terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Liturgia do dia 25/12/2017


Leituras
Is 52,7-10
Sl 97,1.2-3ab.3cd-4.5-6 (R.3cd)
Hb 1, 1-6
Jo 1,1-18

Solenidade do Natal - Missa do dia do Natal

Segunda-Feira

Primeira Leitura: Is 52,7-10

7 Quão belos sobre as montanhas são os pés do enviado alvissareiro, o arauto da paz, trazendo felicidade, anunciando a salvação, dizendo a Sião: “Teu Deus reina!”. 8 Escuta! Teus vigias elevam a voz, gritam alegres e juntos, porque veem, olhos nos olhos, Javé retornando a Sião! 9 Exultai todas juntas, com gritos de alegria, ruínas de Jerusalém; pois Javé consola seu povo, ele resgata Jerusalém! 10 Javé desnudou seu braço santo aos olhos de todas as nações; todos os confins da terra verão a salvação de nosso Deus!
Salmo: Sl 97,1.2-3ab.3cd-4.5-6 (R.3cd)
R. Os extremos da terra contemplaram nosso Deus a salvar-nos.
Entoai ao Senhor cântico novo, que ele fez maravilhas! Sua mão poderosa e braço santo valeram-lhe a vitória.

2 Revelou o Senhor o seu auxílio, sua justiça aos povos. 3De seu fiel amor ele lembrou-se, bem favor de Israel.

3cd Os extremos da terra contemplaram nosso Deus a salvar-nos. 4 Aclamai o Senhor, ó terra inteira, com cânticos e música!

5 Celebrai o Senhor em vossas harpas e nos vossos saltérios. Ante o Senhor e Rei, rejubilai-vos com tubas e trombetas.
Segunda Leitura: Hb 1, 1-6
Outrora, Deus falou a nossos pais muitas vezes e de diversas maneiras, por meio dos profetas. 2 No período final em que estamos ele nos falou por meio de seu Filho. Por ele é que Deus criou o universo e é ele que foi feito herdeiro de tudo. Este Filho é a irradiação de sua glória e a expressão exata do seu ser. Ele sustenta o universo com a sua palavra poderosa. E, tendo realizado a purificação dos pecados, assentou-se à direita da divina majestade, nas alturas. 4 Tornou-se, por isso, tão superior aos anjos, quanto o nome que lhe tocou supera o deles. Pois, a qual dos anjos Deus porventura disse: Tu és meu Filho, hoje eu te gerei? E ainda: Eu serei para ele um Pai, e ele será para mim um Filho? 6 Mas, ao introduzir seu Filho primogênito no mundo, ele disse: Todos os anjos de Deus devem adorá-lo.
Evangelho: Jo 1,1-18

