sábado, 17 de março de 2018

Liturgia do dia 11/03/2018


Liturgia do dia 11/03/2018


Leituras
2Cr 36,14-16.19-23
Sl 136(137),1-2.3.4-5.6 (R/. 6a)
Ef 2,4-10
Jo 3,14-21 (Jesus vida e luz)

4º DOMINGO DA QUARESMA

Domingo

Primeira Leitura: 2Cr 36,14-16.19-23

Naqueles dias:14 Todos os chefes dos sacerdotes e o povo multiplicaram também as infidelidades, conforme todas as abominações das nações, e profanaram a Casa de Javé, que ele consagrara em Jerusalém. 15 Javé, Deus de seus pais, adverti-aos incessantemente por meio de seus mensageiros, porque tinha compaixão de seu povo e de sua Morada. 16 Contudo,zombavam dos mensageiros de Deus, desprezavam suas palavras e se riam dos profetas, até que finalmente a cólera de Deus se levantou contra seu povo e não houve mais remédio. 19Queimaram a Casa de Deus, derrubaram as muralhas de Jerusalém e incendiaram todos os seus palácios, e destruíram todos os seus objetos preciosos. 20Nabucodonosor deportou para Babilônia os que escaparam da espada e se tornaram escravos, dele e de seus filhos, até vir o domínio do reino da Pérsia. 21 Tudo isso a fim de cumprir a palavra que Javé disse pela boca de Jeremias: “Até que o país tenha cumprido de seus sábados, ele sabatizará durante todos os dias da desolação, até que setenta anos tenham passado”. 22 No primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia, para cumprir-se a palavra de Javé proferida pela boca de Jeremias, Javé excitou o espírito de Ciro, rei da Pérsia, que fez, de viva voz e por escrito, esta proclamação, 23 em todo o seu reino: “Assim fala Ciro, rei da Pérsia: ‘Javé, o Deus do céu, deu-me todos os reinos da terra, e ele mesmo me ordenou de lhe construir uma Casa em Jerusalém, que está em Judá. Quem, dentre vós, é de seu povo? Que Javé, seu Deus, esteja com ele e que ele suba…’”.
Salmo: Sl 136(137),1-2.3.4-5.6 (R/. 6a)

R. Que se prenda a minha língua ao céu da boca, se de ti Jerusalém, eu me esquecer!

1 Junto aos rios de Babel nos sentamos a chorar com saudades de Sião. Pelos álamos em volta suspendemos nossas cítaras.

3 Pois foi lá que nos pediram os algozes, nossos cânticos, alegria, os carcereiros. “Oh, cantai-nos, reclamavam, um dos cantos de Sião!”

Como em terras estrangeiras cantar cantos do Senhor?5 Se esquecer Jerusalém, se resseque a minha destra!

6 Fique presa a minha língua, se de ti não me lembrar! Se não for Jerusalém o meu júbilo mais alto!
Segunda Leitura: Ef 2,4-10

Irmãos:4 Mas Deus, rico em misericórdia, pela imensa caridade com que nos amou, nos deu de novo a vida com o Cristo, quando estávamos mortos pelos nossos pecados! É por graça que agora estais salvos! 6Ressuscitou-nos com ele e nos levou aos céus em Cristo Jesus! 7 Quis mostrar assim, aos séculos futuros, as extraordinárias riquezas da sua graça, por sua bondade para conosco em Cristo Jesus. 8 Porque é de fato pela graça que estais salvos, por meio da fé; não por mérito vosso, mas por dom de Deus. 9 E não por obras, para que ninguém se glorie. 10 De fato, somos obra dele, criados em Cristo Jesus para fazermos as boas obras que Deus estabeleceu de antemão para que as praticássemos.
Evangelho: Jo 3,14-21

Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos:14 Como Moisés ergueu a serpente no deserto, assim o Filho do homem deve ser erguido, 15 para que todo o que crer nele tenha a vida eterna. 16 Pois Deus amou tanto o mundo, que deu Seu Filho Único, para que todo o que crer nele não morra, mas tenha a vida eterna. 17 Porque Deus não mandou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele. 18 Quem nele crê não é julgado, quem não crê já está julgado, porque não acreditou no Nome do Filho Único de Deus. 19 Este é o motivo do julgamento: a luz veio ao mundo e os homens preferiram as trevas à luz, porque suas obras eram más. 20 Pois quem pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz, para que suas obras não sejam descobertas; 21 mas quem pratica a verdade aproxima-se da luz para que suas obras apareçam, porque são feitas em Deus”.
Leituras: Diretório da Liturgia e da Organização da Igreja no Brasil 2018 - Ano B - São Marcos, Brasília, Edições CNBB, 2017.
Citações bíblicas: Bíblia Mensagem de Deus, São Paulo, Edições Loyola e Editora Santuário, 2016.
Boa Nova para cada dia
CANTAREMOS O AMOR DE DEUS PORQUE NOS DEU SEU FILHO UNIGÊNITO 
PARA NOSSA SALVAÇÃO.
Como havemos de cantar os cantares do Senhor numa terra estrangeira? 
[Sl 136(137),4].
O Antigo Testamento nos relata os três acontecimentos mais importantes para o Povo Eleito:
a) Deus escolheu Abraão para dar origem a seu Povo Eleito;
b) Deus salvou seu Povo da escravidão no Egito e o conduziu à Terra Prometida: foi o Êxodo;
c) Deus permitiu a escravidão de seu Povo na Babilônia – foi o Exílio - para o purificar e fazer retornar à terra dos antepassados.
Todos estes fatos são momentos em que a ação salvadora de Deus se manifestou na história de Israel. Como estes fatos também dizem respeito aos cristãos e a toda a humanidade, na Liturgia da Palavra de hoje os recordamos e interpretamos sob o ponto de vista da Salvação realizada por Jesus Cristo.
A Liturgia da Palavra de hoje parte da ação salvadora de Deus no tempo do Exílio, conforme lemos a Primeira Leitura.
O Segundo Livro das Crônicas mostra por qual motivo Deus puniu seu Povo com a escravidão na Babilônia: até os sacerdotes e a realeza tinham caído na idolatria. Deus, que não podia abandonar seu Povo porque fizera promessas de defende-lo sempre, agiu com mão firme: levou seu Povo Eleito à conversão através do sofrimento purificador de seus pecados.
Não imaginamos o quanto o Povo Eleito sofreu na Babilônia. Mas sabemos que passou a dar maior valor a tudo o que Deus lhe tinha dado antes.
Lembravam-se da cidade santa, Jerusalém, e choravam por não poder voltar a vê-la. Deste tempo é o Salmo que a liturgia canta neste domingo. Ouçamos um dos tantos lamentos dos exilados na Babilônia:
Como havemos de cantar os cantares do Senhornuma terra estrangeira? 
[Sl 136(137),4].
O Povo Eleito pecador e sofredor no Exílio experimentou a dor de ter perdido sua herança recebida dos antepassados. Como um filho pródigo, o Povo Eleito ansiava pela hora do retorno à terra paterna.
Mas por conta própria não conseguiria nada. Em tudo dependia de seu Deus.              

