domingo, 14 de maio de 2017

Liturgia do dia 14/05/2017

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Leituras
At 6,1-7
Sl 32,1-2.4-5.18-19 (R.22)
1Pd 2,4-9
Jo 14,1-12

5ª Semana da Páscoa Ano A

Domingo

Primeira Leitura: At 6,1-7

1 Naquela época, o número dos discípulos aumentava e os que falavam grego começaram a se queixar contra os que falavam hebraico, porque suas viúvas estavam sendo esquecidas na distribuição diária de auxílios. 2 Por isso, os Doze convocaram a assembleia de todos os discípulos e disseram: “Não está certo deixarmos a pregação da palavra de Deus pelo serviço das mesas. 3 Por isso, irmãos, deveis escolher dentre vós sete homens bem conceituados, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, e nós os encarregaremos dessa função. 4 Quanto a nós, continuaremos a nos dedicar todo o tempo à oração e ao serviço da Palavra”. 5 A proposta agradou a toda a assembleia. Escolheram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau, um convertido de Antioquia. 6 E foram apresentados aos apóstolos, que rezaram e impuseram as mãos sobre eles. 7 A palavra de Deus se difundia e o número dos discípulos aumentava consideravelmente em Jerusalém. Era grande também o número de sacerdotes que abraçaram a fé cristã.
Salmo: Sl 32,1-2.4-5.18-19 (R.22)

R. Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, da mesma forma que em vós nós esperamos!
1 Aclamai o Senhor, vós que sois justos: devem louvar a Deus os homens retos! 2 Dai graças ao Senhor ao som da harpa, na lira de dez cordas celebrai-o.
4 Pois é reta a palavra do Senhor, e tudo o que ele fez é verdadeiro. 5 Ele ama a justiça e a retidão, da graça do Senhor enche-se a terra.

18 Porém olha o Senhor pelos que o temem, aqueles que confiam em seu amor,

19 para livrar da morte as suas almas e fazê-los viver quando houver fome!
Segunda Leitura:1Pd 2,4-9
4 Incorporai-vos a ele que é pedra viva, rejeitada pelos homens, mas escolhida e preciosa aos olhos de Deus. 5 Também vós sois como pedras vivas. Sois erigidos em templo espiritual para um sacerdócio santo, a fim de oferecer vítimas espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo. 6 Ora, está na Escritura: Eis que lanço em Sião uma pedra angular, escolhida e preciosa: quem nela crer não será confundido. 7 Para vós, que tendes crido, cabe esta honra. Mas para os incrédulos, a pedra que os construtores repeliram tornou-se a pedra angular, 8 e pedra de tropeço e rocha de escândalo. Por não prestarem fé à Palavra, tropeçaram. De resto, a isso foram destinados. 9 Vós, porém, constituís uma geração escolhida, um sacerdócio régio, uma gente santa, um povo conquistado, a fim de proclamar as grandezas daquele que das trevas vos chamou para a sua luz admirável.
Evangelho: Jo 14,1-12

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 1 Não se perturbe o vosso coração! Credes em Deus, crede também em mim. 2 Há muitos lugares na casa de meu Pai. Se não fosse assim, eu vos teria dito, porque vou preparar um lugar para vós. 3 E depois que eu me for e vos tiver preparado o lugar, virei outra vez e vos levarei comigo. Assim, onde eu estiver, vós estareis também 4 Sabeis o caminho do lugar aonde vou”. 5 Tomé lhe disse: “Senhor, não sabemos para onde vais. Como poderíamos, então, conhecer o caminho?”. 6 Jesus respondeu: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim; 7 se conhecêsseis a mim, conheceríeis também a meu Pai. Desde já o conheceis e o tendes visto”. 8 Filipe disse: “Senhor, mostra-nos o Pai é isto nos basta!”. 9 Jesus respondeu: “Filipe, há tanto tempo que convivo convosco e ainda não me conheces? Quem me vê, vê também o Pai. Como podes dizer: ‘Mostra-nos o Pai’? 10 Não crês que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que vos digo não vêm de mim. Quem realiza estas obras é o Pai, que permanece em mim. 11 Crede-me: eu estou no Pai e o Pai em mim. Senão, crede ao menos em razão das obras. 12 Eu vos afirmo e esta é a verdade: quem crê em mim fará as obras que eu faço. E fará até maiores, porque vou ao Pai.
Leituras: Diretório da Liturgia e da Organização da Igreja no Brasil 2017 - Ano A - São Mateus, Brasília, Edições CNBB, 2016.
Citações bíblicas: Bíblia Mensagem de Deus, São Paulo, Edições Loyola e Editora Santuário, 2016.
Boa Nova para cada dia
Primeira Leitura: At 6,1-7.
“Irmãos, é melhor que escolhais entre vós sete homens de boa fama,
repletos do Espírito e sabedoria ...” (At 6,3ab).
A Liturgia da Palavra de hoje nos vai orientando aos poucos para a figura de Jesus, o escolhido de Deus para a obra da salvação da humanidade em Igreja.

