discípulos se reuniam lá muitas vezes. 3 Judas, conseguindo um destacamento de soldados, e guardas dos sacerdotes e fariseus, lá chegou à luz de lanternas e tochas, e com armas. 4 Jesus, sabendo tudo que lhe ia acontecer, adiantou-se e perguntou: “A quem procurais?”. 5 Responderam: “A Jesus de Nazaré”. Ele disse: “Sou eu”. Judas, o traidor, estava com eles. 6 Mas quando Jesus lhes disse: “Sou eu”, recuaram e caíram por terra. 7 Ele lhes perguntou de novo: “A quem procurais?” Disseram: “A Jesus de Nazaré”. 8 Jesus respondeu: “Já vos disse que sou eu. E se é a mim que procurais, deixai que os outros se retirem”. 9 Assim é que se cumpriu a palavra que ele tinha dito: “De todos aqueles que me deste, nenhum se perdeu”. 10 Simão Pedro, que tinha uma espada, puxou dela e feriu um servo do Sumo Sacerdote cortando a sua orelha direita. O nome do servo era Malco. 11 Jesus disse a Pedro: “Embainha a tua espada. Por acaso deixarei de beber o cálice que o Pai me deu?”. 12 Então o destacamento, seu comandante e os guardas dos judeus prenderam Jesus e amarraram-no. Jesus é levado diante de Anás e Caifás. 13 Primeiro levaram-no à presença de Anás, pois era sogro de Caifás, o Sumo Sacerdote daquele ano. 14 Caifás é que tinha aconselhado aos judeus: “É preferível que morra um só homem por todo o povo”. 15 Entretanto, Simão Pedro e outro discípulo acompanhavam a Jesus. Este outro discípulo era conhecido do Sumo Sacerdote e entrou com Jesus no pátio dele. 16 Pedro tinha ficado de fora, perto da porta. Saiu, então, o outro discípulo que era conhecido do Sumo Sacerdote, falou com a porteira e fez com que Pedro também entrasse. 17 A empregada, que era porteira, perguntou a Pedro: “Não és tu também um dos discípulos deste homem?”. 18 Ele respondeu: “Não sou!”. Os empregados e os guardas tinham feito uma fogueira por causa do frio e estavam se aquecendo. Pedro, de pé junto a eles, também estava se aquecendo. 19 O Sumo Sacerdote interrogou Jesus acerca dos seus discípulos e da sua doutrina. 20 Jesus respondeu: “Eu falei abertamente ao mundo; ensinei sempre na sinagoga e no Templo, onde se reúnem os judeus. Nada falei às escondidas. 21 Por que me interrogas? Pergunta aos que me ouviram o que lhes ensinei; eles bem sabem o que eu disse”. 22 A estas palavras, um dos guardas que estavam por ali deu uma bofetada em Jesus dizendo: “É assim que respondes ao Sumo Sacerdote?”. Jesus respondeu: 23 “Se falei erradamente, mostra a todos o que foi, se, pelo contrário, acertadamente, por que estás batendo em mim?”. 24 Então, Anás enviou Jesus ainda amarrado a Caifás, o Sumo sacerdote. 25 Simão Pedro continuava lá, de pé, a se aquecer. Disseram lhe: “Acaso não és tu também um dos seus discípulos?”. “Não, não sou”, respondeu ele. 26 Um dos empregados do Sumo Sacerdote, parente daquele de quem Pedro tinha cortado a orelha, disse: “Como? Eu não te vi com eles no jardim?”. 27 Pedro negou de novo. Naquele momento um galo cantou. 28 Levaram Jesus da presença de Caifás à residência do Governador. Era de madrugada e eles não entraram na residência para não se contaminarem e poderem comer o cordeiro pascal. 29 Então, Pilatos saiu para falar com eles e lhes disse: “Que acusação apresentais contra este homem?”. 30 Responderam: “Se não fosse um malfeitor, não o entregaríamos a ti”. 31 Pilatos disse: “Tomai-o vós mesmos e julgai-o conforme vossa Lei”. Os judeus responderam: “Não temos direito de matar ninguém”. 32 E isto porque era preciso que se cumprisse a palavra de Jesus, pela qual tinha dado a entender de que morte devia morrer. 33 Pilatos entrou novamente na sua residência, mandou chamar Jesus e lhe disse: “És tu o rei dos judeus?”. 34 Jesus perguntou por sua vez: “Dizes isto por conta própria ou outros te disseram isso de mim?”. 35 Pilatos respondeu: “Por acaso sou eu judeu? Teu povo e os sacerdotes-chefes te puseram nas minhas mãos. Que fizeste?”