domingo, 28 de maio de 2017

Liturgia do dia 28/05/2017

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Leituras
At 1,1-11
Sl 46,2-3.6-7.8-9 (R.6)
Ef 1,17-23
Mt 28,16-20

Ascensão do Senhor

Domingo

Primeira Leitura:  At 1,1-11

A promessa do Espírito Santo. 1 No meu primeiro livro, Teófilo, escrevi a respeito de tudo o que Jesus fez e ensinou, desde o começo 2 até o dia em que foi elevado para o céu depois de dar, pela força do Espírito Santo, suas instruções aos apóstolos que ele mesmo tinha escolhido. 3 Após sua paixão, ele lhes mostrou, com muitas provas, que estava vivo, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando lhes do Reino de Deus. 4 Durante a refeição lhes recomendou que não saíssem de Jerusalém, mas que esperassem até o cumprimento da promessa do Pai, “que ouvistes, disse ele, da minha boca: 5 Porque João batizava com água; vós, porém, sereis batizados no Espírito Santo, dentro de poucos dias”. 6 Enquanto estavam reunidos, eles perguntavam: “Senhor, é agora que pretendes restabelecer o reino em favor de Israel?”. 7 Mas ele respondeu: “Não vos compete conhecer os tempos e os momentos que o Pai fixou com sua própria autoridade. 8 Mas recebereis um poder quando o Espírito Santo descer sobre vós. Então, sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria e até os confins da terra”. 9 Dito isto, elevou-se ante seus olhos e veio uma nuvem que o escondeu da vista deles. 10 Estavam olhando para o céu enquanto ele subia e eis que apareceram dois homens vestidos de branco. 11 Eles disseram: “Homens da Galileia, por que estais olhando para o céu? Este Jesus, que foi levado do meio de vós para o céu, voltará do mesmo modo que o vistes subir”.
Salmo: Sl 46,2-3.6-7.8-9 (R.6)
R. Por entre aclamações Deus se elevou, o Senhor subiu ao toque da trombeta.
2 Povos todos, batei palmas, aclamai a Deus com júbilo; 3 pois o Altíssimo é terrível, grande rei por toda a terra.
6 Deus subiu por entre vivas, em seu trono está sentado. 7 Tocai para Deus, tocai; tocai para o Rei, tocai!

8 Deus é o rei de toda a terra: vossos hinos o proclamem! 9 Das nações Deus é o rei, em seu trono está sentado.
Segunda Leitura: Ef 1,17-23

Irmãos:17 Que o Deus de nosso Senhor, Jesus Cristo, Pai da glória, vos conceda um espírito de sabedoria e revelação, para que o conheçais mais profundamente! 18 Que ele ilumine os olhos do vosso coração, para que compreendais qual a esperança que nos veio pelo seu chamado, e quais as riquezas da gloriosa herança reservada aos santos, 19 e qual a extraordinária grandeza do seu poder em relação a nós que temos fé. É a força do seu poder soberano, 20 que ele manifestou em Cristo, ressuscitando-o dos mortos e fazendo com que sentasse à sua direita, nos céus, 21 acima de todo Principado, Poder, Virtude, Dominação e acima de toda e qualquer outra dignidade que possa existir neste mundo ou no mundo que há de vir. 22 Ele pôs todas as coisas debaixo de seus pés e o fez, acima de tudo, Cabeça da Igreja, 23 que é o seu corpo, a plenitude daquele que preenche todos os seus membros com todos os seus dons.
Evangelho: Mt 28,16-20

