quarta-feira, 18 de abril de 2018

Liturgia do dia 29/03/2018


Liturgia do dia 29/03/2018


Leituras
Missa da Ceia do Senhor
Ex 12,1-8.11-14
Sl 115(116 B),12-13.15-16bc.17-18 (R/ cf. 1Cor 10,16)
1Cor 11,23-26
Jo 13,1-15
Missa do Crisma da Páscoa
Is 61,1-3a.6a.8b-9
Sl 88(89),21-22.25.27 (R/ cf. 2a)
Ap 1,5-8
Lc 4,16-21

SEMANA SANTA

Quinta-Feira

Primeira Leitura: Êx 12,1-8.11-14

1 Disse Javé a Moisés e Aarão na terra do Egito: 2 “Este mês será para vós o principal dos meses. Para vós será ele o primeiro dos meses do ano. 3 Falai assim a toda a comunidade de Israel: ‘No décimo dia deste mês, cada um tomará para si um cordeiro por família, um cordeiro por casa. 4 Se a família for pouco numerosa para comer o cordeiro, convidar-se-á o vizinho que estiver mais próximo de sua casa, até se completar o número adequado de pessoas. Leve-se em conta, neste convite, o quanto cada qual pode comer. 5 O animal será sem defeito, macho, e de um ano. Podereis escolher um cordeiro ou cabrito. 6 Conservá-lo-eis de reserva até o décimo quarto dia deste mês, quando toda a assembleia da comunidade de Israel o imolará ao entardecer. 7 Tomarão o sangue e o passarão sobre os umbrais e sobre a verga da porta, nas casas em que o comerem. 8 Nessa mesma noite comerão a carne, assada ao fogo; hão de comê-la com pães ázimos e ervas amargas. 11 E é deste modo que o comereis: cingidas as cinturas, vossas sandálias nos pés e vosso cajado na mão. Comereis apressadamente, porque é a Páscoa de Javé. 12 Nessa noite eu percorrerei a terra do Egito: e ferirei, na terra do Egito, a todos os primogênitos, de homens e animais. E contra todos os deuses do Egito executarei executarei julgamentos, eu, Javé. 13 O sangue, porém, será o vosso sinal nas casas onde estiverdes: quando eu vir o sangue, passarei por vós e irei adiante. Assim, não se deterá sobre vós a praga exterminadora, quando eu ferir a terra do Egito. 14 Este dia será para vós um dia, memorável, que celebrareis como festa em honra de Javé. De geração em geração haveis de festejá-lo, por um estatuto perene.
Salmo: Sl 115(116B),12-13.15-16bc.17-18 (R/ cf. 1Cor 10,16)
R. O cálice por nós abençoado, é a nossa comunhão com o sangue do Senhor.
12(3) Como agradecerei ao meu Senhor tudo o que fez por mim? 13(4) Por minha salvação elevo o cálice, invocando o seu nome!
15(6) Quão preciosa aos olhos do Senhor a morte dos seus santos! 16(7) Teu servo sou, de tua escrava filho; quebraste os meus grilhões!
17(8) E te ofereço, grato, um sacrifício, o teu nome invocando. 18(9) Pago minhas promessas ao Senhor diante de todo o povo.
Segunda Leitura: 1 Cor 11,23-26

Irmãos: 23 Eu recebi do Senhor o que também vos transmiti, que o Senhor Jesus, na noite em que era traído, tomou o pão 24 e, tendo dado graças, partiu-o e disse: “Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em minha memória”. 25 Do mesmo modo, após a ceia, tomou o cálice e disse: “Este cálice é a nova Aliança no meu sangue; toda vez que o beberdes, fazei-o em minha memória”. 26 Toda vez que comeis este pão e bebeis este cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha.
Evangelho: Jo 13,1-15

1 Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que tinha chegado a hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até a consumação. 2 Durante a ceia, quando o diabo já havia insinuado no coração de Judas o propósito de entregá-lo, 3 Jesus sabia que o Pai tinha posto tudo nas suas mãos e que tinha saído de Deus e para Deus voltava; 4 levantou-se da mesa, tirou o manto, tomou uma toalha e enrolou-a na cintura. 5 Depois, derramou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos e a enxugá-los com a toalha que tinha amarrado na cintura. 6 Quando chegou perto de Simão Pedro, este lhe perguntou: “Senhor, vais lavar os meus pés?”. 7 Jesus respondeu: “Não compreendes o que faço agora. Tu compreenderás mais tarde”. 8 Pedro disse: “Não! Nunca me lavarás os pés!”. Jesus respondeu: “Não terás parte comigo se eu não te lavar os pés”. 9 Então, Simão Pedro disse: “Senhor, não somente os pés, mas também as mãos e a cabeça!”. 10 Jesus respondeu: “Quem tomou banho não precisa senão lavar os pés, pois está inteiramente limpo. Vós também estais limpos mas não todos”. 11 Ele já sabia quem o havia de entregar. Por isso disse: “Não estais todos limpos!”. 12 Quando acabou de lhes lavar os pés, vestiu de novo o manto, voltou a sentar-se e lhes disse: “Compreendeis o que vos fiz? 13 Vós me chamais de Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque realmente eu o sou. 14 Se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros. 15 Eu vos dei um exemplo, para que vós também façais como eu fiz.

