Quinta-feira do Tempo do Natal
4 Janeiro 2018
Lectio
Primeira leitura: 1 João 3, 7-10
7Filhinhos meus, que ninguém vos engane. Quem pratica a justiça é justo, sendo como Ele, que é justo. 8*Quem comete o pecado é do diabo, porque o diabo peca desde a origem. Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo. 9*Todo aquele que nasceu de Deus não comete pecado, porque um germe divino permanece nele; e não pode pecar, porque nasceu de Deus. 10*Nisto é que se distinguem os filhos de Deus e os filhos do diabo: todo aquele que não pratica a justiça não é de Deus, nem aquele que não ama o seu irmão.
O que distingue um cristão é a conduta recta e justa, afirma João contra os gnósticos (cf. V. 7). Praticar a justiça é aceitar a vontade de Deus. Pelo contrário, «quem comete o pecado é do diabo» (v. 8). Quem peca está contra o mundo de Deus, não pode ser filho de Deus. É filho do diabo. Cristo venceu o mal e instaurou os tempos da salvação. Os seus discípulos são chamados a lutar contra o pecado e a praticar a justiça. João distingue duas formas de ser filho: a filiação divina e a filiação humana. Quem se abre à acção do Espírito, torna-se filho de Deus; quem se fecha ao Espírito e rejeita a Deus entrega-se ao diabo: «Todo aquele que nasceu de Deus não comete pecado, porque um germe divino permanece nele» (v. 9); «Quem comete o pecado é do diabo» (v. 8).
O filho de Deus deixa crescer nele e dar frutos a semente da Palavra. Por isso não pode pecar. Deu espaço a Deus e permanece em Cristo que actua na sua vida. Há pois que permanecer abertos ao Espírito e em atitude de permanente conversão.
Evangelho: João 1, 35-42
35*No dia seguinte, João encontrava-se de novo ali com dois dos seus discípulos. 36*Então, pondo o olhar em Jesus, que passava, disse: «Eis o Cordeiro de Deus!» 37Ouvindo- o falar desta maneira, os dois discípulos seguiram Jesus. 38Jesus voltou-se e, notando que eles o seguiam, perguntou-lhes: «Que pretendeis?» Eles disseram-lhe: «Rabi .que quer dizer Mestre. onde moras?» 39Ele respondeu-lhes: «Vinde e vereis.» Foram, pois, e viram onde morava e ficaram com Ele nesse dia. Era ao cair da tarde.
40*André, o irmão de Simão Pedro, era um dos dois que ouviram João e seguiram Jesus. 41*Encontrou primeiro o seu irmão Simão, e disse-lhe: «Encontrámos o Messias!» .que quer dizer Cristo. 42*E levou-o até Jesus. Fixando nele o olhar, Jesus disse-lhe: «Tu és Simão, o filho de João. Hás-de chamar-te Cefas» .que significa Pedra.
Mais uma vez, João Baptista dá testemunho de Jesus e leva alguns dos seus discípulos a seguirem Jesus. O texto apresenta-nos, por um lado, o facto histórico do chamamento dos primeiros discípulos descrito como descoberta do mistério de Cristo e, por outro lado, a mensagem teológica sobre a fé e o seguimento de Jesus. O caminho para alguém se tornar discípulo tem alguns traços característicos: tudo começa com o testemunho e o anúncio de uma testemunha qualificada, João Baptista, neste caso: «Eis o Cordeiro de Deus!»; segue-se o caminho do discipulado: «seguiram Jesus»; encontro pessoal e de comunhão com o Mestre: «Foram… viram onde morava… ficaram com Ele». O encontro compreende um colóquio em que Jesus fala da sua identidade e convida a uma experiência de vida com Ele. Esta experiência termina com uma profissão de fé: «Encontrámos o Messias!», que depois se torna apostolado e missão. De facto, André, um dos que fez a experiência, levou o irmão a Jesus, que lhe muda o nome de Simão para Pedro, isto é, Cefas para indicar a missão que haverá de realizar na Igreja.
Meditatio
Gostaríamos de saber muito mais sobre este primeiro encontro dos discípulos com Jesus. Mas o evangelista limita-se a referir o essencial.
João Baptista indica o Cordeiro de Deus e… cala-se. Não retém os discípulos. Entrega- os a Jesus. Eles ficam encantados com a pessoa de Jesus, com a sua grande humanidade, que lhes enche as medidas.
O caminho para chegarmos ao conhecimento de Jesus é observar o comportamento das pessoas que se encontraram com Ele. Penetrar no mistério de Jesus é observar o mundo que O rodeia e dar-nos conta do modo como Ele se relaciona com as pessoas.
