terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Liturgia do dia 24/12/2017


Leituras
2Sm 7,1-5.8b-12.14a.16
Sl 88,2-3.4-5.27.29 (R.2a)
Rm 16,25-27
Lc 1,26-38

4ª Semana do Advento

Domingo

Primeira Leitura: 2Sm 7,1-5.8b-12.14a.16

1 O rei já habitava em seu palácio, e Javé já o desembaraçara de todos os inimigos das redondezas. 2Então o rei disse ao profeta Natan: “Vê: eu moro num palácio de cedro, ao passo que a Arca de Deus se acha debaixo de uma tenda!”. 3 Natan respondeu ao rei:“Tudo o que estiver em teu pensamento vai e faz, porque Javé está contigo”. 4 Mas, nesta mesma noite, a palavra de Javé foi dirigida a Natan nestes termos: “Vai dizer a meu servo Davi: ‘Assim diz Javé: será que és tu que me edificarás uma casa para morar? 8b Eu te tirei das pastagens, de detrás dos rebanhos de ovelhas para seres chefe de meu povo de Israel. 9 Estive contigo em toda a parte por onde andaste, e exterminei todos os teus inimigos diante de ti. Eu te darei um grande nome, como o nome dos maiores da terra. 10 Eu atribuirei um lugar para o meu povo de Israel. Eu aí o plantarei, e ele permanecerá onde estiver, não mais será sacudido de um lugar para outro, e os filhos da iniquidade não mais o oprimirão como antes, 11 desde o tempo em que eu instituí juízes sobre o meu povo de Israel. Eu te dei sossego da parte de todos os teus inimigos, e Javé te anuncia que é ele que te fará uma casa. 12 Quando os teus dias forem completos e repousares com teus pais, eu manterei depois de ti um descendente teu, saído de tuas entranhas, e eu firmarei a sua realeza. 14 Eu serei para ele um pai, e ele será para mim um filho. 16 A tua casa e a tua realeza durarão para sempre diante de mim, o teu trono será inabalável para sempre”.
Salmo: Sl 88,2-3.4-5.27.29 (R.2a)
R. Senhor, cantarei sempre a tua graça.
2 Senhor, cantarei sempre a tua graça, direi às gerações quanto és fiel; 3 a tua graça é firme como a terra; tua fidelidade, como o céu.

4 Firmei com o meu eleito uma aliança, e jurei a Davi, meu servidor: 5 ‘Eterna hei de fazer tua linhagem, Firme o teu trono pelas gerações!.

27 A mim ele dirá: ‘Tu és meu Pai, meu Deus e meu rochedo salvador!.

29 Dar-lhe-ei para sempre a minha graça, com ele manterei minha aliança.
Segunda Leitura: Rm 16,25-27

Irmãos: 25 A ele que é poderoso para vos confirmar de acordo com o Evangelho que anuncio, ao pregar Jesus Cristo conforme a revelação do mistério que esteve escondido desde a eternidade, 26 mas que agora foi revelado, e pelas Escrituras dos profetas e por disposição do eterno Deus foi dado a conhecer a todos os pagãos para os conduzir à obediência da fé, 27 a ele, único e sábio Deus, pelos séculos dos séculos! Amém.
Evangelho: Lc 1,26-38

26 No sexto mês, o anjo Gabriel foi mandado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, 27 a uma virgem prometida em casamento a um homem chamado José, da casa de Davi. A virgem se chamava Maria. 28 O anjo entrou onde ela estava e lhe disse: “Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo”. 29 Ela se perturbou com estas palavras e perguntava de si para si o significado desta saudação. 30 Mas o anjo continuou: “Não tenhas medo, Maria! achaste graça diante de Deus. 31Conceberás e darás à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus. 32 Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo. O Senhor lhe dará o trono de Davi, seu pai. 33Ele reinará eternamente sobre a casa de Jacó e seu reino não terá fim”. 34 Então, Maria perguntou ao anjo: “Como se fará isso? Pois sou virgem”. 35 O anjo respondeu: “O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo te envolverá em sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer será santo e será chamado Filho de Deus. 36 Vê: também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice. E ela, que era chamada estéril, já está no sexto mês; 37 porque a Deus nada é impossível”. 38 Maria disse então: “Eis aqui a serva do Senhor. Seja-me feito segundo a tua palavra”. E o anjo a deixou.
Leituras: Diretório da Liturgia e da Organização da Igreja no Brasil 2017 - Ano A - São Mateus, Brasília, Edições CNBB, 2016.
Citações bíblicas: Bíblia Mensagem de Deus, São Paulo, Edições Loyola e Editora Santuário, 2016.
Boa Nova para cada dia

