sábado, 20 de janeiro de 2018

Liturgia do dia 14/01/2018


Liturgia do dia 14/01/2018


Leituras
1Sm 3,3b-10.19
Sl 39(40),2.4ab.7-8a.8b-9.10 (R/. 8a.9a)
1Cor 6,13c-15a.17-20
Jo 1,35-42 (Testemunho de João)

2º DOMINGO DO TEMPO COMUM

Domingo

Primeira Leitura: 1Sm 3,3b-10.19

Naqueles dias, 3 Samuel dormia no santuário de Javé, no lugar em que estava a Arca de Javé. 4 Então Javé o chamou. “Samuel, Samuel!”. Ele respondeu: “Eis-me aqui!”. 5 E correu para junto de Eli, dizendo: “Eis-me aqui, porque me chamaste”. Eli retrucou: “Não te chamei; volta e dorme”. Voltou, pois, e foi se deitar. 6 Javé chamou de novo: “Samuel, Samuel!”. Este mais uma vez se levantou e foi ter com Eli, dizendo: “Eis-me aqui, porque me chamaste”. “Não te chamei, meu filho”, disse Eli, “volta para a cama”. 7 Samuel ainda não conhecia Javé, e a palavra de Javé não lhe fora ainda revelada. 8 Pela terceira vez Javé chamou por Samuel. Este se levantou e foi para junto de Eli, 9 dizendo: “Eis-me aqui, porque me chamaste”. Compreendeu, enfim, Eli, que era Javé quem chamava o menino, e disse a Samuel: “Vai deitar-te; e se mais uma vez te chamarem, tu dirás: ‘Fala, Javé, que teu servo escuta’”. E Samuel tornou a deitar-se em seu lugar.10 Javé veio, se deteve, e chamou como das outras vezes: “Samuel, Samuel!”. E Samuel respondeu: “Fala, que teu servo escuta!”. 19 Samuel cresceu. Javé estava com ele, e não deixou cair por terra nenhuma das suas palavras.
Salmo: Sl 39(40),2.4ab.7-8a.8b-9.10 (R/. 8a.9a)

R. Eu disse: "Eis que venho, Senhor! Com prazer faço a vossa vontade".

Esperei no Senhor ansiosamente, e ele se inclinou e ouviu meu grito.

4 Pôs um cântico novo em minha boca, um hino de louvor ao nosso Deus. Que todos possam vê-lo e adorá-lo, encham-se de esperança no Senhor!

7 Não quiseste oblação nem sacrifício, mas abriste, Senhor, os meus ouvidos. Não aceitaste vítima e holocausto, 8a e por isso é que eu disse: “Eis-me aqui!

8b No Livro está escrito a meu respeito que é preciso cumprir tua vontade. 9 Sim, ó meu Deus, é este o meu prazer; trago no coração a tua lei”.

10 Dei à grande assembleia a boa nova, não fechei os meus lábios, tu o sabes.
Segunda Leitura: 1Cor 6,13c-15a.17-20

Irmãos, 13c o corpo, porém, não é para a relação sexual desonesta, mas para o Senhor, e o Senhor para o corpo.14 E Deus, que ressuscitou o Senhor, nos ressuscitará também a nós, pelo seu poder. 15 Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? 17 Mas o que se une ao Senhor é um só espírito com ele. 18 Fugi da perversão sexual! Todo pecado que o homem comete é exterior ao seu corpo; mas o que tem relações sexuais desonestas peca contra o próprio corpo. 19 Ou não sabeis que o vosso corpo é um templo do Espírito Santo, que está em vós e que recebestes de Deus? E que não sois senhores de vós mesmos? 20 Porque, na verdade, vós fostes comprados. Então, glorificai a Deus no vosso corpo.
Evangelho: Jo 1,35-42 (Testemunho de João)