Missa do Crisma da Páscoa
Primeira Leitura: Is 61,1-3a.6a.8b-9

1 O espírito do Senhor Javé está sobre mim porque Javé me ungiu. Ele me enviou para anunciar a Boa-Nova aos pobres, para curar os corações contritos, para proclamar aos deportados a libertação, e aos prisioneiros a soltura, 2 para proclamar um ano de graça de Javé, um dia de vingança do nosso Deus, para confortar os aflitos 3a e dar-lhes um diadema em lugar de cinza, o óleo de alegria, em vez de luto, 6a Sereis chamados “sacerdotes de Javé”, sereis nomeados “ministros de nosso Deus”. 8b Dar-lhes-ei fielmente sua recompensa e com eles concluirei perene aliança. 9 Sua descendência será célebre entre as nações e sua progênie no meio dos povos. Os que os virem reconhecerão neles uma estirpe bendita de Javé.
Salmo: Sl 88(89),21-22.25.27 (R/ cf. 2a)

R. Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor.

21 eu encontrei Davi, meu servidor, ungi-o com o meu óleo consagrado; 22 para que minha mão fosse com ele, e sempre fosse forte por meu braço.

25 Com ele a minha graça e lealdade, por mim se exaltará o seu poder.

27 A mim ele dirá: ‘Tu és meu Pai, meu Deus e meu rochedo salvador!’.
Segunda Leitura: Ap 1,5-8

A vós graça e paz 5 da parte de Jesus Cristo, a testemunha fiel, o Primogênito dentre os mortos, o Príncipe dos reis da terra. A ele, que nos ama e nos lavou de nossos pecados no seu sangue, 6 e que fez de nós um reino de sacerdotes para seu Deus e Pai, a ele glória e poder por todo o tempo. Amém. 7 Olhai! Ele vem entre as nuvens! Todo olho o verá, e também aqueles que o transpassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão por sua causa. Sim. Amém! 8 Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que vem, o Todo-Poderoso.
Evangelho: Lc 4,16-21