O chamamento dos discípulos ao seguimento do Mestre é um evento que se repete na Igreja. Jesus chama-nos pessoalmente ao discipulado. E também nos pode chamar a uma particular experiência de vida e de missão com Ele, tal como chamou os apóstolos. Esse chamamento faz-se ouvir na vida de cada um de nós. É importante que saibamos ler os acontecimentos da nossa vida e, penetrando no Coração de Jesus, saibamos indicá-Lo também aos outros.
Na vida de cada um de nós há um dia, um encontro com Ele, que marca uma mudança radical de vida: o chamamento pessoal e imprevisível de Deus em vista da missão. Muitas vezes, serve-Se de outros para nos chamar: podem ser os pais, um sacerdote, um livro, um retiro espiritual, mas é sempre Ele que chama ao seguimento para a construção de um mundo novo. O importante é que estejamos atentos para que não passe em vão.
Quando Jesus se apresentou a João, junto ao rio Jordão, a missão do Baptista estava a acabar: o amigo do esposo deve saber retirar-se quando chega o esposo. Um ensinamento importante para quem se dedica ao apostolado, à orientação espiritual dos irmãos…
A nossa vocação dehoniana exige muita generosidade para ser vivida. Somos chamados a oferecer-nos com Cristo sacerdote e vítima pela salvação do mundo, dos pecadores (Cf. Heb 13, 12-15). Não se trata de um chamamento para seres excepcionais e extraordinários; é um chamamento a viver Cristo em profundidade, generosamente, com simplicidade, modéstia e humildade, no escondimento, sem erguer bandeiras e sem vitimismos, mas com confiança, não nas nossas forças, mas na “consolação”, que também é força do Espírito Santo (cf. 2 Cor 1, 3ss; Act 9, 13). Para nós, Oblatos-SCJ é “um dom particular” (Cst. 13), “uma graça especial” (Cst. 26) de testemunho, para recordar a todos os nossos irmãos cristãos (leigos, sacerdotes, religiosos), com a nossa vida, com escritos e com a palavra, a sua vocação baptismal, participação no sacerdócio de Cristo.
A “vida de união à oblação de Cristo como o único necessário” (Cst. 26) ou, como se dizia no tempo do Pe. Dehon, a vida de vítima, é, em si mesma, a vocação do cristão consciente e coerente no seguimento de Cristo (cf. Lc 9, 23-24).
Oratio
Senhor Jesus, ensina-me a ser teu discípulo, a procurar onde moras a permanecer aí Contigo. Os teus apóstolos mostram-me quão importante é estar Contigo, permanecer em Ti. Tu mesmo ensinas ao rezar: «Tu em Mim e Eu neles…» (cf. Jo 17). Essa é a tua habitação! Mas para habitar Contigo é preciso seguir-Te. Seguir-Te é já habitar Contigo, é o caminho para a habitação definitiva. Habitar Contigo na pobreza e na humildade, habitar Contigo na justiça, habitar Contigo na misericórdia… Senhor Jesus, quero habitar Contigo, permanecer em Ti, não só na oração, mas também em todas as outras actividades do meu dia. Quero permanecer em Ti onde quer que te encontres: na alegria ou no sofrimento, no trabalho ou na inactividade. Quero permanecer em ti em cada momento, porque em Ti encontro o amor, a alegria e a paz. Amen.
Contemplatio
S. João, filho de Salomé, era parente de Jesus. Pensa-se que foi educado em Cana, não longe de Nazaré e que viu alguma vez Jesus durante a sua infância e a sua juventude.
É o primeiro a juntar-se a Jesus na sua vida pública. Mal escutou a voz profética de S. João Baptista, «Ecce Agnus Dei», seguiu Jesus com Santo André, escuta-o longamente, passa o dia junto dele.
Pouco depois, é chamado ao apostolado. Deixa tudo generosamente: o seu pai, os seus barcos de pesca, os criados. Nada custa àquele que ama.
Mas Jesus ama-o por sua vez. Toma-o com os seus íntimos no milagre da filha de Jairo, na transfiguração, na agonia.
É sobretudo no Cenáculo que é preciso considerar este amor recíproco do Mestre e do discípulo. João repousa sobre o Coração de Jesus! (Leão Dehon, OSP 3, p. 403).
É o primeiro a juntar-se a Jesus na sua vida pública. Mal escutou a voz profética de S. João Baptista, «Ecce Agnus Dei», seguiu Jesus com Santo André, escuta-o longamente, passa o dia junto dele.
Pouco depois, é chamado ao apostolado. Deixa tudo generosamente: o seu pai, os seus barcos de pesca, os criados. Nada custa àquele que ama.
Mas Jesus ama-o por sua vez. Toma-o com os seus íntimos no milagre da filha de Jairo, na transfiguração, na agonia.
É sobretudo no Cenáculo que é preciso considerar este amor recíproco do Mestre e do discípulo. João repousa sobre o Coração de Jesus! (Leão Dehon, OSP 3, p. 403).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Mestre, onde moras?» (Jo 1, 28)
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Mestre, onde moras?» (Jo 1, 28)
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