Naquele tempo:16 Quanto aos onze discípulos, dirigiram-se para a Galileia, até o monte que Jesus lhes havia indicado. 17 Logo que o viram, prostraram- se por terra. Mas alguns duvidaram. 18 Jesus então se aproximou e lhes disse: “Todo o poder me foi dado no céu e na terra. 19 Ide, então, fazei de todos os povos discípulos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, 20 ensinando os a guardarem tudo o que vos mandei. Eis que vou ficar convosco todos os dias, até o fim dos tempos”.
Leituras: Diretório da Liturgia e da Organização da Igreja no Brasil 2017 - Ano A - São Mateus, Brasília, Edições CNBB, 2016.
Citações bíblicas: Bíblia Mensagem de Deus, São Paulo, Edições Loyola e Editora Santuário, 2016.
Boa Nova para cada dia
Primeira Leitura:
At 1,1-11.
“Este Jesus que vos foi levado para o céu, virá do mesmo modo como o vistes partir para o céu”
(At 1,11b)
A Primeira Leitura de hoje nos relata não só a Ascensão de Jesus ao céu, mas também nos diz que Ele voltará do mesmo modo no fim do mundo.
Se aos discípulos, que O viram subir ao céu, este retirar-se de Jesus pudesse causar tristeza, a alegria é restituída com a promessa de Seu retorno no fim do mundo.
Foi por este motivo que os discípulos retornaram felizes a Jerusalém e deram continuidade ao projeto de Jesus, o de fazer seus discípulos todos os povos da terra.
Jesus agora está no céu, sentado à direita de Deus em Seu trono de Poder pleno sobre o céu e a terra.
É o primeiro homem a quem Deus deu este poder de subir ao céu e ficar a Seu lado, participando do Poder divino.
Nós que ainda estamos na terra, teremos o mesmo destino. Quando Deus nos levar ao céu, estaremos ao lado de Jesus, participando de Seu Poder.
Mas qual é este Poder?
É o que Deus tem sobre a Vida e a Morte. Por este Poder dado a nós, a Morte não terá mais vigor para nos levar para longe de Deus. Este é nosso destino decidido por Deus mesmo.
Pensemos, meditemos, contemplemos Jesus que sobe ao céu para um dia voltar e nos levar consigo para sempre.
Salmo Responsorial: Sl 46(47),2-9.
Por entre aclamações o Senhor se elevou
[Sl 46(47),6a].
Este Salmo provavelmente era cantado, nos séculos anteriores a Jesus Cristo, em festas em que Filho de Deus Pai era aclamado como Rei do universo. Poderia ser numa festa dos Tabernáculos ou de Ano Novo.
O importante é seu conteúdo, que nos ajuda a entender Jesus Cristo agora à direita de Deus depois de sua Ascensão.
Em sua Ascensão Jesus declarou ter Poder sobre todo o universo. E o Salmo diz que todos os povos do universo devem “bater palmas” e fazer aclamações de alegria ao Deus de Israel [Sl 46(47),2.3]. Ora, a Ressurreição e Ascensão de Jesus provou, para seus discípulos, que Ele é Deus como o Deus de Israel. Isto é, tem Poder sobre tudo, sobre a Vida e a Morte.
O salmo se refere a uma “elevação”, a uma “subida” do Deus de Israel. Não se sabe qual seria esta elevação mencionada pelo Salmo. Parece uma recordação de tempos muito antigos em que a Arca da Aliança foi levada para o Templo de Jerusalém, no meio da alegria de todo o povo. Porém por esta “elevação/subida” os discípulos na Igreja primitiva entenderam a Ascensão de Jesus.Mais diretamente relacionado com a Ascensão de Jesus está o versículo 9: Deus reina sobre todas as nações, está sentado em Seu trono glorioso. Sentado à direita de Deus está Jesus, que com Deus reina sobre todas as nações.
Para nossa meditação este Salmo traz várias afirmações teológicas que vão além da simples afirmação de Sua Ascensão. Este Salmo nos diz que a festa da Ascensão de Jesus é ao mesmo tempo a comemoração do Poder recebido de Deus por Jesus ao ressuscitar, e que este Poder é exercido por Jesus para a salvação de todo mundo.