35 No dia seguinte, João se encontrava lá de novo, com dois discípulos. 36 Vendo Jesus que ia passando, disse: “Este é o Cordeiro de Deus”. 37 Os dois discípulos o ouviram e seguiram Jesus. 38 Ele se voltou e, percebendo que o seguiam, lhes perguntou: “Que procurais?”. Responderam: “Rabi — que quer dizer Mestre —, onde moras?”. 39 E ele lhes disse: “Vinde e vede”. Eles foram, viram onde morava e ficaram com ele aquele dia. Era por volta das quatro horas da tarde. 40 André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que tinham ouvido o testemunho de João e seguido Jesus. 41 Ele encontrou primeiro a Simão, seu irmão, e lhe falou: “Encontramos o Messias” — o que significa Cristo. 42 Levou-o a Jesus. Quando Jesus o viu, disse: “Tu és Simão, filho de João. Serás chamado Cefas”, nome que significa Pedra.
Leituras: Diretório da Liturgia e da Organização da Igreja no Brasil 2018 - Ano B - São Marcos, Brasília, Edições CNBB, 2017.
Citações bíblicas: Bíblia Mensagem de Deus, São Paulo, Edições Loyola e Editora Santuário, 2016.
Boa Nova para cada dia
COM PRAZER FAÇO A VOSSA VONTADE, GUARDO EM MEU CORAÇÃO VOSSA LEI. [Sl 39(40)],9 Primeira Leitura: 1Sm 3,3b-10.19.  
Fala, que teu servo escuta. (1Sm 3,10f).
O nosso lugar no Reino de Deus, nossa condição no relacionamento com Deus Pai e com Jesus Cristo, não são definidos por nós mesmos. Deus toma a iniciativa de nos elevar à condição de seus filhos adotivos. Embora isso não seja dito diretamente pela Liturgia da Palavra deste domingo, o fato é que esta filiação adotiva por parte de Deus é uma realidade iniciada com nosso Batismo. Uma vez batizados, neste mundo não vivemos mais separados da Santíssima Trindade. E tudo, nesta união, tem por finalidade nossa futura Vida Eterna, em que viveremos sustentados e saciados pelo amor infinito de Deus. No Reino de Deus plenamente realizado, seremos os filhos de Deus por toda a eternidade.
Como chegamos a este ponto, desejo eterno de Deus?
Entendamos que para isto Deus mesmo nos capacita com sua bondade, afeto e poder.
A Primeira Leitura nos mostra o chamado que Deus fez a Samuel, para dar-lhe a vocação profética, pela qual ele não se separava jamais de Deus. O profeta vivia em constate união com seu Deus, recebendo Dele as mensagens que devia levar ao Povo Eleito. Ou seja, uma vez escolhido por Deus, por Ele Samuel foi capacitado para a missão recebida.
Do mesmo modo Deus nos chama, nos dá uma missão neste mundo, e para ela nos capacita de maneira surpreendente. Somos filhos de Deus, cumpridores de nossa missão.               

Cada um de nós recebe o chamado de Deus de uma maneira muito pessoal.
Deus nos conhece mais do que nós nos conhecemos. Ele sabe de que modo nos atrai para Si. Em nosso íntimo sabemos que é assim. Cada um de nós responde a Deus pelo amor que Ele mesmo pôs em nossos corações.               

Como no chamamento de Samuel, a cada um de nós Deus dá uma missão no meio do Seu Povo Eleito. Mas isto o faríamos unicamente por nossas forças?Pelo contrário, Deus também nos capacita com Seus Dons, para que na Igreja sejamos seu instrumento no seu imenso Plano Salvador de toda a humanidade.
Portanto neste momento, cada um de nós deve se perguntar: o quê e como Deus deseja que eu cumpra a parte que me cabe em Seu Reino? Se nunca nos fizemos esta pergunta, chegou hoje, portanto, o momento para fazê-la.
Que esta Primeira Leitura nos leve a descobrir nosso real significado para Deus, para a Igreja e para todo o mundo, rezando, com frequência: Fala, que teu servo escuta.(1Sm 3,10f).

Salmo Responsorial: Sl 39(40),2-10.  


Com prazer faço a vossa vontade, guardo em meu coração vossa Lei. [Sl 39(40),9].
Mesmo que alguém não tenha clara consciência do que dele Deus deseja como missão a realizar em Igreja, todos nós sabemos em que medida amamos a Deus e qual valor tem para nós Sua Vontade.
O Salmo Responsorial de hoje traz uma frase de uma pessoa que ama profundamente a Deus, a tal ponto que a vontade divina se torna a guia de tudo o que pensa, diz e faz. Com todos nós deve ser assim. Se o cumprirmos fielmente, seremos imagens de Jesus, de quem está dito na Epístola aos Hebreus, 10,7:  ...eu disse: “Eis aqui estou ..., para fazer, ó Deus, a tua vontade”. A Epístola aos Hebreus diz claramente que Jesus cumpriu o que sobre Ele o Salmo Responsorial profetizou: “Com prazer faço a vossa vontade, guardo em meu coração vossa Lei”. [Sl 39(40),9].
A que nos move este pensamento?               