No princípio existia o Verbo, o Verbo estava voltado para Deus, e o Verbo era Deus. 2 O Verbo estava, pois, voltado para Deus no começo. 3 Tudo foi feito por ele, e sem ele nada se fez de tudo o que foi criado. 4 Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. 5 A luz brilha na escuridão e a escuridão não a pôde extinguir. 6Surgiu um homem enviado por Deus. Seu nome era João.Ele veio como testemunha, para falar a respeito da luz, para que todos cressem por meio dele. 8 Ele não era a luz, mas a testemunha da luz. 9 O Verbo era a luz, a verdadeira luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem.10 Ele estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, mas o mundo não o reconheceu. 11 Ele veio até a sua própria terra e a sua gente não o acolheu. 12 Mas a quantos o acolheram, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus: os que creem em seu Nome 13 o qual não foi gerado do sangue nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. 14 E o Verbo se fez carne e habitou entre nós. Nós vimos sua glória, glória que recebe de seu Pai como Filho Único, cheio de graça e verdade. 15 João lhe dá testemunho, proclamando: “Eis aquele de quem eu disse: vem depois de mim um homem que me precedeu, porque existia antes de mim”. 16 Todos recebemos de sua plenitude graça após graça. 17 Porque a Lei nos foi dada por meio de Moisés; mas a graça e a verdade nos vieram por meio de Jesus Cristo. 18 Ninguém jamais viu a Deus. O Filho Único, Deus, que está voltado para o seio do Pai, o revelou.
Leituras: Diretório da Liturgia e da Organização da Igreja no Brasil 2017 - Ano A - 
São Mateus, Brasília, Edições CNBB, 2016.
Citações bíblicas: Bíblia Mensagem de Deus, São Paulo, Edições Loyola e Editora 
Santuário, 2016.
Boa Nova para cada dia
A PALAVRA SE FEZ CARNE E HABITOU ENTRE NÓS (Jo 1,14a)
Primeira Leitura: Is 52,7-10.
“O Senhor desnudou o seu santo braço aos olhos de todas as nações; todos os confins da terra hão de ver a Salvação que vem de nosso Deus”. (Isaías 52,10).
Primeira Leitura nos põe diante dos olhos o maravilhoso Plano de Salvação que Deus fez desde toda a eternidade.Ele não criou a humanidade para que se perdesse pela culpa do Pecado.
Ele nos criou para que vivêssemos eternamente com Ele.
Ora, como o Pecado desfez este Plano Divino, Deus renova seu Plano para nossa Salvação de maneira muito mais maravilhosa.
Na Primeira Criação a humanidade era apenas terrena. Viveria na terra para sempre.
Na Segunda Criação, que se inicia no momento da a Ressurreição de Jesus, a humanidade recebe uma Vida Eterna para estar na União com Deus para sempre. A Vida Eterna é a Salvação para não voltarmos jamais a sermos apenas seres terrenos. Isto porque fomos libertados do Pecado e de seus efeitos. Mortos no Batismo ao Pecado, e ressuscitados por Jesus em Sua Ressurreição, não pecaremos mais, não morreremos mais. Viveremos como Deus sempre quis, em eterno amor a Ele, na Vida Eterna.
É para esta maravilha que esta Liturgia da Palavra nos ilumina.
Começando com a Primeira Leitura, de Isaías 52,7-10, entramos no Grande Plano Divino da Salvação, feito desde toda a eternidade. 
O que este Plano Divino de Salvação nos diz?
Isaías descreve um momento único da história do Povo Eleito.
Este momento foi o da libertação do Povo da escravidão da Babilônia.
Os israelitas podiam voltar para Jerusalém e reconstruir o Templo, reiniciar uma vida livre em suas práticas religiosas. Este momento único, foi o do crescimento espiritual do Povo Eleito até o dia em que Jesus Cristo veio ao mundo. Nunca houve em Israel algum momento comparável a este, o chamado tempo da Restauração de Israel depois do Exílio na Babilônia.
O que o profeta nos quer dizer com esta passagem de suas profecias?
Ele declara:
“O Senhor desnudou o seu santo braço  aos olhos de todas as nações; todos os confins da terra hão de ver a Salvação que vem de nosso Deus”. (Isaías 52,10).
Prestemos atenção a todas estas palavras.
Quando Deus ‘desnuda seu braço’ está dando início a uma ação divina importante para seu Povo Eleito. Ele ‘arregaça as mangas’, como diríamos nós hoje, para ‘pôr mãos à obra’. Este é de fato, um momento da maior importância para Israel.
O que Deus fez ‘arregaçando as mangas’ neste momento?
Esta expressão bíblica significa que Deus quer deixar claro como tem Poder para produzir grandes acontecimentos para seu Povo Eleito. Ele já o fizera abrindo o Mar Vermelho para Israel passar e se salvar da escravidão do Egito.
Agora Ele demonstra seu Poder num novo momento importante para Israel.
Neste momento, Seu Povo volta para a terra dos antepassados, com a liberdade garantida, e com esta liberdade retoma sua vivência religiosa: seus pecados tinham sido perdoados, a penitência por eles cumprida na escravidão, o culto no Templo pôde ser restaurado, a cidade santa reconstruída, o povo novamente instruído na Lei de Moisés. A paz entre todos vigora. A alegria está em todos os corações, em todo o Povo Eleito.
Ora, Isaías lido hoje, no dia de Natal, nos diz coisas que o Povo Eleito naquele tempo não tinha condições de entender.
Lemos esta Primeira Leitura dentro da celebração do nascimento do Filho de Deus Encarnado, Jesus. Para nós, cristãos, este momento é a grande demonstração do Poder de Deus, que para nós ‘desnudou o Seu Braço’. Ele realiza para toda a humanidade o equivalente realizado para seu Povo Eleito quando o tirou da escravidão da Babilônia.
Como isto deve ser entendido?
Ora, com o nascimento do Filho de Deus acontece para a humanidade uma coisa jamais acontecida antes: a condição terrena dada na Primeira Criação está para ser superada. Ela acabou sendo condição de Pecado dos primeiros pais. E o pecado introduziu todo o gênero humano na escravidão, não a da Babilônia, mas a do Pecado. Pessoa alguma ficava livre dele.
Jesus, Filho de Deus, sem Pecado, veio acabar com o poder do Pecado sobre nossas vidas. Ele é a manifestação do Poder de Deus que assim ‘desnudou o Seu Braço’, isto é, pôs em ação Seu Poder Salvador na pessoa de Jesus Cristo que hoje nasce em Belém.  
O Natal de Jesus, portanto, é nosso grande momento de alegria: somos como os israelitas que mal tinham saído da escravidão da Babilônia. Ficamos alegres porque podemos ver em Jesus Cristo o poder de Deus realizado.
Algo mais ainda Isaías nos diz:

Esta Salvação divina foi revelada a Israel, mas não somente para aquele Povo Eleito: agora é para toda a humanidade:
... aos olhos de todas as nações; todos os confins da terra hão de ver a Salvação que vem de nosso Deus”. (Isaías 52,10).
Quem faz parte da humanidade inteira se alegra com o nascimento de Jesus Cristo: e nós não ficamos excluídos! De fato, vemos em Jesus a Salvação que vem de nosso Deus!
Meditemos esta Primeira Leitura sentindo esta alegria:
para nós é que Deus revelou o poder de Seu braço
.
Para nós é que revelou a libertação do pecado na pessoa de Seu Filho
.
Para nós é que nos mostra Seu Filho
 nascido homem,numa manjedoura, envolto em faixas, como os Anjos anunciaram aos pastores (Lucas 2,12).
Salmo Responsorial:
 Sl 97(98),1-6.
Os confins do universo contemplaram a Salvação de nosso Deus. 
[Sl 97(98),3cd].
A Salvação dada por Deus é tema frequente nos salmos.
Hoje o Salmo Responsorial nos lembra o que Isaías já nos revelara ao Povo Eleito que acabara de sair da escravidão da Babilônia. O Salmo Responsorial fala especialmente da Salvação de toda a humanidade, sem que ninguém fique fora desta proposta divina, mesmo que esteja nos extremos confins da terra, ou, melhor, do universo:
Os confins do universo contemplaram a Salvação de nosso Deus. [Sl 97(98),3cd].
Ora, no Antigo Testamento, a salvação era entendida como socorro de Deus a pessoas ou ao Povo Eleito em momentos de grande necessidade. Como não tinha sido revelada a Encarnação de Jesus, a ‘salvação’ era, assim, entendida não como a Salvação Divina que Deus realiza com seu Poder manifesto na Morte e Ressurreição de Jesus Cristo.
Neste Salmo Responsorial, portanto, lido pela Igreja nesta Liturgia da Palavra, a ‘salvação’ para a ser entendida como ‘a Salvação’ que apenas em Jesus Cristo foi realizada por Deus.
Percebamos esta diferença. Vivemos no tempo em que o Poder de Deus se revela em Jesus Cristo – o Salvador – e nos garante a alegria de sermos todos salvos.
Alegria é o que sentimos pela manifestação do Poder de Deus, e alegria com gratidão reverente diante de Deus Pai, diante de Deus Filho, impelidos pelo Espírito Santo.
Segunda Leitura:
 Hb 1,1-6.
Ele é o Esplendor da Glória do Pai, a Expressão de Seu Ser. 
(Hb 1,3ab).
Primeira Leitura e o Salmo Responsorial mostraramo Poder de Deus.
Segunda Leitura expande nossa compreensão do Poder de Deus.
A Epístola aos Hebreus orienta nosso olhar para Jesus Cristo.
Quem é Jesus Cristo para os leitores desta Epístola? Eles não o sabiam o suficiente. Portanto o Autor de Hb deve dizê-lo.
O que o autor de Hb nos diz é surpreendente:
Primeiro ele nos diz que Jesus Cristo é o Esplendor da Glória do Pai.
O que isto significa?
Primeiro significa que Deus se manifesta em seu esplendor a seu Povo Eleito. Era assim que os israelitas entendiam seu Deus. Dos tempos de Jó (Jó 37,22) já se dizia que o esplendor de Deus, comparável ao sol no auge de seu brilho, manifesta a tremenda majestade divina.
O esplendor divino podia ser comparado, mas muito superior a ele, ao esplendor do rei no dia de sua coroação. É o que diz o salmo 21(22),5 sobre o rei de Israel coroado. O salmo 79(80) diz sobre Deus, comparado a um rei: ... tu que estás entronizado acima dos querubins, mostra o teu esplendor.
O autor de Hb aplica esta expressão do esplendor divino a Jesus Cristo: mais do que aplicar a Jesus Cristo, o autor desta epístola diz que Jesus Cristo é o próprio esplendor de Deus!
Será assim mesmo?
Ora, sabemos que o esplendor, enquanto manifestação do próprio Deus, tem sua revelação em Jesus Cristo, Filho de Deus e Deus como Deus. Portanto é correto dizer que Jesus Cristo é o próprio esplendor de Deus Pai.
Aqui está mais uma informação sobre a natureza divina e humana de Jesus que não conhecemos o bastante.Quem, afinal, se dedica a considerar Jesus Cristo como esplendor do ser de Deus? Como a completa revelação de Deus? Não temos este hábito. Ora, isto somente demonstra quanto somos pouco instruídos em nossa fé. Portanto, desejemos crescer em conhecimento de Jesus. Deste modo, o Natal terá novo significado para nós.
Consideremos, portanto, neste Natal, Jesus Cristo como o Esplendor da Glória de Deus Pai, a Revelação plena de Seu Ser divino!
Evangelho:
 Jo 1,1-18.