Segunda Leitura: Ef 1,17-23.
Que Ele abra o vosso coração à Sua luz para que saibais ... qual é a riqueza da glória que está na vossa herança com os santos
(Ef 1,18).
São Paulo, nesta Leitura de Efésios, trata com grande profundidade a condição do Jesus Ressuscitado que agora está à direita de Deus.
Mas São Paulo não se limita a afirmar isto.
 Ele quer que saibamos que podemos entender, que podemos aprofundar a compreensão de nosso futuro, tal como Deus determinou e realiza por intermédio de Seu Filho: a Glória do Cristo Ressuscitado nos é dada a participar!
Jesus que sobe ao céu em Glória e Poder não retém este Poder e Glória somente para Si. É vontade Dele e de Deus Pai condividir esta Glória e este Poder com os homens que O aceitaram, aceitaram o Batismo e o Espírito Santo.
Embora num primeiro momento isto possa parecer fácil de entender, a verdade é que esta realidade planejada por Deus para nós vai muito além de nossa mera compreensão humana. Precisamos do auxílio da Graça para saber o que significa a humanidade elevada ao mais alto dos céus, junto do trono de Deus. É estar acima dos anjos, que antes de nosso Batismo e Ressurreição eram superiores a nós. Unidos ao Homem-Deus, Jesus, somos superiores a todas as hierarquias dos anjos.
São Paulo tem convicção sobre isto e tenta nos fazer entender esta riqueza da Glória (Ef 1,18).
Façamos, portanto, nosso esforço e peçamos a Deus esta compreensão sublime de nosso futuro junto a Ele, isto é, “no céu”.
Evangelho: Mt 28,16-20.
“... ide e fazei discípulos meus todos os povos... Eis que Eu estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo”
(Mt 28,19-20).
Se procurarmos no Evangelho de São Mateus a descrição da Ascensão de Jesus, nada encontraremos.
Porém o Evangelho de hoje nos traz as últimas palavras pronunciadas por Jesus antes de subir ao céu.
É nestas palavras que devemos nos concentrar.
Por qual motivo?
É porque não falam somente da subida de Jesus ao Pai, mas falam do plano de Jesus de levar toda a humanidade para o Pai, tal como para o Pai Ele se elevou em sua Ascensão.
Jesus tomou providências para que toda a humanidade merecesse participar de sua vida celeste ao lado de Deus. Ele ordenou que seus discípulos saíssem por todo o mundo e fizessem de todas as pessoas seus discípulos também.
E o que todas as pessoas devem fazer?
Devem receber o Batismo em nome da Santíssima Trindade (Mt 28,19).
Devem aprender a observar tudo o que Jesus observou no cumprimento da vontade de Deus (Mt 28,20).
Devem saber que não farão nada disto sozinhos, pois Jesus garantiu: “Eu estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo” (Mt 28,20b).
Ao fim desta Liturgia da Palavra nesta festa da Ascensão de Jesus, aprendemos muito sobre Ele e sobre nós mesmos. Entendemos que sem Jesus nada podemos fazer para subirmos ao céu, e que o plano de Deus é precisamente este para todos nós.
Pensemos, consideremos e oremos sobre estas coisas, dando graças a Deus.
Autor: Pe. Valdir Marques, SJ, Doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.
Descobrindo a Bíblia
A Carta aos Efésios
Na Ascensão de N. Senhor, a liturgia nos faz ouvir a Carta aos Efésios: Cristo é a cabeça da Igreja, que é o “corpo” (as mãos e os pés) de sua presença no mundo (Ef 1,17-23). A presença de Jesus na glória do Pai tem seu correspondente em nós, que o “incorporamos” aqui no mundo.
Ef é uma carta circular, dirigida aos cristãos da Ásia Menor (= Turquia), onde fica a cidade de Éfeso. O estudo comparativo revela que o autor, um discípulo de Paulo, se inspirou na Carta aos Colossenses e a transformou numa mensagem destinada a um público mais amplo.