EU FIZ UM JURAMENTO A DAVI, MEU SERVIDOR.
 [SL 88(89),4B].
PARA SEMPRE, NO TEU TRONO, FIRMAREI TUA LINHAGEM,

GERAÇÃO EM GERAÇÃO GARANTIREI O TEU REINADO
[SL 88(89),5].
Primeira Leitura: 2Sm 7,1-5.8b-12.14a.16.
“Tua casa e teu reino serão estáveis para sempre diante de mim, e teu trono será firme para sempre”.(2Sm 7,16). 
A Liturgia da Palavra deste domingo nos faz concentrar nossa atenção sobre dois pontos importante da pessoa de Jesus, que acolhemos neste Natal.
O primeiro ponto é o Reino de Jesus, herdado de Davi para durar sempre, e tornado eterno porque Deus o ressuscitou: como Jesus não morre mais, Seu Reino não tem fim. Davi morreu, não ressuscitou; seu reino durou o tempo de sua vida terrena e de seus descendentes, todos mortos. Jesus morreu mas ressuscitou. Portanto não haverá outro descendente de Davi para herdar seu reino. O segundo ponto é o Reino de Jesus sobre o Povo Eleito, os descendentes da Jacó, e sobre todas as demais nações da terra. Israel sabia que o Messias descendente de Davi reinaria para sempre, mas não sabia que o último descendente de Davi, Jesus, reinaria também sobre os outros povos da terra para sempre.
Primeira Leitura nos apresenta o juramento que Deus fez a Davi: Deus formou para ele uma ‘casa’ (2Sm 7,11d), isto é, uma família dinástica. Família dinástica significa aquela da qual nascerão reis filhos de reis. E o primeiro desta ‘casa’ foi Davi, e sua dinastia foi a continuidade de seus descendentes no trono de Israel.
Ora, esta Primeira Leitura é posta na Liturgia da Palavra de hoje para que entendamos que Jesus, filho de Davi, foi desta ‘casa’ de Davi, desta dinastia de Davi. Em comparação com os outros descendentes de Davi, Jesus, sim, manterá eternamente o Reino de Davi, porque, como já sabemos, ressuscitado vive eternamente.
Jesus, é, portanto, o cumprimento da promessa de Deus a Davi. E Deus fez esta promessa a Davi tendo em vista a Encarnação de Seu Filho.
O que importa a Jesus este Reino herdado de Davi?
Importa o significado que este Reino passa a ter na pessoa de Jesus.
Como Jesus é Filho de Deus, este é um Reino não apenas humano. É, principalmente, um Reino Divino, porque Jesus, como Filho de Deus, é Rei como Deus. Assim o Reino de Deus é o Reino de Jesus filho de Davi.
Ora, enquanto Reino Divino, Reino de Deus que Jesus pregou sempre, é um Reino não só sobre o Povo Eleito, pois Deus é também Deus dos pagãos. Isto São Paulo nos diz em Rm 3,29: É, porventura, Deus somente dos judeus? E não o é também dos gentios? Também dos gentios, certamente. Ainda mais claro é o que São Paulo diz em Gl 3,27-29:
27: ... todos vós que fostes batizados em Cristo, vos vestistes de Cristo.
28. Não há judeu nem grego ... pois todos sois um só (Povo Eleito) em Cristo Jesus.
29. E se sois de Cristo, então sois descendentes de Abraão ... .
Todos nós, os batizados, pertencemos a Jesus Cristo. Portanto Ele é nosso Rei Eterno. É em nós que se realiza a promessa de Deus a Davi que reinou sobre os descendentes de Jacó e Judá. Seu herdeiro, Jesus, é o cumprimento do que Deus jurou a Davi:
“Tua casa e teu reino serão estáveis para sempre diante de mim, teu trono será firme para sempre”.(2Sm 7,16).
Mais de uma vez consideramos como Jesus deve ser entendido como filho de Davi. Hoje, portanto, ampliamos nosso conhecimento deste título dado a Jesus por Deus e reconhecido pelo Povo Eleito.
Mais de uma vez os judeus o chamaram de ‘Filho de Davi’, como em Mt 9,27: dois cegos chamam Jesus pedindo-lhe cura, enquanto ‘Filho de Davi’. E Jesus mesmo perguntou ao povo por qual motivo Ele, o Messias, devia ser entendido como ‘Filho de Davi’ (Mc 12,35); e este Evangelho dá a entender que a multidão concordou com Jesus, e o considerou o verdadeiro descendente real de Davi.
Ora, reconhecendo que Jesus era o Filho de Davi, os judeus aguardavam que Nele se realizasse a promessa de Deus a Davi. Ouçamos mais uma vez: “Tua casa e teu reino serão estáveis para sempre diante de mim, e teu trono será firme para sempre”. (2Sm 7,16).
Vendo no presépio o Jesus menino, digamos-Lhe:
Sabemos que és o Filho de Davi, e que Teu Reino é para sempre.
Sabemos que és o Filho de Deus e que Teu Reino é eterno.
Sabemos que Teu reino é para nossa Salvação, portanto Tua vinda ao mundo é o início de nossa Salvação eterna.
Obrigado Jesus.Salmo Responsorial: Sl 88(89),2-5.27.29.
Eu fiz um juramento a Davi, meu servidor. [Sl 88(89),4b].
Para sempre, no teu trono, firmarei tua linhagem,

