sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Liturgia do dia 07/01/2018


Leituras
Is 60,1-6
Sl 71(72),1-2.7-8.10-11.12-13(R/.cf. 11)
Ef 3,2-3a.5-6
Mt 2,1-12 (Visita dos Magos)

SOLENIDADE DA EPIFANIA DO SENHOR

Domingo

Primeira Leitura: Is 60,1-6

1 De pé! Brilha [ó Jerusalém!] Pois ela vem, a tua luz! E a glória de Javé desponta sobre ti! 2 Pois eis que as trevas cobrem a terra, e a escuridão, os povos, mas sobre ti desponta Javé, sobre ti aparece a sua glória! 3 As nações caminham para tua luz, e os reis, para teu clarão nascente. 4 Olha ao redor, e contempla: todos se reúnem e vêm para ti. Teus filhos chegam de longe, tuas filhas são trazidas nos braços. 5 Então a esta vista, serás radiosa, teu coração palpitará e se dilatará, pois a ti afluirão os tesouros do mar, a ti chegarão as riquezas das nações. 6 Uma inundação de camelos te cobrirá, dromedários de Madian e de Efa. Todos virão de Sabá, eles trarão ouro e incenso; e anunciarão os louvores de Javé.
Salmo: Sl 71(72),1-2.7-8.10-11.12-13(R/.cf. 11)
R. Todos os reis da terra hão de adorá-lo, hão de servi-lo todas as nações.
1 Ó Deus, concede ao rei o teu poder; ao que é filho de rei, teu julgamento. 2 Que ele governe o povo com justiça, julgue com equidade os pequeninos!

Que a justiça floresça em seu reinado, e enquanto dure a lua, a plena paz! 8 Que ele reine em um mar até o outro, do rio Eufrates aos confins da terra!

10 Virão os reis de Társis e das ilhas, a fim de lhe ofertarem seus presentes. Tanto o rei de Sabá como o de Seba hão de pagar a ele o seu tributo. 11 Todos os reis da terra hão de adorá-lo, hão de servi-lo todas as nações.

12 Libertará o pobre que suplica, todo infeliz que não encontra auxílio. 13 Terá pena do fraco e do indigente, e salvará a vida dos humildes.
Segunda Leitura: Ef 3,2-3a.5-6

Irmãos 2 Sem dúvida já ouvistes falar como Deus me concedeu a graça para vosso aproveitamento. 3 Ele me manifestou por revelação o conhecimento do mistério. 5Este mistério, que não foi manifestado aos homens das gerações passadas como acaba de ser revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas, é o seguinte: 6 Os pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo Corpo, e beneficiários da mesma promessa em Cristo Jesus, pelo Evangelho.
Evangelho: Mt 2,1-12 (Visita dos Magos)

1 Tendo Jesus nascido em Belém da Judeia, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos do Oriente chegaram a Jerusalém, e perguntaram: 2 “Onde está o recém-nascido rei dos judeus? Pois vimos a sua estrela no Oriente e viemos prestar-lhe homenagem”. 3 Quando ouviu isto, o rei Herodes ficou perturbado e, com ele, toda Jerusalém.4 Tendo reunido todos os sacerdotes chefes e mestres da lei, perguntava a eles onde o Cristo deveria nascer. 5“Em Belém de Judá”, responderam eles, “pois assim foi escrito pelo profeta: 6 E tu, Belém, terra de Judá, de modo nenhum és a menos importante dentre as sedes distritais de Judá, porque é de ti que sairá o chefe que guiará Israel, meu povo.” 7 Então, Herodes chamou os magos para uma reunião secreta, e investigou o tempo exato do aparecimento da estrela. Mandou-os, então, a Belém, recomendando: “Ide. Informai-vos cuidadosamente acerca do menino, e comunicai-me tão logo o encontrardes, para que eu também vá prestar-lhe homenagem”. 9 Depois que o rei assim lhes ordenou, partiram. E sucedeu que a estrela — que tinham visto no Oriente — os precedia, até que foi parar sobre o lugar onde se achava o menino. 10 Quando viram a estrela, sentiram uma grandíssima alegria. 11 Entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe, e prostrados lhe prestaram homenagem. A seguir, abrindo os seus cofres, ofereceram-lhe de presente ouro, incenso e mirra. 12Avisados por Deus em sonho, para que não voltassem para junto de Herodes, regressaram a seu país por outro caminho.
Leituras: Diretório da Liturgia e da Organização da Igreja no Brasil 2018 - Ano B -São Marcos, Brasília, Edições CNBB, 2017.
Citações bíblicas: Bíblia Mensagem de Deus, São Paulo, Edições Loyola e Editora Santuário, 2016.
Boa Nova para cada dia
AJOELHARAM-SE DIANTE DELE E O ADORARAM. Mt 2,11b 


Primeira Leitura: Is 60,1-6.
Levanta-te, acende as luzes, Jerusalém, porque chegou a tua luz, apareceu sobre ti a Glória do Senhor (Is 60,1). 
Quanto terminou o exílio da Babilônia o Povo de Deus retornou a Jerusalém.
As lembranças do tempo de escravidão ainda estavam presentes, mas já eram do passado.
Um futuro de esperança se acendeu nos corações.
O Povo empreendeu a reconstrução do Templo.
O profeta Isaías previu um futuro cheio de manifestações maravilhosas do poder de Deus. Entre elas a Glória de Deus que volta ao Templo. Diz, precisamente, Is 60,1:Levanta-te, acende as luzes, Jerusalém, porque chegou a tua luz, apareceu sobre ti a Glória do Senhor.               