 
Para que a todos os homens a Salvação chegue, Deus precisa de ajuda de muitas pessoas. A Primeira Leitura de hoje nos mostra como os apóstolos não conseguiam fazer todo o serviço que a Igreja lhes pedia. Foi então que decidiram condividir suas tarefas com outros homens.
Porém para o trabalho em Igreja não são aptas todas as pessoas.
Deus escolhe quem Ele quer, por meio da ação do Espírito Santo sobre a comunidade.
Foi assim que os primeiros diáconos foram escolhidos.
Eram necessários para distribuir os bens dos cristãos aos mais pobres, viúvas e órfãos.
A comunidade reunida ouviu o parecer de São Pedro:
“Irmãos, é melhor que escolhais entre vós sete homens de boa fama,
repletos do Espírito e sabedoria ...” (At 6,3ab).
As condições que tais homens deviam preencher eram: boa fama, repletos do Espírito e sabedoria.
Em outras palavras: sem estas condições não prestariam o trabalho que a Igreja lhes pedia. Uma vez escolhidos os sete diáconos, os apóstolos se puseram em oração e estendendo as mãos sobre as cabeças de cada escolhido, lhes deram a unção do Espírito Santo.
Para esta escolha, o sinal de Deus foi o Espírito Santo. Portanto não foi somente a comunidade cristã com os apóstolos que deste modo mostraram como Deus desejava cuidar de sua Igreja.
E aqui chegamos ao ponto importante: é Deus quem governa a Igreja, por meio de homens que inspira com o dom do Espírito Santo.
Pensemos nos atuais guias da Igreja: o Papa, os Bispos, os Presbíteros, os Diáconos. Todos recebem a imposição das mãos e o dom do Espírito Santo para exercerem a tarefa que a Igreja lhes confia. Estes são os seus ministros ordinários.
Os Ministros extraordinários da Eucaristia e da Palavra recebem o “envio” por parte dos ministros ordinários. Participam deste modo da responsabilidade que a Igreja confiou aos ministros ordinários. A responsabilidade é grande. Precisam ser “cheios de Espírito Santo e sabedoria” como os diáconos da Igreja primitiva.
A Igreja como um todo é a beneficiária destes ministérios. 
E como Igreja, todos nós pedimos a Deus que os inspire, ilumine com os dons do Espírito Santo.
Salmo Responsorial: Sl 32(33),1-5.18-19.
O Senhor pousa o olhar sobre os que o temem ... [Sl 32(33),18a].
Na Primeira Leitura vimos como Deus escolhe pessoas para ajudarem os ministros ordinários da Igreja.
Se perguntarmos: como Deus os escolhe?
O Salmo Responsorial nos dá uma resposta entre outras:
O Senhor pousa o olhar sobre os que o temem ... [Sl 32(33),18a].
Isto quer dizer que Deus não escolherá ninguém para o ministério da Igreja que não O ame em primeiro lugar.
Os Ministros da Igreja foram escolhidos por Deus antes de tudo: Deus viu que seus escolhidos tinham fé e observaram Seus Mandamentos, a começar pelo primeiro, o de amá-Lo sobre todas as coisas.
Jesus Cristo escolheu pessoalmente seus discípulos como quis, isto é, vendo as qualidades espirituais e humanas de cada um deles. Antes de tudo eram pessoas fiéis a Deus, respeitando os Mandamentos. Foi por isso que Jesus lhes disse:
“Não fostes vós que me escolhestes, mas fui Eu que vos escolhi
e vos designei para irdes
e para que produzais fruto
e vosso fruto permaneça”. (Jo 15,16).
Nesta escolha Jesus, como Deus Pai, pousou Seu olhar sobre os que temiam a Deus, os discípulos escolhidos. Se um de seus discípulos O traiu, isto não significa que desde o início de sua chamada fosse traidor.
Atendamos ao convite deste Salmo Responsorial: que Deus pouse seu olhar sobre os bons cristãos católicos para que os escolha a serviço de Sua comunidade santa, a Igreja.
Segunda Leitura: 1Pd 2,4-9.
“Aproximai-vos do Senhor,
pedra viva, rejeitada pelos homens,
mas escolhida e honrosa aos olhos de Deus” (1Pd 2,4)
São Pedro nesta carta nos mostra duas eleições de Deus:
Primeiro: Jesus foi o escolhido de Deus para anunciar o Reino a Seu Povo Santo dando origem à Igreja. No entanto, nem todos os judeus concordaram com esta escolha de Deus. Os líderes de Israel rejeitaram Jesus, a “pedra angular” prevista pelos profetas (Is 28,16) e pelo Salmo 117(118),22.
Segundo: os batizados, os cristãos desde o início da Igreja, foram escolhidos por Deus. São Pedro diz que, ao contrário dos líderes de Jerusalém, receberam o anúncio do Reino de Deus feito por Jesus, aceitaram o Batismo e formaram a Igreja. Estes são, nas palavras de São Pedro:
“... a estirpe escolhida,
o sacerdócio do Reino,
a nação santa,
o povo que Ele conquistou
para proclamar as obras admiráveis
Daquele que vos chamou das trevas para a Sua luz maravilhosa”. (1Pd 2,9).
Estas são qualificações elevadas pelas quais Deus escolheu sua comunidade, como uma família, uma estirpe, um tipo especial de pessoas, participantes do sacerdócio de Jesus Cristo, nação santa e Povo Eleito. Tudo isto é a Igreja tal como teve seu início na primeira geração.
Não significa que nós hoje, não sejamos escolhidos por Deus da mesma maneira que a primeira geração. Como os primeiros cristãos, Deus nos mostra sua escolha dando-nos as mesmas tarefas e ministérios:
“... para proclamar as obras admiráveis
Daquele que vos chamou das trevas para a Sua luz maravilhosa”. (1Pd 2,9).
Cumprindo nossa missão, cada batizado em particular, não vagamos sem destino pelo mundo. Há um ponto de chegada, um fim da História da Salvação, em que chegaremos à Sua Luz maravilhosa.
E isto porque seguimos Jesus, fomos escolhidos por Ele, que nos disse: “Eu sou a Luz do mundo” (Jo 8,12; 9,5; 12,46).
E isto, ainda, porque “... nos aproximamos do Senhor, pedra viva, rejeitada pelos homens, mas escolhida e honrosa aos olhos de Deus” (1Pd 2,4).
Permaneçamos junto de Jesus Cristo. Tudo o mais nos será dado.
Evangelho: Jo 14,1-12.
Jesus respondeu:
“Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.
Ninguém vai ao Pai senão por mim”. (Jo 14,6).
Concentremos nossa atenção no fim do que Jesus disse:
“Ninguém vai ao Pai senão por mim”. (Jo 14,6c).