de geração em geração garantirei o teu reinado 
[Sl 88(89),5].
Na Liturgia da Palavra a função dos Salmo Responsoriais é nos levar a reconsiderar os textos sagrados.


Neste Salmo Responsorial é precisamente isto que acontece. Repensemos, portanto, o que ouvimos até a este momento nesta Liturgia da Palavra. Este Salmo nos relembra o juramento de Deus a Davi, levando-nos do reino temporal dele para o Reino Eterno do seu último descendente, Jesus. Somente com Sua Ressurreição é que o reinado de Davi se tornou eterno.Como este Reino é para nossa Salvação, seremos salvos por Jesus para a Vida Eterna.
Segunda Leitura: Rm 16,25-27.
Agora este mistério foi manifestado
e, mediante as Escrituras proféticas,
conforme a determinação do Deus eterno,

foi levado ao conhecimento de todas as nações, para trazê-las à obediência da fé.
 (Rm 16,26).
São Paulo nos fala a partir de sua experiência missionária.
Ele anunciava o Evangelho de Jesus Cristo.
Neste Evangelho devia levar as pessoas convertidas do paganismo à fé em Jesus, para que Dele recebessem a Salvação eterna do Reino Eterno que inaugurou com sua Ressurreição.
Ora, com a pregação de São Paulo o conhecimento de Jesus e Seu Reino foi levado aos não judeus. Mas isto, diz São Paulo, foi um segredo que Deus tinha em seu coração. Nem os Patriarcas Abraão, Isaque e Jacó, nem os profetas, nem Davi souberam deste segredo. Deus só o revelou quando Seu Filho veio ao mundo na pessoa de Jesus. E São Paulo, conhecedor deste mistério da salvação tanto dos judeus como dos pagãos, recebeu de Deus a missão de levar a Jesus também os pagãos.
O que aconteceu, portanto, ao gênero humano, à humanidade inteira quando entrou no Reino Eterno de Jesus? Todos os povos foram unificados pela fé em Jesus, que tem este poder de fazer de todos um só Povo Eleito para Deus.
É por isso que precisamos reconsiderar Gl 3,27-28:
27: ... todos vós que fostes batizados em Cristo, vos vestistes de Cristo.
28. Não há judeu nem grego ... pois todos sois um só (Povo Eleito) em Cristo Jesus.
Se em Cristo somos um só Povo de Deus, Nele estamos todos salvos. Portanto, permaneçamos com ele por toda a nossa vida.
Evangelho: Lc 1,26-38.
“Ele será Grande, será chamado Filho do Deus Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi” (Lucas 1,32).
Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim. (Lc 1,33).
Meditamos já esta passagem do Evangelho de São Lucas.
Já sabemos o que significa que o Jesus que vai nascerserá ‘Grande’.
Já sabemos o que significa que Jesus será chamado ‘Filho do Deus Altíssimo’.
Já sabemos como Deus Lhe dará o trono de seu pai Davi.
E já sabemos o que significa o Reino de Jesus sobre os descendentes de Jacó, isto é, os judeus, o Povo Eleito.
E, como Jesus ressuscitou, entendemos como Seu Reino não terá mais fim, porque ultrapassará a esfera do tempo para existir na eternidade, onde nada tem fim.
Ora, a importância de todas estas informações que nos foram dadas pelo esta Liturgia da Palavra está no fato de que ultrapassamos uma compreensão de um reinado apenas temporal de Jesus. Ultrapassamos a compreensão da Salvação dada por Jesus apenas no tempo em que viveu na terra e no tempo em que vivemos antes do fim do mundo. Entendemos o Reino de Jesus nestas duas dimensões: terrena, temporal, e celeste, eterna.
Ora, isto nos leva a olhar ao Menino Jesus em seu presépio tendo presente já a notícia de sua Ressurreição pela qual Ele terá o Reino eterno prometido primeiro a Davi e depois realizado por Ele, na Vida Eterna.
Tudo isto nos diz respeito, porque a nossa Salvação dada por Jesus tem seu fim na Vida Eterna também dada por Jesus Ressuscitado.
Agradeçamos Jesus em seu presépio: Ele nos dá a salvação enquanto vivemos neste mundo para que a tenhamos para sempre na Vida Eterna.
Autor: Pe. Valdir Marques, SJ, Doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.
Descobrindo a Bíblia
A profecia de Natã
No último domingo antes do Natal, a liturgia lembra a principal profecia messiânica do Antigo Testamento: a “profecia de Natã”, 2Sm 7.