Quanto o Templo for restaurado com a presença de Deus,Jerusalém será toda iluminada. Sua Luz, Deus, vai atrair todos os filhos de Israel dispersos por todos os lugares do mundo. Eles trarão as riquezas de além-mar, numa inundação de camelos e dromedários de Madiã, de Efa e de Sabá (Is 60,4-6).
Estes israelitas retornarão com grandes riquezas. Entre elas ouro e incenso (Isaías 60,6).
Esta é a visão que nos dá a profecia de Isaías sobre a restauração de Israel depois do Exílio.
Nesta passagem a Igreja viu a vinda do Messias, Jesus Cristo, que agora ocupa o lugar do Templo de Jerusalém.
Será esta profecia que nos levará a descobrir o sentido que Jesus Cristo como Luz e Glória de Deus representou para a Igreja nascente.               

De fato, Jesus Cristo entendido como Luz de Deus para todos os povos é o que vemos no Evangelho sobre a sua Epifania. Assim, portanto, o capítulo de Isaías 60 nos prepara para refletir sobre o Salmo Responsorial, sobre a Segunda Leitura e o Evangelho.
Salmo Responsorial: Sl 71(72),1-13.
Os reis de toda a terra hão de adorá-Lo [Sl 71(72),11].
Este Salmo está em sintonia com a Primeira Leitura, porque Is 60,1-6 vislumbra a Glória de Deus brilhando no Templo reconstruído de Jerusalém.
Do mesmo modo que Isaías 60, neste Salmo é profetizada a ida de muitas nações a Jerusalém para adorar o Deus de Israel. Reis de Tarsis, de Sebá, de Sabá estão entre os nomeados pelo Salmo. 

A Igreja nascente verá neste Salmo profecias sobre o tempo da chegada de Jesus Cristo como o Messias de Israel. Será a Ele que os povos e reis de toda a terra adorarão.
Segunda Leitura: Ef 3,2-3a.5-6.
... os pagãos são admitidos à mesma herança,
são membros do mesmo corpo, 
são associados à mesma promessa em Jesus Cristo,
por meio do Evangelho (Ef 3,6).
Se o Salmo Responsorial profetizou a chegada de povos e reis para adorar Deus em Jerusalém, São Paulo, nesta Segunda Leitura, mostra como efetivamente os povos conhecerão Jesus Cristo pela pregação dos apóstolos, por meio do Evangelho. E o conhecimento de Jesus Cristo como Filho de Deus, levará à Sua adoração por todos os povos da terra.
O Povo de Deus era o herdeiro das promessas aos Patriarcas e demais promessas que Deus lhes fizera ao longo de sua história. 
Mas o Povo de Deus tinha a Lei, que outros povos não tinham. E por isso se considerava privilegiado. Para ele os demais povos ficavam excluídos da Lei e das Promessas de Deus. Por si outras nações não mereceriam a salvação. 
No entanto Jesus Cristo quis que todos os povos da terra fossem evangelizados, batizados (Mt 28,19-20) e merecessem a herança que antes era só de Israel. Mt 21,43 afirma mais ainda: o Reino de Deus será tirado de Israel para ser dado a outros povos. 
Hoje, ao festejar a Epifania, vemos como outros povos, representados pelos Magos, chegam a Belém, com seus presentes, para adorar Jesus Cristo, o Filho de Deus, Luz das nações (Ap 21,24). Vejamo-nos também representados pelos Magos, e adoremos Jesus. 
Evangelho: Mt 2,1-12.
Ajoelharam-se diante Dele
E O adoraram.
Depois abriram seus cofres e Lhe ofereceram presentes: ouro, incenso e mirra (Mt 2,11).