E a Palavra se fez carne e habitou entre nós. E nós contemplamos Sua Glória, Glória que recebe do Pai como Filho do Homem Unigênito, cheio de Graça e de Verdade. (Jo 1,14).

É grande este trecho do Evangelho de São João Evangelista!

É como a conclusão de tudo o que a Liturgia da Palavra nos quis dizer neste dia de Natal!

Jesus, no início deste Evangelho, é chamado de ‘Palavra’.

‘Palavra’ de quem?

Se relemos o início do Evangelho de São João Evangelista e o comparamos com o início do livro do Gênesis, entendemos: foi de Gênesis 1 que São João Evangelista trouxe o termo ‘Palavra’ para descrever Jesus no início de seu Evangelho.

Como?
No início de Gênesis Deus cria o mundo ‘pronunciando’ com Sua Palavra divina todos os seres que iam sendo criados. De fato, em Gn 1 aparece com frequência a frase: “E Deus disse; ...”. E depois de ‘dizer’, isto é, de fazer ecoar nos vastos espaços do mundo criado, Sua Palavra cheia de poder criador, Deus dá origem a todas as coisas.

Desta maneira o livro de Gênesis explica Deus como criador.

Mas São João Evangelista vai mais longe: esta ‘Palavra’ de Deus pronunciada no início da criação, não é apenas um som que sai da boca de Deus. É de tal modo divinamente consistente e poderosa como o próprio Deus, que é uma Pessoa da Santíssima Trindade: é o Filho de Deus, Jesus Cristo, conclui São João Evangelista.

Jesus Cristo é a Revelação plena do Poder de Deus.

Poder criador.

Poder revelado em esplendor na Criação.

Poder para salvar tanto o Povo Eleito do antigo Israel como para salvar do Pecado a humanidade inteira.

Poder para nos levar para a União com Deus numa Vida Eterna: eterna de verdade, sem fim, para sempre.

Poder que neste dia contemplamos na face desta admirável e doce criancinha: Jesus em seu presépio. Ele nos olha, como se nos perguntasse: “Você sabe, agora, quem Sou Eu?”

Digamos a Jesus: “Nós sabemos”. E somos agradecidos por esta Liturgia da Palavra, por esta Eucaristia em que celebramos o Teu Natal!
Autor: Pe. Valdir Marques, SJ, Doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.

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