. 36 Jesus respondeu: “Meu reino não é deste mundo. Se meu reino fosse deste mundo, meus guardas teriam combatido para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas meu reino não é daqui”. 37 Pilatos perguntou: “Então tu és rei?”. Jesus respondeu: “Tu o dizes, eu sou rei! Para isto nasci. Para isto vim ao mundo: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta minha voz”. 38 Pilatos por fim lhe perguntou: “Mas, que é a verdade?”. Dito isto, saiu de novo ao encontro dos judeus e comunicou lhes: “Não acho nenhuma culpa nele. 39 Mas tendes o costume de que eu solte um preso na Páscoa. Não desejais, então, que solte o rei dos judeus? 40 Todos começaram a gritar, com fúria: “Não ele, mas Barrabás!”. Barrabás, no entanto, era um bandido. 19,1 Então Pilatos mandou prender e flagelar Jesus. 2 Em seguida, os soldados entrelaçaram com ramos de espinhos uma coroa, que puseram sobre a sua cabeça e o cobriram com um manto de púrpura. 3 E se achegavam a ele e diziam: “Salve, rei dos Judeus!”, e davam-lhe bofetadas. 4 Pilatos saiu de novo para fora e lhes disse: “Vede! Eu o trago aqui fora, diante de vós, para que saibais que não acho nele nenhum motivo de condenação”. 5 Fez, então, com que Jesus saísse, trazendo a coroa de espinhos e o manto cor de púrpura, e lhes disse: “Eis o homem!”. 6 Quando o viram, os sacerdotes-chefes e os seus guardas gritaram: “Crucifica-o! Crucifica-o!”. Pilatos disse: “Tomai-o vós e crucificai-o, porque eu mesmo não encontro nele motivo algum de condenação”. 7 Os judeus protestaram: “Nós temos uma Lei e, segundo esta Lei, ele deve morrer, porque se diz Filho de Deus”. 8 Quando Pilatos ouviu isto, ficou mais assustado ainda. 9 Voltando a entrar na sua residência, perguntou de novo a Jesus: “De onde és tu?”. Mas Jesus não lhe deu resposta. 10 Pilatos então lhe falou: “Não me respondes? Não sabes que tenho poder para te pôr em liberdade ou crucificar-te?”. 11 Jesus respondeu: “Não terias nenhum poder sobre mim se não tivesse sido dado por Deus, por isso quem me entregou a ti tem pecado maior”. 12 A partir desse momento, Pilatos procurava soltá-lo. Mas os judeus gritavam: “Se o soltares, não serás mais amigo de César: todo aquele que se faz rei se opõe a César!”. 13 Ouvindo isto, Pilatos levou Jesus para fora e sentou-se no tribunal instalado no lugar, chamado Litóstrotos, em hebraico Gabbatá. 14 Era o dia da Preparação da Páscoa, por volta do meio-dia. Pilatos disse aos judeus: “Aqui está o vosso rei!”. Eles começaram a gritar: “À morte! À morte! Crucifica-o!”. Pilatos insistiu: “Como? Crucificar vosso rei?”. 15 Os sacerdotes-chefes responderam: “Não temos outro rei senão César!”. 16a Então, Pilatos o entregou para ser crucificado. 16a E eles se apoderaram de Jesus. 17 Ele, carregando a cruz, saiu da cidade, rumo ao lugar chamado Crânio (em hebraico Golgothá). 18 Ali o crucificaram juntamente com dois outros: um de cada lado e Jesus no meio. 19 Pilatos escreveu também um letreiro e mandou colocá-lo no alto da cruz. Nele estava escrito: “Jesus de Nazaré, o rei dos judeus”. 20 Muitos dos judeus tomaram conhecimento deste letreiro, porque o lugar onde crucificaram Jesus ficava perto da cidade; e além disso, o letreiro estava escrito em hebraico, grego e latim. 21 Os sacerdotes-chefes dos judeus pediram inutilmente a Pilatos: “Não escrevas: ‘O rei dos judeus’, mas sim ‘este homem disse: eu sou o rei dos judeus’”. 22 Pilatos respondeu: “O que escrevi, está escrito”. 23 Depois de terem crucificado Jesus, os soldados pegaram suas roupas e as dividiram em quatro partes: uma para cada soldado. Quando chegou a vez da túnica, uma túnica sem costuras, de uma só peça tecida de cima abaixo, 24 eles decidiram entre si: “Não a rasguemos; tiremos a sorte para ver a quem caberá”. Cumpria-se assim a profecia: Repartiram entre si minha roupa, e sortearam minha túnica. Assim fizeram os soldados. A mãe de Jesus e o discípulo amado. 