I
sto porque aqui Jesus se apresenta como o escolhido por Deus para levar a Si toda a humanidade.
E porque Deus escolheu Jesus para esta missão neste mundo, fez com que Ele fosse o Caminho, a Verdade e a Vida.
Se Jesus deu aos apóstolos e diáconos missões específicas, tudo isto procede da missão que Deus mesmo deu a Jesus em benefício da humanidade.
Deus escolheu seu Filho para que levassem a Si todas as pessoas.
Jesus deu a Igreja pessoas escolhidas por Seu Pai para O ajudarem a levar a Deus todas as pessoas.
As pessoas que em Igreja participam desta missão de Jesus Cristo, são as escolhidas, amadas, abençoadas com o dom do Espírito Santo, e enviadas ao mundo.
Assim tem início e fim em Deus todo o Plano Salvador da humanidade.
Assim alcançaremos o que São Pedro nos disse, sair das trevas para a Luz, eternamente:
“... [somos] a estirpe escolhida, ... o povo que Ele conquistou para proclamar as obras admiráveis Daquele que vos chamou das trevas para a Sua luz maravilhosa”. (1Pd 2,9).
Consideremos o grande Plano Salvador de Deus.
Em Deus tudo tem início e tudo tem seu ponto de chegada. Chegamos ao Pai por meio de Jesus e de Sua Igreja.
Não nos esqueçamos da mensagem central da Liturgia da Palavra deste domingo: a Salvação nos vem:
- pela decisão amorosa que Deus toma para salvar a todos;
- pela entrega, ao Filho, da missão salvadora neste mundo;
- pela escolha de colaboradores de Jesus na Igreja: os ministros ordenados e não ordenados.
Este Plano, desde agora em operação por Deus, alcançará sua plena realização no fim dos tempos, quando tudo voltará para Deus, o Criador e Salvador.
Autor: Pe. Valdir Marques, SJ, Doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.
Descobrindo a Bíblia
A Primeira Carta de Pedro
Nestes domingos, a segunda leitura da liturgia é tomada da Primeira Carta de Pedro. Estamos no Tempo Pascal. Nos primórdios da Igreja, ministrava-se o batismo aos novos cristãos na noite pascal. Ora, a Primeira Carta de Pedro contém ensinamentos valiosos para alimentar a firmeza e a perseverança dos recém-batizados. E também para nós, que, na noite pascal, pronunciamos a renovação de nosso compromisso batismal.
A carta foi provavelmente redigida na comunidade judeu-cristã de Roma, que guardava de modo especial a tradição do Apóstolo Pedro. Talvez seja um “testamento literário” de Pedro, editado por seus discípulos, depois de sua despedida deste mundo. Quando a carta recebeu a redação que atualmente conhecemos, Pedro já se tinha tornado uma figura de grande prestígio em toda a Igreja.
A carta usa a autoridade do Apóstolo para consolar, animar e exortar os cristãos que. no Império Romano, sofrem vários tipos de hostilidades e provações. Evangelizados há pouco, estes cristãos não pertencem mais ao “mundo pagão” dos seus pais e amigos, mas ainda não estão muito firmes na nova vida recebida no batismo. A carta quer dar-lhes uma identidade cristã e firmar a solidariedade e a unidade.
É uma carta-encíclica, que passa de comunidade em comunidade. Ela se dirige “aos eleitos que vivem como estrangeiros na dispersão no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia” (1Pd 1,1), regiões da atual Turquia. Por passar de comunidade em comunidade, ela é contada, no Novo Testamento, entre as “cartas católicas”, isto é, universais: Tiago; 1 e 2 Pedro; 1, 2 e 3 João; Judas.
Para ajudar os cristãos a compreenderem o seu papel na situação difícil em que vivem, 1Pd alude, com freqüência, à experiência dos seus antepassados na fé, o povo de Israel. A “releitura” do êxodo do Egito e do exílio babilônico tem a finalidade de fortalecer a autocompreensão e a conduta cristãs. Este tema pode também ajudar os cristãos de hoje a se situarem no mundo do século XX. Trata-se dos “cristãos como minoria sócio-religiosa”. Diversas vezes, a carta chama seus leitores de “estrangeiros” e “forasteiros” (ou “peregrinos”), isto é, pessoas que não pertencem plenamente à sociedade ambiente. Esses termos lembram a frase do Deuteronômio dizendo que o povo de Deus foi “estrangeiro” no Egito (Dt 10,19). O povo de Israel foi como que hóspede dos egípcios, até certo momento (quando veio um novo faraó, que não conhecera José, os egípcios reduziram o povo à escravidão: Ex 1,8). Ora, os cristãos no Império Romano, pelo fim do século I, eram um pouco como os filhos de Israel no Egito: cidadãos de segunda categoria. Como não participavam do culto oficial prestado ao Imperador, não tinham plenos direitos civis, nem sequer o direito de casar com uma “cidadã”, embora pudessem ser requisitados para o exército e pagassem taxas e impostos, inclusive extras.
Também hoje, um verdadeiro cristão será necessariamente como um estrangeiro no mundo. Não participará do culto do consumo e do prazer e, se ele se dedica ao trabalho comunitário, aos marginalizados e excluídos, terá de enfrentar a mentalidade neoliberal que proclama que o jogo do mercado (o lucro que cada um pode fazer) é a maneira mais fácil para manter o equilíbrio econômico (excluindo os que não conseguem acompanhar). O próprio fato de ter uma fé absoluta em Jesus e em Deus, seu Pai, torna o cristão fiel estranho para o mundo, pois atualmente muitas pessoas trocam de religião como trocam de roupa, de barzinho ou de parceiro(a)...

Ora, a consciência de sermos estrangeiros não deve suscitar em nós o desejo de fugir do mundo, mas, antes, de enfrentá-lo, dando o nosso testemunho de fé e de caridade, e a “razão de nossa esperança” (1Pd 3,15). Por isso, quero observar que muitas bíblias traduzem mal o versículo 2,11, escrevendo “como peregrinos e forasteiros neste mundo”, dando a impressão de que este mundo é um lugar de passagem com o qual nada temos a ver. O texto original da Bíblia não contém as palavras “neste mundo” e deveria traduzir-se “como estrangeiros residentes” (cf. a “carteira de estrangeiro” no Brasil).
Artigo extraído do livro Descobrir a Bíblia a partir da Liturgia, Pe. Johan Konings, Loyola, 1997.

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