Move-nos a imitar Jesus. Se Seu alimento era fazer a Vontade do Pai (Jo 4,34), sem fazer a Vontade do Pai Jesus ‘morreria’ espiritualmente.
Também assim deve ser conosco. Devemos sentir grande alegria em cumprir a Vontade de Deus e entender, espiritualmente, como ela nos alimenta, dá-nos forças, predispõe-nos para cumprirmos a missão que Deus nos dá nesta vida.
Seja nossa a oração de Jesus: “Com prazer faço a vossa vontade, guardo em meu coração vossa Lei”.[Sl 39(40),9].
Segunda Leitura: 1Cor 6,13-15.17-20.
... ignorais que vosso corpo é santuário do Espírito Santo,
que mora em vós e que vos é dado por Deus? (1Cor 6,19).
Tantas vezes lemos e ouvimoss este ensino de São Paulo, mas nem sempre atingimos sua compreensão profunda.               

Se, porém, entendermos antes que somos filhos de Deus, que Dele recebemos uma missão em Sua Igreja, que precisamos da ajuda de Seu Espírito Santo, de Seus Dons e Sua Graça, então ficará mais fácil o que São Paulo ensina aqui em 1Cor 6,19.
De fato, o que poderíamos fazer por Deus sem a ajuda Dele?
O motivo de desânimos de muitas pessoas batizadas é imaginar que deve fazer a Vontade de Deus unicamente com suas forças humanas. A realidade, para Deus, é outra.
Para que soubéssemos disso, Jesus nos disse uma vez:“Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,5).
E para que soubéssemos que em tudo Jesus nos ajuda, lembremos o que Ele também disse: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mt 11,28).
Jesus nos ajudou especialmente enviando-nos o Espírito Santo a toda a Igreja e a cada um de nós.
À Igreja o Espírito Santo foi dado em Pentecostes, e como parte da Igreja, Dele todos participamos.
A cada um de nós o Espírito Santo foi dado no Batismo e confirmado na Crisma.
Se sua presença em nós não é percebida, isto quer dizer que Lhe damos importância tão pequena que nem mesmo nos dispomos a meditar sobre a ação e o poder do Espírito Santo dentro de nós. Ele é muito mais do que a maioria imagina.
São Paulo deixa claro: o Espírito Santo habita dentro de nós, que somos o Seu TemploNão que por nós mesmos o tenhamos decidido ou podido, mas porque Deus decidiu e pôde nos dar o Espírito Santo e Seus Dons.   

Animados assim com o poder de Deus agindo em nós,levaremos adiante o que seu chamado inclui: nossa parte pelo bem da Igreja, de todo o mundo, realizada através dos dons e carismas do Espírito Santo, com a ajuda do Pai e do Filho Jesus.  
Evangelho: Jo 1,35-42.
Jesus olhou bem para ele e disse: “Tu és Simão, filho de João; tu serás chamado Cefas”. (Jo 1,42bcd).
O Evangelho nos narra os primeiros encontros entre Jesus e discípulos de São João Batista. Um deles, André, vai chamar seu irmão, Pedro, dizendo-lhe: “Encontramos o Messias”  (Jo 1,41c).
Embora o Evangelho não diga que Jesus tenha chamado André, o fato é que André ficou seguro de que Ele era o Messias através do que João Batista lhe dissera. Ao procurar Jesus, André se sentiu chamado para ser Seu discípulo.
No caso de Pedro, também o Evangelho de João não diz que Jesus o tenha chamado. Mas deixa entender que Pedro já aguardava o Messias e estava disposto a segui-Lo. Bastava encontrá-Lo. E foi o que aconteceu.   

Notemos como o Evangelho diz: Jesus entendeu que Pedro queria ser chamado por Ele, pois logo depois de tê-lo visto, Jesus já dá por concluído o chamado e esclarece o que Pedro será dali em diante: Jesus muda seu nome, que antes era ‘Simão filho de João’ para ‘Cefas’, que significa ‘Pedra’. Será, portanto, ‘Pedro’ a pedra sobre a qual Jesus edificará sua Igreja: ... tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, ... (Mt 16,18)
.   