25 Perto da cruz de Jesus, estavam sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas e Maria Madalena. 26 E Jesus, vendo sua mãe e perto dela o discípulo a quem amava, disse à sua mãe: “Mulher, eis aí teu filho!”. 27 Em seguida, disse ao discípulo: “Eis aí tua mãe!”. E desde aquela hora o discípulo a recebeu aos seus cuidados. 28 Depois, sabendo que estava tudo consumado, Jesus, cumprindo a Escritura, disse: Tenho sede. 29 Havia por ali um vaso cheio de vinagre. Prendendo uma esponja embebida em vinagre na haste de um hissopo, a levaram à boca de Jesus. 30 Depois de ter tomado o vinagre, Jesus exclamou: “Tudo está consumado!”. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito. Sangue e água jorram do lado de Jesus. 31 Entretanto, como era o dia da Preparação, os judeus, com medo de que os corpos ficassem nas cruzes durante o sábado — este dia de sábado devia ser muito importante —, pediram a Pilatos licença para lhes quebrar as pernas e retirar os corpos de lá. 32 Os soldados então, foram, quebraram as pernas do primeiro e, depois, do outro que tinha sido crucificado com ele. 33 Quando chegaram, porém, a Jesus, viram que já estava morto e não lhe quebraram as pernas; 34 mas um soldado lhe abriu o lado com a lança e, no mesmo instante, saiu sangue e água. 35 Aquele que viu dá testemunho e seu testemunho é verdadeiro. E ele sabe que diz a verdade, para que vós também acrediteis. 36 Porque tudo isto aconteceu para que se cumprisse a Escritura: Nenhum osso lhe será quebrado. E a Escritura diz também: 37 Contemplarão aquele que trespassaram.38 Depois disto, José de Arimateia, que era discípulo de Jesus, mas em segredo, por medo dos judeus, pediu autorização a Pilatos para retirar o corpo de Jesus. Pilatos concedeu. Então foi e retirou o corpo dele. 39 Foi também Nicodemos, aquele que em certa ocasião tinha ido encontrar-se com ele à noite. Levava uma grande quantidade de mirra com aloés. 40 Tomaram o corpo de Jesus e o envolveram com panos perfumados, como é costume enterrar entre os judeus. 41 No lugar onde tinha sido crucificado, havia um jardim e, no jardim, uma sepultura nova, na qual ninguém ainda tinha sido depositado. 42 Como a sepultura estivesse próxima, depositaram ali Jesus por causa da Preparação dos judeus.
Leituras: Diretório da Liturgia e da Organização da Igreja no Brasil 2018 - Ano B - São Marcos, Brasília, Edições CNBB, 2017.
Citações bíblicas: Bíblia Mensagem de Deus, São Paulo, Edições Loyola e Editora Santuário, 2016.
Boa Nova para cada dia
Ele foi ferido por causa de nossos pecados,
esmagado por causa de nossos crimes;
a punição a Ele imposta era o preço de nossa paz,
e suas feridas, o preço de nossa cura.
 (Isaías 42,5).
Assim o profeta Isaías explica a paixão do ‘Servo de Javé’, séculos antes que se realizasse em Jesus Cristo. Desde a Morte e Ressurreição de Jesus a Igreja viu nesta passagem de Isaías a profecia da Paixão e Morte de Jesus. Por isso hoje esta profecia é lida na Primeira Leitura.
Sabemos que o nome de Jesus significa ‘Salvador’.Ele mesmo não precisava ser salvo. Mas em sua pessoa o grande amor de Deus pela humanidade se revelou: Sua Morte foi por causa de nossos pecados, pelos crimes de toda a humanidade.
Mais do que tudo o que consideramos sobre o sofrimento de Jesus para nos conseguir o perdão dos pecados, importa o resultado do cancelamento de nossa culpa.
E qual é este resultado? 
Quase sempre nos esquecemos disto.
O resultado do perdão de nossos pecados, do cancelamento de nossa culpa é o retorno a Deus,
para viver em Sua intimidade para sempre, numa vida que não tem fim. Pelo contrário, o pecado nos manteria longe de Deus para sempre. Ora, não foi para isto que Deus nos criou.