A chegada dos Magos, o encontro com Jesus Cristo em Belém, a adoração que Lhe prestam e os presentes que Lhe entregam são a realização de tudo o que nesta Liturgia da Palavra foi considerado a partir da Primeira Leitura. 
Este Evangelho, portanto, não pode ser entendido sem sua preparação nas leituras precedentes desta Liturgia da Palavra.              

ouro é o presente para os reis. Jesus é Rei.
             

incenso é a oferta para o culto. Jesus é Filho de Deus, Deus, Luz das nações.
mirra é ingrediente para o embalsamamento. Jesus é Filho do Homem que morto foi embalsamado depressa pelos que o sepultaram na véspera do sábado da Páscoa judaica.
Os povos de toda a terra hoje em dia somos nós.
Em torno de Jesus, Luz do mundo, todos nós nos reunimos, como filhos do Deus de Israel. Somos herdeiros das promessas de Deus aos Patriarcas, promessas realizadas em Jesus Cristo.               Olhando o presépio em que os Magos já comparecem, meditemos sobre seu gesto de adoração e entrega dos presentes apropriados a Jesus.
Meditemos sobre Jesus Filho de Deus, Luz do mundo, Salvador que da cruz atraiu todos para Si (Jo 12,32). 

Meditemos sobre nós mesmos e nos vejamos na figura dos Magos: adoremos Jesus Cristo e entreguemos a Ele nosso ser, nossa existência, tudo o que somos, como dom total e para sempre.
Autor: Pe. Valdir Marques, SJ, Doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.
Descobrindo a Bíblia
O “Terceiro Isaías”
A liturgia da Epifania é fortemente marcada pelo “Terceiro Isaías”. A maioria dos leitores provavelmente nunca ouviu falar num Terceiro Isaías, nem talvez num Segundo (cf. ano A, dom. de Ramos). Para uma compreensão mais erudita da Bíblia, porém, este conhecimento é necessário. As profecias reunidas sob o nome de Isaías, na Bíblia, não são todas do mesmo autor. O nome de Isaías cobre toda uma tradição, originada no grande Isaías do século VIII a.C., e continuada nos séculos posteriores por diversos autores que retomaram e atualizaram os temas do iniciador. Fala-se até numa “escola isaiana” .

O livro de Isaías se divide, grosso modo, em três partes. Os caps. 1–39 provêm essencialmente do “ grande” Isaías, cuja vocação se encontra descrita no início do cap. 6. Este “primeiro” Isaías profetizou, durante cinqüenta anos, desde o tempo do rei Jotão (740 a.C.), passando por Acaz (735 a.C.), até Ezequias (ca. 700 a.C.). Os caps. 40– 55 foram escritos dois séculos depois, durante o exílio babilônico (por volta de 550 a.C.). E os capítulos finais datam do tempo depois do exílio, por volta de 520 a.C. O leitor interessado poderá aprofundar estas informações nas introduções que as bíblias eruditas antepõem ao texto de Isaías.

Não se deve procurar o registro civil do Terceiro Isaías. É um profeta anônimo. Inclusive, nos capítulos que os estudiosos lhe atribuem. podem ter sido inseridos alguns oráculos de origem posterior. Mesmo assim, podemos tentar retratá-lo.

Em 537, um primeiro grupo de exilados voltou da Babilônia, sob a direção de Sesbassar (Esd 1,8-11). Queriam reconstruir o Templo, mas, por causa da oposição da população local (que não gostava de se adaptar aos projetos dos repatriados), tiveram de se contentar com o altar só (Esd 5,16 e cap. 3). Pouco a pouco, seguem outras caravanas de repatriados, principalmente a liderada pelo príncipe Zorobabel, descendente de Davi, que, juntamente com o sumo sacerdote Josué, empreenderá a reconstrução do Templo. Assim convivem na região de Jerusalém, lado a lado, mas não nos melhores termos, judeus repatriados do exílio, judeus que permanceceram em Jerusalém durante o exílio, estrangeiros que durante o exílio se tinham instalado nas terras dos exilados, etc. Fora isso, havia os judeus que não viviam em Judá, mas na “ diáspora” ou dispersão entre os povos estrangeiros. O profeta sonha em restaurar a unidade do “ povo santo” ...

Quem ler os livros de Esdras e Neemias verá que tal sonho era muito utópico. Muitos não queriam nada com nada. Além disso, líderes do tipo de Esdras achavam que a presença dos estrangeiros atrapalhava tudo. O Terceiro Isaías não é insensível a esses problemas. Combate vigorosamente o culto aos outros deuses, impotentes diante do poder do Deus Único. Quanto à questão dos estrangeiros, os textos do Terceiro Isaías revelam diversas atitudes. Por vezes, pedem o aniquilamento das nações que se obstinam no mal (63,3-6; 64,1; 66,15-16 e 24), outras vezes, descrevem os estrangeiros como unidos ao povo santo, mas a serviço dele (60,3-11.13-17; 61,5-9; 62,2-8; 66,12). Apesar desta ambivalência, não deixa de provocar nossa admiração, num contexto de intolerância étnica e religiosa, a perspectiva de admitir os não-judeus — convertidos — ao Templo (56,3-7) e mesmo ao sacerdócio (66,21).

É nesta linha que o início do cap. 60 aparece na liturgia da Epifania, ou revelação de Jesus como salvador universal, sendo os não-judeus representados pelos queridos Reis Magos...

Artigo extraído do livro Descobrir a Bíblia a partir da Liturgia, Pe. Johan Konings, Loyola, 1997.


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