Assim Simão filho de João foi transformado em ‘Pedra’. Se continuasse apenas ‘Simão filho de João’, não estaria capacitado para ser chamado por Jesus nem para receber Dele a missão que cumpriu em benefício da Igreja.
Como isto se tornou realidade?
Podemos supor em Pedro a mesma disposição do salmista, que quis set rnsformado em outra pessoa ao dizer: “Com prazer faço a vossa vontade; guardo em meu coração a vossa Lei” [Salmo 39(40),9].
Deus que chamara Samuel, tinha lhe dado a vocação profética, capacitou-o para isto e o manteve unido a Si, de modo que Samuel fizessem sempre a vontade divina.
Deus que nos chamou para sermos seus filhos adotivos pelo Batismo, capacitou-nos com os dons do Espírito Santo, de modo que na Igreja multiplicamos nossos talentos.               

Deus que por meio de Jesus chamou Simão, determinou com Seu Poder o futuro de Pedro para o bem de toda a comunidade cristã nascente, a Igreja.
               

Pensemos na dignidade que recebemos pelo chamado de Deus.
Reconheçamos sua grandeza, ponhamos em prática nossos dons e talentos na Igreja, e não deixemos de dar graças a Deus continuamente por tudo isto hoje e sempre.
Autor: Pe. Valdir Marques, SJ, Doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.
Descobrindo a Bíblia
O profeta Samuel
A liturgia nos apresenta hoje a história, quase humorística, da vocação de Samuel (para fazer par com a vocação dos discípulos de Jesus, no evangelho). É uma oportunidade para conhecer melhor a figura de Samuel conforme o livro que a Bíblia lhe dedica, o Primeiro Livro de Samuel (a continuação, o Segundo Livro de Samuel, descreve a história do rei Davi, depois da morte de Samuel, narrada em 1Sm 25,1).

O nascimento de Samuel traz a marca de Deus: ele nasce de uma mulher estéril, Ana, a qual, por gratidão, oferece a criança a Deus (1,22-28) e canta seu conhecido hino de louvor, que prefigura o Magnificat de Maria (2,1-10). A partir desse momento, Samuel serve como “oblato” no santuário de Silo, com o sacerdote Eli. O cap. 3 narra como o menino Samuel, por três vezes, ouve uma voz que o chama e, pensando que é a voz de Eli, se apresenta a este. Na terceira vez, Eli desconfia que a voz seja muito especial e lhe ensina a pôr-se a serviço de Deus que o chama (3,9). Então Deus confia a Samuel a missão profética. Ele recebe o dom da “palavra forte”, a palavra profética que tem efeito, porque é a palavra de Deus (3,19; cf. Is 55,9-10).

Muitos anos depois reencontramos Samuel como “juiz” (= chefe espontâneo) do povo (7,2-6). É o tempo do avanço dos inimigos filisteus. O povo pede a Samuel um rei, um chefe permanente, dispondo de um exército profissional para enfrentar os filisteus. Quando Samuel se sente decepcionado com este pedido, Deus mesmo lhe dá a entender: “Escuta a voz do povo em tudo aquilo que te pedem. Não é a ti que rejeitam, mas a mim. Não querem mais que eu seja o rei deles” (8,7). Samuel adverte, então, o povo a respeito do peso que o rei fará pesar sobre seus ombros (9,11-18). Todavia, obedecendo à voz de Deus, indica como primeiro rei Saul (1Sm 9), que se revela um grande guerreiro, porém, nem sempre obediente a Deus, o que lhe custará a realeza (15,27-28). A partir daquele momento, Samuel providenciará a ascensão de um novo rei escolhido por Deus: Davi (1Sm 16). Davi serve como soldado profissional no exército de Saul e chega a casar uma das filhas deste, mas entrará em contínuas desavenças, sendo, porém, respaldado pelo próprio filho de Saul, Jônatas.

Não costumamos contar Samuel entre os profetas, embora ele seja um dos maiores. Ele é bem mais importante do que nós cristãos geralmente avaliamos. Ele manda e desmanda nos primeiros reis de Israel. Neste sentido, ele ilustra bem o papel do profeta, que consiste em ser o “guardião da Aliança” e a consciência moral do rei, que nem sempre está inclinado a escutar a voz de Deus!

Artigo extraído do livro Descobrir a Bíblia a partir da Liturgia, Pe. Johan Konings, Loyola, 1997.

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