Somos suas criaturas. Como seus filhos, Deus nos deseja sempre junto de Si.
Aqui está o sentido da Paixão de Jesus: nosso retorno a Deus para sempre, na Vida Eterna. Reflitamos sobre isto, e veremos como a Paixão de Jesus Cristo tem este grande final feliz.
Salmo Responsorial é uma lamentação de quem se encontra em grave risco de vida mas não se esquece que somente em Deus encontra conforto e Salvação: Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito [Sl 30(31),6a].
Este salmo se aplica a Jesus de maneira especial. Se para qualquer pessoa que o rezasse o salmo era esperança de cura ou libertação de graves perigos, para Jesus, que sem dúvida o rezou muitas vezes em sua vida neste mundo, este salmo era expressão de sua esperança em Sua Ressurreição pelo poder de Deus Pai.
Entremos no íntimo de Jesus, vendo-O rezar este salmo do alto de sua Cruz. Ele terminará sua vida terrena dizendo precisamente o que o salmo já profetizara: “Pai, em Tuas mãos entrego o Meu Espírito”. (Lc 23,46). Como o salmista que encontrava paz ao rezar este salmo, Jesus terminou em paz sua vida nesta terra.
Olhemos Jesus na Cruz, dizendo ao Pai estas palavras.
Aprendamos com Ele como aguardar nossa morte, fazendo esta mesma oração, e encontrando em Deus a paz da Vida Eterna.
Segunda Leitura traz esta passagem da Epístola aos Hebreus que nos leva a meditar sobre o momento d Morte de Jesus.
Consideremos estas palavras: Cristo ... dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas, Àquele que era capaz de salvá-Lo da morte. E foi atendido por causa de sua entrega a Deus. (Hb 5,7).
Entendamos aqui o sentido que a palavra ‘morte’ adquire na teologia desta Epístola:
- um sentido é o da ‘morte’ da vida terrena de Jesus
. A Epístola diz que Ele pediu ao Pai que o livrasse desta morte, pois, como todo homem, Jesus, naturalmente, temia morrer, como todos nós tememos a morte. Nisto ele foi perfeitamente igual a todos os seres humanos.
- o outro sentido de ‘morte’ se refere à morte eterna
, depois da morte terrena, numa existência completamente separada de Deus. Esta é a pior morte que pode existir. É desta morte que Jesus foi livrado por Deus por ter-Lhe pedido esta libertação, quando dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas, Àquele que era capaz de salvá-Lo da morte [eterna].
Como Jesus, nesta liturgia da Sexta-Feira Santa, peçamos que Deus nos livre da morte eterna.
Que vivamos, com Ele, para sempre, na alegria de seu amor sem fim.
Foi para isto que Deus nos criou, foi para isto que o Pai quis a morte terrena de Jesus, e foi isto que Jesus nos conseguiu. Demos graças a Deus.
Evangelho é o da Paixão de Jesus segundo São João: Jo 18,1-19,42.
Aqui ouvimos, em clima de meditação reverencial, os relatos da Paixão de Jesus.
Primeiro São João Evangelista nos conta como foi a prisão de Jesus (Jo 18,1-11).
Em seguida o julgamento de Jesus por Anás e Caifás, e as negações de São Pedro (Jo 18,12-27).
O julgamento de Jesus perante Pilatos está em Jo 18,28 a 9,16.
Jesus é pregado na Cruz e nela morre: Jo 19,17-30.
E, inclinando a cabeça, entregou o Espírito
. (Jo 19,30cd). Num gesto final, Jesus realizava o que o Salmo Responsorial dizia: “Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito” [Sl 30(31),6a]. Mas, antes, segundo este Evangelho, Jesus dissera: “Tudo está consumado”(Jo 19,30b).
Esta ‘consumação’ de Jesus não foi somente de sua vida neste mundo. Foi o cumprimento completo da vontade de Deus Pai sobre o Filho. Tudo estava consumado porque nada mais o Filho devia fazer para realizar o Plano Divino de Salvação de toda a Humanidade.
Consideremos a ação salvadora completa de Jesus: a todos nós são dados o perdão completo de nossos pecados e a reconciliação plena com Deus. Podemos viver, desde já, na intimidade com Deus Pai e Deus Filho, aguardando apenas nossa passagem deste mundo para o céu, para a Vida Eterna.
Por tudo isto, demos graças a Deus.
Autor: Pe. Valdir Marques, SJ, Doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.

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