A primeira parte é marcada pelo louvor a Deus (1,3) e a prece de intercessão (1,16; 3,1.14), e termina numa louvação litúrgica (3,21). O tema central é a Igreja, que tem Cristo por cabeça. Deus elegeu a Igreja, já antes dos tempos, para ser seu povo (cap. 1). Pelo batismo, os fiéis são arrebatados do poder das trevas e unidos a Cristo (2,1-10). Nasceu um novo gênero humano, no qual ficou superada a oposição entre judeu e pagão, na paz fundada por Cristo; e ficou eliminada a obrigatoriedade da lei judaica para a salvação (2,11-22). Paulo foi o instrumento de Deus para construir a Igreja de todos os povos (cap. 3).
A segunda parte é mais prática. Importa conservar a unidade e ativar todos os serviços na Igreja (4,1-6). Os fiéis são chamados a vencer o homem velho, presa do pecado, para realizar uma vida nova, iluminada por Cristo (4,17–5,20). Esta vida nova atua em primeiro lugar na família e no matrimônio (5,21–6,9). Para encerrar a carta, o autor evoca a imagem do “militante” de Cristo (6,10-20).
Podemos apontar algumas chaves de leitura.
  Igreja e família. Se os primeiros escritos cristãos focalizavam fortemente a salvação em Cristo, esta carta, mais tardia, se volta para a Igreja. Como hoje, a preocupação com a consolidação da Igreja está em primeiro plano. E o segundo centro de atenção, ao nível do cotidiano, é a família, pois, além de ser a célula fundamental da sociedade, ela é também a primeira Igreja, a “eclesíola”. O acento posto na Igreja se explica, ainda, porque a expectativa de uma volta imediata de Cristo enfraqueceu: a Igreja deve se preparar para durar mais alguns séculos.
  Ética para a vida no mundo, em vez de “parusia já!”. A demora da parusia (= volta de Cristo) obriga os fiéis a construírem uma casa neste mundo. Ef apresenta uma pregação moral que possa parecer “burguesa”, mas que é realista: a estabilidade da família faz parte do mistério do amor de Cristo (5,21–6,9). No lugar da advertência de nos prepararmos para o Juízo, vem a exortação ao combate militante (6,10-20).
  Cristologia. A cristologia de Ef é a do Cristo glorioso e cósmico. A atenção não vai mais para a volta de Jesus, cuja morte e ressurreição foram entendidas como prelúdio da nova vinda para implantar o reino messiânico (como pensam ainda os apóstolos em Atos 1,6). Seu reino é visto como existente na sua glória que se expande sobre o universo e na vida cristã dos fiéis no mundo. Daí o caráter eclesial desse Cristo: ele é a cabeça e nós somos o corpo, através do qual ele atua no mundo. Se ele ainda não voltou ao mundo “com o poder”, ele já voltou na atuação de sua Igreja.
 Salvação universal. Nesta teologia, transparece uma visão universal da salvação da humanidade e do cosmo. Transpira nesta carta o espírito grego universalista — reforçado pelas dimensões mundiais do Império Romano. Mas não devemos esquecer a particularidade concreta das origens: Jesus era judeu, mais exatamente, galileu. Felizmente, a rica memória bíblica e a integração no conjunto do Novo Testamento protegem este escrito contra uma interpretação universal abstrata à maneira da mente ocidental. A leitura da Carta aos Efésios deve levar em conta os outros escritos do Novo Testamento, para que não se tenha uma imagem aérea do mistério de Jesus Cristo, pois o Novo Testamento não é uma coleção de escritos estanques, mas uma integração de diversas maneiras de compreender Jesus. O Cristo da fé, apresentado em Ef, deve permanecer ligado ao Jesus história, evocado pelos evangelhos.
Artigo extraído do livro Descobrir a Bíblia a partir da Liturgia, Pe. Johan Konings, Loyola, 1997.

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