Não aparece no Antigo Testamento nenhum pedido do Povo Eleito na Babilônia para que Deus o salvasse. Mas assim mesmo Deus o salvou por pura Graça
, por sua bondade e misericórdia. Assim Deus se mostrou diferente dos homens. Não queria a morte do pecador (Ez 33,11), mas que seu Povo pecador se convertesse e fosse salvo.
A ação salvadora do Deus de Israel se manifestou em seu poder sobre a história dos homens. O Segundo Livro das Crônicas nos diz: ... o Senhor moveu o espírito de Ciro, rei da Pérsia, ... (2Cr 36,22e).
O poder de Deus estava acima do poder dos impérios. Se os babilônios tinham escravizado o Povo Eleito, Deus teve o poder de entregar o poder dos babilônios aos persas, cujo rei era Ciro.
E Ciro permitiu que o Povo Eleito retornasse a Jerusalém, reconstruísse o Templo e se recuperasse como nação santa. Será um período de grandes dificuldades, mas a vida religiosa do Povo Eleito será mudada para sempre. Será nesta ocasião que nasce o chamado ‘judaísmo’ como religião sistematizada,com o culto organizado e as Sagradas Escrituras postas em livros para conservarem as tradições religiosas e históricas dos séculos passados.
Desde aquele tempo pós-Exílio até o tempo do nascimento de Jesus Cristo, o Povo Eleito vivia em sua terra com o coração agradecido a Deus pela libertação do cativeiro na Babilônia.
A relativa segurança religiosa do Povo Eleito no momento em que o Filho de Deus veio ao mundo não estava bem. Como antes do Exílio, havia muitos erros e corrupção na classe que exercia a liderança, isto é, os sumos sacerdotes, os saduceus, os escribas, os fariseus e os anciãos do povo. Reis e sumos sacerdotes dependiam de acordos políticos com os romanos para se manterem no poder.
Os sacerdotes exploravam o povo com cobrança elevada de rituais litúrgicos, administração do Templo e impostos religiosos.
Os escribas e fariseus
 contentavam-se com sua autossuficiência no cumprimento rigorista da Lei, dificultando a vida religiosa das pessoas simples.
Os anciãos do povo
 mantinham tradições superadas do passado que eram igualmente um peso para o Povo Eleito.
Quando João Batista inicia sua missão profética, convida todos à conversão em preparação para a chegada próxima do Reino de Deus. Mas foi ignorado pelas lideranças de Israel e terminou morto sob a espada de Herodes.
Quando Jesus chega, encontra o judaísmo em estado calamitoso.
Jesus continuou a obra renovadora da religião judaica iniciada por João Batista. E ao longo de sua vida foi perseguido pelos líderes do povo que o condenaram à morte.
Não foi por isso, no entanto, que Deus desistiu de seu Plano Salvador tanto de seu Povo Eleito como de toda a humanidade.
Em sua imensa misericórdia Deus quis que Seu Filho oferecesse a vida para a Salvação do gênero humano.
Foi por isso que lemos no Evangelho de hoje: “Pois Deus amou tanto o mundo, que deu o Seu Filho unigênito, para que não morra todo o que Nele crer, mas tenha a Vida Eterna” (Jo 3,16).
João Evangelista nos diz que Jesus não pediu outra coisa para nossa Salvação a não ser a fé Nele. Tudo o mais, fica por conta de Deus, de sua misericórdia, seu poder, sua sabedoria, sua bondade e clemência. Deus supre tudo o que os homens por si mesmo não conseguem. E conseguir a Salvação somente é possível com poder sobre-humano.
Com São João Evangelista está São Paulo, em sua carta aos Efésios. Vejamos, em detalhe, o que ele escreveu:
É pela Graça que sois salvos, 
mediante a fé.
E isto não vem de vós; é dom de Deus! 
(Ef 2,8).
Esta frase é uma síntese do que Salvação significa:
a)      
Deus age com Sua Graça.
b)      
De nós somente espera nossa correspondência filial: é a Fé.
c)       
Nem a Fé procede de nós. Procede de Deus como um dom. Portanto quem não recebeu da bondade de Deus este dom, nem a Graça de Deus pode receber.
Vemos aqui a grandeza do chamado cristão à Fé pela Graça de Deus.
Reconsideremos tudo o que ouvimos nesta Liturgia da Palavra tendo em mente esta frase de São Paulo: É pela Graça que sois salvos, mediante a fé.
Deus nos conserve nossa Fé e a aumente sempre mais.
Assim permaneceremos fiéis a Ele, sem cairmos na idolatria e precisarmos da punição divina para nossa conversão salvadora.
Autor: Pe. Valdir Marques, SJ, Doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.

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