Por volta do ano 1000 a.C., Davi se instalou em Jerusalém, num palácio feito com a preciosa madeira dos cedros do Líbano. Para não ficar devendo a Deus, quis então construir uma “casa” (um templo) para substituir a “tenda” (da Aliança) que tinha sido a morada de Deus no deserto e que fora transportada para perto do palácio real (cf. 2Sm 6). Mas Deus, por meio do profeta Natã, avisou que ele não precisava de uma casa. Afinal, foi sempre morando na tenda que ele acompanhou o povo, durante a marcha pelo deserto e a tomada de posse da terra prometida. Para que de repente uma “casa”? Pelo contrário, diz Natã, “o Senhor te fará uma casa” (2Sm 7,11), mas num outro sentido: no sentido de uma dinastia, uma “casa real”, uma descendência que ocupe o trono de Davi. E essa descendência será para sempre (7,13.16).

Quatrocentos anos mais tarde, Jerusalém é conquistada e destruída por Nabucodonosor, rei da Babilônia (586 a.C.). O rei descendente de Davi é deposto e substituído por um governador. Será que a lamparina de Davi se apagou? No fim da história dos reis, ela parece reluzir de novo: o deposto e humilhado rei Jeconias (Joiaquin) é restabelecido na sua dignidade, embora permanecendo na corte de Babilônia (2Rs 25,27-30). Seu neto Zorobabel restaurará o altar (Esd 3) e reconstruirá o templo depois do exílio, em 520-515 a.C. (Esd 5–6). Mas depois de Zorobabel, a casa davídica se apaga... Já não há “filho de Davi”!

Será que Deus foi infiel à sua promessa? Impossível! O judaísmo depois do exílio continuou firme na esperança de que um dia surgisse um novo “filho de Davi”, ungido (= “messias”) para ser libertador e chefe de seu povo. Alguns teólogos começavam até a achar que não precisava ser um descendente físico. Deus podia escolher outro para ser filho de Davi. Até nem precisava ser rei. Talvez fosse um profeta ou um sacerdote. Mas certo é que Deus continuaria o reinado que ele inaugurou em Davi, o reinado de Deus no meio de seu povo.

Quando os seguidores reconheceram em Jesus de Nazaré o enviado de Deus, eles o aclamaram como Messias (Mc 8,29!) e Filho de Davi (Mc 10,47-48; 12,35). Com certeza, Deus cumpriu a promessa: visitou o seu povo e o libertou, “suscitou uma força de salvação na casa de Davi, seu servo” (Lc 1,69).

O nascimento de Jesus em Belém relaciona-se com o cumprimento da profecia de Natã: Jesus nasce como descendente de Davi na cidade da família de Davi, e José, pai de Jesus a título jurídico, confere-lhe juridicamente a ascendência davídica (Lc 2,4; Mt 1,20). Segundo a humanidade (= “carne”), Jesus é filho de Davi, segundo o poder de Deus (= “Espírito”), filho de Deus (Rm 1,4). Talvez esta descendência de Davi deva ser tomada, não ao pé da letra, mas num sentido mais amplo, dando mais espaço ao modo de agir de Deus, como já pensavam alguns mestres antes de Cristo. O evangelista João deixa misteriosamente aberta a questão se o Messias deve nascer da descendência carnal e na cidade de Davi (Jo 7,40-43). Para João, o importante é que Jesus é Filho de Deus, num modo único, a ponto de se tornar Palavra de Deus e Deus para nós (Jo 1,1.14.18).

Artigo extraído do livro Descobrir a Bíblia a partir da Liturgia, Pe. Johan Konings, Loyola, 1997.

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