Naquele tempo Jesus16 foi a Nazaré, onde tinha crescido. Num sábado, entrou na sinagoga como era de seu costume e se levantou para fazer a leitura. 17 Foi-lhe apresentado o livro do profeta Isaías, que ele abriu, dando com a passagem onde está escrito: 18 O Espírito do Senhor está sobre mim; porque ele me consagrou com o óleo, para levar a Boa-Nova aos pobres; enviou-me para proclamar aos prisioneiros a libertação e aos cegos a recuperação da vista; dar liberdade aos oprimidos, 19 e proclamar o ano de graça do Senhor. 20 Enrolou o volume, que entregou ao ajudante e se sentou. Na sinagoga todos olhavam atentamente para ele. 21 Jesus começou a lhes falar: “Hoje se cumpre esta passagem da Escritura que acabais de ouvir”.
Leituras: Diretório da Liturgia e da Organização da Igreja no Brasil 2018 - Ano B - São Marcos, Brasília, Edições CNBB, 2017.
Citações bíblicas: Bíblia Mensagem de Deus, São Paulo, Edições Loyola e Editora Santuário, 2016.
Boa Nova para cada dia
A Liturgia da Palavra da Quinta-Feira Santa nos lembra a instituição da Eucaristia e o exemplo de serviço de Jesus a Sua Igreja a ser imitado por todos nós.
Primeira Leitura nos faz entender o significado da Salvação para a Vida Eterna através da punição de Deus ao povo do Egito com a morte dos seus primogênitos, ao mesmo tempo que os filhos de Israel foram salvos da morte naquela noite de Páscoa.
Notemos o que significa o sangue do carneiro sacrificado pelos judeus: posto nos batentes das portas, serviu como sinal para o anjo exterminador que, passando pelas casas dos judeus naquela noite, não matou nenhum dos primogênitos judeus. Ao contrário, das casas dos egípcios, não marcadas pelo sangue do cordeiro, todos os primogênitos foram mortos. Foi isto o que Deus disse aos judeus quando estavam para celebrar a última ceia ainda na escravidão no Egito:
“Ao ver o sangue [nas portas de vossas casas], passarei adiante, e não vos atingirá a praga exterminadoraquando eu ferir o Egito” (Ex 12,13bcd).
Para os judeus o sangue era o veículo da vida.  Um corpo sem sangue não era uma pessoa, era apenas um cadáver a ser decomposto em pó.
A vida que não foi tirada dos primogênitos dos judeus era representada pelo sangue do cordeiro imolado naquela Páscoa.
Tudo isto para nós tem sentido simbólico.
Para nós o Sangue de Jesus, que o mantinha vivo, foi derramado para que não sejamos mortos pela punição divina aos nossos pecados. Ele é o Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo.
Entendamos bem o motivo pelo qual Jesus desejou o derramamento de Seu Sangue por amor de nós: com Sua Morte Ele nos garantiu a Salvação para a Vida Eterna.
No Salmo Responsorial a Liturgia nos lembra, no refrão sempre repetido, o cálice do Sangue de Jesus abençoado na liturgia eucarística. Em sua agonia no Monte das Oliveiras, Jesus pediu que o Pai afastasse Dele aquele cálice. Porém preferiu fazer a vontade do Pai e não a Sua. Por isso hoje abençoamos o cálice de vinho na Eucaristia para que se torne o Sangue de Jesus. É Seu Sangue, o do Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo: O cálice por nós abençoado é a nossa comunhão com o Sangue do Senhor.
Como diz o Salmo Responsorial, na Eucaristia o celebrante eleva o Cálice com o Sangue de Jesus, para expô-lo à adoração da comunidade, ao mesmo tempo para nos lembrar que é o Cálice de nossa Salvação.Relembremos o versículo 13 do Salmo Responsorial:
Elevo o cálice de minha Salvação,
Invocando o nome santo do Senhor.
Hoje, de modo especial, associamos este gesto do celebrante da Eucaristia com a entrega de Jesus à vontade de Deus Pai. Comungando do Sangue de Jesus, teremos a Vida Eterna. Isto Ele nos prometeu, e isto Ele cumpre.
Ao longo dos séculos comemoramos, em Igreja, a Morte Redentora de Jesus.
Ele não somente nos deu Sua Vida como também nos obrigou a relembrar, em celebração eucarística, esta Sua entrega. Esta ordem nos foi dada por Jesus na Última Ceia, em que Ele disse aos seus discípulos:
“Este é o cálice da Nova Aliança em Meu Sangue.
Todas as vezes que dele beberdes,
fazei isto em minha memória”. (1Cor 11,25cde).
Notemos que Jesus instituiu, com estas palavras, a Nova Aliança.
Nela o perdão dos pecados não é mais dado pelo derramamento de sangue de animais, mas sim do Sangue do próprio Filho de Deus. Aqui está a grande diferença entre a Antiga Aliança de Israel com Deus e a Nova Aliança da humanidade inteira com Deus.
Na Antiga Aliança cada ano era necessário derramar sangue de animais para o perdão dos pecados. Na Nova Aliança Jesus derramou Seu Sangue uma vez por todas: o perdão e remissão de nossos pecados foram conseguidos por Ele para todas as pessoas deste mundo, de todas as épocas, antes e depois da Morte Salvadora de Jesus.
Consideremos bem o que esta Segunda Leitura diz. E neste dia, meditemos sobre nossa Salvação unicamente possível por meio do Sangue de Jesus.
Além de instituir a Eucaristia, Jesus olhou para o futuro de Sua Igreja.
Seu gesto de amor e obediência ao Pai foi demonstrado aos discípulos num gesto surpreendente: o de um escravo que lava os pés de seu senhor. Jesus lavou os pés de seus discípulos, quando Ele era o Mestre e Senhor. Ele quis que todos entendessem bem o simbolismo deste gesto: ninguém na Igreja pode se considerar superior aos outros, mas todos devem estar ao serviço da comunidade, mesmo que isto implique atitudes que pareçam humilhantes. Esta é a marca dos discípulos de Jesus: o serviço de uns aos outros. Neste gesto Jesus não se rebaixou, mas mostrou a grandeza de seu serviço como Salvador da humanidade. Ninguém deve se sentir rebaixado imitando Jesus: “Portanto, se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros”. (Jo 13,14).
O serviço de uns aos outros não é outra coisa que desdobramento do Novo Mandamento que Jesus nos deu também na Última Ceia. O amor ao próximo se revela no serviço ao próximo.
A Liturgia da Palavra desta Quinta-Feira Santa nos deixa na memória a lembrança do Lava-pés. Não sejamos indiferentes a este ensino de Jesus, mesmo que todos os anos voltamos a considerar e celebrar este exemplo que Ele nos deixou. Pensemos, neste momento, na maneira em que o poremos em prática até chegar a Semana Santa do ano que vem.
Autor: Pe. Valdir Marques, SJ, Doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.

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